Unconditionally

Amor/Ódio


– Por favor, não digam nada sobre a gravidez. Não estou pronta, por favor. Eu juro que lhe conto, mas não hoje. - Os dois entreolharam-se por um bom tempo e depois acenaram com a cabeça. Eles entenderam que no momento eu precisava de descanso e não de mais stress. Eles abriram a porta e deixaram-me entrar. Do hall de entrada conseguia ver a sala de estar. Numa poltrona estava Peeta, com seus olhos azuis aprofundando nos meus. Seu olhar era de dúvida e descrença. É Katniss, eu disse que não era bom voltar aqui.

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– Filho, você está em casa! E acompanhado… - O tom de voz de Effie foi descendo. Olhei em volta e eu vi, mesmo ao lado dele uma linda mulher loira. Como eu não havia reparado nela? Fácil, havia – me perdido nos olhos de Peeta. Senti-me um pouco desconfortável.

– Sim. Pai, mãe, esta é a Glimmer, Glimmer estes são os meus pais. – Peeta levantou-se e fez as apresentações sem mesmo olhar para mim. A tal Glimmer levantou-se também toda sorrisinhos e me deu náuseas e não, não era pela gravidez.

– E ela quem é? – Perguntou ainda sorrindo e olhando para mim. Peeta ficou constrangido sem saber o que responder.

– Sou prima dele, Katniss – Falei soltando um sorriso meio irónico que ao contrário dela, Peeta percebeu.

– Ahh, Peeta, fofo, nunca me disseste que tinhas uma prima – Ela ronronou lançando-se para seus braços. E agora em vez de vómitos, tinha lágrimas prontinhas a brotar dos olhos. Fofo?

– Bem, foi meio que uma surpresa para mim também. Descobri faz pouco tempo. – ele olhou para mim, também ele fez um olhar sarcástico.

– Effie, por favor, não estou me sentindo muito bem. Podemos sair daqui – pedi com meu coração se partindo, pedaço por pedaço enquanto a loira fazia questão de mostrar que Peeta estava a seus pés.

– Claro meu amor. Vem, eu vou levar-te para o quarto de hóspedes.

– O quê? Ela vai ficar aqui hoje? – Peeta questionou nervoso.

– Não querido, Katniss vai ficar aqui por tempo indefinido – Nesse momento até eu olhei para Effie. Ela está a brincar! Eles disseram-me que era só por hoje!

– Só pode estar brincando Dona Effie! – Peeta nunca chamava a mãe dessa maneira a não ser quando estava irritado – Eu não a quero aqui!

– Baixe o tom! Estás a falar com a tua mãe! – Haymitch o repreendeu – e essa casa é minha e eu digo que Katniss ficará aqui sim.

– Só não sei o porquê de importância de repente de ela ficar cá – é, ele ainda me odiava.

– Eu acho melhor ir embora… - Falei num sussurro.

– É, eu também acho – ele cuspiu as palavras. – Mas não me interessa, fica onde quiseres. Anda Glim – ele falou e subiu as escadas em direcção ao seu quarto com ela.

– Aquele garoto está a precisar de uns bons sermões sobre boa educação – falou Effie resignada – Tu ficas cá connosco e não se fala no assunto.

Os meus Ex sogrinhos me guiaram para o quarto de hóspedes. Effie me providenciou uma camisa de dormir e mandou a sua empregada fazer a minha cama. Deram-me as boas noites e se retiraram todos. Resolvi tomar um banho já que o meu de manhã não poderia ser chamado de banho. Relaxei, deixando toda a frustração e os acontecimentos do dia abandonarem o meu corpo. Vesti-me e enxuguei o meu longo cabelo enquanto me preparava para ir para a cama. Nesse momento comecei a ouvir risos do outro lado da parede. Eu conseguiria distinguir o riso de Peeta mesmo no meio de uma multidão.

– Ahh pára amor… - Glimmer tentava falar no meio das gargalhadas.

– Vem cá gostosa! Não fujas – gargalhava ele também. Arghhh, iria ser uma longa noite. Enfiei-me na cama puxando as cobertas por cima da cabeça numa tentativa de abafar os sons que vinham do quarto do meu ex noivo. Como não foi suficiente coloquei também a almofada por cima da cabeça. Aproveitei a oportunidade e gritei com todas as minhas forças mas felizmente o som foi abafado pelas cobertas e almofadas.

***

– Bom dia família! –Peeta entrou na cozinha para tomar o café da manhã todo sorridente e acentuando a palavra família. – Que noite fantástica!

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– Só para ti – sussurrei mas pelos vistos ele ouviu porque soltou uma gargalhada rouca. Ahh vai para o inferno!

– Mais bem-disposto pelos vistos, meu filho – Effie falou após dar um gole no seu café. Ele acenou afirmativamente.

