Uma escolha

Sonserina.


POV: DRACO.

A compreensão de Scorpius foi no mínimo assustadora, para não dizer maravilhosa. Apesar de saber que tinha educado o meu filho da forma certa, eu tinha um medo sem precedentes de que ele me odiasse por saber o que eu tinha sido, mas afinal de contas, eu não tinha sido o terrível monstro que eu achava, um monstro não seria concebido com a honra de uma esposa dedicada e linda, e um filho mais maravilhoso ainda. Talvez Astoria tivesse razão, afinal de contas ela sempre tem.

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Mandei uma carta aos meus pais alertando sobre a recente descoberta familiar de Scorpius, não esquecendo de relatar sua vontade de ir para a Sonserina, o que pareceu ser mais importante para o meu pai do que o resto da história. Mamãe ficou orgulhosa do meu filho e não poupou elogios á mim e Astoria pela belíssima educação, eu também me autoelogiava por tudo isso, era bom que todos soubessem.

– Você vai virar um peixe qualquer dia desses, filho a água não vai sumir!- Astoria brigava com Scorpius. Estava fazendo um sol quente e todos nós estávamos do lado de fora, aproveitando o clima e o mar. Scorpius jogava água para o ar e gargalhava, sendo acompanhado por Cecília que ia passar o dia conosco.

– Deixe ele, o clima está ótimo para ficar o dia todo lá.- Eu disse, era perto das três da tarde e eles estavam na água á tempo demais, nem almoçaram de tão felizes.

Cecília sabia da marca negra porque Blásio explicou depois que eu disse que podia, estava tudo bem afinal. Assim como Scorpius, ela não se importou com o que eu era ou deixava de ser, não era da conta dela nem de ninguém, afinal.

– Papai, a Ceci vai ser da Sonserina também!- Disse Scorpius, animado enquanto colocava o arroz no seu prato. A janta seria strogonoff, que era uma comida típica trouxa, mas que todos nós amávamos. Astoria balançou a cabeça.

Estava incomodada com a recente paixão que Scorpius tinha nutrido pela casa, tendo em vista que ele ainda é uma criança e não tem como formar opiniões sobre nada, o que eu discordo. Bem antes dos meus 8 anos eu já queria ir para a Sonserina, mesmo que fosse só porque meu pai queria muito isso, e é o que nos preocupa: Talvez Scorpius esteja apenas com medo de decepcionar a família, que está muio feliz com a ideia. Não queremos que ele faça uma coisa só porque o resto do mundo espera que ele faça, ele tem o dinheiro da escolha.

– Scorpius, nós já conversamos sobre isso: você é muito jovem e ainda vai mudar de opinião. E não é você quem escolhe para onde quer ir, filho, é o chapéu seletor.- Disse Astoria, passando a mão nos cabelos dele que estavam caindo nos cílios e ela jogou para cima. Ele balançou a cabeça e eles voltaram.

– Tem razão, mamãe, nós já conversamos sobre isso e eu já disse que eu não vou para outro lugar senão a Sonserina. Nenhum outro lugar será um lar para mim se não ela, não é esse o propósito de sermos escolhidos?- Perguntou Scorpius, erguendo uma sobrancelha para mim. Ele tinha adquirido vários traços e jeitos meus com o passar do tempo. Ele sempre foi parecido comigo, é claro, mas agora ele era a minha imagem perfeita.

– Deixe ele, Astoria, e sabe o que está falando.- Eu disse, dando de ombros e começando á comer quando Astoria começou, ela balançou a cabeça mais uma vez, me ignorando.

– Só não quero que o Chapéu te mande para um lugar diferente e você fique triste depois.- Disse Astoria e eu neguei com a cabeça.

– Ele não vai para um lugar diferente, olhe bem para ele: é um sonserino nato!- Eu disse e Scorpius abriu um sorriso enorme.

– Viu? Sou um sonserino nato!- Disse Scorpius, comendo animadamente. Astoria olhou para mim de cara feia, mas balançou a cabeça, mais uma vez ignorando a situação.

(...)

