— Abra os olhos, meu anjo, por favor! _ pediu Antonio sorrindo, diante do medo de Elisa quando chegaram ao topo do grande rochedo que circundava quase toda a praia de Jersey.
Depois de insistir muito, Elisa conseguiu com que Antonio a levasse para um passeio de moto até o topo do oponente rochedo, porém ao constatar a altitude, Elisa já se arrependera da ideia.
— Tudo bem, Antonio, concordo que você tinha razão quando não queria me trazer aqui. Vamos voltar para a praia. _ disse ela ainda sem coragem de abrir os olhos, fazendo Antonio rir novamente.
—Mas não era por esse motivo que eu não queria trazê-la aqui. O motivo real de minha relutância era porque eu tinha planos bem mais interessantes e prazerosos para colocarmos em prática essa tarde.
— Antonio, você só consegue pensar nisso? _ perguntou ela abrindo os olhos e rindo, não acreditando no que ouvia.
—Com você assim em meus braços sim, meu anjo. _ gracejou ele antes de beijá-la apaixonadamente, fazendo Elisa desejar também que estivessem realmente na suíte da casa de praia naquele momento.
Naquele momento, Elisa até se esqueceu de que estavam praticamente a quase trezentos metros de altitude, apenas o que passou a importar para ela foram os braços de Antonio a envolvê-la e os lábios dele a beijar sua boca, seu pescoço, sua nuca, enquanto ela esquecia até mesmo da situação em que os dois se encontravam. Elisa sabia que algo mudara entre eles desde a noite anterior quando se entregara a Antonio, mas por mais que o amasse e desejasse que ele a amasse também, ela não queria sonhar alto demais criando fantasias sobre o tão cobiçado herdeiro ao trono de Monsália nutrir algum sentimento por ela além de um mero desejo, seria sonhar demais… _ pensou Elisa quando Antonio parou de beijá-la, enquanto acariciava seu rosto.
—O que você faz comigo, Elisa? _ perguntou ele com voz rouca de desejo olhando-a nos olhos fazendo o coração de Elisa acelerar. _ Não importa o tempo que eu a tenha em meus braços, nunca é o suficiente. A minha vontade era de ficar trancado em nosso quarto com você durante todo o dia amando-a de todas as formas possíveis, sentindo a sua pele , ouvir você dizer que é minha, Elisa.
—Por favor, Antonio. não fale essas coisas. _ murmurou Elisa enquanto Antonio beijava o seu pescoço, mordiscava sua orelha sem parar de acariciá-la.
—Por que, meu anjo? _ gracejou ele sem parar de provocá-la. _ Te incomoda saber que estou completamente obcecado por você?
— Não. _ devolveu ela sorrindo, ainda enlevada pelas palavras e carícias de Antonio._ O que me incomoda é você ousar me seduzir a mais de trezentos metros de altitude, tirando toda minha concentração em relação a minha segurança.
— Como se eu fosse permitir que você corresse qualquer risco ao meu lado! Mas, tudo bem, querida esposa. _ riu ele girando-a em seus braços. _ Você tem razão, já que estamos aqui vamos contemplar essa maravilha da natureza; antes que eu mude de ideia e prossiga com os antigos planos que eu tinha em mente. O que acha dessa maravilha da criação divina?
Ao olhar a imensidão de água que se perdia de vista, Elisa pensou por um momento que poderia existir paraíso na Terra sim, sentindo a suave brisa em seu rosto e os braços de Antonio a envolvê-la pela cintura, Elisa até se esqueceu de que estavam na ponta do mais alto penhasco sobre o mar de Jersey.
— Gostou? _ perguntou Antonio em seu ouvido se referindo à magnífica paisagem que se estendia aos pés deles mostrando todo aquele paraíso natural em toda sua beleza.
—Ah, Antonio é tudo tão lindo… Tão maravilhoso! _ Exclamou Elisa ainda pensando que deveria estar vivendo um sonho e que a qualquer momento iria acordar.
— A única maravilha que consigo enxergar neste momento é você, meu anjo. _ murmurou Antonio beijando-a abaixo de sua orelha, fazendo-a acreditar que por mais que parecesse impossível era realidade tudo o que estavam vivendo. _ Posso te fazer uma pergunta?
