Um Caso de Copa

Capítulo 13


—Fala do início, Evans, eu não entendi nada.

Lily suspirou. Ela tinha ciência que sua explicação não fizera o menor sentido, mas queria que Moody tivesse entendido do mesmo jeito. Ele pediu uma batata frita para eles, e mais um uísque e mais uma cerveja amanteigada.

—Desde o início nós estamos acreditando que Jack foi morto por um bruxo, de um jeito bruxo, porque ele era um bruxo e porque o assassinato ocorreu aqui, num ambiente bruxo – Lily disse quando o garçom saiu.

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—E só pode ter sido um bruxo de fato para entrar aqui, Evans – Moody respondeu, olhando para ela com seu olho normal enquanto o outro girava por todo o bar.

—Sim, eu concordo com o senhor, mas não foi achada até agora a causa da morte dele, correto?

—Sim.

—Porque nós, como bruxos, só procuramos pelas causas bruxas. Mas como Sir Arthur Conan Doyle...

—Quem?

—Sir Arthur Conan Doyle, escreveu livros ótimos, acho que o senhor iria gostar... enfim, ele tem uma frase que é assim: quando eliminamos o impossível, o que sobrar, ainda que improvável, deve ser verdade.

—Seu ponto, Evans?

—Meu ponto, senhor, é que o assassino usou de um método tro... – Ela parou de falar quando as bebidas chegaram, e esperou estarem sozinhos novamente para continuar: – usou de um método trouxa para matar Jack.

—Isso baseado no fato que não conseguimos ainda determinar a causa da morte?

—Sim, senhor. Pensa comigo, não há sequer uma pessoa que tenha relação com trouxa nessa parte do departamento, por isso essa possibilidade nem foi aventada por eles!

Moody deu um longo gole do uísque em sua mão e suspirou.

—Talvez. Então estamos procurando por um assassino que tenha alguma relação com trouxas? Não faz sentido com a nossa linha de suspeita para o motivo do assassinato ser vingança contra a Ministra – Ele argumentou, e Lily sacudiu a cabeça em negação.

—Não necessariamente, senhor. Na verdade, acho que um possível uso de método trouxa possa ter sido para prejudicar a imagem da Ministra com o decorrer da investigação, ou apenas um lembrete cruel ou provação, ou um aviso sobre as ideias dela a respeito dos trouxas – Lily explicou – Ou uma tentativa de atrapalhar a investigação ao não usar a forma mais fácil de matar para nós bruxos, ou nos fazer procurar um nascido-trouxa.

—Mas não exclui a possibilidade de alguém que tenha relação com trouxas ser o culpado – Moody disse.

—Não, não exclui. Mas eu tenho um...

—Um pressentimento? – Moody perguntou, um leve tom zombeteiro.

—O senhor sabe muito bem que os meus pressentimentos em geral estão certos.

—Em geral, não sempre, Evans – Moody a lembrou.

Lily revirou os olhos, mas ficou calada enquanto o chefe absorvia o que ela havia relatado. Ela sabia que ele precisava pensar mais a respeito antes de concordar completamente com ela, mas Lily sabia que estava certa. Ela tinha, bem, um pressentimento que lhe dizia que essa era a direção.

As fritas já tinham acabado quando Moody demonstrou alguma inclinação às suposições de Lily.

—Digamos que você esteja certa, Evans. O que mais lhe sugere que foi um método trouxa e pensar nesse perfil de suspeito que você sugeriu?

Lily hesitou; era exatamente esse o medo dela. Ela não tinha mais nada para corroborar o que ela achava.

—Não tem mais nada, exceto a falta de qualquer outra evidência ou pistas no caso. Precisamos mudar alguma coisa do caso, senhor. Chegamos num ponto em que não temos mais nada para continuar há quase uma semana.

—E como você pretende investigar essa linha? – Moody questionou, erguendo as sobrancelhas.

—Bem... ajudaria se eu tivesse uma foto da cena quando chegaram, fotos do corpo, algo assim... acho que minha herança trouxa pode ajudar se seguirmos nessa linha.

—Só isso? Fotos?

—Por enquanto sim. Só para ver se realmente tenho bases para pensar nisso.

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Moody assentiu.

—Conseguirei essas fotos. Não estão na pasta porque só saem com a causa da morte, e como ainda não descobriram...

—Não tem relatório, claro. – Lily completou.

—Exato. Tenho algumas reuniões por aqui, mas assim que eu puder voltar ao Ministério eu lhe trago essas fotos, sim?

—Obrigada pela confiança, senhor.

—Eu não seria louco de empacar essa investigação, Evans – Moody admitiu com uma risadinha. – Mais alguma coisa? Antes que você volte à sua função de babá?

Lily hesitou e suspirou.

—Sobre isso... não sei se James – pela primeira vez, os dois olhos de Moody focaram em Lily, e ela conseguiu emendar a tempo: – Potter precise de observação 100% do tempo.

—E por que acha isso?

—Como eu já tinha dito, tenho quase certeza que ele não é o culpado. É muito improvável...

—Ele já conseguiu explicar melhor o álibi dele?

—Er... não – Lily bebeu um pouco da Cerveja para que Moody não desconfiasse dela.

—E você ainda não tem nenhum suspeito, correto?

—Correto.

