POR FAVOR LEIAM AS NOTAS INICIAIS

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A comitiva seguia no passo mais acelerado que os animais permitiam. Sarah mantinha a consciência por breves períodos onde mandava os dois curandeiros se afastarem dela e fazia um dos soldados preparar os remédios que ela mandava serem feitos de acordo com as instruções contidas nos livros que ela trazia com suas coisas. Ela e John vinham sendo trazidos em macas improvisadas que eram carregadas, cada uma, por dois cavalos mantendo-os como deitados na horizontal o melhor que era possível. Haviam sempre dois ou três soldados garantindo que as duas macas não se separassem muito.

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Se Sarah havia levado pouco mais de 10 dias para chegar ao acampamento para voltar foram necessários quase 20 dias até que o grupo de 20 soldados conseguisse ver as muralhas da Capital do Reino. O alvoroço que se seguiu após isso despertou Sarah que deu um sorriso fraco ao saber que logo veria seus filhos, nem ela mesma acreditava que houvesse suportado tanto pra isso.

Aria estava na biblioteca conversando com Rendon sobre história quando Tommy chegou correndo fazendo muito barulho e ofegando como se tivesse corrido desde o pátio, o que na verdade havia sido desde as cozinhas que era quase tão longe quanto.

– Mamãe – foi tudo o que ele disse antes de voltar a correr sendo acompanhado pela irmã e pelo Príncipe.

Elizabeth havia sido a primeira a ser informada sobre a chegada do grupo como ela havia ordenado que fosse. Por isso ela mesma já estava no pátio principal do castelo circundada por 6 soldados da Guarda Real em suas armaduras completas. Foi assim que Aria, Tommy e Rendon a encontraram quando saíram do castelo. As pessoas se reuniam no local, mas sempre longe de onde estava a rainha e distantes do portão fazendo um circulo amplo em volta do grande pátio.

Aria estava à frente de todos, até mesmo dos Guardas que circulavam Elizabeth e também Rendon que queria mais do que tudo sair daquele circulo e ficar ao lado da garota. Tommy também estava um pouco atrás da irmã; ambos com os olhos fixos no portão. Aria já teria corrido para fora dos muros do castelo para ir de encontro a mãe, mas alguma coisa a mantinha ali, parada, à espera.

Foi quando todos viram os primeiros soldados aparecerem, com lanças apontadas para o céu e as armaduras sujas da viajem. Vinham em duplas formando duas linhas e ao final delas vinham duas macas carregadas, agora, por dois soldados cada uma enquanto eram mantidas próximas de forma que os seus ocupantes conseguissem manter as mãos unidas.

Todos estavam paralisados, olhares procurando a figura imponente da Hawkey sem encontrar nada além de rostos tristes de soldados. Mas os olhos de Aria e de Tommy não demoraram a reconhecer as mãos unidas entre as macas; afinal, muitas foram as vezes em que eles viram aquelas duas mãos unidas. Mas nenhum deles conseguia forças para se mover. Os soldados colocaram as duas macas, uma ao lado da outra, bem no centro do pátio. Então Aria pareceu acordar e correu na direção deles ao ver o pai se erguer com dificuldade e virar até poder estar olhando para a mulher deitada na outra maca.

A garota caiu de joelhos do outro lado da mãe e desabou com o rosto sobre o peito de Sarah chorando muito. A Hawkey estava coma pele pálida, sem brilho, quebradiça, sem vida. Os lábios pálidos as mãos geladas assim como toda a pele, mas os olhos.....os olhos continuavam os mesmos. Cinzas como uma tempestade que destrói tudo em seu caminho, com aquele mesmo brilho firme e confiante de sempre. E foram esses olhos que sorriram mais do que os lábios dela conseguiram sorrir ao colocar, lentamente, a mão sobre a cabeça da filha que chorava em seu peito.

Um dos soldados se aproximou da rainha e a ela contou, resumidamente, todo o ocorrido. “Ninguém entende como ela se manteve viva”; foi o sussurro que o pobre soldado deu antes de se afastar com lágrimas nos olhos. “Eu entendo”, pensou Elizabeth, “Eu entendo minha amiga”. Então ela mandou um mensageiro correr o máximo possível até a Academia e trazer Eliot Hawkey.