—Claro que pode. O que é? _ perguntou ela sorrindo sentando-se com Antonio sobre a jaqueta que ele estendera sobre a relva do rochedo.
—É sobre algo que me deixa curioso, porém você não precisará falar sobre esse assunto, caso não seja de sua vontade.
— Pode perguntar, não tenho segredos em minha vida.
— Tudo bem... Por que você sempre se esquiva quando pergunto sobre sua mãe?
—Eu não me esquivo. _ respondeu Elisa corando, desviando o olhar _ Como eu disse, apenas não tenho muito que falar dela. E também não acho que esse é um assunto que você acharia interessante.
— Elisa, tudo o que se refere a você me interessa, imaginei que já soubesse disso. _ gracejou ele levantando-lhe o queixo.
—Por favor, Antonio, podemos mudar de assunto? _ perguntou Elisa sentindo a voz embargar e os olhos umedeceram, sempre tinha essas reações quando tinha que falar sobre sua mãe.
—O que foi Elisa? Por favor, não me diga que vai chorar. _ pediu Antonio a abraçando. _ Desculpe-me, eu não tenho o direito de invadir sua vida particular dessa forma. Falaremos apenas do que você quiser falar. Tudo bem?
— Tudo bem, Antonio, o problema é que eu não estava preparada para essa pergunta; sempre foi muito difícil para mim falar com alguém além de Felícia do quanto a falta dela me fez mal todos esses anos. Foi horrível; sabe? Eu tinha apenas treze anos na época, sempre soube que eles brigavam muito, mas nunca imaginei que ela poderia me deixar, sua única filha... Ela parecia me amar, cuidava de mim com todo carinho, porém não suportava a vida humilde que papai podia nos dar. Então certo dia ela chegou em casa radiante dizendo que havia conseguido um emprego como secretária de um dos gerentes de uma grande multinacional de Londres; passado um tempo ela começou a se atrasar para chegar em casa, tinha noites que quando ela chegava eu já estava dormindo... até o dia em que eu esperei-a até de madrugada e ela não voltou. No outro dia, papai e eu ficamos sabendo que já fazia um tempo que ela mantinha um relacionamento com o chefe e que decidira ir embora com ele. Como alguém pode ter coragem de abandonar um filho assim Antonio?_ perguntou ela vencida pela emoção.
— Não chore meu anjo, por favor, não sabe o quanto me deixa péssimo vê-la assim. _ disse Antonio a abraçando._ Escute uma coisa: eu não sei o que levou sua mãe a tomar essa atitude, mesmo que nada justifica isso, já que te fez tão mal todos esses anos; mas agora Elisa, você tem a mim e eu prometo que nunca irei permitir que nada e nem ninguém faça você chorar novamente.
E dizendo isso Antonio a beijou, não apenas com um simples desejo ou paixão como a beijara momentos atrás enquanto faziam amor na suíte da casa da praia após o almoço; naquele momento havia algo mais concreto, mais forte que um mero desejo, algo que Antonio jamais experimentara com nenhuma mulher. Ao beijá-la Antonio pensava apenas em consolá-la e ajudá-la a cicatrizar as feridas que o abandono de sua mãe provocou; porém ele notou que era Elisa quem estava ajudando-o a esquecer dos seus problemas, trazendo-lhe a vida novamente, ressuscitando lhe os sonhos, a juventude com seu... amor. Sim, era isso que sentia por Elisa, ainda que ele tentasse se convencer do contrário. Antonio pensou consigo mesmo que ao convidar Elisa para Jersey sabia que suas vidas mudariam daquele dia em diante, porém nunca pensou que a mudança que aconteceria dentro dele depois da primeira noite que tivera Elisa em seus braços seria tão brusca: antes daquele final de semana ele até cogitou o fato de permitir que o casamento prosseguisse com a anulação após o fim do contrato e Elisa permaneceria como sua amante até o tempo que os dois desejassem; mas depois que descobrira o que era amor nos braços de sua doce Elisa, Antonio descobriu que com ela, ele não queria apenas mais uma relação como tantas outras que vivera, com ela ele queria algo duradouro, que durasse o resto de suas vidas, se possível... E não importava se tivesse que enfrentar a oposição de seu pai, do Conselho de Monsália ou de quem quer que fosse para conseguir isso.