—Então... – Moody disse, terminando seu copo e sorrindo – enquanto não eliminamos o impossível, vamos de improvável, sim?

***

Quando Lily retornou, Benjy ainda estava no quarto esperando por ela. Lily contou, no quarto que dividia com Marlene, o que tinha se passado com Moody e os próximos passos.

—Estou sentindo que você realmente estava certa, Lily – Benjy comentou.

—No momento é a única explicação que tenho – Lily disse, dando de ombros – E é meu pressentimento.

—Oh, o pressentimento de Lily Evans! – Benjy brincou.

—Não posso fazer nada se estou sempre certa – Ela respondeu, piscando um dos olhos.

Quase sempre – Benjy corrigiu. Lily riu e o acompanhou até a porta do quarto do hotel – Te vejo amanhã no treino?

—Sim, nos vemos amanhã – Lily confirmou.

—Ótimo. Então poderemos conversar sobre...

—Nada! – Lily o interrompeu um pouco alto demais, e antes que Benjy pudesse falar mais alguma coisa, Lily o empurrou e bateu a porta.

Ao se virar, percebeu os olhares atentos de James, Sirius, Remus, Peter e Marlene, obviamente curiosos sobre o que Lily não deixara Benjy falar. A ruiva corou com o foco em si, mas não se deixou abater.

—Só uns detalhes, nada demais – Ela disse, sem ser específica – Treino amanhã é pela manhã, James?

—Isso. – Ele respondeu, olhando-a com a testa franzida.

Antes que alguém pudesse perguntar alguma coisa a ela, Lily deu boa noite e foi deitar logo, querendo fugir ao máximo do questionamento que invariavelmente viria de Marlene.

Ela conseguiu escapar da amiga ao dormir quase imediatamente naquela noite, e na manhã seguinte acordou mais cedo que o normal para não dar tempo de ficar sozinha com Marlene – por mais que a amiga quisesse saber o que ocorrera, não iria perguntar nada na frente dos rapazes.

Quando Marlene surgiu, Lily estava sentada no sofá, jogando xadrez com Peter. Remus, Sirius e James estavam comendo, e, após uma encarada na direção de Lily, Marlene se juntou a eles na mesa.

No caminho para o treino, Lily começou a conversar com Remus a respeito de um livro, deixando Marlene conversar com Sirius, James e Peter – Lily também tinha certeza que a amiga não perguntaria nada diretamente a James.

Lily sabia que não conseguiria fugir de Marlene por muito tempo; anos de experiência haviam lhe ensinado que isso simplesmente não era possível. Mas ela retardaria o máximo que conseguisse.

“O máximo que conseguisse” foi mais ou menos na metade do treino, quando James chamou Sirius para alguma opinião e Remus e Peter saíram para comprar alguma coisa para beber.

—Olá, querida ruiva – Marlene disse, se aproximando do alambrado em que Lily se apoiava para observar o treino mais de perto. Lily suspirou.

—Oi, Lene.

—Não conseguiu mais fugir de mim, não é?

—Eu não estava fugindo – Lily mentiu. Marlene bufou, e Lily não pode culpá-la, já que a mentira era muito absurda.

—Eu só queria saber o motivo. Eu só quero lhe perguntar sobre o que aconteceu quando você desapareceu com seu amigo James. Por que você não quer me contar?

Lily até abriu a boca para responder, mas percebeu que não tinha a respostas.

Por que ela estava ignorando contar a Marlene sobre o dia anterior? Por que ela estava se obrigando a não pensar no que tinha se passado? Até mesmo ao ponto de evitar o próprio James, cuja única culpa fora de proporcionar um dia sensacional a ela?

—Eu não... eu acho que não queria ser interrogada por você, Lene – Lily disse por fim.

—Eu não iria lhe interrogar, não muito pelo menos. Eu só queria saber exatamente o que aconteceu ontem pra você estar assim!

—Não estou de jeito nenhum, Lene.

—Está sim!

—Nada demais aconteceu, Lene, foi só-

—Ah, então você está contando sobre o quase beijo de ontem para ela, huh? – Lily fechou os olhos e gemeu ao reconhecer a voz de Benjy ao fazer a pergunta.

—Quase... quase beijo? – Marlene guinchou – Lily Evans!

—Pelo amor de Merlin, Marlene, fala baixo! – Lily implorou.

—A hora de falar baixo foi ontem de noite!

—Se você falar baixo eu conto, ok? Mas pelo amor de Deus, não faça um escândalo.

—Ok, mas você tem que contar tudo, Lily Evans!

Lily suspirou, mas concordou, já aceitando seu destino.

—Bom, James havia dito antes que me daria um dia nessa Copa sem nada de Quadribol, visto que eu não gosto do esporte, então ontem ele me levou para Paris, já que estamos na França, mas eu não tinha conhecido nem a Torre Eiffel por culpa dele, e depois ele me levou para Barcelona, onde vimos um jogo da Copa do Mundo de futebol.

Marlene olhou criticamente para Lily após ouvir a versão resumida dos fatos.

—Vou precisar de mais detalhes, ruivinha.

Lily suspirou mais uma vez, mas supôs que seria bom falar tudo para Marlene; quem sabe a amiga não lhe ajudaria a descobrir tudo.