Estávamos nos despedindo de Cecília numa festa que seus pais tinham preparado, Astoria estava usando um belíssimo vestido negro, logo e de babados. Sua maquiagem era leve e ela estava tão sorridente, totalmente maravilhosa. Scorpius usava um blazzer preto e uma calça jeans, por dentro do blazzer uma camisa verde bebê, que era para representar a Sonserina.

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– O que será que vai acontecer se ela não for para a Sonserina? Quero dizer, ela é a princesinha do Blásio, ele vai surtar!- Disse Dafne, balançando a cabeça. Tinha tanta gente aqui, eu não tinha noção de que Cacília conhecesse tanta gente, ela e Scorpius pareciam super se divertir no meio dos amigos.

– Não acho que vá acontecer.- Eu disse, dando de ombros. Cecília e Scorpius eram mesmo muito Sonserinos, eram bem arrogantes e mesquinhos quando queriam, além de fazerem qualquer coisa para alcançarem seus objetivos, eles eram muito focados também.

"Grifinória aceita pessoas assim também, Draco. Eles também são muito corajosos e têm uma sensibilidade incrível." Astoria tinha dito uma vez, mas o Chapéu não cometeria a loucura de colocar meu filho na Grifinória, seria homincídio. Além disso, acho que Scorpius é tão apaixonado pela Sonserina que se o Chapéu não o colocasse de lá, ele rasgasse aquele objeto com a desculpa de que ele estava tão velho que estava ficando gagá. Um chapéu pode ficar gagá?

– Nós não podemos nos dar ao luxo de pensar assim, Draco. Nós já conversamos milhões de vezes sobre isso, não vamos discutir mais uma vez.- Astoria brigou, fechando a cara. Eu balancei a cabeça. Dafne abriu um sorriso arrogante, debochado.

– Então quer dizer que o pequeno Scorpius pode não ir para a Sonserina? Mas isso seria uma afronta á tudo o que a família Malfoy presa, não seria?- Perguntou erguendo uma sobrancelha. Astoria fulminou ela com os olhos, mas eu não estava realmente me importando.

– Não acho que isso seja da sua conta, Dafne. Porque não cuida dos seus filhos?- Perguntei e ela gargalhou.

– Meus filhos já estão muito bem encaminhados.- Disse ela, e eu ri.

– É mesmo? Liam não foi mandado para Drumstrang e arrumou brigas enormes no ano passado por não ser o que a escola precisa?- Eu perguntei. Não era certo debochar de crianças, mas afinal de contas era verdade. Não sei o que aconteceu com Liam ou porque ele tinha sido mandado pra Drumstrang quando o garoto era totalmente o oposto da escola, era grifinório demais para ela. Acredito que Dafne não o mandou para Hogwarts exatamente por isso: não queria que o filho fosse para a grifinória.

– Ele só não está acostumado com o ambiente.- Disse Dafne, dando de ombros. Eu concordei com a cabeça.

– Deve ser muito difícil para ele mesmo, ouvir coisas da qual ele não concorda. Afinal, ele seria um ótimo Sonserino, não seria?- Perguntei.

– Eu duvido muito.- Foi a vez de Dafne me fulminar. Eu balancei a cabeça, dando de ombros. Astoria suspirou.

– Não acho que seja muito prudente duvidar de algo que não está ao alcance de suas mãos, ou sobre o seu controle, Dafne. De qualquer forma, fico feliz que Liam esteja aprendendo o que você tanto quer que ele aprenda: como ser uma péssima pessoa. Mas meu filho não vai seguir o mesmo caminho. Dêem-me licença, vou falar com Thamyris.- Disse Astoria, entregando a taça que estava em suas mãos á mim. Eu balancei a cabeça para Dafne.

– A ideia de o filho dela ir para outra casa magoa a pequena Astoria?- Perguntou Dafne. Eu crispei os lábios.

– Não que isso seja da sua conta, mas não. Ela estará satisfeita se ele estiver em qualquer casa, não importa para nós.- Eu disse, saindo de perto dela, não antes de ouvir um "sei" debochado.