– Como eu disse, foi uma noite maravilhosa! – Juro que me apetecia sair dali a chorar ou pedir-lhe perdão, qualquer coisa desde que ele parasse de me tratar assim, com desprezo, fazendo qualquer coisa para me magoar. – Acho que a Glim é uma óptima mulher para casar. O que me diz mãe?

– Com licença, eu vou para o meu quarto para poderem conversar descansados. – Tentei engolir as lágrimas. Eu sei que o magoei muito mas ele estava jogando sujo.

– Não precisa de sair não, prima. Afinal és da família! – Falou tranquilamente mas me lançando um olhar de ódio.

– Peeta, eu não sou nada de ti, não mais! – E virei costas em direcção ao quarto. No caminho ainda consegui ouvir Effie repreendendo o filho. Que se dane. Ele queria -me magoar mas eu não ia deixar. Deitei-me na cama de barriga para baixo e enterrando a cara na almofada. Estava prestes a entrar no mundo do sono quando alguém abriu a porta.

– Effie, me desculpe mas agora não me apetece falar com ninguém.

– Hum, eu só vim -te pedir desculpas. Eu estava sendo infantil – Peeta falou olhando para o chão, os cabelos caindo para a frente. Queria poder coloca-los de volta no lugar mas achei melhor estar quieta.

– Não. Tu foste infantil, ridículo, idiota, vingativo. – eu explodi.

– E não achas que tenho motivo mais que suficiente para me vingar? Tu destruíste a minha vida e ainda apareces aqui em casa com os meus pais como se nada tivesse acontecido! Eu não te entendo! – ele balançou a cabeça.

– Achas mesmo que eu queria vir para cá? Sua mãe quase que me trouxe à força. A última coisa que eu queria era vir para aqui e ver-te todo feliz com outra garota!

– Se não fosse por sua causa eu não estaria com outra garota. Eu estaria casado com você!! A culpa é sua, não venha colocar ela para cima de mim – Ele fechou suas mãos em punhos irritado. Mas eu não recuei, estava tanto ou mais furiosa que ele.

– Minha? Quer dizer que seu amigo é um santo? Claro, ele não fez nada, o canalha! – o volume da conversa subia cada vez mais de tom.

– Você é que o seduziu e o puxou para a sua cama. Ele estava bêbedo! – ele apontou seu dedo para mim mas eu tratei de o desviar e aproximei-me mais dele.

– Foi isso que ele te disse? Que era inocente porque estava bêbedo? Ah como ele é abominável! Se ele fosse teu amigo contava a verdade e tu se fosses homem perguntavas-me se era verdade antes de concluir que eu arruinei tudo! Quer saber? TUDO O QUE FIZ NAQUELA NOITE FOI POR TI! – Agora a coisa pegou fogo.

– Como assim tudo o que fez foi por mim – ele perguntou visivelmente confuso. Mas eu não respondi. – ME EXPLICA!

– Não interessa agora! O mal já foi feito e tu não acreditarias numa palavra que eu diria! Tu me expulsaste da tua vida não foi? Pois então perdeste o direito a qualquer explicação naquela hora. – o rosto de Peeta ficou ainda mais vermelho e ele agarrou-me pelos ombros.

– EXPLICA AGORA!! – Gritou furioso.

– Peeta Mellark! Deixa ela! Quando ela achar que tu estás pronto para ouvir a verdade, ela contará. – Effie falou firme e colocando a mão delicada no ombro do filho o acalmando.

– Ela contou para você? – ele perguntou e ela acenou afirmativamente. Sua boca se abriu num perfeito “o”. – E você acreditou na versão dela?

– Sim meu filho. Faz todo o sentido o que ela me disse. Como você foi acreditar em Cato, Peeta? Eu sei que ele é seu melhor amigo mas você também sabe que ele é um galinha e não aceita um não como resposta. – Falou sua mãe afavelmente. Peeta parecia pensar por um bocado e olhou para mim que me encontrava ainda na mesma posição.

– O que ele fez contigo Katniss? Ele te obrigou a alguma coisa? Te ameaçou? – Eu não conseguia falar, ele estava chegando perigosamente perto da verdade e eu não sabia como ele iria aceitar a verdade. – Fala alguma coisa Kat.

Ele me chamou Kat. Fazia tanto tempo que ela não me chamava desse jeito. Ele me olhava nos olhos de modo amável, não duro como eu sempre os via agora. Suas mãos ainda estavam agarradas em meus ombros. Algumas lágrimas caíram pelas minhas bochechas me lembrando da noite em que eu morri por dentro. Um turbilhão de emoções passaram por mim deixando a sua marca: Amor, paixão, terror, medo, agonia, culpa, desejo, dor, duvida, vergonha, tranquilidade, paz… Tudo de uma vez, me tomando sem dó. Senti uma forte tontura e perdi o controlo das minhas pernas. Peeta me agarrou prontamente me colocando no seu colo.