—Só faltou falar do quase beijo – Benjy lembrou quando Lily parou de falar.

—Eu já lhe contei ontem, Benjy. Nós estávamos andando e eu tropecei num buraco de toupeira, e eu sei que parece clichê e irreal, mas ele me segurou e bem... não sei o que deu em mim, parecia que eu havia meio que perdido o controle de me afastar? – Lily tentou explicar.

—Bem, parece óbvio, não? – Marlene disse – Você perdeu o controle porque parecia a coisa mais certa beijar o garoto depois de um encontro desses.

Lily escancarou a boca.

Não foi um encontro, Marlene.

—Ah, querida – A morena disse num tom que beirava a pena – Você pode achar que não foi porque tem muito tempo que não vai em um – (Lily protestou, mas sabia que era verdade) – por sua escolha, mas tem tempo, então eu lhe perdoarei, mas definitivamente foi um encontro.

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—Estou com Marlene nessa – Benjy concordou, fazendo Lily sacudir a cabeça em negação.

—Vocês dois estão errados. – Lily disse simplesmente.

—Ah, Lily, vamos. Sabemos que James sempre teve mais do que uma quedinha por você, querida. – Marlene argumentou.

—Há quatro anos, Marlene, quatro anos. Ele não sente mais nada por mim.

—Ô garota cega, ele tentou te beijar!

—Foi o momento clichê, Marlene!

Marlene expirou com raiva, revirando os olhos.

—Er, Lily, eu acho que Marlene está certa, sabe? Se ele realmente gostava de você todos esses anos atrás – (“se é que ele gostava mesmo de mim, não tenho certeza ainda” Lily resmungou) – é completamente possível que tenha voltado a gostar.

—Vocês dois estão malucos, isso sim – Lily respondeu.

—Lily – Marlene chamou com certa hesitação, algum tempo depois – por que você estava evitando me falar tudo isso?

—Porque eu sabia que você iria reagir com essas ideias malucas – Lily respondeu de imediato. Marlene estreitou os olhos.

—Não, não sabia. A sua cara de surpresa foi 100% real quando eu falei que achava que James ainda gosta de você. Quero dizer, você mal falou com James ontem no hotel depois que Benjy foi embora, e preferiu jogar xadrez hoje com Peter.

—Eu gosto de xadrez. E de Peter – Lily respondeu, dando de ombros.

—Parece para mim que você também estava ignorando James – Marlene continuou, sem dar atenção à justificativa da amiga – e foi dormir cedo de fato, como se quisesse ignorar tudo... como você faz quando tem algo desagradável no trabalho e não quer pensar...

—Você está delirando, Lene.

—Mas por que você não iria querer pensar no dia de ontem, se foi tão perfeito?

—Porque tenho outras coisas com as quais me preocupar.

—Talvez ela não quisesse na verdade refletir sobre coisas que o encontro a fez pensar e ela reprimiu automaticamente – Benjy sugeriu. Lily revirou os olhos.

—Eu estou bem aqui, não fala como se eu não estivesse! E não foi um encontro! – Lily replicou.

Marlene, no entanto, arfou e arregalou os olhos, apontando para Lily.

Você gosta dele! – Marlene exclamou.

Lily ergueu as sobrancelhas e corou levemente.

—No sentido de ele ser uma pessoa ok e engr-

—Não, sua idiota, no sentido de você não ter gostado nenhum pouco de Benjy ter interrompido vocês ontem! No sentido de você querer ser a garota que ele leva para o quarto do hotel depois do jogo.

—Marlene, não fale absurdos – Lily vociferou.

—Não acho absurdo – Benjy disse, olhando pensativo de Lily para James, que dava ordens para o time – Potter parece ter amadurecido, pelo que vocês comentam, e era o seu principal problema com ele, não?

—Não significa que eu esteja apaixonada pelo garoto!

—Ah, Lily, para com isso. Ninguém disse em estar apaixonada. Só em ter uma quedinha, sabe? Benjy está certo; James mudou desde o sétimo ano, e olha que você já era bem amigável com ele no final.

Lily resolveu nem responder. As besteiras que os amigos falavam! Ela, com uma queda por James Potter! O garoto que a perseguira por tantos anos, que se divertia ao azarar outros, que sempre fazia piada de tudo...

Lily suspirou.

O garoto que se transformara em um animago ilegal para deixar o melhor amigo mais confortável, o garoto que agora era o capitão e ídolo do país e mesmo assim não deixava subir à cabeça (não muito, pelo menos), o garoto por quem ela não podia negar sentir uma atração física, o garoto que lhe proporcionara o melhor (a quem ela estava querendo enganar?) encontro que ela tivera...

—Olha... – Lily disse, hesitando – mesmo que eu tivesse uma queda por James, e não estou dizendo que tenho-

—Mas você tem, continue – Marlene disse.

—...mesmo assim, não significaria nada, já que ele é o suspeito na minha investigação.

—Não até sua investigação acabar, bobinha, mas depois...

—Não tem depois, Lene. Primeiro que ele nem gosta de mim, e isso eu tenho certeza. Depois eu vou voltar para minhas missões, e ele continuará a ser um astro de Quadribol. Fim da história.

Os três observaram o treino por mais alguns minutos, até que os jogadores pousaram e se encaminharam para os vestiários, passando perto de onde eles estavam. Quando James estava perto, ele acenou e piscou.

