Void

Capítulo 15 - Roman Warner


Roman a encara, fechando os olhos lentamente, resmungando algo em voz baixa enquanto a garota espera por alguma resposta. Zoey respira fundo, sentando-se perto dele na cama, ele ainda a encarava.

— Não leu os relatórios? Tenho certeza que está tudo escrito lá. – Ironiza ele. Starling nega com a cabeça.

— Eu não leio mais nada dos relatórios sobre você desde que... Desde que você e eu, bom... Desde que nós dois... – Ela não conseguia terminar a frase, envergonhada e nervosa.

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— Estamos juntos? Desde que resolvemos ficar juntos? – Roman completa para ela que assenti. Warner direciona o olhar para a parede vazia que anteriormente estava repleta de informações sobre o psicopata, ele suspira.

— Onde colocou tudo aquilo?

— Está no departamento, no meu escritório. Eu, eu não quero mais informações sobre você. – Uma expressão de dúvida surge na face dele.

— Então o que quer Starling? – Ela tira os sapatos brancos antes de se pronunciar.

— Quero conhecer você. – Roman levanta-se da cama, calado e sério. Tornando-se misterioso outra vez.

— Pode não querer que eu fique perto de você depois do que souber. – Zoey nega, inconformada. Ela fala firmemente.

— Eu ainda quero você por perto. Roman, por favor.

Ela se aproxima e toca em seu rosto. Warner fecha os olhos, a afastando delicadamente. Claramente o psicopata não tinha o hábito de receber algum tipo de afeto.

— Tudo bem, já entendi. Sem carinhos no seu rosto. – Diz ela baixinho.

Warner cruza os braços sobre o peito.

— Ninguém faz isso comigo desde que eu tinha 10 anos, Zoey.

Starling o encara um pouco surpresa, Roman estava começando a falar sobre seu passado e logo de cara já revelava aquilo. Warner a olhava intimamente antes de começar novamente sua fala.

— Meus pais morreram quando eu tinha essa idade.

Warner falava aquilo de forma seca, sem emoção, apenas no automático.

— A única coisa que não sai da minha mente é que se eu tivesse morrido naquela noite, se não acontecesse aquilo comigo naquela noite, talvez eu não conseguisse perceber o quão insignificantes algumas pessoas podem ser. Talvez eu não conseguisse perceber logo de cara quem elas são realmente, o que elas querem realmente. Sabe como perceber isso? Sabe como obter essa prática?

Seu olhar estava vazio, a voz fria, o olhar sinistro. Ele sorri.

— Não há volta quando você vive no inferno, eu diria.

Zoey umedece os lábios, parada ali, constatando a situação. Aquele Roman que estava na sua frente era distante, era o pedaço quebrado, machucado, desamparado. Era o Roman que jamais se permitiria demonstrar ser frágil, era o Roman capaz de odiar e ferir para aliviar a dor. A garota levanta-se da cama indo sentar no sofá na janela, local onde ele estava perto. Warner a analisa.

— Talvez queira que eu saia daqui depois do que ouviu, senhorita Starling.

Zoey o encara, mordendo o lábio inferior.

— Eu já sei o que quero e não inclui essa atitude.

Parado ali de frente á ela, sem camisa, Warner apontada suas grandes e pálidas mãos para ela.

— Eu odeio a sua teimosia. – Diz ele em um sussurro.

— Eu também odeio a sua. – Diz ela, não estava disposta a desistir. – Roman, confie em mim.

Bravo e lindo aos olhos da garota, o assassino decide se sentar perto da garota. Ele se posiciona de modo que pudesse ficar de frente para ela.

— Nós quatro morávamos aqui em Nova York. Meu pai era advogado, creio que já ouviu falar dele. Ele se chamava Robert Warner.

— Robert Warner? Ele não era o dono de um daqueles grandes e principais prédios em Wall Street? – Pergunta ela, o cenho franzido. – Eu não fazia idéia que ele era seu pai! – Ele dá de ombros. – Como não mencionam que aquele prédio pertence á você?

Ele sorri.

— Mudanças acontecem Starling. E elas aconteceram muito rápido. Como eu disse, vivíamos aqui nesta cidade, de forma bem agradável, eu diria. Tínhamos acesso a tudo. A minha mãe também era uma advogada de sucesso, ela e meu pai construíram o grande legado dos Warner.

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Roman gargalha um pouco, colocando sarcasmo em tudo aquilo.

— Mas ao contrário do que se esperava, eu sempre preferia a arte e literatura e meus pais sabia disso. Eu tinha aulas de piano, violão e até íamos á ópera algumas vezes durante os finais de semana.