Eu observava Scorpius comer a fatia de bolo de chocolate(que ele adora) pensando no que Dafne tinha falado. Será mesmo que eu aceitaria bem se ele fosse para outra casa? Não que eu duvide de seu sonserinismo(como ele adora chamar), mas eu estava preocupado comigo mesmo. Se ele fosse para outra casa ia precisar de apoio para aceitar isso bem, coisa que eu não poderia dar já que odeio o fato de imaginar o meu filho em outro lugar que não seja a Sonserina.

– Nós não precisamos pensar nisso agora, você sabe.- Disse Astoria, fazendo uma careta. Eu balancei a cabeça.

– Faltam apenas 2 anos para a vez dele, Astoria, é claro que precisamos pensar nisso.- Eu disse, passando a mão no cabelo. Ela concordou com a cabeça.

– Vamos tentar pensar que não vai acontecer, ele vai para a Sonserina e tudo vai ficar bem.- Disse Astoria, fazendo carinho no meu rosto. Eu suspirei.

– Ele vai ficar tão decepcionado se não for... E eu também.- Era quase vergonhoso admitir que eu ficaria decepcionado se ele não fosse para a casa que eu fui. Astoria fez cara feia.

– Também fico muito decepcionada quando você fala besteira, como essas por exemplo. Não há nada que você possa sentir se ele não for para a Sonserina, é algo que não se pode mudar, e se acontecer é porque tinha que acontecer, pronto e acabou.- Disse Astoria, prendendo o cabelo e se deitando na cama.

– Tem outra coisa também.

– O que?- Ela perguntou, cruzando os braços.

– Ele vai estar no mesmo ano que os filhos do Potter e do Weasley. Sei que não odeio mais eles, afinal Gina é uma ótima mulher, de verdade... Mas não sei o que pensar quanto aos outros.- Eu disse, passando a mão no cabelo mais uma vez. Eu estava frustrado comigo mesmo por estar sendo tão babaca, mas não podia guardar isso para mim por mais tempo. Astoria precisava saber. Ela balançou a cabeça.

– Essa é mais uma coisa que nós não temos controle, querido. Quero dizer, se vier á acontecer que eles sejam amigos, nós não vamos poder fazer nada á não ser desejar a alegria de todos. E você quer que eu seja sincera? Vou ficar muito feliz se meu filho tiver amizade com eles, e não com pessoas como Zaira.- Disse Astoria, virando o corpo e respirando fundo, dando fim á sua parte da fala nessa cena. Eu balancei a cabeça.

– Talvez seja mesmo bom se ele fizer amizade com eles, para equilibrar o que tem de ser de bom e o que tem de ser ruim na sua vida. Espero que o bom predomine.- Eu disse, deitando a abraçando a minha esposa que suspirou.

– O bem sempre predomina.

(...)

O nervosismo era óbvio no rosto de Scorpius, ele lia palavra por palavra daquela carta, com a expressão de quem não acredita no que está lendo. Ele achava que nunca seria chamado, já que todo mundo parecia ter recebido a carta menos ele. Tentei explicar que a localização da nossa casa não era boa o suficiente e a coruja talvez tenha se perdido, mas ele não parecia ouvir ninguém, o que era bem compreensível.

Cecília tinha ido para a Sonserina afinal de contas, o que só fazia com que Scorpius quisesse mais a casa, que se tornou a sua grande paixão depois do Quadribol. Seu quarto era repleto de coisas da casa e ele tinha pego o meu anel, que eu dera de presente já que á mim não mais servia.

Ele estava idêntico á mim, eram poucas as coisas que o diferenciava de mim. Quando eu tinha 11 anos, idade que ele tem agora, eu era esse mesmo garoto fisicamente. Mas ele é muito melhor do que eu fui, não há realmente comparações.

– Eu ia agradecer muito se você parasse de ler essa carta e terminasse de tomar o seu café da manhã.- Disse Astoria sorrindo, mas ela entendia muito bem o que ele estava sentindo, não era uma emoção fácil de ser controlada. Scorpius colocou a carta sobre a mesa e olhou para a comida.

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– Eu não estou com fome, quero mandar uma carta para o vovô avisando que recebi a minha carta, e quero falar com Cecília.- Disse Scorpius, contando nos dedos. Eu revirei os olhos.