—Não tão sofrível hoje, eh, Evans? – Ele perguntou num tom de provocação. Lily deu de ombros.

—Já vivi coisas piores – Ela respondeu. James ergueu as sobrancelhas.

—Ah, é? Tipo?

—Um dia inteiro de treino – Lily disse. James riu e seguiu o resto do time, enquanto a garota suspirava e colocava o rosto nas mãos.

—Você tá tão caída por ele – Marlene disse.

Lily nem teve mais forças para negar; apenas grunhiu enquanto Marlene ria dela e Benjy olhava com preocupação e o cenho franzido.

***

Lily ficou relativamente surpresa ao saber que James não contara aos amigos sobre o dia anterior. Ela sempre vira os Marotos como um grupo de amigos que não tinham segredos entre eles.

—Evans, já que meu amigo se recusa a ser meu amigo de verdade, você poderia me fazer a gentileza de contar o que foi tão importante ontem para que ele faltasse a melhor festa até agora? – Sirius perguntou. Lily arregalou os olhos e se virou para James, que estava no chão da sala de estar do hotel, lendo o Profeta Diário.

—Para de ser dramático, Almofadinhas – James disse com uma revirada de olhos.

—Não estou sendo! Foi festa na piscina, Pontas! Tem noção de quantas garotas ficaram decepcionadas em você não ter ido?!

—Não, e não me interessa – James respondeu, passando a página do jornal. Marlene ergueu as sobrancelhas em direção a Lily, mas a ruiva continuou a encarar Sirius, tentando não ser afetada pelo comentário de James.

—O que você fez com ele, Evans?! Ele dá uma desculpa esfarrapada de uma promessa, e quando volta não conta nada porque acha que você não gostaria que ficassem falando.

Lily mordeu o lábio inferior e olhou para James, que não tinha desviado a visão do jornal, porém tinha um rubor no rosto fácil de se ver. Lily sorriu.

—Ele me devia um dia inteiro sem Quadribol e cumpriu. Conheci uma parte trouxa de Paris e de Barcelona, onde vimos um jogo de futebol, depois voltamos e tive que falar com Moody. Só isso – Lily resumiu, dando de ombros.

—Mas não teve nada demais – Sirius disse num tom claramente desapontado.

—Não teve mesmo – Lily concordou.

Sirius continuou a resmungar até a hora de ir se arrumar – James iria jantar com os pais, então Sirius automaticamente iria junto. Lily tinha dito que ela poderia ir com Marlene e sentar em outra mesa, mas James insistiu que não se importava, e garantiu que seus pais haviam gostado muito dela e ficariam felizes em vê-la também.

—Eu me sinto péssima tendo que me intrometer nesse tipo de coisa – Lily disse mais uma vez, num tom de desculpa, para James e Sirius enquanto os três iam para o restaurante que Fleamont gostava.

—Não precisa, Lily – James respondeu, dando um leve empurrão nela com o ombro.

—É, relaxa – Sirius concordou – o velho Fleamont ama quando alguém que sabe o mínimo de poções aparece para conversar com ele, e Euphemia ama quando alguém por perto para nos regular.

Lily riu junto com os dois garotos.

—Mal posso ver a hora de não precisar seguir James toda hora.

—Você já sabe que ele é inocente, por que ainda segue?

—Porque... James é o suspeito de Schröndiger. – Lily comparou depois de um tempo pensando.

—Desculpe, eu sou o quê? – James perguntou, erguendo as sobrancelhas.

—Ah, Deus, esqueci que vocês não entenderiam. Bom, Schröndiger era um físico trouxa que tinha uma teoria que se ele colocasse um gato dentro de uma caixa fechada, não se sabe se o gato está vivo ou morto até a caixa ser aberta – Lily explicou – então enquanto a caixa está fechada, o gato está vivo e morto ao mesmo tempo.

Os dois olharam para Lily como se ela fosse maluca.

—É um paradoxo, entendem? Não se sabe como ele está, então ele está vivo e morto, ao mesmo tempo. Não há resposta. Então no momento James é o gato de Schröndiger para Moody, que não sabe das aventuras de vocês: culpado e inocente até que a investigação seja resolvida.

James e Sirius franziram a testa, até que James abriu seu famoso sorriso convencido e piscou para Lily:

—Eu sabia que você me achava um gato.

Sirius e James gargalharam, enquanto Lily revirava os olhos (não que ele estivesse errado, mas eles tinham ignorado tudo que ela havia dito) e tentava esconder um pequeno sorriso.

Fleamont e Euphemia estavam num canto do restaurante, já acostumados com a atenção que James atraía e decididos a ter um pouco de paz naquela noite. Como James havia dito, ambos adoraram ver Lily novamente: Fleamont ficava encantado cada vez que a garota engajada em alguma conversa com ele sobre poções, enquanto Euphemia aproveitava a presença dela para ralhar com os dois filhos.

—Honestamente, às vezes eu não sei o que fazer com você, James Potter – Euphemia disse, no meio da refeição quando James insistiu que ele não precisava saber dançar para o casamento da filha de uma amiga dela.

—É realmente difícil, mamãe – ele concordou solenemente, para depois soltar uma piscadela para Lily e concluir: – eu sou um paradoxo.

