Sempre gostei de imaginar como seria voar. E aqui estou eu, sendo arrancada do chão por uma coisa metade leão, metade águia. Trent grita comigo dizendo para solta-lo e eu grito de volta que ele é um idiota. Juliet corre atrás de nós. Ela para pra tirar os sapatos e, se eu não estivesse quase me mijando de tanto medo, reviraria os olhos. O pior de tudo é que minhas mãos estavam começando a escorregar.

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— TRACY – Cooper gritou. – SOLTA ENQUANTO DÁ TEMPO!

NÃO! E CALA A BOCA!

Mas uma das minhas mãos se soltou e num movimento rápido, peguei a adaga da bainha e a ergui para ele, que conseguiu pega-la sem dificuldades. Depois disso minha outra mão soltou e eu caí. Caí feio. Não foi um tombo nada bonito.

Mas quando minhas costas se chocaram contra o asfalto e aquela dor lancinante atingiu cada centímetro do meu corpo... Não senti nada quebrando ou se deslocando.

— Você está bem? – Juliet me alcançou, descalça e arfando. – Quebrou alguma coisa?

Então eu tive aquela sensação de alivio, como se um peso enorme estivesse sendo tirado das minhas costas, e toda a dor foi embora.

Apolo.

— Tô viva. - me sentei.

Ouvimos um grasnido e olhamos para o Grifo. Ele se desintegrava e Trent se preparava para a queda no ar, caindo em posição no asfalto. Era o que eu devia ter feito também. Ensinam isso no Acampamento, mas já faz dois anos que eu não treino, então mereço um desconto.

Trent ficou parado arfando, depois levantou e veio até nós.

— Sua louca! Você tá legal?!

Viva.

Não podia explicar a eles como sobrevivi. Olhei bem para os dois... Enquanto Juliet tinha o cabelo ruivo grudado no pescoço pelo suor, Trent tinha o cabelo castanho todo alvoroçado. Os olhos cor de chocolate brilhavam, e ele estava pálido.

Nunca mais cometa essa burrice, Tracy! O que diabos deu em você?! Podia ter morrido! Não sei como não quebrou nenhum membro...

Ele pegou meu braço, impressionado ao verificar que estava intacto.

Não. - me afastei num salto e fiquei de pé com os braços cruzados sobre o peito, mantendo distância dele.

— O que foi? Doeu?

— Você não deve... me tocar. Por favor, não faça isso.

Trent imediatamente fechou a cara e eu me senti uma pessoa horrível.

— Que bicho te mordeu? – Juliet indagou.

Bufei e lhes dei as costas, indo para o carro. Lá apoiei a testa no volante e respirei fundo. Não se sinta mal, disse a mim mesma, você não pode se dar á esse luxo.

Ergui a cabeça e esperei os dois entrarem no carro. A principio os dois permaneceram calados... até que Juliet finalmente perguntou:

— Onde estamos indo?

— Ver a minha mãe.

— Por que?

— Por que eu preciso.

— Não podemos interromper a missão pra você visitar a sua mãe, Tracy!

— E não estamos. É essencial que eu fale com ela. Vai ajudar todos nós.

— Como?

— Você vai ver.

Ela suspirou e puxou sua máscara de dormir para baixo. Trent permaneceu quieto então ninguém disse mais nada. São vinte sete horas de Nova Jersey até o Colorado, de carro. Por isso decidi parar num hotel quando anoiteceu. Tomei um banho e me deitei para dormir quando uma mão cobriu a minha boca e uma voz disse:

— shhh!