Um Novo Amor Doce
Segredos
É estranho, todo mundo passou o dia inteiro olhando pra mim. Isso acontecia bastante na minha antiga escola, mas por um motivo completamente diferente, Iris me contou sobre a matéria que a Peggy escreveu falando de mim e do Castiel. Estou morrendo de vergonha, como as pessoas podem achar que estamos juntos?
– Vamos? – Perguntou Pedí na saída enquanto eu fechava o armário.
– Claro! Tudo pronto. – Respondi pendurando a mochila num ombro.
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– Buuuh – Ambre e as amiguinhas saíram do banheiro com as caras pintadas de branco.
Pedí se assustou quando as outras apareceram, não que estivesse com medo, mas estava distraída e foi pega de surpresa.
– Ambre, que isso? – Comentei com naturalidade – Vai traumatizar a garota com essa cara feia! Erraram o tom da base, foi isso?
– Hallyane – Parecia que ela ainda não tinha me notado – Diz aí, gostou da suspensão?
– Adorei – Sorri presunçosa – Estava mesmo precisando de um intervalo. O ritmo dessa escola é puxado!
A loira abriu a boca para responder, mas não conseguiu pensar em nada, então minha amiga segurou no meu braço e me puxou para longe. Eu ri debochando do trio ternura, mas a ruiva ao meu lado estava irritada, decepcionada por não conseguir responder sozinha.
– Sua cunhada é mesmo difícil de aturar! – Comentei pra aliviar a tensão.
Pedí parou no mesmo instante, parecia petrificada olhando para a frente (Será que ela ainda não tinha pensado que namorar o Nathaniel está condicionado a ter Ambre como cunhada?).
– Que foi que eu disse?
Ela não respondeu, apenas apontou para algo mais a frente no corredor. Olhei para onde ela apontava e a imagem que vi também me assustou, Castiel e Nathaniel estavam parados um de frente para o outro, os braços cruzados mostravam que o clima era tenso, mas eles conversavam civilizadamente.
– Olha, Hally – Pedí mal piscava – Eles nem estão brigando.
– Tá, isso é estranho! – Falei em choque enquanto cada um ia para o seu lado – Talvez o fantasma não seja a única coisa sobrenatural nesse colégio.
– Para de brincadeira! – Senti os olhos azuis queimarem a minha face, então virei para o outro lado.
Minha amiga tomou a frente na caminhada, eu estava distraída demais imaginando quem teria tido a iniciativa de levantar a bandeira branca entre o bad boy e o nosso representante. Mal reparei quando ela parou abruptamente na frente de um restaurante.
– O que estamos fazendo aqui? – Perguntei puxando a mochila que estava escorregando do meu ombro.
– Vou te apresentar uma pessoa. – Disse ela cruzando a porta da frente.
Pedí atravessou o lugar com naturalidade e entrou na área dos funcionários, eu hesitei, mas minha amiga agarrou o meu braço e me puxou pra dentro. Passando pelo lugar todos cumprimentaram a garota de cabelos vermelhos como velhos amigos. Subimos por uma escada de madeira e entramos na sala do gerente.
– Como vai minha caça-fantasmas?
– Eu não to louca – Pedí jogou a mochila no sofá – Tem mesmo um fantasma naquela escola, Rick, eu vou provar.
(PARA TUDO!) O rapaz com quem minha amiga falava era MUITO LINDO. Alto, pele clara, cabelos negros, olhos tão azuis que nem pareciam de verdade. Ele abriu um sorriso que iluminou toda a minha vida enquanto os olhos de pedra preciosa vagavam da Pedí pra mim.
– Me deixa apresentar vocês – A ruiva deu um passo a frente – Hally, esse aqui é o meu irmão Rick.
– Então você é a famosa Hally?! – Ele deu um passo a frente e estendeu a mão pra mim.
Tremendo mais que qualquer coisa, apertei a sua mão e percebi o quanto a minha estava gelada. Aquela aparição de Apolo riu se divertindo com o meu nervosismo e senti meu rosto esquentar.
– Já deu, né Hally? – Pedí arqueou uma sobrancelha – Você tá ficando da cor do meu cabelo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Soltei a mão de Rick e me recolhi a minha insignificância. Ele ajeitou o casaco e se virou para a irmã (imagina ter um irmão desses):
– Então, você pretende voltar à escola esta noite. – Deduziu o rapaz.
– O plano é mais ou menos esse. – Pedí sorriu se jogando no sofá.
Nervosa demais pra me destacar no cenário me sentei ao lado da minha amiga da forma mais discreta possível. Rick continuou a conversa:
– Papai não vai chegar tarde hoje. O projeto no qual ele estava trabalhando já foi finalizado.
– Eu sei – Respondeu a garota – Tinha esperanças de você me deixar passar a noite na sua casa.
(Que? Ele não mora com a família? Quantos anos tem?)
– Você sabe que pra mim não tem problema, mas pro nosso pai é... Um pouco mais complicado.
Pedí começou a enrolar e desenrolar a franja nos dedos e ele bufou revirando os olhos.