– Eu voltei minha menina – sussurrou a voz fraca de Sarah fazendo Aria erguer o olhar para os olhos da mãe – Perdoe sua mãe por ter demorado tanto.

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– Mãe – chorava Aria – Por favor, mamãe....não...não nos deixe...por favor.. – pedia a menina encarando a calma nos olhos cinzas da mãe.

– Minha criança – sussurrou Sarah derramando uma lágrima – Eu queria tanto ver o que você vai se tornar, Aria. Porque você tem uma força que nem mesmo eu nunca sonhei em ter – a mão gelada da Hawkey tocou o rosto da filha com carinho – Eu pedi perdão por isso uma vez antes de sair e você me disse que eu teria de voltar para ser perdoada. Aria, perdoe-me por ter tentado afastar você de quem você realmente é.

Nesse instante Aria viu no olhar da mãe que ela precisava daquele perdão. Mas que ela a deixaria assim que o tivesse. Por esse motivo a garota foi, aos poucos parando de chorar apenas para conseguir encarar aqueles olhos, tão parecidos com os seus, mas ainda assim tão diferentes naquele momento. Foi quanto Tommy se ajoelhou ao lado da irmã e Sarah o viu. Do outro lado dela John já estava chorando muito, mesmo que ainda em silencio para não atrapalhar o momento que Sarah precisava ter com os filhos.

– Tommy – disse ela com um novo sorriso – Você cuidou tão bem de mim e de Aria....melhor do que eu cuidei de você meu garoto.

– Não mãe...... – ele chorou enquanto falava – A senhora cuidou de mim melhor do que qualquer outra pessoa teria feito e eu te amo como minha mãe, como se fosse mesmo a minha mãe, por isso – ele falou – Não nos deixe – pediu ele tentando enxugar as lágrimas.

– Eu amo tanto vocês – Sarah falou com um sorriso triste – Amo tanto. Mas......meu tempo acabou. Meu corpo não aguenta mais mesmo que meu espírito ainda queira estar aqui com vocês – ela disse; as mãos tremendo enquanto acariciava o rosto de Tommy e os cabelos de Aria, a respiração difícil e forçada, o bater do coração lento e sem forças.

Todos eles encararam a Hawkey. John e Tommy mal conseguiam realmente enxerga-la por causa das lágrimas, mas Aria a via como nunca tinha visto antes. Ela olhava a mãe com uma intensidade que nunca esteve naqueles olhinhos cinzas. Ela queria decorar cada detalhe dos traços fortes do rosto da mulher que era sua mãe para se lembrar de cada um deles pro resto da vida. Então os olhos cinzas da Hawkey mais velha voltam a encarar os cinzas da filha.

– Um dia eu serei como você – falou a menina segurando o choro para não perder nenhuma das expressões que os olhos cinzas da mãe lhe transmitiam.

– Não meu amor – sussurrou Sarah – Um dia você será mil vezes mais do que eu.

Então Aria soube, era a hora. A hora de dar a ela o perdão que a mãe precisava para partir. E ela via nos olhos cinzas idênticos aos seus a tristeza que aquele momento lhes traziam. Tommy entendeu e delicadamente envolveu a mão da mãe que estava em seu rosto nas próprias mãos e a levou até o rosto de Aria recebendo um olhar agradecido antes dela encarar com intensidade a menina.

– Eu tenho muito orgulho do que sei que você será minha menina – a voz dela saiu fraca e quase sem som.

– Eu perdoo, mãe – fala Aria não aguentando e voltando a chorar – Porque sei que tudo o que você sempre quis fazer foi me proteger. Eu vou me proteger a partir de agora mamãe. Prometo.

Quando o sorriso tomou conta dos lábios de Sarah a garota soube que era o ultimo que veria. Logo depois ela fechou os olhos e as mãos caíram sem vida. John gritou desesperado e se desmanchando em lágrimas. Tommy também começou a chorar muito e muitos dos espectadores que estavam em volta fizeram o mesmo. A própria rainha começou a chorar naquele momento. Menos Aria, todos menos ela que enxugava suas ultimas lágrimas que haviam escorrido enquanto a mãe ainda respirava.

