No meio do caminho.

Girando está o carro.
O carro girando está
O carro está girando.
O carro Girando.
Girando.
E Marinette está dentro.

Ela não vê mais nada.
Além do breu.
Não escuta mais nada.
Além do grito.
Não toca mais nada.
Além do sangue.
Porque ela está dentro.

O carro estava girando.
Mas parou.
No outro dia, ela não foi à escola.
No outro dia, ele não a viu.
Sentiu sua falta, é claro.
Mas não a viu.
Quis perguntar para sua companheira se ela já sentiu a dor de perder um amigo.
Mas a companheira não estava lá.

No outro dia, foi ao funeral.
Ele chorou a noite inteira no topo da torre Eiffel, enquanto algo - alguém - destruía a cidade.
Perguntaram a ele porque ela não vinha, não soube responder.
Ela não vinha.
Ela não viria.
Ela nunca foi.

O carro estava girando.
E ele não notou.
Ele não a salvou.
Quando o akuma atingiu o carro, ele estava esperando que sua lady purificasse tudo e salvasse a amiga.
Ele se culpou quando a batalha acabou, é claro. Ele queria xingar a parceira, dizer o quão irresponsável ela foi.
Mas ela não foi.
Não foi vê-lo.
De primeira, pensou que fosse culpa.
Depois, pensou que ela tinha desistido.
Concluiu que nunca mais iria vê-la, por fim.

Porque o carro estava girando.
O carro girando estava.
Girando estava o carro.
E Ladybug estava dentro.

E ele não vê mais nada,
Além do breu.
Não escuta mais nada,
Além do choro,
Não toca mais nada,
Além do anel.

Porque ela estava dentro.

E no outro dia,
Não lutou.
E no outro dia,
Não brigou.
E no outro dia,
Não respirou.

Porque o carro estava girando.
E ele não a salvou.