***

—Então quer dizer que voltamos quatro anos no tempo?

James revirou os olhos com a pergunta de Remus. Sirius, claro, não conseguira manter segredo de Remus e Peter sobre James estar... interessado novamente em Lily, e na primeira oportunidade em que os quatro estavam juntos, com as garotas afastadas (Marlene insistira em sentar numa mesa distante dos garotos pois tinha “assuntos” para discutir com Lily), falara tudo.

—Tira esse sorrisinho, Aluado – James resmungou – Não voltamos quatro anos no tempo.

Sirius bufou.

—Claro que não. Dessa vez ela está lhe investigando por assassinato.

James fez uma careta. Por pior que fosse aquela perspectiva, ainda era verdade.

—Ela não acha que eu sou culpado – Foi a única retórica que lhe veio à mente.

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—Não importa muito, importa? – Peter questionou – Não achar que você seja o culpado não significa que ela goste de você também.

James queria contradizer o amigo, mas era a mais pura verdade.

—E não engulo essa história de promessa, Pontas – Sirius falou logo em seguida – Você só quis uma desculpa para levar Lily a um encontro. Ei, 10 anos depois você conseguiu! Parabéns, cara!

James soltou um muxoxo e continuou a comer. Ele não tinha coragem de levantar o olhar para procurar onde Lily estava.

—Para de encher, Sirius. Eu nunca devia ter te contado – James retrucou. Sirius apenas riu.

—Me contado? Você fala como se eu não tivesse descoberto por causa de um treino péssimo e uma conversa entreouvida.

Eles ficaram em silêncio por algum tempo, mas James sabia que Sirius estava sorrindo.

—Então... – Remus disse – O que você vai fazer a respeito?

—O que eu poderia fazer a respeito, Aluado?

—Bem... você poderia continuar a ser... amigável com ela até essa investigação acabar... e depois tentar manter contato? Quem sabe depois de tudo ela não passe a gostar de você também? Não é impossível, sabe.

James ponderou a sugestão de Remus. Fazia sentido. Lily e ele estavam próximos agora; ele se arriscaria a dizer que eram amigos. Ela parecia ter gostado muito do dia sem Quadribol... mas James tinha suas dúvidas se aquilo seria suficiente para eles manterem contato depois da Copa.

—Não é impossível, mas é difícil. Qual a grande diferença entre hoje e quatro anos atrás, quando ela apertou minha mão e disse que não sido tão desagradável quanto ela esperava, muita sorte na minha vida? – James argumentou. Sirius e Peter começaram a rir, mas James ignorou os dois.

—Bem, você. Vamos, Pontas, você sabe que era meio babaca, não sabe? – Remus pontuou, erguendo as sobrancelhas.

—Ei, não no sétimo ano!

—Ainda era um pouco. Lily também mudou, cresceu, assim como todos nós, exceto, aparentemente, por Sirius – Remus adicionou, olhando de relance para o garoto em questão.

—Pontas, o negócio é o seguinte: ela é gata, mas você não pode fazer nada por agora. Então aproveita enquanto está aqui, cara!

James e Remus olharam parcialmente incrédulos para Sirius.

—A sua sensibilidade é comovente, Sirius – James disse sarcasticamente.

—Palavras que nunca pensei que fosse ouvir.

James se virou rapidamente e percebeu Lily e Marlene atrás dele. Ele estava tão concentrado em não passar tanta vergonha por causa de Sirius que se deixou surpreender pelas garotas.

—Ora, Evans! Sensibilidade é uma das minhas principais qualidades.

A risada de Lily e Marlene foi o suficiente para compartilhar o sentimento das garotas sobre o comentário dele.

Os meninos terminaram de comer e todos eles seguiram para um evento que James participaria com algumas crianças: um jogador de cada seleção iria jogar um pouco com as vencedoras de um concurso local em um dos estádios.

James adorava esse tipo de atividade, muito mais por estar com as crianças do que pela publicidade que estava ali. As crianças simplesmente adoravam estar ali, com as estrelas, e dava para ver o quanto o esporte era importante para elas.

Então James se jogou na atividade, que além de ser algo que era importante para James e para as próprias crianças, tinham um outro lado positivo: ele pararia de pensar na ruiva cujos olhos verdes circulavam por toda a área.

Ele ajudou vários garotos e garotas a melhorar o arremesso da goles, deu dicas de como voar melhor, conversou sobre os exercícios físicos necessários para um atleta profissional e até mesmo ensinou um pequeno a voar.

Mas quando ele menos esperava, lá estava Lily, fazendo quase o mesmo que ele, mesmo sem precisar. Ele não se lembrou de tomar a decisão de se encaminhar para onde a garota estava, mas quando percebeu, estava ao seu lado.

—Olha, Karen, eu não sei porque como eu disse, não jogo Quadribol, mas posso achar alguém que jogue... – Ela ia dizendo a uma menininha.

—Precisa de ajuda aí, Evans? – James ofereceu. As duas se viraram para ele; Lily sorriu e corou levemente, enquanto Karen arfou.

James Potter! Srta. Lily, a senhorita conhece... ele? – Karen perguntou, mal contendo a animação. Lily riu.