Quando Tommy viu a irmã se levantar ele mesmo quis ir atrás dela, mas a situação em que se encontrava John pedia mais a presença dele do que a da garota. Então ele olhou para Rendon e viu que o rapaz já se preparava para ir atrás da amiga. E foi exatamente o que o príncipe fez assim que viu o pedido mudo nos olhos de Tommy. Rendon correu atrás de Aria que já havia sumido de vista ao entrar no castelo, mas ele sabia onde ir. O garoto ainda pode ouvir as ordens da mãe enquanto corria pelas escadas que o levariam a onde ele sabia que Aria estaria.

Enquanto isso Elizabeth fazia o que havia jurado a si mesma fazer caso a amiga não retornasse. Ela faria à Sarah Hawkey um funeral digno de uma rainha; por que, ela sim sabia, mais do que ninguém aquela mulher merecia reconhecimento. Então, enquanto o filho corria atrás da pequena Aria ela ficou dando as ordens necessárias para que tudo acontecesse.

POV Rendon

O bosque. Era lá que ela estaria e eu sabia disso. Ela sempre ia até lá quando queria ficar sozinha já que poderia subir nas arvores e sumir do resto do mundo que nunca a encontraria. Mas eu a encontrava. Eu sempre a encontrava. Entrei naquele lugar olhando para cima buscando o mais leve sinal de movimento. Até que vi; o tecido cinza da calça de lã que ela usava aparecer por entre as folhas. Sentei-me no chão com as costas encostadas ao tronco da arvore sobre a qual Aria estava naquele momento. Minutos depois ela se manifestou.

– Vá logo embora Rendon – ela disse com um tom inexpressivo – Porque é que é sempre você quem tem que me achar?

– Eu sou sempre o único a te achar – respondo calmamente depois de todo o tempo em silencio; bem sabia que silencio era tudo o que ela precisava no momento.

– Eu quero ficar sozinha.

– Nunca vai ficar sozinha, porque tem à mim e ao seu irmão e ao seu pai – respondi novamente com a mesma calma.

– Eu quero ficar sozinha Rendon – ela repetiu.

– Apenas depois de morto eu permitiria que você ficasse sozinha por um segundo sequer da sua vida – falei num tom decidido e um tanto irritado olhando para cima.

Vi os olhos cinzas me encararem lá de cima. Mesmo aquela distancia eu podia identificar muito naqueles olhos e naquele momento não haviam lágrimas neles. Não mais ou não ainda. Ela era ainda mais forte do que eu achei que era. Ficamos ali por horas. Ela sentada em um dos galhos mais altos e eu no chão com as costas contra o troco. Foi muito tempo. Tanto tempo que começou a escurecer. Eu não sabia se estavam nos procurando, mas eu sabia que não nos encontrariam ali. Quando a lua iluminou o chão à minha frente eu escutei Aria finalmente se mover. Ela estava descendo.

Me levantei e ela caiu no chão logo à minha frente, as pernas fraquejaram pelo tempo dobradas lá em cima e ela perdeu um pouco o equilíbrio, eu não ousei segurá-la como queria, mas coloque as mãos nos ombros para ajuda-la a se manter firme. Achei que ela iria quere sair do bosque, mas ao olhar os olhos dela eu soube que não. Suspirei e nos sentamos com as costas contra a árvore, ombro a ombro. Passamos a noite ali, olhando para o céu por entre as folhas das arvores.

POV Narradora

Elizabeth passou a noite em claro preparando tudo. Tommy conseguiu acalmar o pai e leva-lo para um quarto dentro do castelo. Rendon e Aria não haviam sido vistos, mas isso não a preocupava. Elizabeth fez como havia jurado a si mesma e preparou um funeral que poderia muito bem ser o de uma rainha, mas era o de uma guerreira. Ela escolheu as roupas de Sarah, um espartilho de couro preto, com uma camisa cinza escuro e uma calça de couro marrom escura com as botas que Sarah sempre usava. Ela mesma vestiu a amiga, não teria deixado isso nas mãos de ninguém, assim como não deixou a preparação do corpo de Rendlan para outras pessoas.