— Obrigada Antonio._ disse ela sorrindo quando pararam de se beijar.
— Você sabe que não precisa me agradecer por isso, Elisa. Como eu disse, meu prazer é proporcionar-lhe toda a felicidade possível.
— Acredite Antonio, eu nunca fui tão feliz em toda minha vida.
— Não mais do que eu, Elisa. Esses dias aqui em Jersey estão sendo os melhores de toda minha vida.
Elisa sentiu seu coração se expandir ao ouvir as palavras de Antonio, mas prometera a si mesma que não criaria expectativas sonhando com um futuro entre ela e Antonio, temia estar sonhando demais.
— Elisa você não acredita em mim, não é? _ perguntou ele notando o ar pensativo de Elisa ao ouvir suas palavras.
— Claro que acredito... O problema é que tudo isso parece um sonho… Um sonho do qual eu nunca irei esquecer.
— Não é um sonho meu anjo, é a mais deliciosa e pura realidade. E para comprovar o que estou dizendo, gostaria de lhe dar isso. _ disse ele colocando uma pequena caixinha de veludo na mão de Elisa.
—O que é isso? _ perguntou ela surpresa.
— Abra! Eu queria ter lhe dado ontem, mas tínhamos necessidades mais urgentes para serem saciadas. _ murmurou ele em seu ouvido, beijando seu pescoço em seguida.
Elisa abriu a caixinha e encontrou lá dentro um lindo anel com uma esplêndida esmeralda em formato de coração, a joia era tão magnífica e reluzente que refletia intensamente exposta ao sol daquela tarde.
— Antonio é simplesmente lindo! Mas eu não posso aceitar!_ disse ela devolvendo a caixinha para Antonio.
— Você vai fazer essa desfeita comigo, Elisa?
— Não é desfeita Antonio! _ disse ela se colocando de pé._ É que eu não posso aceitar, não depois do que aconteceu entre nós.
—E o que tem haver Elisa o que aconteceu entre nós dois e o fato de eu querer presenteá-la?
—É que eu não quero que você pense que tem a obrigação de me presentear só porque estamos... juntos.
— Elisa eu lhe presenteio não é por me sentir obrigado, mas sim porque eu gosto de agradá-la, de mimá-la, porém você não permite. Responda-me: quantas vezes você recusou quando eu quis te presentear com algo?
— Ora Antonio, eu recusei apenas poucas vezes.
—Poucas vezes meu anjo? Você devolveu-me até a gargantilha que eu lhe dei no dia de nosso casamento.
— Você sabe Antonio, eu não sou cheia desses caprichos como as mulheres que você já deve ter conhecido.
— Elisa você é diferente em todos os sentidos, para mim você é única e é por isso que eu quero que você me permita provar isso. Aceite o anel, por favor.
—Mas é injusto Antonio, já que eu não tenho como presenteá-lo, sendo que você já possui tudo.
—Mas acredite o bem mais precioso que eu tenho, meu anjo está agora entre meus braços. _ disse Antonio beijando os cabelos de Elisa fazendo o coração dela disparar com suas palavras.
— Tudo bem! Vou fingir que acredito e já que insiste aceitarei o anel._ gracejou ela para disfarçar a emoção.
— Ainda irei convencê-la de minha sinceridade._ devolveu ele sorrindo. _Permita-me?
— Claro! _ respondeu Elisa estendendo a mão para que Antonio colocasse o anel.
— Sabe qual o nome dessa joia? _ perguntou ele.
— Nem imagino. _ respondeu ela admirando o lindo anel.
— Chama-se Soberano de Monsália.
— Tem algum significado?
— Uma antiga lenda monsálica diz que essa esmeralda simboliza o coração do então soberano de Monsália.
— Nesse caso você! E por que você deu ele a mim se ele é tão precioso assim? _ perguntou Elisa
— Porque a lenda termina dizendo que onde estiver o anel ali também estará o coração de seu dono.