– Tá bom, tá bom. Você sempre consegue, né olhinhos brilhantes? Espera aqui que eu vou ligar pra ele.
Dizendo isso, Rick saiu da sala e finalmente minha respiração normalizou. Fiquei um bom tempo olhando pro nada antes de formular uma frase.
– Seu irmão não mora com você?
– Hum, não. – Ela parecia distraída – Houve um... Desentendimento entre ele e o meu pai no ano passado. Aí o Rick saiu de casa.
Balancei a cabeça mostrando que entendia e fiquei brincando com as pontas do cabelo. O rapaz voltou alguns minutos depois e falou pra Pedí que o pai tinha concordado. Os irmãos ficaram conversando por um tempo, minha amiga explicava as teorias sobre o fantasma da escadaria e o garoto escutava, as vezes debochando e as vezes concordando, quando pediam a minha opinião, eu apenas gemia em resposta.
– Hally – Vou ter que me acostumar a ter esses lábios perfeitos chamando o meu nome – Você bateu mesmo na Ambre? Como foi isso? Pedí não soube explicar.
– Ah – As palavras tinham dificuldade de chegar a boca – Eu já estava no meu limite com a Ambre, daí quando ela me deu um tapa eu tive que responder.
– Ela te deu um tapa? – Rick se sentou ao meu lado disparando arrepios por todo o meu corpo – Por que?
– Ciúmes – Virei o rosto, eu não conseguia ficar olhando pra ele – Ela acha que eu tive alguma coisa com o Castiel.
– Ai ai – Ele riu – Esse lance do Castiel e da Ambre ainda vai dar namoro!
Minha reação a essas palavras me assustou, senti uma pontada, não sei dizer onde atingiu, mas foi uma pontada. Isso me livrou da embriaguez da presença do Rick.
– Tudo bem, Hally? – Pedí parecia preocupada.
– Claro – Franzi as sobrancelhas – Por que não estaria?
Ela olhou para a minha mão e percebi o punho cerrado com tanta força que os nós estavam ficando brancos. Isso me constrangeu um pouco, mas tentei não deixar transparecer enquanto relaxava a postura. Um dos funcionários da cozinha chamou Rick para resolver um problema e ele foi atender imediatamente.
– Só entre nós duas – Pedí cruzou os braços e falou cautelosa – Você tá afim do Castiel?
Dei um longo suspiro antes de responder sinceramente, tinha meditado sobre esse assunto nos dias da suspensão, e agora via com clareza.
– Eu mal o conheço, Pedí. E mesmo que conhecesse... Não me envolvo com músicos (não mais).
Minha amiga concordou com a cabeça e não tocou mais no assunto. Como boa parte da nossa tarde foi tomada pelos clubes antes de virmos para o Fórum, a noite não demorou a chegar, então nós duas fomos para o colégio. Não houve exagero no relato da Pedí, esses corredores no escuro dão mesmo um medo do caramba! Caminhamos silenciosas até a escadaria, minha amiga tinha em mãos a câmera do Rick, mas tremia tanto que eu duvidei que fosse mesmo capaz de captar alguma imagem.
– Quanto tempo vamos ter que esperar? – Perguntei depois de alguns (vários) minutos.
– Ah, não sei. Não tem uma hora exata para o fantasma aparecer...
“Click”
Pedí pulou e agarrou o meu braço com o susto.
– Esse é o barulho? – Sussurrei – Não tem nada haver com microfonia, parece uma fechadura.
– Eu disse, Hally, cada dia o barulho é diferente.
Escutamos passos abafados se aproximarem, acho que não era o que minha amiga estava esperando, mas o contexto me fez recuar um pouco. Logo pudemos ver, não uma, mas duas silhuetas na escuridão. Pedí deu um salto a frente e bateu uma foto, o flash me fez apertar os olhos.
– (Ai) Vocês querem cegar a gente?! – Impossível eu não reconhecer essa voz. Desde que ele impediu o meu tombo na caçada ao Totó que eu percebi que jamais a confundiria.
Peguei o meu celular no bolso e usei para iluminar o lugar, Castiel esfregava os olhos irritado e Nathaniel estava alguns passos atrás, também se recuperando da cegueira temporária. Olhei para a confusão no rosto da garota ao meu lado e não me contive, minha risada começou parecendo um engasgo e logo era uma crise sem controle. Os três me olharam como se eu fosse louca, e isso só piorou a situação, precisei me agarrar ao corrimão da escada para não rolar de tanto rir. Pedí foi ficando cada vez mais vermelha de frustração e quando o Nath colocou a mão no ombro dela, a garota enrubesceu de vez. Ele falou alguma coisa sobre esclarecer a situação e os dois desapareceram em uma sala sob a escada.
– (ha ha ha) Onde... Onde eles foram (ha ha ha)?
– Calma – Respondeu Castiel – Respira primeiro e depois eu te levo.
Sentei-me nos degraus da escadaria para tentar normalizar a minha respiração, e o bad boy se sentou ao meu lado e passou o braço pelos meus ombros.