— Espera, você disse nós quatro, eu, eu não estou entendendo.

Roman morde o lábio, apático com tudo aquilo.

— Sim, eu disse.

O cenho de Zoey franzi ainda mais, a dúvida crescendo.

— Roman...

— Eu tinha uma irmã Zoey. Uma irmã de 5 anos.

A garota se surpreende, não esperava por aquilo. Mas antes de pudesse comentar, dizer algo a respeito, ele continua.

— O nome dela era Mischa Warner. – Ele pausa. – Sabe, tirando os empregados, era eu quem cuidava dela na maior parte do tempo.

— Misha. – Zoey repete o nome. – Você eram próximos...

— Eu não via o Robert e nem a Marie na maior parte do dia. – Warner mencionava o nome dos pais como se os dois fossem significantes para ele. – Ás vezes eu contava algumas histórias para ela dormir, já que eles não faziam isso com ele por causa da falta de tempo. Não eram pais ruins, mas queriam manter a casa, o status, os amigos de alto escalão, então... Bom, acabávamos nós dois sozinhos na mansão.

Ainda atenta as palavras dele, Starling sente uma dor se formando no coração, mesmo que pequena ela podia sentir. Ela podia sentir, Roman com certeza amou a irmã mais do que tudo e agora ele estava ali, contando tudo aquilo friamente, como se fosse uma história tola, uma história presente em um livro que de vez em quando é aberto e lido em voz alta.

— Eu até tentei ensinar piano para ela, mas ela não conseguia, errava a maioria das notas.

Roman olha para a janela.

— O que aconteceu? O que aconteceu com ela, Mischa?

Ele aponta para o céu.

— Estava chovendo quando o alarme tocou naquela noite. A princípio eu não acordei, Mischa me despertou dizendo que estava com medo dos trovões e que tinha escutado um barulho em casa. Eu e ela descemos as escadas, assim como Robert e Marie também fizeram antes de nós. E lá estavam eles, quatro ladrões empacotando tudo às pressas porque foram descuidados com o alarme.

Roman levanta-se, virando-se de costas para a garota.

— É claro que Robert tinha que bancar o herói, afinal ele era o dono da grande mansão Warner. Então ele foi de encontro á eles. Eu e Mischa nos escondemos no topo da escada, eles não viram lá.

Zoey encarava as costas de Warner enquanto ele continuava seu relato.

— Eles atiraram no meu pai primeiro, bem no peito. Eu tapei os olhos dela, pedindo desesperadamente para ela não gritar, porém minha mãe que estava próxima deles começou a gritar e chorar. Eles não sabiam o que fazer, estavam confuso, diziam que não podiam ter testemunhas.

Warner virou-se, olhando para Zoey.

— O segundo tiro foi na cabeça da minha mãe.

Starling ouvia tudo aquilo chocada, Roman tinha visto os pais morrerem a sangue frio.

— Foi o líder deles que havia ordenado aquilo, o líder deles os matou. E foi ele que viu eu e Mischa nas escadas. Corremos a casa toda. Era um dia chuvoso, então eu pensei que se conseguíssemos sair da casa, talvez eles fossem embora, talvez. E foi isso que fizemos, saímos pela porta dos fundos da cozinha, encarando a chuva e o vento. Foi então que antes de ultrapassarmos o portão, ela, ela inocentemente disse que queria ver os nossos pais, que não podíamos sair sem eles.

Zoey podia sentir seus olhos enchendo-se de lágrimas. Ele, porém, permanecia firme, sem expressão.

— O tiro era para mim, mas por causa da chuva e ela, ela era tão pequena... Ela...

Warner morde o lábio, pausando rapidamente a fala.

— Ela levou um tiro nas costas.

Diz ele por fim. Zoey deixa uma lágrima cair.

— E a droga do maldito portão não abria! – Roman solta um riso sem humor. – Mas sabe, eles cometeram um erro, não cobriam os rostos antes daquilo tudo. Então eu pude memorizar os rostos deles, de todos eles, principalmente o dele enquanto ele mirava a arma em mim, pronto para atirar. Ele não pôde concluir sua tarefa já que a polícia havia chegado.

— O que aconteceu? Eles, eles fugiram?

— Sim, todos os quatros.

Roman passa as mãos no rosto, o tique de passar a mão pelo queixo volta a aparecer.

— Eu tive que morar com os parentes mais próximos.

Ela assenti, ainda processando o fato dele conseguir falar todas àquelas coisas daquele jeito. A garota faz menção de que iria falar, mas ele toma a palavra.

— Quero que veja uma coisa.

Ele se aproxima dela, pegando as mãos da garota e depois virando-se de costas para ela.

