Agora sim Começou!

Começemos pelos primórdios do tempo..

Nasci - Sou Eu!

Claro, não me lembro deste dia! Mas também,alguém se lembra do dia em que nasceu?! Apenas sabemos, ou temos pelo menos alguma ideia, do que foi e de como foi, pelo que nos contam..

Sempre achei que nasci no seio de um familia completamente "normal" com as suas "anormalidades"..

Vivi em até ser adolescente em casa da minha avó paterna,com os meus pais, embora tenha passado grande parte da minha infância com a familia da minha mãe.

Minha mãe,foi mãe nova.(Na minha opinião,demasiado nova! Pois quando tinha a idade que eu tenho agora,já era eu em bébé de um ano!)

Quando cheguei ao Mundo estava ela ainda a estudar, no seu ultimo ano do Curso de educadora de Infância.

Sei que saiu de casa para se casar com o meu pai, (ainda mais novo do que ela!) rapaz,segundo dizem (e como é obvio já comprovei!) com "dotes elevados de comunicação" e acabadinho de sair da Força Aerea Portuguesa.

Para se juntarem os dois, a minha mãe zangou-se, e muito com o meu avô, pois ela era a sua menina, e na altura o meu pai não era propriamente o genro que ele idealizava (já para não voltar a falar no factor - Idade!) Pelo que, com 24 anos e estando ainda a estudar, lá se mudou a minha mãe para casa do meu pai, ou melhor, da minha avó paterna.

Não sei precisar a altura,mas penso que terá sido entre finais de 1984 e inicio de 1985.. Acho!

O que sei é que casaram em Maio de 1985, e que da parte da familia dela, ninguém esteve presente.

Sei ainda que este inicio de vida conjunta deles,foi tudo menos fácil. Em casa da minha avó,onde agora moravam, todos os quartos eram alugados, e para eles ficarem os dois, tiveram apenas um quarto, e tinham de pagar as despesas da casa.

Sempre que penso nisto, mais defendo a ideia de que o que eles fizem foi impulsivo e impensado! Eram apenas dois miudos, de 21 e 24 anos. Com a minha mãe ainda a estudar,e sem possibilidades de se auto sustentarem. Ou pelo menos de o fazerem garantindo alguma estabilidade para os dois! Mas... eles lá sabem! E quem sou eu para comentar?! Até porque se não tivessem sido dois casmurros, impulsivos e insensatos, eu se calhar não existia!

Não sei muito bem como se deu a reaproximação da minha mãe com a familia dela. Sei que foi mantendo sempre contacto com a sua irmã (minha tia!) e com a mãe (minha avó!), mas não sei mesmo como fez as pazes com o meu avô! Mas hei-de ir cuscuvilhar para contar mais tarde!

O que sei é que desde que nasci, e até aos meus três aninhos, foi sempre com eles que fiquei.

Primeiro, enquanto minha mãe terminava o curso, e posteriormente, porque começou a trabalhar.

É claro que de todos os episódios que recordo, não sei precisar a minha idade, mas acho que consigo enquadrá-los a todos em determinada faixa etária!

De quando era pequena, são vários os momentos de que tão bem lembro.

Adorava estar com a minha tia e os meus avós! Para adormecer, só o fazia, encaracolando com os meus dedos o cabelo da minha tia (que é o mesmo que dizer,embaraçando o cabelo da desgraçada!).. e o meu avô mimava-me mais que tudo! Tinha sempre sempre sempre alguma coisa para mim. E qual é a criança que não delira por receber tralha?!

Os meus avós viveram em Lisboa quase toda a sua vida, mas pouco depois da minha mãe casar, (e talvez mesmo depois de eu nascer), mudaram-se para Santarém.

Sempre tiveram lá casa, pois pertenciam as meus bisavós (pais do meu avô). e claro está, era lá que eu também passava todas as férias, fins-de-semana, feriados.. enfim, sempre que podia! Sempre Amei,Amo e Amarei aquela cidade, que tem mais que encanto mágico para mim.

De volta aos factos!

Por essa altura o meu pai tinha alguns problemas com o alcool.. hoje que penso nisso, não sei se realmente seria um problema, pelo menos, talvez não naquela altura. Ele fazia aquilo que qualquer jovem de 22 anos faz.. Sai com amigos e bebe uns copos!

Mas em mim sempre ficou a imagem de um alcoolico. Se bem que também me lembro de o ver meio "grogue" em alturas que não eram, nem fins-de-semana nem após noitadas com amigos! Mas isso.. são outros "quinhões".

