Gaara cumpriu com a sua palavra. Contou a Hinata e Naruto o estado de Ino. Os pais estavam desolados, mas nada superava a dor que se podia notar nos olhos de Gaara. Ele parecia apático, estava cada vez mais desligado, mais infeliz. Tenten pensou em recomendá-lo um psiquiatra, mas ele se negou veentemente. Apoiava os pais de Ino como podia e procurava o pouco consolo nos ombros dele. Durante horas se perguntaram se contariam a Ino. Como contar? E como não contar? Estavam decididos a não mencionar nada, mas o destino se encarregara disso, a despeito da vontade deles.

Ino estava arrumando para ir embora do hospital. Parecia calma, tranquila. Quem a visse não diria que estava prestes a morrer ou que tinha se submetido a uma cirurgia de risco. Ela pegou a rosa, murcha e seca que três meses atrás e guardara dentro de um livro. Sorriu, olhando a rosa fresca que recebera de Gaara naquela manhã.
A batida na porta, seguida dos passos a tirou dos devaneios da rosa. Olhou para Gaara. Ele apresentava um aspecto calmo e sereno, mas Ino o conhecia bem para saber que seu controle estava por um fio. O beijou com paixão e depois se separou para cumprimentar os pais, que estavam logo atrás dele. Quando o pai saiu carregando a mala acompanhado da mãe, Ino fitou Gaara e as costas dos pais. Sorriu, com tristeza. Quanto tempo mais eles aguentariam?
Gaara a beijou novamente, e ela sentiu que o corpo do namorado tremia, e que o brilho do seu olhar havia desaparecido. Não adiantava. Fingir não era a solução para ninguém, muito menos para eles.
Ino: Você tinha me prometido seguir em frente Gaara... caso eu me fosse. Não está cumprindo a promessa. Se está assim agora, em que ainda estou viva, como será daqui a uma semana quando eu morrer? Vai me deixar angustiada todo esse tempo?

Gaara ficou branco. Ino sabia. Deus, ela sabia. Como? Quando? Ficou em silêncio, enquanto Ino cruzava os braços.
Gaara: Como você soube?
Ino: Não foi difícil. Vcs todos estavam com uma cara de velório além da imaginação. Joguei um verde para Sakura e colhi uma fruta podre. Ela me contou tudo. Nos detalhes. Mas vi que vcs não queriam me dizer e respeitei a vontade de vcs, sabendo que fingiam. Fingi também. Mas não dá mais. Você parece estar a beira de um colapso e... eu também.
Ele ficou branco. Ino sabia. Tinha poucos dias de vida e o sabia.
Ino: Eu sempre soube que não morreria deitada em uma cama, em coma. Sabia que ao menos, se eu tivesse que morrer, eu ia morrer depois de viver tudo o que podia viver. Me sinto feliz que seja assim e que não esteja enclausurada em uma cama. Alegre-se Gaara. Ganhei alguns dias a mais para desfrutar. Sem dor, nem sofrimento.
Ele não via assim. Via apenas o momento em que os olhos dela se fechariam e ela partiria para sempre. Mas não sabia como dizer aquilo. Não queria mencionar aquilo em voz alta.
Ino: Eu preciso de você Gaara... não quero passar meus minutos finais chorando.
Gaara: Eu não posso Ino... como poderia? Saber que nosso tempo é contado?
Ino suspirou. Foi em direção a Gaara e tocou o rosto dele.
Ino: Sabe, eu nunca te disse o que procurava na outra vida...
Gaara: Eu sei. Você dizia que ia me contar um dia.
Ino: Eu procuraria um amor. Porque nunca achei que fosse conhecer o amor nesta. Mas você apareceu e... tudo mudou. Venceu minhas defesas uma a uma e me fez eu me apaixonar por você. Você me deu tudo que eu nunca pensei que ia encontrar. E me livrou de uma busca difícil na outra vida... e ao mesmo tempo me fez buscar outra coisa mais complicada.
Gaara: Como o que?
Ino: Você. (disse com displicência) Vou ter que encontrar você na próxima vida. E, acredite, eu vou encontrar. Nem que passe ela inteira sozinha, na procura, eu vou te achar. Acha que eu sou capaz disso

Gaara: Eu não duvido. Afinal você é Ino Yamanaka.
Ino: E você é Gaara Sabaku No. Um homem pelo qual vale a pena lutar, sempre. Nesta, na próxima, no céu e no inferno. Eu te amo. E os meses que passei do seu lado foram maravilhosos. Teria sido o máximo construir uma família com você... mas sou simplesmente feliz de você ter aparecido em meu caminho. A vida é o bem mais precioso que temos... eu estou prestes a perder a minha. Minha vida foi como a de uma rosa, atingi meu momento de glória e agora pereço rapidamente... como uma rosa...
poncho:Acredito que você possua também a beleza de uma.
Ino: Talvez. Mas você deve seguir em frente. Ser feliz. Viver o que tiver para viver. E em outra vida... nos encontraremos. E tudo sairá como deveria ter sido.
Gaara: Acredita mesmo nisso?
Ino: Preciso acreditar não? Que escolha eu teria? A outra seria pensar que nunca mais o verei. E essa é uma opção que não penso em considerar.
Ino o beijou novamente e o apertou com força.
Ino: Agora vamos Gaara. Temos muito o que fazer. E temos apenas sete dias para fazê-lo.

"Tivemos muito o que fazer e os sete dias ecoaram rápido. Mas aparentemente, a vida havia sido generosa, dando a Ino alguns dias a mais do que o previsto. Tive esperança de que ela se recuperasse e que os médicos tivessem cometido um terrível engano. Mas não. A palidez que ela assumia com o passar dos dias me disse o quanto eu estava errado. Que a morte era inevitável.
Acredito que nunca vivi plenamente naquela semana. Vi o mundo com outros olhos. Os olhos de Ino. Aproveitei cada minuto, cada momento, cada olhar, cada toque. A amei intensamente, cada dia que tivemos. Mesmo sabendo que era a última vez, que iria sofrer mais depois, não a afastei ou ela de mim. Preferimos esquecer e nos entregamos ao prazer e ao amor, sem se preocupar com o amanhã..."