Vossa Majestade

Capítulo 13 - Lembranças


Sentado à margem do rio, o homem deixava sua mente confusa viajar... Não sabia quem era ou de onde tinha vindo. Suas únicas lembranças eram embaçadas... Era como se ele não tivesse uma história e isso o frustrava.

A mulher dos cabelos loiros se aproximou e tocou em seu ombro, fazendo-o se assustar. Ela riu, pois muitas vezes o via como um bichinho assustado ou como uma criança pequena que não sabia absolutamente nada dessa vida.

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– Vou colher algumas ervas. - Disse a camponesa - Vem comigo dessa vez?

Como sempre, a resposta foi apenas o silêncio do jovem. Ele suspirou e assentiu, levantando-se para acompanhar a única pessoa de quem sua mente conseguia se lembrar com clareza.

Ele não tinha uma única lembrança nítida de antes de abrir os olhos naquela casa humilde e ver aquela mulher dos cabelos loiros.

Tsunade, a mulher que morava sozinha num local isolado, encontrou um jovem rapaz desacordado na beira do rio e o levou para sua casa. Por sorte ele respirava bem, mas, pelo tempo que ficou desacordado, Tsunade passou a acreditar fielmente que ele não iria sobreviver.

Ela cuidou do rapaz adormecido e usou seu amplo conhecimento em ervas medicinais para tratar de seus machucados. Alimentava-o como podia, o limpava e até conversava com ele... O jovem respondia a alguns estímulos e até fazia movimentos involuntários vez ou outra, mas passou bastante tempo desacordado.

Até que um dia abriu os olhos, mas estava confuso. Jamais disse uma única palavra desde que acordara, era como se não lembrasse de absolutamente nada.

Não que ele não conseguisse falar, mas não achava que algo merecesse ser dito. O moreno não tinha uma história, não se lembrava de quem era... Simplesmente não tinha motivação para fazer o esforço de dizer algo, mesmo que já estivesse recuperado.

– Você pode segurar para mim? - Tsunade perguntou para o rapaz que assentiu, então ela lhe entregou uma cesta com algumas ervas - Eu tenho vontade de ouvir sua voz, sabia? - Falou brincalhona - Deve ser bonita. E você deve ser um homem educado, culto... Pelas roupas que usava quando te achei, creio que é um nobre.

Ele riu, então voltou seu olhar para as ervas que a mulher colhia do chão.

Até que algo chamou sua atenção... Era uma flor bonita que ficava um pouco longe dali, mas suas pétalas se destacavam em meio à vegetação predominantemente verde.

Largou a cesta no chão e foi andando apressadamente até aquelas poucas flores presentes ali. Sentou-se no chão e analisou aquelas pétalas, fechou os olhos e teve uma breve lembrança de cabelos róseos e um cheiro adocicado.

Era como se ele realmente conseguisse sentir aquele perfume tão diferente, mas ao mesmo tempo tão conhecido. Era como se conseguisse ouvir uma voz doce falar em seu ouvido. Mas, de quem seria?

Sentiu seu coração bater mais forte e suas mãos suaram frio. Os pêlos de seu corpo se arrepiaram e um frio na barriga tomou conta de si.

– Por que você correu assim? - A voz feminina de Tsunade tirou o jovem de seus devaneios, então ele abriu os olhos e encarou a mulher ao seu lado - Gostou das flores? - Riu - Eu não sei por qual motivo, mas elas nascem aqui uma vez por ano... São flores nativas de Konoha, mas aparecem por aqui há alguns anos. Flores Haruno. Você conhece?

Haruno?

O moreno sentiu uma pontada, uma forte dor na cabeça acompanhada de lembranças mais nítidas.

Um castelo... Algo sobre um casamento... Cabelos rosados e olhos verdes brilhantes... Um sentimento forte e verdadeiro... A cachoeira... A flor... A queda...

Tudo estava ficando mais claro. Mais nítido. Lembranças, sentimentos... Estava tudo voltando rápido demais.

– Sakura... - Ele sussurrou num fio de voz, sentindo seus olhos arderem e lágrimas escorrerem por seu rosto.

– Você... Depois de tanto tempo... - Tsunade se pronunciou surpresa - Você falou!

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[...]