— Preste atenção e me diga o que vê.

Zoey ainda confusa toca as costas de Roman, tentando enxergar o que ele queria mostrar. Foi ai que notou, debaixo de uma de suas pintinhas, leves marcas, cicatrizes, quase imperceptíveis. Ela suspira.

— Roman... O que fizeram com você?

Warner estalou o pescoço, ainda de costas ele fala:

— Eu não era a única criança da casa, mas era a única que era rica. Eu só estava ali porque meus tios queriam meu dinheiro, e de fato eles usufruíram durante os longos anos em que vivi com eles.

— Eles, eles machucavam você Roman! Como? Por quê?

Ele volta-se para ela. Encarando o rosto horrorizado de Zoey.

— Eu não era bem-vindo, para eles eu era o rico insuportável. Eles me batiam, cuspiam, entre outras coisas.

— Mas eles eram seus tios!

Warner gargalha.

— Meu pai não teve irmãos biológicos, Richard Warner era adotado. Para quem você acha que a fortuna do meu pai iria?

— Você, para você. Como ainda hoje seria, se o estado não a pegasse.

— Exatamente. Eles não podiam se livrar de mim, mas podiam fazer de tudo para que eu não tivesse o que me pertencia.

Starling estava curiosa e chocada ao mesmo tempo. O psicopata continua.

— Então, aos 16 anos eu os matei. Os envenenei, para ser mais preciso.

Diz ele naturalmente, afastando-se dela.

— E não pense que eu parei por aí. Matei meus primos adotivos um bom tempo depois, muito depois, quando eu já havia conseguido recuperar o que eu tinha por direito e permanecer sozinho. E depois fui atrás deles, os quatro.

A agente do FBI pare e reflete naquilo que ele tinha acabado de dizer.

— Suas vítimas! O homem que atirou na sua família, o padrão de suas vítimas era baseado nele!

Ele joga a cabeça para trás.

— Eu matei um por um, menos ele. O restante da história você já sabe.

— Não, não. E quanto ao resto Roman? – Pergunta ela, calmamente.

Ele fecha os olhos, negando com a cabeça e afastando-se dela.

— Contei bem mais do que pretendia a você. Então, não, não force Starling!

Zoey se encolhe. O que ela tinha na cabeça? Claro que aquilo era uma atitude horrível da parte dela! Ele tinha razão, foi muita coisa, muitos sentimentos, muitas partes dele que ela não conhecia.

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Starling se levanta, anda em direção a ele e o abraça. A garota sabia que ele não estava habituado a esse tipo de coisa, mas mesmo assim toma a iniciativa. E agora lá estava ela, abraçada a ele, acariciando os cabelos escuros do psicopata, o reconfortando.

Roman não retribui o abraço, apenas não compreende a atitude dela. Warner permanecia parado com os braços estendidos e longe dela. Ele não sabia como reagir perante a atitude da garota, uma vez que ela era tão audaciosa a ponte de o abraçar, fazer carinho nele e o consolar mesmo que ele claramente não ligasse mais para aquilo tudo que lhe tinha ocorrido.

Ela se afasta.

— Eu sei que pedi muito e sinto muito. Eu vou entender se você quiser ir embora, porque, porque nem eu teria dito tanta coisa sobre mim. Tanta coisa dolorosa. Eu não tinha esse direito e mesmo assim você confiou em mim e me contou tudo aquilo. Então eu não estou em posição de pedir que fique comigo esta noite, porque seria extremamente egoísta da minha parte.

— Nem que tentasse você seria egoísta, Starling. – Roman se aproxima dela, fazendo o coração da garota martelar. Ele segura o queixo da garota, mantendo o olhar fixo no rosto dela.

— Eu que sugeri que nós dois nos conhecêssemos, então isso é culpa minha. Eu confio em você. Zoey, você é a pessoa mais gentil que já conheci. Por favor, não se martirize por algo que não fez.

— Então isso é um sim? Quer dizer, você vai ficar?

— Definitivamente. Quero lhe recompensar por ontem. – Ele sorri maldosamente enquanto ela ri timidamente.

Ele inclina-se em direção aos lábios de Starling, mas ela coloca a mão na frente de seu rosto.

— Eu tenho que trocar de roupa. – Roman a olha desconfiado.

— Gosto dessa roupa. – Ele pisca o olho direito para ela, Zoey revira os olhos.

A garota faz um coque com os cabelos longos. Warner sorria a observando tirar os brincos e o colar para os depositar na caixa de jóias em sua escrivaninha.

— Bom, eu, eu vou... – Ela ponta para o banheiro e ele assenti a vendo fechar a porta.