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Sarah seria cremada numa pira funerária de madeira de eucalipto como havia sido com Rendlan. Ela também havia preparado um pano de seda cinza como mortalha para Sarah, foi nele que Elizabeth envolveu o corpo da amiga antes de sair da sala onde ele ficaria esperando os soldados para transportá-lo à pira funerária.

Quando amanheceu Rendon fez Aria se levantar e os dois entraram no castelo, após deixar a garota no quarto dela ele seguiu para o dele. Parou o primeiro guarda que achou e mandou-o preparar dois copos de leite quente e pães e levar até o quarto de Aria. Rendon se trocou vestindo camisa, calça, colete e botas da cor preta e então voltou ao quarto de Aria, onde o guarda o esperava com o que ele havia mandado buscar.

Ele sabia que o funeral só aconteceria após as primeiras horas do dia, quando o sol atingisse a madeira da pira funerária passando por sobre os muros. Por isso ele sabia que ainda tinha tempo para fazer Aria comer algo antes de ir com ela até o pátio central. E foi o que ele fez, aproveitando para comer também.

Aria acabou por não vestir roupas pretas, exceto pelas botas. Ela usava uma calça de algodão grosso de um cinza muito escuro e uma camisa de linho num tom cinza levemente mais claro, a camisa era um pouco maior do que ela, mas a garota não se importava. Ela e Rendon seguiram para o pátio central logo depois de comerem. Quando chegaram as pessoas já começavam a se reunir. Elizabeth estava sobre a escadaria que levava o castelo e tinha ordenado que os guardas ficassem mais afastados. Rendon caminhou até a mãe enquanto que Aria andou até próximo à pilha de madeira arrumada para que o corpo da mãe repousasse sobre ela. A garota parou fora da rota que os soldados usariam para trazer Sarah e ficou encarando a madeira e sentido o cheiro de eucalipto recém cortado.

Então Tommy e John chegaram, ambos vestindo preto, apesar do rapaz usar uma camisa cinza escuro por baixo da jaqueta de couro preta. John não tinha forças para se manter em pé, fora os machucados que ainda precisavam de muitos cuidados, ele próprio já não queria mais se sustentar. Não havia parado de chorar e se culpar nem um único segundo desde que Sarah fechara os olhos. Os dois pararam um pouco atrás de Aria, mas a garota não deu sinais de que os notara nem de que iria se mover.

Então os tambores começaram a tocar, como tocariam marcando a avançar de um exército e o marchar de soldados. Segundos depois 6 soldados da Guarda Real saíram do castelo carregando o corpo de Sarah Hawkey sobre três escudos pintados de cinza. Um homem a cavalo entrou pelo portão nesse exato momento e parou. Era Eliot Hawkey que desceu entregando as rédeas para um soldado que se assustou, mas que recolheu o cavalo após receber um olhar frio do Hawkey. Elizabeth e Aria foram as únicas que notaram-no. Foi a garota que se virou e parou em frente aos guardas que traziam o corpo da mãe.

Os seis soldados pararam confusos, o tambor ainda soando. Então Eliot se aproximou e Aria olhou para cima encarando os olhos do avô; cinzas nos cinzas. Ele piscou afastando as lágrimas e a garota abaixou a cabeça voltando ao seu lugar anterior.

– Abaixem-na – comandou Eliot e nenhum dos soldados teve coragem de desobedecer.

Os seis homens em suas armaduras completas caíram de joelhos se encurvando ao mesmo tempo abaixando o corpo de Sarah ainda sobre os escudos. Eliot deu a volta parando ao lado de onde estava a cabeça de Sarah e, com toda a delicadeza do mundo, afastou a mortalha do rosto da filha. Ele beijou a testa de Sarah e então colocou no pescoço dela um singelo colar de ouro com uma medalha pequena.

– Devolveu-me isso porque dizia que você não precisava usar joias – ele disse calmamente – Agora eu entrego-lhe o presente de sua tia novamente. Cecília não o pode usar quando se foi desse mundo, mas você minha filha, vai encontrar sua tia para que ela a veja e sinta todo o orgulho que eu sinto por tua causa. Adeus minha menina – ele completou dando outro beijo na testa da filha antes de puxar de volta a mortalha sobre o rosto de Sarah.