Lembro-me também de uma altura em que o meu pai era Segurança (ou Vigilante) e que trabalhava numa estação de Correios, na Avenida da Républica, bem no centro de Lisboa, e muitas noites eu ia com a minha mãe espreitá-lo! Sim, ias literalmente espreitar!!!

Escondiamos-nos no lado contrário da Avenida atrás de árvores,carros ou caixotes. Por vezes até em prédios abertos! Isto de noite claro, de dia a única coisa que conseguiriamos espreitar naquela Avenida seriam pneus,tubos de escape e muito fumo!

Nessa época as coisas entre a minha mãe e o meu pai não estavam muito bem, e o meu pai andava constantemente irritado... até que alguém disse há minha mãe que aquilo tudo (o estado de irritabilidade dele, o mau humor, as discussoes constantes..) era "Bruxaria"! E que o mais certo era a "bruxa" ser a minha avó paterna, e que esta lhe andava a por pozinhos de perlim pim pim, talvez, na comida! Foi desta forma que começaram as nossas vigilias nocturnas na Avenida da Republica!

Quase todas as noites lá iamos nós para mais uma missão ultra secreta, por entre os contentores, a ver se "bruxa" da minha avó por lá aparecia com a poção maléfica num pratinho de comida!

O que segundo a minha mãe, se aparecesse,seria de estranhar, pois meu pai levava sempre as refeições de casa preparadas,não sendo preciso ninguém levar mais uma refeição.. Segundo ela também, era a minha avó que lhe levava aquilo de que ele tanto gostava - uma cerveja! Ou mais!

(Mas também,que mal tem beber uma cerveja há refeição não é?!)

Nemhum! Mas não no caso dele, que desencadiou umas milhentas cervejas por refeição,mais uma trilhentas fora dela.. mas isso.. fica mais para a frente!

Quanto ás nossas vigilias,eu cá continuo a achar que nós as faziamos não só pela conversa do "bruxedo" mas também para ver se o meu pai não andava embrulhado com mais ninguém! Ele sempre foi um tanto ou quanto mulherengo, e ela por seu lado ciumenta e possessiva! Mas isto.. também ficará mais para a frente!

Não tenho a certeza, mas por esta altura deveria ter uns 3 ou 4 anos.. pois com 5 nasceu a minha irmã, e ela aqui ainda não existia.

Por esta época também, já andava eu na creche, que pertencia á minha mãe. E lembro-me que lá não a tratava por "mãe", mas sim por "professora" para me sentir igual aos outros.

A minha avó, com quem partilhávamos casa não gostava de animais, e pouco ou nenhum era o relacionamento que eu tinha com ela, mesmo estando ambas debaixo do mesmo tecto.

Eu tinha um porquinho da india, de nome Dinky,que ia para onde quer que eu fosse. Se ficasse em casa com os meus pais, em casa ele ficava, se fosse para casa dos meus avós, para lá ele também ia. Poucas são as lembranças que tenho deste meu primeiro amiguinho,só sei que, tal como todos os outros seres vivos,cegou a sua altura, e morreu.

Fonte dos meu pais - a minha avó (a paterna "bruxa" com quem vivia!) matou-o com veneno de ratos!

Houve um dia ou noite qualquer em que chegámos a casa, e já ele estava morto na sua gaiolinha, e nesse mesmo dia (ou noite) eles encontraram o dito veneno na despensa lá de casa.. se foi assim ou não, não sei! Não me lembro..

Chegámos ainda a ter uma cachorrinha, uma Pastora Alemã,chamada Oxi. Dela sim,tenho mais algumas recordações!

Lembro-me por exemplo, que todas as noites ia passea-la com o meu pai, e que nos sentávamos os três na escadaria de uma pequena capela que existia na nossa rua, e que brincávamos até a Oxi fazer algo que adorava - destruir-me a roupa!

Desde que abri os olhos ao Mundo que partilho a minha existência com esses seres que amo e que merecem tudo : Animais!

Quando nasci, já existia a Lassie na familia (na materna claro, que a "bruxa" não queria nada disso!), dela não me lembro mesmo nada, com muita pena minha; se bem que também nunca a esqueço, pois partilho com ela um numero enorme de fotografias! Desde o berço,passando pelo gatinhar, o andar na "aranha", até começar a correr e a esfolar joelhos!