***

Zoey se olha no espelho, enquanto tira o batom vermelho borrado em sua boca e o restante da maquiagem. Porque estava tão nervosa? Ele já tinha passado a noite com ela antes. Mas á medida que ela passava mais tempo com ele, a garota tinha a impressão que os dois se empolgavam demais.

***

Roman cheirava os perfumes da garota, olhava para os ursinhos dela. O que Zoey Starling estava fazendo com ele? Geralmente nada disso importava quando ele tinha estado com outra mulher. Ele não ligava para a história de ninguém, do que elas gostavam ou que não apreciavam. Nunca tinha passado a noite inteira conversando com alguém e principalmente, não havia contado nada sobre seu passado a ninguém, ao menos não a verdadeira. A agente Starling era a única pessoa que conseguia o fazer agir daquela maneira. Warner deita-se na cama branca com almofadas azuis.

***

Zoey ainda se olhava no espelho, já havia tomado banho e agora penteava os cabelos mais que o habitual. Ela escova os dentes em seguida, passando seu perfume preferido de cereja que estava no banheiro.

— Aí não seja tola! – Fala ela, se arrependendo logo depois, ele poderia ter ouvido.

Ela confere seu pijama, uma blusa de alça azul escura e um short branco com bolinhas, ele estava aceitável, aparentemente. Mesmo querendo sair logo do local para ir vê-lo, a garota resolve abrir a porta devagar, controlando-se, tentando não parecer uma adolescente super eufórica e nervosa por ter alguém em seu quarto.

Ela finalmente sai do banheiro, percebendo que Roman estava deitado do lado esquerdo da cama, perto do abajur. Será que ele tinha dormido? Ela suspirou, tinha se arrumado para absolutamente nada? Colocando a escova de cabelo no seu armário, a garota não percebe que Roman agora estava parado perto dela.

— Ah droga Roman! – Resmunga ela depois de levar um susto.

Ele dá um meio sorriso, enquanto discretamente avaliava a roupa de Starling, voltando a observar intimamente o rosto dela.

— Estava curioso sobre o porquê da demora. – Ela dá de ombros.

— Impaciente. – Sussurra ela, sem jeito.

Warner ainda e encarava.

— Roman, não me olhe assim. Eu fico sem graça.

Ele faz bico se aproximando lentamente dela.

— Que jeito? – Pergunta ele, acariciando os longos e castanhos cabelos dela, mordendo o lábio de forma lenta.

— Esse... Esse jeito. Como se eu fosse... Fosse perfeita. – Ela gargalha depois da declaração dela.

— É exatamente o que eu acho que você é senhorita Starling.

Zoey fica com o rosto em brasas com o elogio.

— Para, para. – Ela nega com a cabeça.

Roman inclina a cabeça, fazendo com que o nariz de ambos de tocassem. Zoey posiciona o rosto para o beijo, mas Warner desvia sua boca para o pescoço da garota, a fazendo se arrepiar. Entre seu pescoço e os cabelos castanhos, o assassino sussurra:

— Eu adoro seu cheiro.

Zoey sorri. Ele começa os beijos no local, as mãos grandes começam a tocar a cintura da garota, a puxando para mais perto. Ainda com rosto enterrado nos cabelos dela, Roman sente Zoey acariciando suas costas. Ele se afasta, a encarando, novamente fazendo bico.

— Já conversamos sobre isso.

— Já toquei nas suas costas antes. – Ela fala sorrindo, tentando fazer carinho no rosto dele.

Isso a fez novamente pensar, o que Roman era? Seu namorado? Ficante? Ela não sabia?

— Por favor, por favor. Não agüento não fazer isso. – Diz ela, tocando em seu rosto. O assassino fecha os olhos, umedecendo os lábios para falar.

— Não vai parar ou desistir não é mesmo? – Ela nega com a cabeça.

— Não, não vou. Mas, bom... – A garota se senta na cama. – Eu posso esperar.

Ele avalia e ela volta a ser curiosa.

— Nenhuma outra mulher tentou fazer isso com você? – Pergunta ela referindo-se aos carinhos. Roman faz seu olhar maléfico.

— Elas não estavam interessadas nessa parte carinhosa, Zoey.

— Claro que não. – Diz ela, fazendo uma careta e ironizando o que ele havia dito.

Warner gargalha, fazendo ela bufar, um pouco irritada. Ele senta-se ao seu lado na cama, ainda sorridente.

— Rindo de mim, que ótimo!

— Fica ainda mais encantadora quando está com ciúmes, Starling. – Agora era ela que gargalhava, sendo sarcástica.

— Eu nãos estou com ciúmes! Eu só... Só... Bom, eu não estou com ciúmes.