– Katniss! Ai meu Deus, ela não pode ter emoções fortes no estado dela. – Effie estava aflita.

– No estado dela? – Seu filho não percebeu o que ela quis dizer. Me colocou na cama com todo o cuidado e passou sua mão pelo meu rosto.

– Porque não pode! Ahh pára de fazer perguntas e vá buscar um copo de água com açúcar para ela! – A loira o empurrou para fora do quarto não lhe dando tempo de retrucar. – Desculpa meu anjo, quase dava com a língua nos dentes.

– Sem problema… Ele via ter que saber em algum momento. Quando tudo acalmar eu conto. Eu prometo. – Falei vagarosamente, tentando não me mexer muito para amenizar a dor de cabeça.

– Tudo bem, mas tens mesmo que contar. Essa barriguinha vai começar a crescer em algum momento. Não penses que será sempre assim não, daqui a pouco nem conseguirá ver os dedos dos pés. – as duas caímos na gargalhada mas logo pare devido à dor.

– De que tanto de riem, hem? – Peeta voltou com o copo de água visivelmente mais tranquilo. Sentou-se ao meu lado e me ajudou a beber. Agradeci e ele deu um pequeno sorriso.

– De nada não! Coisas de mulheres. Katniss, querida, eu tenho de sair mas qualquer coisa chame a minha empregada, tá bom. Beijos. – eu acenei com a cabeça e ela saiu.

– Não precisa chamar ninguém, eu estarei por aqui se precisar de alguma coisa. – Peeta falou. Eu fechei os olhos e logo adormeci.

***

– PEETA! PEETA! POR FAVOR, EU TE AMO ACREDITE EM MIM EU TE AMO!! ME PERDOA! – acordei a gritar. Outra vez os malditos pesadelos. Eu estava a suar. Dois braços rodearam-me meu corpo me passando uma sensação de paz.

– Ei, shhh, foi só um pesadelo… Calma. – Peeta me afagava os cabelos enquanto eu chorava de encontro ao seu peito. Ele estava deitado ao meu lado, sabe Deus à quanto tempo.

– Não, não é! O problema é esse, é tudo realidade! Eu te magoando, tu a afastares-te de mim, a abandonares-me, eu a mergulhar numa imensidão de culpa e dor…. Nada disso é um sonho… É a realidade que eu mesma gerei.

– Está tudo bem… Tudo ficará bem – ele me beijou os cabelos

– Prometes? – eu olhei para ele com os olhos inchados

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– Prometo – ele estava também olhando em meus olhos – Mas não pense que eu me esqueci que ainda me deve um esclarecimento.

–Peeta…

– Kat, só assim, quem sabe poderei- te perdoar … - ele me abraçou ainda mais forte encostando sua cabeça em meu ombro.

– Tudo bem. – Suspirei vencida – mas não agora.

– Não agora – concordou.

A empregada, Greasy Sae, nos veio chamar para o jantar. É, dormi praticamente o dia todo, com Peeta ao meu lado como que vigiando meu sono. Descemos rindo e pegando um com o outro. Os Mellark ficaram nos encaravam estupefactos.

– Ah docinho! Então já contou para meu filho que Cato é um canalha e ameaçou você dizendo que diria ao Peeta que tu eras uma vadia que queria levar Cato a todo o custo para acama e que só queria o dinheiro de Peeta caso recusasses ir para a cama com ele? – Haymitch e sua grande boca! Eu queria enfiar-me num buraco nesse momento. Peeta paralisou e ficou olhando para o nada.

– Não, Haymitch, eu ainda não tinha falado nada para ele! – Falei ainda olhando para Peeta que não demonstrava qualquer reacção. Effie baixou a cabeça em silêncio.

– E-eu p-pensei… vocês estavam… eu… - Haymitch gaguejava acanhado.

– Katniss, porque não me disseste isso na hora em vez de concordar com aquela palhaçada – Peeta finalmente se moveu ficando de frente para mim, bem pertinho, fazendo-me sentir sua respiração.

– Era exactamente isso que eu ia fazer quando ele me perguntou em quem tu acreditarias: no melhor amigo que conheces desde sempre ou em mim, uma mulher que conheceste uns meses atrás… - eu abaixei a cabeça para evitar olhar nos seus olhos. Ele ficou uns segundos calado.

– FILHO DA PUTA! – ele estava furioso e começou a correr porta fora. Eu o segui e quando cheguei lá fora já estava ele a arrancar no seu carro a alta velocidade. Aii, aquilo não ia acabar bem.