– Você vai ter muito tempo para isso, mas não vai fazer nada se não tomar o seu café.- Eu disse, apontando para a comida, ele concordou com a cabeça e começou á comer as panquecas que Astoria tinha feito.

– Está uma delicia, mamãe.- Ele dizia enquanto comia, acho que estava tentando convencê-la á deixar parar de comer e poder escrever.

– Vou pegar o pergaminho e a pena para você.- Eu disse, levantando e indo para o escritório, pegar a o que eu tinha falado. Quando voltei, Astoria estava colocando tudo na pia e indo para a porta abrir para Elisa, nossa empregada.- Onde ele está?

– Trocando de roupa.

Ajudei ele á escrever as cartas e a enviar, deixando-o mais aliviado após as corujas(minha e de Astoria) já terem voado. Depois ele me pediu para ensinar ele a voar, já que eu tinha prometido fazê-lo quando ele recebesse a carta de Hogwarts, e eu ensinei. Ele aprendeu muito rápido, aliás parecia um grande amigo da vassoura, como se os dois tivessem nascido um para o outro. Á noite quando eu fui vê-lo no quarto, estava lendo "Hogwarts, uma história" que Cecília tinha lhe dado, seus olhos brilhavam.

– Já é hora de dormir, querido.- Astoria disse, pegando o livro de sua mão e colocando na cabeceira da cama. Ele concordou com a cabeça, se enfiando nas cobertas, ela lhe deu um beijo na testa, coisa que sempre fazia e se aproximou de mim, na porta.

– Boa noite, filho.- Eu disse, sorrindo e acenando com a cabeça. Ele sorriu para mim.

– Boa noite, papai.- Antes de nós sairmos, alguns segundos antes, ele me chamou.- Papai!

– Oi.

– Eu só queria que o senhor soubesse que eu não me importo se todo mundo da sonserina é ruim, eu não vou ser ruim tá? Eu vou ser um sonserino legal, prometo. E não vou deixar ninguém falar que meu pai era ruim, porque você não é ruim. Eu amo você, papai.- Ele disse, sorrindo e fechando os olhos. Era nesses momentos que eu adoraria que ele fosse para a Grifinória.

– Eu também amo você.- Eu disse antes de apagar a luz.

(...)

O barulho ao redor era familiar, o ar era gélido e eu estava segurando a mão de Astoria com força. Na minha frente um mar verde voava, fazendo as pessoas gritarem o nome da casa, eu e Astoria tentávamos nos conter, apesar de a emoção de estar vendo o nosso filho correr atrás do pomo ser maior do que qualquer coisa.

Atrás dele estava um garoto de cabelo negro, oculos e roupa vermelha. O garoto parecia irado por perceber que Scorpius estava mais próximo da vitória do que ele, e quando meu filho colocou o pomo na mão e toda a platéia foi ao delírio, Tiago Potter pareceu desfalecer, e eu estava de pé, aplaudindo.

Scorpius ergueu o pomo acima de sua cabeça, com um sorriso enorme nos lábios, todo o resto da equipe se reuniu ao redor dele e ele ergueu a mão para mais um moreno, esse tinha o cabelo desarrumado e usava as roupas na mesma cor da de Scorpius. Alvo Potter sorria fervorosamente e apertava a mão do meu filho, enquanto dava um abraço masculino nele. Os dois se olharam e fizeram um comprimento animado, sorrindo.

A diretora de Hogwarts, Minerva McGonnagall estava carregando a taça de Quadribol e sorria para os dois, que pareciam estar muito felizes. A taça foi parar na mão de Potter, que era o Capitão da Sonserina e ele a ergueu, depois abraçou Scorpius, que me procurou na torcida. Eu acenei para ele, não escondendo a minha emoção e o meu orgulho.

– Eu te amo.- Eu li nos lábios dele e Astoria fungou, me dando um beijo na bochecha.

– Hora de acordar.- Ela disse, me fazendo abrir os olhos.

– Ele vai ser um ótimo Sonserino.- Eu disse, antes de voltar á fechar os olhos e dormir novamente.

(...)