Então os soldados se levantaram e continuaram seu trajeto ao som dos tambores. O corpo dela foi delicadamente colocado sobre as madeiras e os escudos retirados do lugar. Um outro soldado se aproximou com a espada de Sarah na bainha. Rendon o parou antes que ele se aproximasse mais e pegou a espada. Foi ele quem levou a arma até Eliot. O garoto pretendia entregar a espada à Sarah, mas na hora sentiu que o certo era dá-la à Eliot. O velho Hawkey aceitou com um sorriso triste e puxou a arma da bainha mantendo a ponta para o chão e aproximando o punho do peito com a cabeça baixa.

O príncipe havia trocado algumas palavras com a mãe e Elizabeth havia aprovado o que o garoto queria fazer. Ele então voltou e subiu o primeiro degrau das escadas antes de se virar ficando de frente para a pira funerária antes de começar a falar.

(N/A: eu recomendaria que vocês ouvissem Warrior da Demi Lovato; vou deixar um link com a musica e a letra pra quem não conhece: http://letras.mus.br/demi-lovato/warrior/)

– Eu não pretendo discursar – foi o que ele disse alto e num tom firme chamando a atenção de todos – Mas peço que me ouçam agora. Sarah Hawkey salvou minha vida, posso dizer que três vezes seguidas. Eu devo muito à ela. Divida que nunca poderei pagar. Ela fez pelo meu povo, meus súditos, coisas que eu nunca conseguirei fazer. E o fez por puro e simples senso de justiça de uma forma que ninguém nunca havia feito. Uma mulher. Uma guerreira. Uma protetora. Ela protegeu meu reino antes mesmo de que eu tivesse a noção de que isso era também minha responsabilidade. Por isso, a partir de hoje, eu concedo à Eliot Hawkey o título de Lorde como a muito antes o chefe da família Hawkey foi possuidor. Mas isso ainda não é o bastante como reconhecimento pelo que a espada de Sarah Hawkey fez por todas as pessoas que já chegaram a cruzar o caminho dela alguma vez. Mas o máximo que eu posso fazer ainda é um mínimo para transmitir tida a coragem que ela possuiu até seus últimos suspiros. Porque Sarah Hawkey foi mais do que qualquer outro antes dela – a voz de Rendon falhou apenas ao final, demonstrando a dificuldade que ele tinha em escolher e pronunciar cada palavra – Ela foi a protetora do Reino. E é assim que vai ser lembrada de hoje em diante em cada livro de história, em cada canção sobre seus feitos, em cada história contada pelos pais aos filhos para descrever o que é a verdadeira coragem, a verdadeira bravura e a verdadeira força. Sarah Hawkey foi, é e sempre será a Protetora do Reino. Obrigada por me ouvirem.

Ele desdeu o único degrau e caminhou até estar ao lado de Aria que se mantinha calma agora encarando o corpo sobre a madeira. Um soldado chegou com a tocha e entregou à Elizabeth. Ela desceu e se aproximou do grupo. Ao ver o fogo da tocha John caiu de joelhos chorando como nunca. Eliot abaixou a cabeça com tristeza e a Rainha não soube o que fazer.

O som do choro desesperado de John Snown, seu pai, a irritava desde que ele e o irmão haviam chegado algum tempo antes. Mas naquele momento Aria se virou para eles pela primeira vez. Ela não precisava olhar a chama para saber o que havia ocasionado aquela explosão de choro, mas ninguém ali esperava a explosão que ocorreu na garota.

Ela marchou a passos duros até onde estava o pai e, ao chegar à frente do mesmo, desferiu contra o maxilar dele um soco tão forte que o jogou para trás assim como fez Tommy se desequilibrar por estar segurando um dos braços do pai. Antes que qualquer um se recuperasse do susto a menina agarrou a frente da camisa preta que o pai vestia e o trouxe de joelhos novamente.