E antes que Elisa processasse direito o que Antonio disse, ele a beijou intensamente enquanto seu coração batia descompassado dentro do peito não acreditando ainda no que ouvira… Antonio se declarara para ela? Só poderia estar sonhando! _ pensou ela correspondendo ao beijo da mesma forma.
—Já que sabe que meu coração está em suas mãos o que tem a dizer a esse respeito? _ perguntou ele sorrindo ao parar de beijá-la.
Elisa sorriu, reuniu toda a coragem que tinha, olhou nos olhos de Antonio e disse, corando:
—Que eu te amo!
Por um momento Antonio ficou em silêncio, como se não entendesse o que Elisa dissera. Sempre deixara claro em seus relacionamentos que amor e prazer eram duas coisas bem diferentes que nunca deveriam caminhar juntas, porém naquele momento ao ouvir Elisa dizer de forma tão espontânea que o amava, Antonio compreendeu que amor e prazer podiam andar juntos sim, se fossem partilhados com a pessoa certa. E por ironia do destino a única pessoa que despertara tal sentimento nele era justamente a única que para tê-la ele teria que com certeza, fazer uma das escolhas mais difíceis de sua vida…
—E o que você tem a dizer a esse respeito? _perguntou ela também sorrindo.
— Repete! _ pediu ele sorrindo deitando-a sobre sua jaqueta. _ Acho que não ouvi direito.
—Eu te amo Antonio!_ disse ela antes de ser calada por outro beijo, porém dessa vez mais urgente e avassalador, era como se ele quisesse provar o que Elisa disse.
Elisa abraçou-se a ele enquanto Antonio a beijava e murmurava ao seu ouvido o quanto ela era linda, o quanto ela era especial para ele.
— Se importa de fazer amor a trezentos metros de altitude? _ perguntou ele sorrindo mordendo levemente o seu pescoço.
— Se for com você não..._ respondeu Elisa fechando os olhos para tentar controlar as sensações que a deixavam sem ação sempre que Antonio a tocava daquela forma.
—Claro que é comigo, meu anjo! Sempre será comigo. _ disse ele beijando-a enquanto abria os dois primeiros botões da calça de Elisa.
Nesse o momento o celular de Antonio tocou interrompendo-os.
— Jácomo? _ estranhou Antonio ao reconhecer a chamada do ministro.
— Não vai atender? _ perguntou Elisa ao ver Antonio jogando o celular sobre a relva depois de ignorar a chamada do ministro.
—Agora não. Retornarei para ele daqui a pouco.
— Pode ser importante Antonio. _ insistiu Elisa.
—Eu sei que com certeza é alguma coisa importante, caso contrário Jácomo não nos incomodaria. E é justamente por ser algo importante que eu não quero atender, eu não quero que nenhum problema estrague o único momento que temos para nós dois, já que a partir de amanhã eu já terei que retornar a enfrentar os problemas de Monsália. Minha prioridade nesse momento é apenas satisfazer os desejos de minha esposa. _ terminou ele voltando a beijá-la; porém nesse momento o celular de Antonio tocou novamente.
— Jácomo não o deixará em paz enquanto você não atender. _ comentou Elisa sorrindo.
—É o que parece. Vou atender. Tomara que não seja nada relacionado à saúde de meu pai. _ disse Antonio pegando o celular para atender a chamada. _ Boa tarde Jácomo!
‘ _O que você está fazendo que não atende esse maldito telefone, Antonio? _ perguntou ministro impaciente ignorando o cumprimento de Antonio.
Antonio respirou fundo e apelou a todo seu autocontrole para não perguntar ao ministro se ele queria saber realmente o que ele estava fazendo naquele momento e o que a inoportuna ligação dele interrompeu.
— Aconteceu alguma coisa em Monsália que justifique essa sua ligação, Jácomo? _perguntou ele.
—Em Monsália eu não sei, já que não estou lá.
—Como assim, você não está em Monsália? _perguntou Antonio perdendo a paciência se colocando de pé diante do olhar preocupado de Elisa. _Onde você está então?
— Estou diante da casa de praia, que por sinal está vazia. E onde você, Elisa e os guardas que deveriam estar com vocês estão?