— Não? – Ele “prende” o rosto dela com suas mãos enormes. – Isso é uma pena, por que... – Ele beija o canto da boca de Zoey. – Perco o controle quando fica brava comigo ou fingi estar.

— Perde o controle? – Sussurra ela olhando para as pintinhas distribuídas no rosto dele.

— Completamente.

O coração de Starling estava quase saindo pela boca. Como assim completamente? Ela não teve muito tempo para pensar, porque Roman inclina o rosto em direção aos lábios dela e ambos deitam-se na cama. Zoey sorri timidamente e ele continua o beijo.

Starling Bagunça o cabelo de Roman e em seguida segura o rosto dele com as duas mãos. Warner sorrir, ainda que incomodado.

— Zoey...

Ela não liga para a suposta advertência e o beija delicadamente, deitando a cabeça no travesseiro, sorrindo, radiante. Ele suspira, deitando-se ao lado dela, apoiando seu rosto na mão direita, com o olhar fixo nela.

Até que a música Broken Wings de Mr. Mister começa a tocar. Roman faz uma careta, uma interrogação impressa em seu rosto. Zoey corre para a escrivaninha.

— Meu alarme. Sabe, essa hora eu geralmente vou dormir. – Explica ela, desligando o alarme.

— Diga-me que não vai dormir, não nesse momento. – Ele faz carinha.

— Depende. – Começa ela. – Você vai ignorar todas as minhas tentativas de carinho?

Ele resmunga de frustração, afundando o rosto no travesseiro azul.

— Você vai dormir? Ei? Roman?

Zoey deita na cama. Ele vira o rosto para ela e revira os olhos.

— Não era isso que eu queria está fazendo, mas você não me dá escolha. – Diz ele, a cabeça deitada no travesseiro, os olhos fechados.

A garota sorri feliz demais para se importar com as segundas intenções de Roman. Aproveitando a situação ela começa a acariciar os cabelos castanhos escuros, quase negros, do assassino. Ele abre os olhos e a encara.

— Não consigo ficar bravo com você. Não quando sorri desse jeito.

Roman passa a mão no pequeno e delicado rosto dela.

— Quis fazer isso desde o primeiro dia que te vi na Eichen.

Starling fecha os olhos, sentindo os dedos quentes em seu rosto. A garota sente um pequeno movimento na cama, ela abre os olhos.

— Ei! – Exclama ela!

Possessivo como sempre, o psicopata havia se inclinado sobre a garota, ficando bem próximo dela, depositando parte do peso de seu corpo na cama para não machucá-la. Warner começa a beijar o ombro de Zoey, sendo carinhoso e encantador como sempre.

— Sempre quis você, Zoey Starling. – Sussurra ele perto dos lábios da garota.

— Quis? – Pergunta ela com tom de brincadeira e dúvida.

Roman sorri, um sorriso assustador bem familiar á ela.

— Sim. Quero. Eu quero você.

Zoey fica surpresa com as palavras dele. Roman satisfeito com o que tinha dito e com a reação dela começa a sessão de beijos. Starling sente seu coração quase saltar quando ele toca a pele em sua cintura. A garota não deixa de se sentir um pouca envergonhada com aquilo, embora Roman não pretendesse desrespeitá-la. Ela fica sem ar quando ele leva os lábios até o queixo dela e depois dá uma mordida no lábio inferior da garota. As mãos de Starling tocam os ombros de Warner e distraída por causa de tudo aquilo, ela não percebe que apertava o ombro machucado do psicopata. Roman para o beijo, intenso e longo.

— Zoey. – Ele fecha os olhos devido a dor. Ela se afasta.

— Desculpa. – Fala ela receosa. Warner senta-se, dando um leve sorriso.

— Tudo bem. – Ele aponta a própria boca. – Adoraria continuar. A garota ri nervosamente e envergonhada. Ela se aproxima dele, mas apenas para verificar o ferimento.

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— Sangrou um pouco, droga! Não deveríamos continuar, olha só o que aconteceu! Além disso, deveríamos está discutindo sobre essa tal pessoa que sabe sobre nós dois ao invés de... – Ela para de falar. Escolhendo as palavras antes de continuar. – E se ele essa pessoa estiver por perto? Ou ela... sei lá!

Roman morde o lábio, a encarando.

— Você não está nenhum um pouco preocupado?

— Você está segura comigo. – Diz ele, repetindo as palavras ditas um tempo atrás.

— Mas olha o que aconteceu com você! Olha o que está acontecendo, ninguém acredita em mim! Eu não sei o que fazer!