—É por causa de James que estou aqui, na verdade... – Lily se virou para ele – Karen aqui quer saber o que é preciso para ela se tornar uma jogadora profissional... antes estávamos falando sobre as melhores posições para se jogar, mas meu conhecimento acaba por aí. Pode nos contar da sua experiência?

—Claro! – James concordou – Bom, Karen, eu não vou mentir, não é fácil. Pra você conseguir, você precisa ser muito boa, e precisa treinar muito. E começar a treinar antes de entrar na escola, nem que seja só voando, ou só arremessando a goles.

—Foi assim com você? – Karen perguntou, os olhos levemente arregalados.

—Definitivamente. Eu voava desde que ganhei minha primeira vassoura aos 6 anos, e nunca mais parei. Como eu não tinha irmãos e nem muitos amigos da minha idade, eu tinha que pedir ajuda a meus pais para treinarem comigo.

—Eu tenho irmãos, eles podem me ajudar – Karen comentou, assentindo. James sorriu.

—Ei, já tá melhor que eu estava! Então quando eu cheguei na escola, me esforcei ao máximo para entrar no time, e mesmo quando ainda era reserva, treinava mais do que todo mundo. Era o primeiro a chegar, o último a sair dos treinos. Às vezes, ia para o campo treinar mais.

Karen assentiu, como se estivesse fazendo uma anotação mental.

—Então treinar muito? Esse foi o seu segredo? – Ela perguntou, e James concordou com a cabeça e sorrindo.

—Mas James aqui também é muito bom, e isso também é importante – Lily disse. James olhou para ela, erguendo as sobrancelhas, mas ainda sorrindo – Mas também sempre deu conta dos estudos. Sabia que ele foi Monitor-Chefe?

Karen concordou e exclamou um “sim!”.

—Eu vi numa revista sobre ele! Monitor-Chefe e capitão do time!

—Vai pra lá e lança uma goles pra eu ver como você tá!

—Srta Evans vai jogar também? – Karen perguntou.

—Claro! – James respondeu – Mas temos que dar um crédito a ela; ela prende os bandidos, então a gente dá um desconto se ela errar, tá certo? – Ele pediu, piscando para a garota. Lily semicerrou os olhos e se postou numa distância que pudesse participar.

Para surpresa de James, Lily não deixou a goles cair nenhuma vez; não apenas isso – a garota arremessava muito bem também.

—Onde aprendeu isso, auror Evans? – James perguntou quando Karen saiu. Lily abriu um sorriso convencido.

—Com muito treino, James Potter – Ela respondeu, um toque de ironia na sua voz.

—Diga o que quiser, Evans, mas eu percebi o elogio – Ele disse, cruzando os braços e dando seu clássico sorriso.

—Eu tinha que dar esperanças àquela garota, não é? – Ela falou – Aproveite que não sei quando vai ocorrer de novo, sim?

—Ah, Evans, mas agora que eu tive um gostinho, vai me negar mais?

—Depende... você tem mais alguma habilidade que não seja voar numa vassoura?

James tentou conter o riso mas não conseguiu. Ela era tão espontânea, sempre com uma resposta na ponta da língua...

—Bem, ter eu até tenho... mas não creio que seja muito educado demonstrar aqui na frente de todas essas crianças... quem sabe mais tarde você não tem a sorte de presenciar? – Ele respondeu, com um sorriso malicioso. Lily ergueu as sobrancelhas e James pôde perceber um leve rubor em seu rosto.

—Ah, claro, como pude me esquecer! A sua incrível habilidade de virar uma garrafa de uísque de fogo de uma só vez!

—Obviamente eu estava me referindo a isso, e apenas a isso.

—Eu tenho certeza que sim. Não haveria nenhum outro sentido possível na sua frase... – Lily concordou, mantendo o jogo – então trate de treinar bastante em todas as outras... ah... atividades, sim? Não é bom prometer e não cumprir.

James riu enquanto Lily saía de perto dele para ir em direção a Marlene.

Ou ele estava louco ou ele tinha acabado de flertar com Lily Evans.

Sacudindo a cabeça, ele seguiu a voz de Sirius para o lugar em que se aglomerava alguns garotos que queriam fotos.

O evento foi um sucesso, segundo o responsável. As crianças haviam amado, as fotos estavam ótimas e o objetivo fora alcançado. Com essa resposta, James foi satisfeito junto com os amigos para o hotel. Sirius, Remus, Peter e Marlene queriam ficar um pouco no bar, onde alguns hóspedes e jogadores estavam organizando um campeonato de poker. Como James não era bom em poker por não saber jogar direito, preferiu subir para o quarto e pensar nas jogadas do próximo adversário da Copa Mundial.

—Você se importa? – James perguntou a Lily quando revelou seu desejo.

—Nah, eu não gosto mesmo de jogos de aposta – Ela revelou.

—Logo você que é tão competitiva? – Ele questionou. Lily riu enquanto entravam no quarto.

—Tem a ver com uma noite de jogos com meus pais há muitos anos atrás em que eu perdi toda a minha mesada em uma só noite e me traumatizei. Eu queria muito comprar um livro e tive que esperar um mês inteiro para a nova mesada.

James riu, imaginando uma pequena Lily Evans se desesperando para comprar o livro.

—Eu não acredito que seus pais realmente ficaram com seu dinheiro! – James comentou. Lily sorriu, e James conseguiu perceber todo o carinho que ela sentia pelos pais com aquele simples gesto.