—Aconteceu alguma coisa com meu pai?_ perguntou Antonio preocupado, se perguntando que problema era esse que fizera Jácomo negligenciar suas instruções de ficar em Monsália.
—Não. O rei Alfredo está bem. É com você e com Elisa que estou preocupado, se ainda não percebeu. Onde vocês estão? _insistiu Jácomo.
—Estamos no topo do rochedo. Chegaremos aí em poucos minutos. _terminou Antonio encerrando a ligação, agora sim, preocupado, Jácomo não interromperia sua viagem com Elisa se não estivesse acontecendo alguma coisa muito séria.
—Aconteceu alguma coisa? _perguntou Elisa notando o ar distante e preocupado de Antonio ao encerrar a ligação.
—Não, nada demais! _disse Antonio sorrindo e abraçando-a para não deixa-la preocupada. _É apenas Jácomo que resolveu ter o mal gosto de aparecer sem ser convidado.
—Eu sabia que o ministro não conseguiria ficar dois dias sem seu querido príncipe. _gracejou Elisa recebendo o beijo que Antonio lhe dava._ Mas, pense pelo lado bom: teremos companhia para o jantar.
—E quem disse que jantar estava nos nossos planos de hoje à noite? _perguntou Antonio em seu ouvido, antes de beijá-la novamente...
O ministro teria que esperar mais alguns minutos...

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Quando Antonio estacionou a moto diante da casa quase meia hora depois, Jácomo estava os aguardando de pé na varanda; Estevan e Sebastian estavam com ele também.
—Que prazer tê-lo aqui, meu caro ministro! _gracejou Antonio indo até Jácomo e o abraçando, dizendo em seu ouvido em seguida: _Independente do problema que o trouxe aqui, não fale na frente de Elisa.
—O prazer é meu vê-los bem. _devolveu Jácomo sorrindo, porém Antonio conhecia muito bem seu querido ministro para saber que estava acontecendo algo muito grave. _E como está Elisa? Peço desculpa por aparecer sem avisar.
—Como Antonio disse é um prazer tê-lo aqui conosco. _respondeu Elisa sorrindo. _ Mas, está tudo bem com o pai de Antonio e com o reino?
—Claro, não se preocupe. Eu tinha que vir a Londres resolver alguns assuntos e resolvi passar aqui para vê-los e também pernoitar aqui se não houver nenhum incomodo é claro. Assim poderemos irmos juntos para Monsália amanhã . _disse Jácomo para Elisa, enquanto Antonio olhava-o sem entender nada.
—Claro que não há incômodo. Irei apenas tomar um banho e providenciarei o jantar.
—Não se preocupe Elisa. Iremos jantar em algum restaurante em Jersey. O que acha? Nada melhor do que um jantar em um dos melhores restaurantes de Jersey para fechar esse final de semana perfeito. _disse Antonio levantando-lhe o queixo e beijando-a carinhosamente nos lábios ignorando a presença do ministro, que tossiu discretamente. _Você também está convidado Jácomo.
—Então, com licença! Vou me aprontar para o jantar. _disse Elisa entrando para o interior da casa envergonhada por Antonio tê-la beijado diante do ministro, deixando-os na varanda.

—O que está acontecendo, Jácomo? Por que não está em Monsália como eu lhe pedi? _perguntou Antonio a Jácomo depois que Elisa se afastou.
—Negligenciei suas ordens, meu príncipe, porque você negligenciou minhas instruções em relação a sua segurança e de Elisa!
—O que você está dizendo Jácomo? A que instruções se refere?
—Você não me disse que viria para Jersey sozinho com Elisa, Antonio!
—Como não? Eu disse a você que seria minha lua de mel. Era natural que você soubesse que minha intenção era ficar sozinho com Elisa. _ironizou Antonio.
—Mesmo que isso significasse colocar a segurança dela em risco, Antonio, já que você parece não se preocupar com a sua?!_ alterou Jácomo, porém em voz baixa.
—De onde você tirou isso Jácomo? Eu nunca negligenciaria a segurança de Elisa. Além do mais que riscos Elisa poderia correr estando comigo?
—Talvez isso responda melhor a sua pergunta. _disse Jácomo entregando uma folha de caderno com algumas anotações a Antonio.
