Unintentionally loved you

Capitulo Quatro - Declaração.


“Nós precisamos conversar”. Uma única frase, que faz com que todas as pessoas, pensem sempre no pior. Faz todos lembrarem de tudo que já fez, apenas para tentar adivinhar o que de ruim havia feito. Angustia, ansiedade, medo, preocupação e pânico, eram sentimentos que compunham todos os seres humanos quando ouviam essa frase. E com Nelliel, isso não seria diferente.

Grimmjow, havia ligado para ela naquela manhã. Foi como uma troca de pensamentos à distância. Quando ela pegou o celular para ligar para ele e fazer as pazes, o mesmo tocou e era nada mais e nada menos, do que o dono do coração da esverdeada.

A conversa entre eles foi normal, ele queria saber como ela estava, pediu desculpas pelo o que fez, ela também pediu, eles conversaram por mais alguns momentos e então, antes de desligar Grimmjow disse: - “Nelliel, precisamos conversar”. Ela respondeu que mais tarde estaria na WB e depois ele desligou.

“Precisamos conversar. Precisamos conversar. Precisamos conversar”.

A frase retumbava em sua mente. Ele havia falado de uma forma tão séria, que a pobre garota, pensou no pior. Talvez enfim, ele descobriu que ela o amava e daria um belo de um pé em sua bunda, ou pior, ele havia encontrado o amor de sua vida e lhe comunicaria disso. Suspirou e olhou para o relógio de seu computador. Ainda era 14:30 e eles só se encontrariam as 18:00 hrs. Suspirou, ainda faltava muito tempo.

– Heey Nell-chan! – chamou Orihime, sentada na mesa de frente para Nelliel – Você está tão apreensiva... Aconteceu alguma coisa?

A garota a olhou: - Grimmjow me ligou hoje de manhã – disse – E falou que precisava falar comigo... Ele estava muito sério.

– Etto... E você tem uma idéia do que ele quer falar?

– Não... – respondeu ela, voltando sua atenção para a tela do computador, checando a hora novamente, estava muito ansiosa – Mas, não acho que seja algo bom...

A ruiva ficou em silêncio novamente. Pensativa, a procura de algo que fizesse com que sua amiga se distraísse e se acalmasse. Suspirou, voltando sua atenção para Nelliel. A garota, arrumava os cabelos de 5 em 5 minutos enquanto tamborilava os dedos sobre a mesa lotada de papéis, os olhos sempre se voltava para o computador ou para o relógio de pulso, checando as horas a cada minuto, como se a mesma fosse mudar em um piscar de olhos.

– Nelliel – chamou recebendo a atenção da amiga – Se acalme, não deve ser nada sério.

A garota suspirou: - Assim espero Orihime... Assim espero.

– Hey vocês! – gritou o chefe delas, aparecendo na recepção – Chega de conversa! Vão trabalhar.

Elas se entreolharam e voltaram a atenção para os computadores, aparentemente o chefe não estava de bom-humor naquele dia.

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Olhou novamente para o relógio. 18:30 e nada de sua amiga aparecer. Terminou de guardar suas coisas e desligou o computador, aproximou-se da porta e antes de sair, checou o relógio novamente. 18:31, suspirou e saiu da sala, enquanto discava no celular o número de Nelliel, era a quinta vez que ligava. Caiu direto na caixa postal. Estava ficando preocupado, mil coisas passando por sua cabeça, tudo ao mesmo tempo, ela nunca furou com ele, sabia que não seria dessa vez que ela furaria, então por que não havia ido até a empresa? Havia passado mal? Sido atropelada no meio do caminho? Assaltada? Suspirou e apertou o botão do elevador. As portas se abriram no mesmo instante. Grimmjow apertou o botão do térreo e esperou.

Não sabia o que se passava com Nelliel e isso o deixava mais e mais preocupado. Qualquer coisa poderia ter acontecido com ela e como sua amiga era azarada, duvidava muito que nada grave havia acontecido. Nelliel simplesmente era um imã para problemas e acidentes. As portas do elevador, se abriram novamente, ele desceu e olhou para a enorme porta de vidro, esperando ver a esverdeada parada lá, no maior papo com a recepcionista, mas ela não estava lá.

Aproximou-se da mesa de Akane. A morena, estava terminando de guardar seus pertences na bolsa, distraída como estava, nem havia notado a presença do azulado. Grimmjow parou na frente da mesa da jovem e depositou as mãos sobre o balcão.

– Akane, você recebeu alguma ligação de Nelliel e acabou não me passando por engano?

