POV EDWARD

__Alice, eu não aguento mais isso. Me conta logo tudo que aconteceu, eu preciso saber! – falei, olhando profundamente para ela.

Ela começou a pensar em tudo que ia me dizer e eu ativei o escudo. Queria ouvir tudo da boca dela.

__Bom, Edward... Não há palavras pra expressar o tamanho do sofrimento de Bella quando nós partimos. Ela caiu em profunda depressão por 2 anos. Passado isso, ela começou a manter um sentimento de raiva por nós e ela estava decidida a mudar.

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Alice olhava pra mim e pras suas mãos, como se estivesse nervosa, com medo. Ela continuou:

__Você deve ter lido a carta onde tudo começou, certo? – eu assenti – Pois é, ela conheceu Paul em uma boate em Port Angeles e entrou no mundo das drogas por causa dele. Com o efeito das drogas, ela achava uma escapatória pra tudo que aconteceu. Na primeira noite que o conheceu, já transaram num bando traseiro de um carro. Eu fiquei chocada! E todas as vezes que saiam era álcool, sexo e drogas. Bella acabou ficando viciada e foi morar com Paul...

__Mas como assim? – eu interrompi – Bella abandonou Charlie?

Alice assentiu:

__Sim, e ele ficou arrasado. Bella morou com Paul por 3 meses, mas Paul teve uma overdose e acabou morrendo. Bella ficou sem chão, porque não haveria mais a mordomia nem de onde tirar mais drogas. Começou a vender tudo que tinha no apartamento e quando não tinha mais nada, ela... – Alice parou, olhando para a janela.

__Ela o que, Alice? – perguntei, aflito.

__Ela... começou a roubar e fazer programas – Alice disse lentamente.

Demorou um pouco pra que tudo que Alice disse entrasse em minha cabeça. Fiquei meio dopado.

__O que? Como assim? Não, não pode ser! Minha Bellinha tão doce...! – eu disse, depois de um tempo.

__Edward, fica calmo! Um coração despedaçado pode levar as pessoas ao extremo. Na verdade, ela já havia roubado antes com Paul, mas só por diversão. Mas depois que ele morreu, ela fez por necessidade, pra conseguir se manter. E...bom, a parte de fazer programas, ela também fez por extrema necessidade. A partir daí ela vivia na rua; até que depois de uns 2 anos, seu pai a encontrou revirando uma lata de lixo em Port Angeles procurando comida, e a levou pra casa. Ele ficou desesperado quando a viu; enquanto ela estava em casa, Charlie cuidou dela com todo carinho, não a deixando sair, durante 1 mês. Mas a falta de droga levava Bella ao extremo. Ela não comia, nem saía do quarto. Às vezes até tentou fugir, mas Charlie estava atento e ela não conseguiu. Até que ele percebeu a gravidade da situação e a internou em uma clínica em Seattle...

POV BELLA

6 anos antes...

__Eu já disse que eu não vou pai! – eu disse, me agarrando à porta da viatura de Charlie - Eu não preciso de clínica nenhuma, eu tô bem!

__Está bem, Bella? Olha pra você, está esquelética! E tremendo!

__Mas eu não sou viciada! – Charlie ainda tentava me desagarrar da porta, quando Reneé voltou.

__Pronto, já fiz sua ficha. Vamos, Bella, por favor! Faça isso por mim, pelo seu pai. Você precisa sair dessa. Lembra da tua infância? De quando você cresceu, como era tímida... Quando decidiu se mudar pra Forks, dos seus sonhos... Lembra, filha, de como era tudo? Por favor, volte a ser minha pequena Bella amorosa e cuidadosa. Volta pra gente, Bella! – disse Reneé, chorando.

Enquanto ela falava, um filme passou pela minha cabeça e eu caí nos braços de Charlie, chorando. Era minha rendição, eu precisava voltar a ser o que era. Charlie me carregou até meu quarto na clínica, por onde eu passaria sei lá quanto tempo. Logo atrás, vinha um enfermeiro.

__Olá, Isabella! Meu nome é John e vou acompanhar seu tratamento aqui dentro. Qualquer coisa que precisar, pode me chamar.

Assenti, sem dizer nada. Não queria papo com ninguém agora. Charlie e Reneé se despediram, e eu ao abracei bem forte. Não queria soltá-los, eu não sabia quando os veria de novo.

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__Bella, nós precisamos ir. – disse Reneé, quando viu que eu não os soltaria tão cedo. – Nós vamos voltar pra te ver. Se cuida tá? Quero ver você curada!

__Tá bem, eu vou tentar! – eu disse, começando a chorar novamente – Me desculpa por tudo que fiz vocês passarem!

__Senhores, vocês precisam ir! – disse o tal enfermeiro.

Quem ele pensa que é pra mandar assim? Eu não vou soltá-los, não quero ficar abandonada aqui.