Antonio sentiu-se congelar ao ler aquele papel: nele estavam anotados todos os dados de Elisa, além de cada passo dela no dia anterior desde que se separou dele no aeroporto, a parada na casa de Felícia e na loja de enxovais, até o momento em que ela e Felícia chegaram na Clínica.
—O que significa isso, Jácomo? _perguntou Antonio.
—Significa que alguém seguiu Elisa desde que vocês chegaram a Londres!
—Mas quem ousaria fazer uma coisa dessas? Diga-me Jácomo! _ alterou Antonio amassando a folha em sua mão.
—Eu acredito que a mesma pessoa que ousou entrar nos aposentos dela, e acredito também que seja o responsável pela morte de Enrico.
—Mas quem é esse miserável Jácomo?
—Pensei que você adivinharia ao ver esse papel, Antonio. Essa letra não lhe é familiar?
—A letra? Sim, conheço essa letra... Não pode ser! Essa é a letra de... Jácomo você está querendo me dizer que o nosso maior inimigo é Renan?
—Exatamente meu príncipe!
—Vamos dar uma volta pela praia enquanto você me explica isso Jácomo. Não quero correr o risco de que Elisa nos ouça. Venha!
Quando se afastaram da casa, Jácomo começou a narrar todos os acontecimentos a Antonio:
—Pelo que Alfonso me disse a visita que vocês fizeram a Anita Menezes não surtiu efeito na hora, porém depois não sei por qual razão ela se arrependeu e ligou para o seu celular que está com Afonso.
—Então ela decidiu falar a verdade? Mas onde Renan entra em tudo isso?
—Já irei lhe responder: então a moça ligou para Alfonso dizendo que gostaria de se encontrar com você para esclarecer todas as coisas e como Alfonso não quis incomoda-lo decidiu me ligar para que eu o acompanhasse no encontro com ela que ficou marcado para hoje de manhã. Cheguei a Londres hoje de manhã e após me encontrar com Alfonso e Sebastian nos dirigimos até o restaurante onde iríamos encontrar Anita Menezes.
—Então vocês conseguiram falar com ela Jácomo?
—Infelizmente não Antonio. _então em poucas palavras Jácomo disse para Antonio desde o momento em que Renan atropelou Anita até a fuga, onde o reconheceram . _Só não conseguimos pega-lo porque tivemos que socorrer a moça.
—Maldito! _disse Antonio indignado. _Como ele conseguiu nos enganar por tanto tempo Jácomo? Mas como ele sabia que Anita iria se encontrar com você? Por certo os dois são cúmplices!
—Mais que cúmplices, Antonio, eles são irmãos!
—O quê? Renan teve coragem de atropelar a própria irmã?
—Sim Antonio...Por aí se vê que ele é um homem sem escrúpulos . Mas minha maior preocupação é com Elisa no momento meu príncipe.
—Com Elisa? Você diz isso por causa dessas anotações de Renan?
—Não só por isso, mas por algo que Anita disse antes de per-der os sentidos.
—Sobre Elisa ?_perguntou Antonio ansioso.
—Não necessariamente... Ela não mencionou o nome de Elisa; porém quando eu a socorri ela me disse antes de perder os sentidos: "Não deixe que ele faça mal a moça, Renan é capaz de matá-la se encontra - lá" . E logo depois encontramos esse rascunho dentro do carro que Renan abandonou, daí imaginei que ele deve ter comentado alguma coisa com a irmã sobre Elisa.
Antonio levou quase um minuto para processar o que Jácomo lhe falava, enquanto uma raiva se apoderava dele ao imaginar Renan no quarto de Elisa, Renan seguindo - a quando chegaram a Londres, Renan planejando fazer mal a ela... A sua Elisa? Nunca!
—Está tudo bem Antonio? _perguntou Jácomo vendo - o amassar a folha de papel com tamanha pressão que notava os nervos tensos.
—Jácomo, Renan não está nem louco de sonhar em chegar perto de Elisa. Eu o mataria com minhas próprias mãos antes de permitir isso novamente! _disse Antonio tentando conter a raiva._ Se ele tem algum problema terá que resolver comigo! Por que ele tem que querer colocar Elisa no meio disso Jácomo?