Roman desvia o olhar para a estante de Zoey. Miniaturas de pontos turísticos, como a Torre Eiffel e do Big Bang de Londres estavam ali, distribuídas na estante. Ele volta a olhar para a garota, pensando nas passagens, será que era muito precipitado falar sobre elas?

— Roman?

Ele umedece os lábios, voltando seus pensamentos para o momento.

— Esperava que o Raeken acreditasse em você? – Ela abaixa a cabeça. – É, você esperava. – Zoey faz bico.

— Já conversamos sobre o Theo. – Ele dá de ombros.

— Isso não signifique que eu o aceite perto de você.

Diz ele em um resmungo, voltando a olhar a Torre Eiffel, mudando a direção do seu olhar em direção a um foto da cidade de Paris pendurada perto do espelho próximo a porta.

— Qual das duas prefere? – Indaga ele a puxando para mais perto de si.

— Do que está falando? – Pergunta Zoey, inclinando um pouco a cabeça para a direita, tentando entender a pergunta dele.

— Paris ou Londres? – Ela abre a boca, um pouco receosa sobre aquilo. A garota coloca o cabelo atrás da orelha. – Não pude deixar de notar seus acessórios, sabe como eu sou...

— Curioso, reparador. – Completa ela. Roman aproxima o rosto da boca da garota.

— Intensamente, especialmente quando se trata de você. Por favor, me diga. – Os olhos âmbar implorando por uma resposta.

Ela suspira.

— Eu queria muito sair de Beacon Hills, sempre pensei em meios de sair da cidade. Uma vez até comecei a tentar convencer a Allison a fugir. – Ela para um pouco. – Enfim, existe uma loja de acessórios lá, todas as miniaturas que comprei representam um lugar que eu gostaria de ir.

— Você tem mais delas. – Ela assenti, confirmando a afirmação dele.

— A Estátua da liberdade está no meu armário, foi o único lugar que conseguir conhecer até agora.

Ela dá um leve sorriso, claramente desanimada.

— E ainda tenho o Coliseu. – Starling revira os olhos. – Bobo, não é? Era o que minha mãe sempre dizia, que eu era sonhadora demais. Ela tem razão. Era quase uma obsessão, ás vezes eu fechava os olhos e rezava para sonhar com algum lugar longe de tudo aquilo.

Zoey falava aquilo com a cabeça baixa, desanimada. Roman levanta o rosto da garota, segurando seu queixo.

— Ainda gostaria de ir para esses lugares? – Ela suspira, assentindo.

— Quem não adoraria visitar Paris? Ou Londres? É, é lindo! – Warner sorri, concordando. – Já esteve nesses lugares, não é?

— Um tempo atrás. – Responde Roman.

A garota deita a cabeça no peito de Roman, não importando-se com a proximidade. Ela apenas ouvia a voz calma dele falar:

— Iria adorar. Quando as luzes acendem a torre fica impecável. – Diz ele, referindo-se a Paris. – A música, a cidade, os diferentes lugares escondidos pela cidade. Acredito que você não deixaria de sorrir o tempo todo. – Declarava ele, ainda pensando na proposta, será que ela aceitaria?

— Conheceu muitas pessoas na França? Espera, você sabe falar francês? – Ela o encara. Roman sorri, passando a mão no ombro dela.

— Sim. E antes que pergunte, falo italiano também.

Zoey fica boquiaberta.

— Acho que eu deveria saber disso ou pelo menos supor. – Ele gargalha, Starling parecia uma criança, curiosa e ávida por detalhes.

— Deve ter sido incrível.

— Você adoraria as músicas, eu suponho. – Comenta ele.

Ainda animada com aquilo, Zoey se senta na cama.

— Sério?! – Roman abre um sorriso com a animação dela.

—Sim. Eu lhe faria dançar outra vez, ouvir músicas ao vivo, tomar vinho.

Starling para de sorri, refletindo sobre o que ele estava dizendo. Ele era Roman Warner, um procurado, um assassino. Em que mundo tudo isso aconteceria? E lá estava ela, Zoey Starling, um agente do FBI que estava cometendo um crime somente por está com ele.

— O que houve?

Zoey dá de ombros.

— Nada.

Ela não queria arruinar o momento, mas estava cada vez mais inevitável não pensar em um possível futuro e não ligar para as coisas que aconteceriam nesse possível futuro. Roman significava algo para ela, Starling nunca havia se sentindo assim com outra pessoa. Mas, o que ela realmente sentia? Esse sentimento era tão forte, tão bom, tão... Inexplicável.

— Nada. – Repete ela, olhando para as cobertas. Mesmo tendo a certeza que ele sabia quando ela mentia, a garota se recusa a falar mais alguma coisa. Warner acaricia seu braço direito.