—Eles fizeram de propósito, para me ensinar os perigos de apostar. Mas eles incorporaram o dinheiro no meu presente de aniversário, então no final das contas foi ok.

James riu de novo, mas sua fala foi interrompida por uma batida na porta.

—Você pediu alguma coisa? – Lily lhe perguntou. Ele negou com a cabeça e observou a garota suspirar, se levantando do sofá onde estavam.

—Fica aqui.

Ela se encaminhou para a porta, a varinha já na mão direita.

—Sou eu, parceira!

James estreitou os olhos. Fenwick e esse apelido com Lily.

James consertou sua expressão e se levantou para receber o auror que trabalhava com Lily.

—Hey, Benjy! – Ela cumprimentou, abrindo a porta e abraçando o colega.

—E aí, Lily. Potter.

—Fenwick – James cumprimentou com um aceno de cabeça.

—Entra logo! Está tendo um torneio de poker lá embaixo e os outros estão lá. James não gosta, assim como eu, então preferimos subir logo.

James observou os olhos de Fenwick se estreitarem e uma de suas sobrancelhas erguerem em direção a Lily, mas não pôde ver a reação da garota, já que ela ainda estava de costas. Ela se apressou em fechar a porta e trazer o colega mais para dentro.

—Passei só para dizer que Moody conseguiu ir a Londres hoje. Daqui a pouco ele aparece com os, er, arquivos que você solicitou. Devo esperar por ele no mesmo bar que vocês se encontraram, e depois trazer para você... a não ser que você queira ir e eu fico aqui...?

—Não, Benjy, melhor você ir – Lily disse – Por causa desse torneio tem imprensa por perto, e eu deveria estar de férias. Não vai ser interessante que me vejam recebendo arquivos vindos de Moody.

Fenwick assentiu vagarosamente, e fez uma careta, hesitante.

—Então, parceira... não sei se posso deixar você sozinha com ele aqui, sabe?

James franziu a testa e cruzou os braços.

—O que isso quer dizer? – Ele perguntou após alguns instantes de silêncio, mas Fenwick nem olhou para ele para responder.

—Lily sabe do que estou falando.

—Benjy, vai logo, ok? Deixa de besteira. Está tudo sob controle. Não precisa se preocupar com isso. – Lily disse. Benjy suspirou e revirou os olhos, mas fez como Lily sugeriu.

James observou o auror sair, ainda de testa franzida e braços cruzados. Quando a porta bateu, Lily suspirou e pôs o rosto nas mãos. O pouco que James conseguia ver agora estava corado.

O tom de voz dela deixava claro que ela não estava com raiva. O ambiente não estava quente, então o rubor não era por calor. O máximo de atividade física que ela fizera fora andar até a porta, então tampouco era por isso. Só restava vergonha.

Mas por que ela estaria com vergonha do motivo da preocupação louca de Fenwick? E por que Fenwick não queria que ela ficasse sozinha com James? O que ele achava que James faria? Matar a auror que estava o investigando? Isso não era um clichê dos seriados de investigação que Peter assistia?

Mas uma vozinha disse que não matar... que havia outro clichê que Peter assistia: o de romances.

James até esboçou um sorriso ao perceber o medo de Fenwick: que ele e Lily ficassem. Mas o sorriso logo se desmanchou. Estaria o auror com ciúmes? Era a explicação mais razoável que James conseguiu encontrar.

E se ele estava com ciúmes, ou ele gostava de Lily, ou estava com Lily. Pela reação da garota, James (com pesar) se inclinava para a segunda opção.

Então ele decidiu se ocupar antes que falasse alguma besteira – já conseguia sentir sua maxila fechada, acompanhando o sentimento que tomava todo o seu abdome e não apenas o estômago.

—Esquece o que Benjy falou, James – Lily disse, alguns instantes depois quando ele já estava novamente no sofá, agora com sua prancheta.

—Não tem problema, seu namoradinho não precisa ficar com ciúmes...

James não desviou seu olhar da prancheta à sua frente, mas pela visão periférica conseguiu captar o choque de Lily às suas palavras, que se transformou em confusão.

—Benjy não é meu namorado.

—Bem, parece que é, Lily – James disse, ainda sem olhar para a garota. Agora pôde notar que ela cerrara os dentes e começara a corar de novo; definitivamente raiva dessa vez.

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—Pois eu já disse que não é, e não pela primeira vez. E ele não está com ciúmes.

Dessa vez James não aguentou; ignorou por completo sua prancheta e levantou enquanto ria sem humor.

—Seu parceiro demonstra algo bem diferente disso, sabe?

—Caramba, James, eu o chamo de parceiro por causa da polícia. Os aurores trouxas.

—É realmente um bom disfarce – James comentou – Moody não tem cara de que aprovaria um romance entre aurores que trabalham juntos. Será que ele separaria o casalzinho?

—Nós não somos um casal! – Lily gritou.

—Difícil de acreditar, sabe, pelo jeito que agem.

—Há, isso realmente é ótimo vindo do cara que traz qualquer garota para o quarto de hotel! – Lily disparou. James jogou as mãos para o ar, se aproximando involuntariamente.

—Foi uma vez!