—Porque como todos, ele já descobriu o quanto Elisa é importante para você Antonio. Já pensou nisso? Ele quer atingi-lo e ele sabe que se chegar perto de Elisa irá conseguir isso. Ou estou enganado? _perguntou Jácomo com um meio sorriso.
—A única coisa que ele irá conseguir se ousar se aproximar de Elisa novamente Jácomo será a morte.
—Deixe disso! Eu nunca deixaria que ele chegasse tão perto de vocês Antonio. Apenas queria fazer você entender que foi imprudência de sua parte ficar sozinho aqui com Elisa sem nenhuma segurança tanto para você quanto para ela.
—Tudo bem Jácomo . Você tem razão. Estive pensando: é melhor passarmos a noite em Londres hoje.
—Porque Antonio? Vocês estão seguros aqui agora.
—Não é por isso Jácomo, quero ir até a delegacia, fazer uma denúncia formal contra Renan. Não ficarei tranquilo enquanto não esclarecer tudo isso. Quero também ir ao hospital e ver qual o real estado de Anita Menezes. Tudo isso não faz sentido se não esclarecermos tudo e só ela ou Renan poderá nos esclarecer o interesse que ele tem em tudo isso.
—Como achar melhor meu príncipe. _ concordou Jácomo mudando de assunto em seguida: _Mas, você ainda não me contou como tem sido seu final de semana.
—E nem vou lhe contar meu caro ministro! _gracejou Antonio relaxando por um momento. _Só posso lhe dizer que nunca passei dias melhores.
—Não pensei que viveria para ver você tão fascinado por uma mulher como parece estar por essa moça.
—Nisso eu tenho que concordar com você Jácomo.
—Mas já pensou que talvez seja mais difícil para ela quando ela tiver que voltar para Londres ao fim do contrato?
—Não sei se poderei cumprir essa cláusula do contrato depois de ontem Jácomo. _disse Antonio.
—Como não? Ora Antonio, Elisa não pode exigir isso de você, vocês têm um acordo. Além do mais você deu sua palavra ao Conselho.
—Elisa não está exigindo nada de mim Jácomo. Sou eu que reconheço as consequências de meus atos.
—Ora Antonio, que consequências? Vocês dois são maiores de idade. A menos que Elisa fosse... Você não vai me dizer que...
—Exatamente Jácomo! Eu fui o primeiro homem da vida de Elisa e você sabe o que as leis monsálicas falam sobre isso.
—Você tem certeza? _perguntou Jácomo não acreditando no que ouvia.
—Ora Jácomo não acredito que você me fez essa pergunta. É claro que eu tenho certeza que Elisa era virgem até estar comigo ontem.
—Você é mais louco do que eu pensava Antonio! _ disse Jácomo sério. _Mas espero que você não tenha tido conhecimento desse fato até chegar aqui.
—Eu já sabia Jácomo, e não me arrependo. Sei que terei que enfrentar o Conselho, o meu pai, pois dei minha palavra de que isso não aconteceria; mas foi mais forte do que eu. Sou um homem que aprendeu a arcar com as consequências de suas escolhas, você me ensinou a ser assim meu caro ministro. _disse Antonio sorrindo pousando a mão no ombro do ministro. _Cumprirei com minhas obrigações tanto com o reino quanto com Elisa e não se preocupe, pois não pedirei para que você me apoie nisso.
—Como se eu fosse capaz de não apoia-lo em alguma coisa por mais louca que seja! _respondeu Jácomo cedendo. _ O que está feito está feito!
—E muito bem feito Jácomo! _riu Antonio ignorado o olhar ainda desaprovador de Jácomo. _Agora vamos, preciso avisar Elisa de que voltaremos para Londres hoje mesmo.
—Como achar melhor, seu irresponsável! _gracejou Jácomo acompanhando Antonio de volta a casa.
Há tempos Jácomo estava desconfiado de que Elisa e Antonio estavam apaixonados um pelo outro e se restava alguma dúvida se dissipara naquele momento: parecia que finalmente seu querido príncipe encontrara o amor... Mas a que preço?

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