__Bella... deixe-nos ir. – disse Charlie tentando se esquivar de meu braço.

__Não, não vão embora, por favor! Preciso de vocês!

Nesse momento, senti algo me puxando para trás. Era John, tentando me separar de meus pais.

__Não! – eu me debati. E finalmente conseguiram me separar deles. Reneé foi embora chorando.

__Me desculpe! – eu gritei, e John ainda me segurava. Não importava meu esforço, eu não ia conseguir me livrar dos braços dele.

__Me desculpe! – eu disse, suspirando e me deixando cair no chão, chorando.

Foi nessa hora que percebi o que tinha feito com a minha vida. A que ponto eu cheguei! Por que eu fiz isso? E todos os meus sonhos, onde foram parar?

Lembro de como tudo começou, numa boate em Port Angeles. Paul era um cara legal. Ele me fez esquecer tudo que passei por causa de um idiota que me machucou. A droga? Era só um detalhe da vida com Paul. Até hoje não sei como pude abandonar Charlie, mas os desejos me cegaram. O desejo de altas noites de prazer regadas à muito álcool e drogas.

Quando Paul teve a overdose e morreu, tive que esconder todos os vestígios de álcool e drogas do apartamento antes de chamar a emergência. Eu fiquei desesperada. Já estava acostumada com a vida que tinha. Mas eu arrumei um jeito. Com o dinheiro das coisas do apartamento, dos roubos e dos programas dava pra comprar as pedras tranquilamente. Mas o apartamento foi tirado de mim e eu fui viver na rua. Até que Charlie me encontrou.

E aqui, esparramada nesse chão, chorando e tremendo, percebo o quanto fui estúpida. Eu acabei com a minha vida!

Em meio aos meus desvaneios, nem percebi que John estava ali, acariciando minha testa soada. Mas que diabos ele estava fazendo? Me levantei bruscamente e olhei pra ele com cara de confusão.

Foi quando percebi sua beleza. Ele tinha maravilhosos olhos verdes e cabelos castanho-escuro espetados. Devia ter uns 25 anos. Balancei minha cabeça, voltando à realidade.

__Já pode sair daqui! – eu disse bruscamente, me posicionando perto da porta.

Ele deu um risinho baixo e saiu, sem nada dizer. Bati a porta do quarto. Já ia trancar, quando percebi que não tinha chave. Saco!

Me sentei na cama e liguei a TV. Ouvi 3 batidas baixas na porta. Droga! Eu disse pra ele ir embora!

__Já disse que não quero você aqui! – gritei sem sair do lugar.

A porta se abriu e vi que não era ele. Fiquei envergonhada.

__Bella? – disse a mulher.

__Me desculpe, achei que fosse...

__John? – ela me interrompeu. – É, ele veio falar comigo sobre você. Ficou preocupado com a cena que viu.

Ah, que bom! Eu já tinha virado assunto!

__Hmm! – apenas murmurei.

__Posso me sentar?

__Claro! – apontei a cama.

__Bom, Bella, meu nome é Caroline, mas pode me chamar de Carol. Sou psicóloga da clínica e estou aqui pra te ajudar.

Aquela mulher falava de um jeito tão doce que lembrava minha mãe. Dei um risinho ao lembrar dos velhos tempos.

__Que foi? – ela disse.

__Nada! – respondi, me esquivando das imagens em minha cabeça.

Ela me olhou com compaixão.

__Estava se lembrando dos velhos tempos, não é?

Como ela sabia? Olhei pra ela com um ponto de interrogação na expressão.

__É, eu sei. Já passei pelo mesmo que você tá passando. – ela disse.

__Mas como assim? Você já foi viciada?

__Já sim. E já passei por tudo isso. Mas eu consegui, não consegui?

E nisso, ela começou a me contar sobre sua história. Quando terminou, disse que nosso tempo diário havia acabado, mas disse que eu posso procura-la quando precisar. E disse também que amanhã seria minha vez. Não sei se consigo contar pra ela tudo que me levou a isso. A ferida será aberta. E se o buraco começar a latejar?

A noite veio chegando e mais profissionais da clínica vieram se apresentar. Mas nada de John. Será que eu fui rude demais com ele? Não importa, porque tudo que eu queria aqui agora era uma pedra. Uma pedrinha pra que eu possa tirar essa sensação de secura de mim, e essa tremedeira. Mas eu não posso. Até porque não tenho de onde tirar.

Nesse momento, ouvi 2 batidas fracas na porta e fui abri-la. Era uma garota estranha, magra e com fundas olheiras.

__Me deixe entrar. Tenho algo de que você precisa. – disse a figura estranha, entrando.

__Quem é você? – indaguei.

__Não importa. Você é novata, certo? – eu assenti. – Então, eu sou a fornecedora aqui dentro. Mas ninguém pode saber. Você paga sua cota quando sair. Toma, pode pegar! – ela me estendeu um pacotinho.

Realmente era tudo de que eu precisava. Será que só uma pedrinha faria mal? Hesitei por um instante.