A morena, parou o que fazia e o encarou: - Não sr. Jaegerjaquez, tenho certeza que se a srta. Nelliel estivesse ligado, eu teria lembrado de lhe passar.

Ele suspirou pesadamente: - Obrigado Akane – e se retirou da empresa, dirigindo-se ao estacionamento ao lado do prédio.

Adentrou o pátio aberto, cumprimentando o dono do local. O homem, lhe jogou as chaves de seu carro e ele pegou no ar, despedindo-se dele com um aceno de cabeça e rumando para sua vaga.

Quando ele parou ao lado de seu carro, o som conhecido da guitarra do Slash se fez presente, era seu celular tocando. Sem ao menos checar o visor, ele atendeu na esperança de ser Nelliel, que lhe ligava pedindo desculpas pelo atraso. Estava preocupado com a amiga e esperava que nada de muito grave houvesse acontecido a ela.

– Nelliel?

Não Grimmjow, sou eu, Orihime.

O rapaz suspirou: - Olá Hime-chan, desculpe, achei que fosse Nelliel.

A garota soltou uma risadinha: - É para falar dela, que eu estou ligado.

– Aconteceu alguma coisa?

Bom, ela teve uma crise de cólicas e nosso chefe a mandou para casa, ela havia pedido para mim, ligar e te avisar que por isso ela não vai poder te encontrar, o celular dela descarregou e você sabe, ela está sem telefone fixo.

Ele suspirou aliviado e adentrou seu veículo: - Pelo menos não é algo muito grave, estava me preocupando já.

Sim, nada muito grave... Eu deveria ter ligado antes, para te avisar, mas acabei esquecendo, desculpe por acabar te preocupando.

Ele deu partida: - Sem problemas Hime-chan... Agora eu preciso desligar, estou saindo da empresa.

– Eu também, até mais Grimmjow! Tchau.

– Tchau. – e desligou.

Suspirou aliviado repousando sua cabeça no volante do carro. Graças a Deus, nada de muito ruim havia acontecido com ela, dessa vez nada havia caído no pé de sua amiga e o quebrado, como da ultima vez. Voltou sua atenção para a saída do estacionamento, trocou de marcha e saiu do local. Tomando um rumo diferente do habitual. Agora tinha que agir como um verdadeiro Melhor Amigo e cuidar de Nelliel.

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Não havia demorado muito. Apenas 15 minutos e lá estava ele, parado na frente da porta do apartamento de Nelliel, todo preocupado. Tocou a campainha, encostou-se no batente da porta e esperou que ela atendesse.

Minutos depois a porta se abriu, revelando Nelliel, usando uma camiseta enorme e branca -que ele logo reconheceu, como uma das inúmeras camisetas que ela roubara dele-, que lhe batia até o meio das coxas, curvada e de cabelos desgrenhados, uma das mãos dela, estava sobre a barriga, enquanto a outra segurava a porta. Ela encarou Grimmjow e abriu mais ainda a porta, saindo da frente da mesma e voltando para o quarto, como um convite para ele entrar.

Ele assim o fez, adentrou o apartamento impecavelmente arrumado da garota e logo tirou o casaco que usava, juntamente com a gravata apertada, depositando-os no sofá de couro branco que havia na sala. Dobrou as mangás da camisa social até os cotovelos e se dirigiu até o quarto dela, entrando sem ao menos bater, como já era de seu costume. Nelliel já estava deitada, encolhida no meio da cama de casal.

– Já tomou o remédio? – perguntou ele, aproximando-se da cama, e sentando-se do lado dela.

– Sim. – respondeu ela, dando espaço para ele.

O rapaz se deitou do lado dela e a puxou para perto, fazendo-a deitar a cabeça no peitoral musculoso e suspirar. Nelliel sorriu, o coração de Grimmjow estava disparado, ela podia ouvir, a batida forte e rápida do órgão. Suspirou, ela queria acreditar que o coração dele estava assim, apenas por ela.

Grimmjow começou a acariciar os longos cabelos dela, sentindo a temperatura quente do corpo de Nelliel e a maciez dos cabelos esverdeados. Estava se sentindo tão bem, era como se então eles estivessem juntos e ele estivesse apenas passando mais uma noite ao lado dela. Aquela sensação era tão boa, fazia-o desejar, ficar ali, pela eternidade, cuidando de seu amor.

– Logo vai passar – disse ele.

– Assim espero – respondeu ela, fechando os olhos.

– Você não quer dar essas dores para mim não? – perguntou ele, olhando para o teto.

– Não.... – respondeu ela, aconchegando-se no abraço de Grimmjow, era tão bom estar ali, fazia-a querer ficar ali, entre os braços fortes dele, para o resto de sua vida – As cólicas são ruins de mais, eu não quero que você sinta dor.