– RECOMPONHA-SE!! – ela gritou numa voz firme o que fez John encará-la vendo o que Sarah havia sido quando criança – RECOMPONHA-SE JOHN SNOWN. Ela lutou todos os segundos da minha vida e desde que eu me lembro! E sei que lutou muito antes de sequer imaginar que me carregava! E você sabe como poucos que minha mãe morreu lutando também – novas lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de John assim como pelo de Aria, mas a expressão firme dela não se alterou, no entanto quando ele começou a chorar como uma criança novamente Aria acertou-lhe um forte tapa – Ela viveu e morreu como uma guerreira – disse Aria num tom mais baixo, mas ao mesmo tempo mais frio e duro – E você tem que aceitar que ela se foi assim como eu aceitei. Agora levante-se e aja como um adulto em frente aos últimos instantes do corpo da minha mãe nesse mundo. E se voltar a agir como um idiota, acredite que eu jamais olharei para sua cara outra vez. Então recomponha-se ou eu faço um dos soldados tirá-lo daqui porque eu não quero que meu irmão tenha que sair para acompanhar um idiota sem firmeza para aguentar as coisas com dignidade.

Após isso até mesmo Eliot havia ficado sem reação, por isso Aria foi até Elizabeth e estendeu a mão como se pedindo a tocha. A Rainha a olhou com um olhar que misturava espanto e orgulho e entregou a tocha à garota. Aria então se virou e caminhou até o centro da pira funerária; então parou e ficou encarando o tecido da mortalha. Rendon se aproximou calmamente e colocou uma mão sobre o ombro dela apertando de leve. Ele pode ver Aria respirar fundo e limpar as lágrimas. Só então ela desceu a tocha acendendo os gravetos da base da pira e vendo o fogo começar a consumir a madeira liberando o aroma forte do eucalipto. Apenas Rendon ouviu as palavras sussurradas que Aria proferiu antes de ser forçada, pelo garoto, a se afastar devido ao calor do fogo.

– Adeus mãe, sei que vai estar sempre cuidando de mim – foram as palavras sussurradas por ela antes que Rendon a puxasse vários passos para trás.

Horas depois, muito depois até do fogo ter-se apagado, ainda permaneciam ali algumas pessoas. Entre elas Aria, Eliot, Rendon e Elizabeth, os outros eram os guardas. Tommy havia saído a pouco levando John que insistia em ficar, mas o rapaz acho melhor não deixar Aria perto do pai por algum tempo para prevenir que a garota fizesse algo como a cena de mais cedo. Eliot então se moveu virando-se para Elizabeth e se ajoelhou em frente à ela.

– Agradeço pela despedida que a senhora proporcionou à minha filha – ele disse formalmente.

– Minha amiga, Lorde Hawkey – falou Elizabeth com um olhar distante – Sua filha era minha amiga; a primeira em muitos anos. Não fiz mais do que ela já fez por mim um dia. A verdade é que isso é ínfimo perto do que ela já fez por mim. Creio que seja melhor nos recolhermos e...

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– Ficarei aqui mais alguns segundos – falou Aria calmamente e ninguém discutiu.

Dois guardas pretendiam ficar quando notaram que Rendon não pretendia sair do lado de Aria, mas Elizabeth ordenou que eles viessem com ela e os dois amigos foram deixados sozinhos em frente aos restos da pira funerária.

– Obrigada pelo que disse sobre ela – falou Aria.

– Não disse mais do que a verdade – ele respondeu.

– Isso passa Rend??? – ela perguntou e agora ele notou certo desespero na voz dela.

– Não – respondeu com sinceridade – Você se acostuma, mas não diminui nem passa. Mas você é mais forte do que qualquer um que eu conheça Aria, sei que vai enfrentar melhor do que qualquer um também. Mas saiba que, se precisar de alguém pra enfrentar isso, eu sempre estarei por perto.

A mão dela encontrou a dele apertando-a com força e os dois ficaram mais alguns minutos antes dele puxá-la e guia-la até seu quarto onde ele a deixou antes de seguir para os próprios aposentos. Não havia palavras que pudessem ser ditas e Aria agradecia mentalmente por ele saber disso e não tentar como ela sabia que os outros tentariam. Esperar a dor acalmar era o melhor e a única coisa à fazer.

LEIAM AS NOTAS FINAIS POR FAVOR

LEIAM AS NOTAS FINAIS (as iniciais tbm se ainda não tiverem lido)