Ventos que me Levam

Capítulo 9: Recomeço.


— Vamos, desça! — Halt falou parado em frente, usava a sua capa de arqueiro, com a feição inexpressiva de sempre. Até ele levantar uma sobrancelha elegantemente para a risada nervosa de Gilan, seu antigo aprendiz, era às vezes, muito sonso.

— Venha, Will — Gilan estendeu o braço, convidando a se achegar.

Sua facilidade em se movimentar com agilidade surpreendia qualquer um que prestasse atenção. Halt admirou-o, em segundos, o rapaz já estava ali, à sua frente, um pouco impaciente, talvez, com medo. Ele era pequeno — magrelo, com cabelos castanhos, um tantinho bagunçados por causa do esforço de agora; os olhos castanhos e jovens. Buscou na sua memória aquele rosto, era um borrão. O trataria como se fosse alguém novo. Como Gilan.

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— Soube que pretende ser um Arqueiro. Nada mal o que fez. — Coçou à barba para o rosado que se tornou nas bochechas novas. Will ofegou meio sem graça, empurrando uma pedrinha com o pé direito.

Gilan mordeu os lábios apreensivo com aquela investida. Torceu para Halt aparecer, era o combinado, sabia que o mestre não fugia de uma batalha, portanto, o ocorrido de antes o deixou um tanto cabisbaixo. Gilan tentou relaxar os ombros, acreditava que nada mais de ruim fosse sair daquele homem que admirava. Ele já estava muito melhor, tinha que acreditar, até porque, teria que deixar este feudo — o seu estava a sua espera, e finalmente estaria saindo das asas de Halt. Só precisava saber, o que o seu coração mandava.

— Sim senhor. — Will murmurou tão baixinho, que nem Gilan, estando ao lado, conseguiu ouvir.

— O que disse? — Halt perguntou, andando mais para perto. Will deu um passo para trás, esta mudança de comportamento não passou despercebido por Halt. Não o culpava.

Um embolado rugiu em seu estomago. Ele estava tão perto, mas não sabia como reagir ali, naquele momento. Espiou para Gilan, que sorria, depois viu no fundo a forma de barril conhecida. Tão silencioso quanto o dono. Abelard permanecia logo atrás, as orelhas em movimento. Halt tomou ciência de que o garoto olhava para o pequeno cavalo.

Halt assobiou, logo o desgrenhado animal já estava em seu enlaço, já cheirando o ar até Will, que tão rápido estendeu os dedos até a clina despenteada, no focinho e em seu pescoço quente. O garoto riu alto para a tentativa frustrada de Abelard em mastigar a sua camisa, um formigamento gostoso passou em seu corpo com lembranças agradáveis.

— Lembra quando eu montei pela primeira vez? — Will falou rápido apertando o rosto do cavalo com as duas mãos.

Halt vasculhou suas memórias, também passando a mão calejada no dorso de Abelard, enrugou um pouco a testa com o comentário do garoto. Nunca ninguém montou em seu cavalo antes, aquele menino era realmente especial. Pensou olhando para as risadas animadas e as brincadeiras, Gilan logo veio, acenando a cabeça — aprovação. Era uma nova vida, parecia que havia renascido ou algo assim. O seu antigo aprendiz bateu em suas costas abrindo seus dentes muito brancos, depois bagunçou os cabelos castanho do jovem.

— Sai Gil! — Will riu muito alto, trazendo uma calmaria gostosa para Halt.

— Ah, arqueiros não gritam, seu escandaloso. — Gilan alfinetou.

— Não, somos silenciosos, prestamos atenção, e aprendemos. — Halt comentou, retirando assim, das suas coisas um embrulho, depois entregou para o menor. — Pegue, agora ele será seu.

Ao retirar o pano com cuidado extremo, Will segurou o folego ao se deparar com um arco de Arqueiro. Levantou o rosto para os dois adultos, sem entender.

— Não poderá usar ele por hora, todavia, eu tenho um para a sua idade lá na cabana, este é quando for um aprendiz formado. — Halt falou, nem parecendo emocionado. Não era um homem que mostrava com facilidade, mas estava amando ver um sorriso sair do rosto em sua frente.

— Sério Halt? — Will não queira nunca mais largar aquele arco gigante.

— E eu sou uma pessoa que mente? — Saiu um pouco ameaçador o que disse. Antes de mudar o que tinha dito, Will balançou a cabeça.

— Não...não senhor. — Pulou em seu lugar, e mais uma vez de uma forma espalhafatosa.

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— Humm, é? — Halt desviou o olhar para o outro arqueiro.

— Ei, que tal, nós irmos para a cabana? — Gilan segurou os ombros menores, balançando-os enquanto arrastava-o para mais perto e Halt. — Aquele lugar tá muito quieto, sabe Will, tem um velho aí que não curte uma balada. — Riu sacana.

Uma artéria saltou na testa de Halt, deixaria passar o "velho", o seu olhar bastou para o ruivo esconder-se atrás de menino.

— Seria legal, eu posso mesmo senhor Halt? — Disse numa vozinha tímida.

— Só se comportar, aliás, já está ficando tarde, e eu não gosto de perder o jantar. — Foi falando como se quisesse mostrar que falava sério.

E não era uma mentira.

Odiava perdê-los.

Will deslizou dos braços de Gilan, correu até as costas do Arqueiro mais velho barbudo. Halt tremeu as costas quando o corpo se jogou contra o seu.

— Estava com saudade papai.

Papai

Não sabia que palavras eram aquelas.

Tocou com cuidado as mãos menores, suspirou, ouvindo que logo atrás havia um choro baixo, porém, muito triste.

— Sim, vamos para casa.

—---

Os animais noturnos faziam seus sons pela mata. Halt estava sentado em sua varanda tranquilamente tomando seu café. O ar estava mais gelado, mas não importou, Gilan com muito custo fez Will adormecer, e por lá ele ficou. Ambos dormindo na mesma cama. Deixou eles em paz. Foi aí que se sentou ali, com as pernas dobradas e ombros para baixo, não era de fato tarde, porém, um cansaço começou a surgir pelo seu corpo. Desvendou quase um mistério com o garoto. Ele era educado. Fala manso, e sorria sempre. Todos pareciam gostar daquele menino de sorriso fácil.

Passando a mão pelo seu rosto, Halt encostou as costas na cabana, rindo pela primeira vez. Ele era seu filho, pelo que haviam dito, Will foi adotado. Quem era seu pai? A cabana escondia segredos; como um velho baú, onde havia roupas de bebê, itens infantis...

Como levar aquela alma tão inocente para a vida dos Arqueiros?

Olhou para trás imaginando quando poderia ser o seu fim. Aquela criança havia chamado de pai, portanto, como um não aceitaria vê-lo ferido. O que poderia fazer?

Nada vinha.

Não se culpe seu velho resmungão, aquele menino, Will, vai te superar.

Uma voz martela na sua cabeça.

Deu de ombros para esta quentão.

Por hora, preferiu beber seu café, enquanto ainda havia silêncio.

FIM

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.