– O que aconteceu aqui que eu não entendi nada? – Perguntei voltando ao normal (deveria colocar isso entre aspas, meu coração não quis normalizar de jeito nenhum).
– Há algum tempo, eu consegui as chaves de uma sala que fica embaixo da escada, desde então, o meu melhor amigo e eu nos reunimos aqui pra tocar algumas noites.
– Mas a escola tem um clube de música, não tem?
– Tem, mas não é a mesma coisa. No clube não posso fazer o que eu quero.
– Faz sentido. – Sorri na escuridão – Mas como foi que o Nathaniel entrou nessa?
– Bem, ele descobriu, mas resolveu guardar segredo. Acho que também vai se encrencar se abrir o bico.
Coloquei-me de pé me soltando de seu abraço e agradeci por estar escuro demais para ele reparar na coloração das minhas bochechas.
– Seu amigo está aí? Gostaria de conhece-lo.
– Claro, vem comigo.
Castiel me guiou para a sala que tinha mencionado. O lugar era bem maior do que eu havia imaginado, tinha uma guitarra ligada ao amplificador e um microfone (isso explica a microfonia que a Pedí ouviu). Cass me apresentou a um rapaz alto, de cabelos descoloridos com pontas escuras, ele se veste num estilo vitoriano e tem um olho verde e o outro castanho. Já cruzei com esse garoto algumas vezes aqui no colégio, mas não pensei que fosse amigo do Castiel.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Então, Hally, este aqui é o Lysandre, o amigo de quem falei.
– Olá Hally, é um prazer enfim conhece-la. Ouvi muito sobre você por toda a escola, acho que o seu foi o nome mais falado da semana.
Sorri para ele (não duvidava que fosse verdade).
– Quer dizer então – Pedí estava ao lado do Nathaniel, parecia estar se conformando – Que os pedaços de plástico que eu achei eram só a capa de um CD quebrada, e o bloco de notas é seu, Lysandre?!
Todos os rapazes assentiram com a cabeça e a minha amiga riu devolvendo o bloco de notas.
– Então – Falei virando para a ruiva – Posso dizer que o mito do fantasma da escola está detonado?!
– Completamente! – Disse Pedí rindo.
Continuamos conversando por um tempo, até que ficou tarde e nos despedimos no portão. Pedí e Nathaniel foram para o mesmo lado e Lysandre para uma outra direção. Pensei que Castiel também fosse pegar o seu caminho, mas começou a me acompanhar sem dizer nada. Caminhamos por um bom tempo num silêncio constrangedor, ele se recusava a olhar para mim. Pensei em cada momento da noite tentando entender o que tinha feito que poderia tê-lo aborrecido (talvez se eu puxar conversa a coisa melhore).
– Dá pra ver que você gosta mesmo de música – Comecei – Vai querer seguir carreira?
– Claro – Ele pareceu relaxar – Acho incrível a ideia de tocar em um palco com milhares de pessoas gritando o meu nome – Cass parecia entusiasmado – Mas não é só isso. Também tem a música, e isso é o mais importante. Tocar guitarra é dizer tudo o que sentimos sem dizer exatamente nada. É muito bom!
Por um lado eu sei bem como é isso, por outro quero esquecer, mas fui eu quem puxou o assunto agora tenho que aturar. Castiel começou a me falar de algumas das músicas, ele e o Lysandre anotam a inspiração assim que ela vem e depois lapidam. As vezes ele só tem vontade de tocar o dia inteiro, adora a sensação dos acordes se formando sob os seu dedos. Nem percebi quando chegamos.
– Bem... – Ele não pareceu muito satisfeito – Tá entregue.
Olhei de relance para a portaria, mas voltei a me virar para ele. Quando a conversa começou eu só queria faze-lo calar a boca, mas agora não quero que pare. O Castiel gosta muito de música e do que ela representa, queria poder ser assim.
– Vou querer te ouvir tocar um dia. – (Hally, o que você está fazendo?)
Ele sorriu e deu um passo na minha direção, chegamos onde ele queria o tempo todo.
– (sussurrando) Quando quiser.
(Hally, se afasta! Lembra do lema? Garoto é igual a problema!) Chegamos mais perto (Você não sabe o que quer, isso não vai acabar bem!) Nossos lábios se tocaram (Você LEMBRA o que aconteceu da última vez, NÃO O BEIJE!) Nos beijamos.
– (sussurrando) Não – Tive dificuldade para reagir, o corpo não queria obedecer a mente – NÃO!
Afastei-me dele como se tivesse levado um choque, meu coração batia com tanta força que quase doía. O garoto estudou o meu rosto visivelmente confuso.
– Por que isso agora? Hally, dá pra ver que você gosta de mim.
– Mas eu não posso! – Minha voz saiu falha, minha mente estava dando pane.
Atravessei a portaria em disparada, incapaz de olhar para trás. O elevador estava muito longe do térreo (sarcasmo* Tudo para me ajudar) e eu não teria condições para espera-lo, então subi pelas escadas mesmo. Estava na metade do caminho quando minhas pernas falharam e eu caí no chão chorando por todas as dores que me atormentavam.
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