– Eu aceitaria sentir elas, apenas para te ver bem e sem dores.

Ela sorriu, ele era tão carinhoso com ela, quando a mesma estava com cólicas ou com qualquer outro tipo de dor, que a fazia até mesmo esquecer das dores horríveis que sentia. “Seria tão bom, dormir todas as noites nos braços deles” pensou, enquanto sentia ele acariciar seus cabelos. Aquilo estava sendo tão bom...

Ele ficou fitando o nada, pensativo. Naquele dia, ele iria se declarar para ela, havia marcado com ela na empresa mais cedo para isso. Estava com coragem de sobra, afinal, uma hora teria que contar a ela não? Se não correria o risco de perdê-la para qualquer um que apareça por ai e isso era algo que não poderia acontecer. Suspirou. Mas assim que o tempo foi passando, a coragem foi sumindo e agora, ela simplesmente não existia mais. Havia posto em sua cabeça, que só se declararia na hora certa. Mas, agora ele cogitava a idéia que talvez, agora seja a hora certa. Ela estava conchegada em seus braços. Melhor hora não havia.

O rapaz suspirou pesadamente. Procurando coragem para se declarar. Estava na hora, era agora ou nunca, se ele não se declarasse agora, nunca mais conseguiria se declarar. “Vamos Grimmjow! Coragem homem!” disse para si mesmo, incentivando-se a se declarar “Você vai deixar ela ficar com outro, sem ao menos saber que você a ama? Coragem homem!” e então uma onda de coragem o tomou. Uma onda ainda maior que a outra que o tomou a alguns dias atrás. “Sim, agora é a hora de eu me declarar” pensou, com um diminuto sorriso de canto.

– Nelliel... – começou ele, ainda fitando o teto – Eu preciso lhe dizer uma coisa... Sabe... Eu... Me apaixonei, por uma garota... Na verdade sou apaixonado por ela a uns 5 anos... – ele corou – Ela, me encantou sabe? Parece até que me enfeitiçou, com aquelas macumbas de amarração... – riu baixinho – Mas, eu nunca tive coragem para me declarar... Simplesmente porque ela é demais para mim... Ela é gentil, carinhosa, fofa, simpática, linda e perfeita... Tudo nela é perfeito... Os cabelos – ele passou as mãos pelos fios esverdeados de Nelliel – A boca... – ele acariciou os lábios finos da garota, com a mão livre – Os olhos... – ele sorriu e fechou os próprios olhos – Tudo que vem dela e é dela é simplesmente magnífico... E sabe quem é essa garota? – ele suspirou – Essa garota é você... Eu me apaixonei por você Nelliel... Quero cumprir a promessa que lhe fiz quando tínhamos 13 anos de idade... Quero me casar com você, ter filhos com você e enfim envelhecer ao seu lado... Eu nunca amei alguém, mas eu creio que amo você... Não seria normal, meu corpo entrar em colapso sempre que você se aproxima, ou então meu coração disparar a mil por hora, só de você me abraçar... Eu... Amo você Nelliel e sempre vou... Amar.

Silêncio. Um silêncio constrangedor e amedrontador. Que reinou por longos minutos, que mais pareceram horas.

O medo o tomou, ela não o respondeu de imediato e pelo silêncio que reinava, ela nem iria responder. Se sentiu um idiota, por ter se declarado era óbvio que o sentimento não era recíproco, que ela não o amava como ele a amava, provavelmente ela só queria amizade e agora ele havia estragado tudo.

Suspirou e fechou os olhos, seu peito doeu, parecia que havia tomado uma punhalada, diretamente no coração. Não ser correspondido era o que mais doía. Suspirou e ficou em silêncio.E então, ele percebeu uma mudança no comportamento de Nelliel. A respiração dela estava mais calma, os braços dela, estavam mais pesados, ela estava imóvel e vez ou outra suspirava exatamente igual, quando ela...

– Nelliel? – chamou ele, levantando apenas um pouco a cabeça e observando o rosto sereno de sua amiga, ela havia dormido, ele sorriu de canto – Quando eu finalmente tomo coragem para me declarar e faço uma declaração maravilhosamente foda, a merda do remédio faz efeito e você adormece... – Grimmjow soltou uma risadinha, o medo que sentirá antes, se dissipou. Ele beijou a testa dela e a abraçou com mais força, fechando os olhos em seguida – Durma bem... Minha pequena.

Ele estava aliviado, ela não o rejeitará afinal, apenas havia dormido. Sorriu e decidiu dormir ali naquele dia, cuidaria dela até amanhecer.