Nessa Copa, você quer dizer – Lily corrigiu com desdém, cruzando os braços.

—Bem, a culpa não foi exatamente minha.

—Ah, pronto! Agora eu sou a culpada por você não “aproveitar” a Copa como Sirius aproveita, não é? Não se preocupe, quanto antes eu receber essas fotos mais rápido você se livra de mim e volta para sua vidinha de-

James não soube exatamente o que o motivou; ele só sabia que não podia aguentar mais ouvir Lily falando como se ela não fosse nada mais que uma empata-foda. Não era que ela atrapalhava ele com outras garotas – ele não queria outras garotas.

E a única maneira que ele encontrou de demonstrar isso foi calando Lily com o beijo que estava louco para dar havia tanto tempo.

Quando ele a segurou pela cintura, esperou que ela fosse azará-lo, chutá-lo ou socá-lo. Mas para sua grata surpresa, a reação de Lily foi passar uma das mãos no seu cabelo e outra pelo seu pescoço.

Com uma resposta positiva, James não tinha outra alternativa a não ser puxar a garota para mais perto, mais perto, mais perto... porque ela ficara longe demais por muito tempo, e ele definitivamente estava cansado dessa distância.

E o desespero daquele beijo, a pressão que as suas mãos faziam na cintura da garota, o suspiro que ele deu ao deixar a boca da ruiva para explorar o seu pescoço... tudo parecia demonstrar exatamente o que ele achava da situação.

Em retrospectiva, talvez passar para o pescoço de Lily fora o erro da noite; ele dera espaço para que a boca da garota conseguisse falar.

—James... eu não... por favor, não...

Com a negativa da garota, James imediatamente suspirou e apoiou a testa no ombro de Lily.

—Não quer ou não pode? – Ele perguntou com uma voz rouca, levando o rosto para encarar aqueles olhos, agora brilhantes e com boa parte do verde tomado por preto.

—Isso importa? – Ela perguntou, mordendo o lábio. James suspirou novamente e se afastou de Lily, passando uma mão pelos cabelos como sempre fazia quando nervoso.

—Não, não importa. – Ele concordou.

—É que Benjy...

James estava pronto para iniciar um discurso contra o maldito do Fenwick, quando escutaram novamente uma batida na porta. Lily fechou os olhos, para então abri-los alguns segundos depois. Ela, então, ajeitou a sua blusa, que havia desarrumado sob o firme aperto de James e foi atender.

—São várias fotos – Fenwick comentou, com uma grossa pasta em mãos. Lily assentiu e colocou as fotos na mesa. James estava de costa para o dois, ainda com as mãos nos cabelos.

Ele beijara Lily. E Lily o beijara de volta. Ela não tinha como negar isso, porque ele tinha quase certeza que as unhas delas haviam deixado algum arranhão na parte de trás de seu pescoço.

Mas de nada aquele beijo adiantara, já que ela interrompera tudo ainda no início. Ele tinha certeza que quando ela falara “Benjy”, aquela era sua explicação. Ela não podia, porque estava com o palhaço do auror.

—James, pode vir aqui um instante? – Ela chamou, a voz com um tom de incerteza. Ele suspirou e foi até a mesa, onde Lily, ainda corada, estava apoiada, mas sem sentar – Pode ser meio chocante, mas eu queria lhe pedir para ver essa foto, ok? Você talvez tenha sido uma das últimas pessoas a ver Jack, mesmo que tenha sido um dia antes. Vê se você consegue identificar alguma coisa diferente.

James assentiu rapidamente com a cabeça e encarou a foto que Lily mostrava. Jack estava deitado na grama, e pelos buracos de toupeiras ao redor dele, perto de onde ele e Lily quase tinham se beijado quando...

James sacudiu a cabeça se concentrando. Ele prestou bastante atenção em tudo, até que franziu a testa.

—A única coisa que vejo de diferente da quinta para essa foto é esse machucado no pescoço dele.

Lily puxou a foto mais para perto, e também franziu a testa.

—Sr. Miller foi o último que viu Jack vivo...

Ela correu para o quarto e voltou com o depoimento transcrito de Anderson Miller.

—Ele diz que Jack não tinha nenhum roxo no corpo, suponho que ele queria dizer hematoma... E se tivesse, creio que alguém da Copa teria dado um jeito... então podemos assumir que foi feito pelo assassino...

Lily estava murmurando mais para ela do que para os outros dois. Então ela aumentou a foto com um gesto da varinha e focou no hematoma que James falara, até arfar.

—Meu Deus, foi trouxa, Benjy! – Ela exclamou – Olha só, perceba que no hematoma tem vários pontinhos vermelhos – Lily disse, e tanto Fenwick quanto James se aproximaram para ver – Esse hematoma foi de alguém tentando pegar a veia do garoto, mesmo que num lugar não tão comum!

—Espera, que nem fazem para doar sangue? – James perguntou, se lembrando do que Lily havia lhe explicado quando haviam saído juntos. Ela assentiu.

—Exatamente!

—Mas como matariam com isso? – Fenwick perguntou. Lily soltou uma risada fraca.

—Existem vários jeitos de um trouxa matar outra pessoa se tiver acesso à sua veia. De uma coisa é certa: esse assassinato foi trouxa. Então vamos precisar de uma investigação trouxa.