A Rainha estava empolgada com os preparativos para a sua festa de aniversário. Todo ano era daquele jeito, ela sempre dava bailes e banquetes maravilhosos.

Ela estava em seu escritório na companhia de Hinata, decidindo os detalhes de seus trajes, quando Itachi foi anunciado e fez uma breve reverência.

– Itachi... - Sakura comentou enquanto olhava algumas amostras de tecido - O que o traz aqui?

– Majestade, não acha que os gastos com a festa estão passando dos limites?

– Não, não acho. - Suspirou, então olhou para sua dama - Hinata, quando o joalheiro vai chegar? Não se deixa uma Rainha esperando! - Resmungou.

– Não adianta discutir, não é? - Itachi comentou com um sorriso torto, então Sakura desviou seus olhos verdes para ele.

– Não. - Respondeu - Há três anos eu me submeti à vontade do Conselho pelo bem de Konoha, mas nunca mais irei agir contra a minha própria vontade. - Falou firmemente a rosada.

– A Rainha pelo menos avisou ao Rei sobre a festa? - Itachi perguntou.

– Não. - Deu de ombros - O Rei sabe quando faço aniversário. Ele sabe que todo ano há uma festa, então não há motivos para avisar.

– E a Princesa?

– Por favor, Itachi. - Sakura não conteve um riso - É claro que ela não irá participar da festa.

Sakura voltou novamente seu olhar para as amostras de tecido, ignorando o Uchiha.

– Não estou falando disso, Majestade. - Suspirou. Itachi estava ciente de que a vida pessoal da Rainha não era de sua conta, mas, pelos anos de convivência, sentia segurança o suficiente para afrontá-la de tal maneira - Digo, já faz um bom tempo que a Rainha não visita a Princesa em sua casa.

– E o que você tem a ver com isso? - Zangada, Sakura encarou o homem à sua frente - Você se preocupa demais com ela, Itachi, mais do que deveria!

Itachi soltou um longo suspiro e ponderou por uns segundos, mas resolveu dizer o que estava entalado em sua garganta.

– A Rainha sabe que tenho meus motivos para isso. Olhando por um certo ângulo, eu tenho o direito e o dever de me preocupar.

Sakura se levantou e caminhou lentamente até ficar frente a frente com Itachi, olhando fundo em seus olhos negros.

– Não abra a boca para proferir palavras que você acredita serem verdadeiras! - Sussurrou de forma ameaçadora - Não afirme coisas das quais você não tem certeza. Não diga coisas que você acha que sabe!

– Sabes melhor do que eu. - Retrucou.

– Não, eu não sei. - Afirmou - E você também não sabe.

– Eu sei que a Rainha não teve filhos legítimos para que a Princesa não perca seu lugar... Estou errado? - Indagou num tom sugestivo, fazendo o sangue da monarca ferver em suas veias.

– Eu continuo sendo a Rainha regente de Konoha e posso tornar meu herdeiro legítimo quem eu quiser! - Enfatizou - E se depender de mim, Konoha terá outra Rainha como regente quando eu morrer.

– Por que tanta preocupação? Por que tanto medo? - Estreitou os olhos - Há um motivo em especial para isso, não há?

Um silêncio se instalou no local. Era como se Itachi conseguisse ler sua mente e isso deixava Sakura extremamente furiosa! Ele sempre teve uma excelente dedução e sabia como confrontar a Rainha.

– Majestade. - Uma voz feminina se fez presente no local, quebrando o silêncio.

Sakura olhou em direção à porta, onde Hanabi, sua dama de companhia e irmã caçula de Hinata, estava parada.

– Diga, Hanabi. - Ordenou a monarca.

– O joalheiro chegou.

– Ah, claro. - Sakura esboçou um sorriso e deu dois passos para trás, se afastando de Itachi após o clima hostil entre os dois - Mande-o entrar.

– Sim, Majestade. - A jovem fez uma reverência e se retirou.

– Itachi. - Disse a Rainha - Pode se retirar também. E espero que não falemos mais sobre esse assunto. - Seu tom de voz era severo - Por todas as nossas boas lembranças de infância, pelo respeito que tenho por você e pela memória do Sasuke, não toque mais nesse assunto.

Itachi fez uma reverência e se retirou sem dizer absolutamente nada.