Um pouco sobre a minha história

Capitulo 3 - Um acontecimento que me marcou


Até que o paraíso que havia se criado naquele ambiente desmoronou mais uma vez.

No sítio onde eu morava havia uma piscina muito grande, e funda. Ela começava rasa e enquanto você seguia para o outro canto da piscina ela ia ficando cada vez mais funda.

A piscina tinha uns 8 metros de comprimento por 5 de largura, a parte mais funda da piscina eu acho que tinha uns 3 metros de profundidade. A parte da escada da piscina tinha cerca de meio metro de profundidade, e enquanto você seguia para a parte mais funda, a água ia subindo por seu corpo.

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Lembrando que na época eu tinha meus 5 anos de idade, tenho estatura baixa, então quando criança era muito mais baixa.

Certo dia fizemos uma festa na piscina, convidamos todos os parentes do Paraná, então lotou o sítio, e a piscina também.

Eu tinha acabado de ganhar uma tornozeleira com um pingente de pezinho banhado a ouro da minha mãe, eu era criança ainda, não sabia que ouro era caro e que era precioso, logo eu fui nadar na piscina com aquilo no pé balançando.

Eu tinha tirado do pé com medo de perder e amarrei na escadinha da piscina para quando eu sair poder pegar o meu presentinho.

Saindo da piscina muito tempo depois, procurei a tornozeleira, e não achei, eu me lembro que o desespero tomou conta de mim naquele instante.

Comecei a correr por todo local atrás do pingente de pé, ninguém tinha visto aquilo, ninguém se preocupou em ajudar uma criança de 5 anos a procurar um pingente de ouro na piscina também.

Quando a festa acabou, todos foram embora, e o tempo começou a fechar, estava prestes a cair uma tempestade grande aquela noite.

Quando todos tinham ido embora a minha mãe vem e me pergunta:

—Se divertiu hoje?

Só fiz que sim com a cabeça.

—Cadê tornozeleira para eu guardar na caixinha de joias para você não perder?

Congelei, o medo era muito para falar que eu tinha perdido, mas como criança é bobinha eu respondi:

—Eu deixei na escada da piscina e quando fui pegar não achei mais.

Eu vi a raiva e decepção nos olhos da minha mãe quando ela começou a gritar comigo:

—VOCÊ SABE O QUÃO CARO FOI AQUILO? VOCÊ NÃO TEM CUIDADO COM AS SUAS COISAS? O QUE VOCE ESTAVA FAZENDO ATÉ AGORA? VAI LÁ PROCURAR A TORNOZELEIRA JÁ!

A essa hora já estava chovendo, trovejando e relampeando, mesmo assim a minha mãe me fez ir debaixo da chuva procurar em volta da piscina a maldita tornozeleira, eu com meus 5 anos e corpo frágil.

Debaixo da chuva estava eu com um farolete na mão, cavando a terra e a grama que ficava em volta da piscina, a minha avó gritando de dentro da casa para eu voltar para casa e ao mesmo tempo xingando minha mãe de irresponsável por me colocar fora de casa no meio de uma tempestade perto da piscina.

Eu procurava desesperadamente pela pulseira, eu me assustava com os trovões e relâmpagos, a cada relâmpago que dava eu me abaixava e encolhia para me proteger.

Eu procurava, e apanhava, apanhava de chinelo, de cinta, de tudo o que minha mãe achava para me bater. E eu continuava a procurar a tornozeleira para minha mãe me deixar entrar em casa e parar de me bater.

Eu estava com medo, muito medo de não achar a pulseira e eu ter que dormir na casinha de cachorro com os cachorros que tínhamos em casa, pois umas vezes eu escutava os adultos falando para os meus outros primos que crianças que não se comportam dormem com os cachorros na casinha de cachorro. Eu estava com medo dos trovões e relâmpagos. Eu estava com medo da minha mãe não me amar mais.

Até que meus pequenos dedos começaram a sangrar de tanto que eu cavava a terra. Eu chorava, mas continuava, estava escuro e chovendo, eu apanhava a cada vez que falava que eu não estava achando a pulseira e que estava frio.

Até que a minha avó saiu de casa e me foi buscar debaixo da chuva, e pegou no colo e falou para minha mãe:

—Você que bata mais uma vez nela que quem vai apanhar é você! Olha a idade dessa menina e as mãos dela como estão!

E assim ela me levou para casa, me deu um bom banho quente. Minha mãe não parava de me encarar, com cara brava.

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Minha avó fez os curativos nos meus dedos, algumas unhas minhas chegaram a quebrar bem na pele e entrar pedrinhas e espinhos por dentro, coisa que no outro dia ela me levou na farmácia para fazer o curativo certo. Me lembro até hoje que o tal do mertiolate ardia muito, era pior que colocar álcool na ferida.

Depois de eu estar maior, me falaram que depois de uns 2 dias acharam a tornozeleira, não estava na piscina, e muito menos no gramado que cercava a piscina, estava com a minha tia, que havia “achado” e pego para ela.

Eu fiquei algumas semanas remoendo isso quando eu escutei isso, já que eu apanhei e me machuquei por causa dela, por ela ter pegado algo que não era dela e não ter avisado ninguém. E só vira que estava com ela porque estava pendurado na bolsa dela.

Depois desse acontecimento, eu tinha percebido que a minha mãe nunca mais me bateu, ela tinha mudado totalmente o método de me educar, o que antes era castigo e apanhar, virou conversa e explicação do que pode e não pode e o porquê daquilo, mas até então eu não sabia o motivo dessa mudança, fiquei sabendo quando me contaram que a tornozeleira estava com a minha tia.

Só não contavam com uma criança que tinha ficado traumatizada, e por conta disso, eu fiquei muito boa em ocultar as coisas erradas que eu fazia quando criança por medo de apanhar de novo, fiquei muito boa em sabe quando alguém estava se aproximando de mim, e fiquei muito boa em guardar as coisas apenas para mim.

Lembro de uma vez que eu quebrei uma imagem de uma santa da minha mãe sem querer, a santa estava em uma escrivaninha baixa, e eu estava brincando de esconde esconde com o meu primo, bati na escrivaninha sem querer e a santa caiu no chão. Eu saí correndo daquele quarto quando escutei:

— Quem quebrou o que?

Só foram me achar ao anoitecer porque eu me escondi muito bem com medo de me baterem por quebrar uma santa. Eu estava escondida no topo de uma jabuticabeira. Não apanhei, mas lembro da minha mãe colando a santa com cola.

Depois disso foi um mar de rosas, com seus espinhos.