— Me perguntou se eu já tive algo assim com outra alguém, ainda que não tenha feito com essas palavras. E você já teve alguém?

Ela o encara.

— Bom, sabe...

Zoey para de falar. Ela já estava cansada de ser sutil com as palavras. A garota sabia que podia contar qualquer coisa para ele e ela não se importava de fazer isso. Então, decidiu ser direta.

— Não, nunca tive. Os olhares sempre foram para as outras garotas como a Lydia, Alli e tantas outras que estudavam no Beacon Hills High School. E foi assim os anos seguintes também.

Roman faz uma careta.

— Zoey, alguma vez já olhou para si mesma? Deus! – Ele revira os olhos. – Os homens de Beacon Hills devem ter problemas ou você estava ocupada demais achando que nenhum deles queria você.

Ela sorri, espantada com a declaração.

— Não, não! Confie em mim, não sou perfeita... Não sou.

Warner toca os lábios dela, fazendo-a tremer. O coração da garota começa a acelerar.

— Sinto que existe uma fila atrás de mim, esperando eu cometer algum erro, um único apenas para tomarem você de mim.

— Não existe uma fila Roman! – Ele dá um leve sorriso.

— Raeken, Heinfield e aposto que até Craford. Você é que não percebe, confie em mim, você é encantadora demais.

— Está exagerando. E eu nunca pensei sobre isso, o meu foco sempre foi outro.

— Sair de Beacon Hills. – Ela concorda, distraindo-se ao olhar os ombros e a barriga. Ele percebe o olhar dela, Zoey desvia os olhos, bocejando involuntariamente logo depois. Roman desliga o abajur presente na cômoda ao lado da cama.

— Roman! - Protesta ela, cruzando os braços.

Ele ignora Starling, inclinando e apoiando a cabeça na cabeceira da cama, fechando os olhos. Starling se aproxima sorrateiramente dele e beija sua bochecha cheia de pintinhas. Ele não a interrompe ou protesta e ela continua a sessão de carinhos em seu rosto. Warner abre os olhos, a observando no escuro.

— Por que faz isso? – Zoey abaixa a cabeça, pensativa.

— Por que faz isso em mim? – Responde ela com outra pergunta.

Ele morde o lábio para depois falar.

— Você é um enigma para mim. – Ela se encolhe com vento vindo da janela aberta.

— Isso não responde muita coisa. – Ele gargalha, passando suas mãos no rosto dela. A garota fecha os olhos.

— Que tal eu colocar dessa forma.

Ele aproxima o próprio rosto, encostando sua a testa na da garota. O gesto a faz ri de leve.

— Sinto algo por você e até eu descobrir o que é minha curiosidade fala mais alto e isso pode incluir coisas como essas.

Ele a beija de forma rápida.

— Me permite outra pergunta? – Starling assente. – Sempre teve esse gosto musical? – A garota fica surpresa, pigarreando um pouco antes de falar.

— Bom, na verdade... É sempre tive. Eu sempre costumava escutar músicas antigas na rádio, então, bom... Não é que eu não escute músicas mais atuais, é que as músicas antigas fazem mais sentido para mim.

— Você não nunca para de me surpreender, não é? – Ele a beija outra vez.

— E você? Além de tocar piano, gostar de ópera.

Ela faz biquinho a perguntar, provocando-o. Ele estreita os olhos, pensativo. Warner suspira, passando a mão nos rosto.

— Gosto de suas músicas, a maioria talvez. Com certeza as que estão no seu celular são algumas das minhas favoritas.

— Você decorou as músicas que estão no meu celular? – Indaga ela, espantada e um pouco desesperada e envergonhada. Roman por sua vez sorri cinicamente. – Ás vezes você é um pouco excêntrico demais nas suas metas!

Ele revira os olhos.

— Particularmente achei a lista de músicas favoritas no mínimo interessantes. – Ela cobre o rosto. – Incluindo as que tocaram no momento da nossa dança, mas eu não sabia que gostava de Icehouse.

No promise é uma ótima música. – Zoey ainda mantinha o rosto escondido enquanto falava. Ele a puxa para mais perto.

— Eu sei. – Starling descobre a face, o olhando desconfiada.

— O que mais viu em meu celular? – Roman abre um sorriso sedutor.

— Existe algo comprometedor no seu celular? – Ela faz careta. – Fique tranqüila, não quero apressar absolutamente nada.

— Roman... – Ela revira os olhos. – Não, não existe algo assim no meu celular! E você precisa bom... Esquece.

Roman se levanta da cama. Zoey cruza os braços, confusa.

— Eu achei que...

Ele sorri, olhando o ombro ferido no espelho.