Depois da Lassie o meu avô foi buscar a Sissi! Princesa que acompanhou todo o meu crescimento.. Pelo menos desde bébé até criança de primária! Recordo-me como se tivesse sido ontem, das tardes de Verão no Jardim em que as duas dividiamos gelados de cone!

A nossa Oxi (a Pastora Alemã destrutora de roupa) não teve a mesma sorte, como a casa em que viviamos era da avó "bruxa" e ela não era propriamente uma amante de animais, os meus pais tiveram de dá-la.

É engraçado pensar nas coisas que recordamos..

Momentos felizes,momentos menos felizes, e apenas momentos...

em muitos deles não saberemos definir o que sentimos quando os vivemos; mas não deixa de ser incrivel perceber que fixamos todo o tipo de situações e que nem percebemos o porquê!

Faz todo o sentido que recordemos o que mais nos marcou, o que nos puxa pelas emoções ao limite.. então, e aqueles momentos que tão pura e simplesmente aconteceram??!

Aqueles que nem catalogamos como "Bom" ou "Mau" , e que nem nos fazem vir á lembrança do que realmente sentimos?!

Porque será que também esses nós registamos?!

Não sei! Mas não deixa de ser um fenómeno bem giro!

Está época da minha vida, é sem dúvida alguma aquela de que menos vou poder falar.. Claro está, porque é a mais distante,e como tal a que menos recordo.

Tinha também uma avô paterno (de quem ainda não falei), que morava com a familia dele (não era casado com a avó "bruxa") .

Sei que este meu avô sempre acompanhou a vida do meu pai, se bem que por alturas estavam longas temporadas sem se ver; mas sinceramente, da minha parte, não tenho uma única memória dele nesta minha primeira faixa etária ( 0-5! )

Durante estes primeiros anos, houve algo que sempre pedi aos meus pais, e com muito afinco - UM IRMÃO!

Nuna fui uma criança solitária, muito pelo contrário...arranjava amigos para brincar em todo o lado! (Acho que sai com os "dotes de comunicação" so meu pai!) Desde os coleguinhas da creche,aos vizinhos,em casa da minha tia,e em Santarém!

De facto, companhia não me faltava, mas pelos vistos, não era suficiente! Acho que precisava de alguém com quem partilhar brinquedos e quarto vinte e quatro horas por dia!

Analisando a tanta distância, não me posso mesmo queixar! Foi uma época feliz!

Fui mais do que bem recebida e mimada por todos aqueles que sendo ou não do mesmo sangue que eu, já co-habitavam,e que aguardavam a minha chegada!

Sem dúvida. Agora que olho para lá.. Fui mesmo uma sortuda mimada!

Existia, por exemplo, uma pastelaria, junto há casa dos meus avós, cá em Lisboa; e que eles frequentavam desde sempre. Lembro-me que de todas as vezes que eu lá entrava (e mesmo que o fizesse várias vezes ao dia!) não havia nada que não me oferecessem e fizessem! Desde encher-me de doces, a saltar todos os colos de todas as pessoas ali presentes, sem esquecer claro o desfile por cima do balcão!

Foi também por esta altura que recebi o meu primeiro (e até á data único) carro. Sim carro! E não estou a falar de um carrinho de telecomando, nem de corda, nem de montar.. Não. Um carro! Com motor, 4 rodas, 5 lugares,2 portas e que precisa de combustivel para andar! E de carta de condução para ser conduzido! Algo que só podemos fazer com 18 anos, e eu aos 5 já tinha um carro!

Os meus avós estavam já a morar em Santarém, e o meu avô deixara de ser taxista, para ter a sua empresa. montou um negócio de venda de pneus, que sediou nas antigas cocheiras de uma das casas dos meus bisavós. Como tinha um páteo bastante amplo, foi para lá que foi o carro, e é nesse mesmo sitio (e passados 20 anos!) em que ele se encontra! Não o movi um unico milimetro. Nem eu,nem ninguém! Agora é um monte de ferrugem sem utilidade, cheio de matagal, e que serve de casa a aranhas, mosquitos,traças,moscas,abelhas, e todas as espécies de insectos imaginaveis e outras quantas mais..

Era por ali então que eu passava grande partedos meus dias de férias.. brincando com os meus avós enquanto eles trabalhavam.. fingindo ser eu a dona do seu negócio, e eles os meus filhos, a quem eu levava e trazia da escola no meu grande carro!