— Não vou embora, só estou procurando minha camisa.

Zoey sorri, ele não parava de ser cavalheiro. Warner nota ela sorrindo.

— Se quer vesti-la ela está na cozinha. – Roman faz bico.

— Eu não quero, mas, bom... Você se sente confortável com isso?

Starling pega uma das almofadas e a abraça.

— A sua camisa está melada de sangue Roman. Encharcada, na verdade.

Ele assente, colocando as mãos nos bolsos da calça enquanto esperava Starling se posicionar no lugar esquerdo da cama, lugar onde ela sempre ficava. A garota fecha os olhos, sentindo o lado direito ser ocupado. Abrindo os olhos Zoey pôde vê o assassino com o corpo apoiado na cabeceira da cama, observando o teto. A garota segura a mão dele, tentando se aquecer. Warner vira o rosto para ela.

— Não consegue dormir? – Ele a questiona. A agente suspira.

— Eu não sei o que dizer amanhã, eles não acreditam em mim.

Roman olha o relógio, descendo seu corpo para deitar por completo na cama da garota.

— Você tem algumas horas para resolver isso, não se torture. Além do mais, não vou deixar que Mason a machuque. – Zoey balança a cabeça negativamente.

— E se não for o Mason? Quer dizer, pode ser qualquer um...

— Qualquer que esteja relacionado a mim. – Ele completa frase.

Zoey direciona os olhos para o teto. Roman se vira, falando no ouvindo da garota, a surpreendendo.

— Ainda acho que podemos ficar mais próximos.

Ela faz bico e ele a puxa para si. Zoey deita sua cabeça no peito dele, Roman alisa seus longos cabelos.

— E seu ombro? – Ela levanta a cabeça para olhar seu rosto no escuro. Roman direciona suas mãos para a face da agente, ela fecha os olhos.

— Estou bem, apenas descanse. – As mãos de Warner deslizam até a cintura da garota.

— Não consigo com você fazendo isso. – Diz ela em um sussurro. Ele sorri, ainda mantendo as mãos na cintura dela. Zoey suspira.

— O que nós vamos fazer? - Roman a encara o olhar dela implorando por uma resposta.

— Eu sei que irei fazer, irei estar com você. – Eles exibe os dentes branco ao sorri.

— Você fala como se não fosse uma tarefa difícil. Como se você não tivesse quase morrido, como... – Roman a silencia com um beijo. Ao terminar, ela o censura. – Seus métodos de distração estão ficando cada vez mais previsíveis.

— Você adora eles. – Fala Warner, acariciando o rosto pequeno e delicado da agente do FBI. – Eu darei um jeito de ficarmos juntos, se assim você desejar.

Starling sorri, não acreditando naquilo. Roman estava disposto a tudo por ela, era isso? Seu olhar estava maravilhado, ela estava feliz.

— Não brinque comigo. Ás vezes acho que a qualquer momento você vai embora e até acho que é saudável pensar assim, porque...

Ela pausa, Warner arregala um pouco os olhos, surpreso com aquilo. Zoey desvia o rosto do olhar dele para terminar a frase.

— Está difícil me acostumar a ficar sem você. – Termina ela receosa. Roman fecha os olhos por alguns segundos.

— Starling, só lhe deixarei se você assim desejar.

— Parecia espantado antes. Enfim, eu, bom... Agora que você já sabe o que ia dizer e... – A garota sorri nervosa. Roman alisa seu rosto de leve.

— Também sinto sua falta quando está longe.

Zoey fecha os olhos e o beija ainda um pouco envergonhada. Ela volta a deitar em seu peito.

— Boa noite, Roman.

Starling começar a pensar, o que ela realmente queria dizer quando falou que estava difícil se acostumar ficar sem ele? Era realmente isso que ela queria dizer? Ou era algo mais profundo? Ela estava perdida, se afundando cada vez mais em seus sentimentos.

Roman por sua vez estava outra vez surpreso com ela. Afinal, o que ele sentia por ela? O que ele sentia de verdade? Na verdade, uma parte dele estava começando a se dá conta do que aquele sentimento era. Perdido em meio aos seus pensamentos, ele lembra-se de responde-la.

— Boa noite, Zoey.

As mãos da garota acariciam seu peito, ela ainda estava acordada. Será que ela também pensava sobre o quê aquelas palavras transmitiam? Elas foram tão simples, tão claras, mas ao mesmo tempo tão significativas. O que os dois queriam mas não disseram um para outro?

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Warner deixa que os carinhos dela continuem, era difícil não permitir ela ser gentil. Ele resolve apenas fechar os olhos e deixar o sono o invadir.