Two Kinds Of Hope

Capítulo 25


A esse ponto, eu já tenho certeza que eu não odeio mais Adam. Eu não consigo identificar o que... isso... pode ser, e lá no fundo, nem quero. Mas mesmo assim, independente do que eu sinto ou não, quando eu chego na escola eu estou nervosa. Por vários motivos. Ou melhor, dois: Luke e Adam. Nunca pensei que os dois estariam no mesmo grupo na minha cabeça, isso é meio esquisito. De qualquer forma, estou cheia de perguntas. Começando por Adam: ele vai vir falar comigo, ou me ignorar como nos dias normais da escola? Como eu devo agir? O que nós... somos?

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Preciso da minha mãe agora. Realmente.

E ainda tem Luke. Preciso falar com ele. Preciso que ele escute enquanto eu tento explicar algumas coisas para ele, começando por Adam. É estranho pensar que ele só está nessa situação, de odiar Adam, por minha causa. Não posso dizer que ele, nem eu, não tínhamos fundamentos pra odiar Adam, mas agora, sabendo o que eu sei, eu era mesmo muito idiota, por julgar ele e botar ódio na cabeça do Luke. Claro que eu não posso esquecer o que Adam fazia com Luke, até porque não tem como Luke perdoar Adam tão fácil, mas Adam tem mesmo uma reputação a zelar. Uma reputação de sem coração e corajoso e bater no Luke todas aquelas vezes ajudava bastante. Por que ele escolheu Luke, eu não sei e não perguntei ainda, mas algumas coisas fazem sentido agora.

Se ao menos eu pudesse falar pro Luke tudo que eu sei, minha vida melhoraria muito. Seria TÃO mais fácil se eu pudesse explicar com todas as palavras que Adam me explicou pra fazer ele mudar de ideia sobre Adam e também sobre mim. E se ele acreditasse, eu poderia contar sobre minha mãe também.

...Garotos. Ugh.

Saio do meu carro, pego minha mochila e vou até lá dentro, correndo. Fiquei algum tempo paralisada no meu lugar, pensando no que fazer que esqueci que o sinal já havia batido. Quando entro na sala, o professor não fala nada, só me olha feio enquanto eu me sento no lugar, praticamente invisível. Nem Luke nem Adam têm aula comigo agora, então isso quer dizer mais tempo para pensar, já que o professor só fala, fala, fala.

Acabo decidindo que vou tentar falar com Luke, e mesmo que usando palavras limitadas, vou tentar explicar pra ele. Tento não pensar em tudo que pode acontecer durante ou depois dessa tentativa, pra não perder a coragem. Luke não é tão misericordioso. Vai ser difícil e não tenho certeza de que vou conseguir. De qualquer jeito, assim que acaba a aula, vou até a sala em que ele estava. Quando eu vejo que ele não está na sala (só alguns alunos nerds que não são o Luke) eu saio e me deparo quando a cena.

Na minha frente, nos armários, Luke está conversando com... Alison. Alison, a menina que escreveu na porta do banheiro. O meu primeiro pensamento é "EU CONSEGUI! EU CONSEGUI!" e então, o segundo é de um pouco de culpa, já que mesmo bravo, ele foi falar com ela, o que quer dizer que não importa o quão bravo ele esteja, ele ouviu algo do que eu disse. Ela está vermelha de vergonha e eles riem um pouco, os dois meio sem graça e eu quero pular de alegria vendo o Luke tão... feliz? Mesmo que ele ainda esteja bravo comigo. Ele diz mais alguma coisa para ela, ela concorda e sai, e finalmente, ele me vê. Fica meio tenso e meio sem ação, quando percebe que eu vi ele conversando com ela, e é nessa falta de movimento que eu vou até ele.

-Posso falar com você? -DIGA QUE SIM. DIGA QUE SIM.

-Já está falando. -Ele diz, frio. Eu não vou chorar.

-Luke, me desculpa, mesmo, mesmo, MESMO. Eu posso explicar algumas cosias.

-Axl, eu estou cansado das explicações e mentiras.

-Mas eu não vou mentir. Eu juro, eu só preciso que você me escute. -Antes que ele abra a boca pra falar, eu continuo. -Eu sei que eu tenho sido uma péssima amiga. Eu não tenho explicação pra isso, mas com relação a Adam. Ele não é o babaca que eu achava que ele era. De verdade. -Eu luto pra achar as palavras certas, mas é difícil achar algo que não envolva o trabalho dele. -Hmm, é sério, as coisas tem um motivo, ele é um cara bem legal e...

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-Por que você está falando isso? -Ele me interrompe.

-Pra te explicar.

-Explicar o quê? Que você gosta dele? -Eu não sei o que falar.

Eu gosto do Adam? De verdade?

Ele aproveita meu silêncio para sair dali.

-Preciso ir.

-Você me perdoa por ter sido uma amiga de merda? -Pergunto, perdendo as esperanças. E estou certa, porque ele não responde, só pega a mochila e vai para sua próxima aula, me deixando plantada no chão. Depois de alguns segundos, uma voz fala atrás de mim:

-Senhorita Kinsley. -Eu me viro e vejo a secretária da escola. O que eu fiz dessa vez? Não lembro de ter socado ninguém.

-Sim.

-O diretor quer vê-la.

Ela me empurra para a sala do diretor enquanto eu quero morrer cada vez mais. Se meu pai receber uma ligação da escola, sobre alguma coisa errada, estou ferrada. E o pior, é que eu não sei nem PORQUE estou ferrada. Estou quase tremendo de medo quando eu abro a porta e encontro o diretor e Adam. Ótimo. Minha ideia recente de ignorar ele até ele vir falar comigo foi por água abaixo. Engulo seco quando ele olha para mim, depois olho para o diretor.

-Sente-se. -Eu sento. Espero pelo pior, mas o que vem é: -A detenção de vocês finalmente acabou. Ou seja, não serão obrigados a vir finais de semana limpar aqui. MAS. Não quer dizer que a senhorita, nem o senhor, podem soltar socos por aí. Nem se for por causas nobres. -Ele olha pra mim dizendo isso. Estou sendo claro?

-Sim, senhor. -Nós dizemos em uníssono. Quando não digo mais nada ele comenta:

-Estou vendo que os dois aprenderam a se comportar e a suportarem um ao outro. -Ele não sabe sobre os últimos dias, mas mesmo assim, eu fico um pouco vermelha quando ele diz isso.

-Sim, senhor. -Adam responde por nós dois, e eu sinto os dois me encarando.

-O que foi? Não posso ficar quieta? -Digo, e o diretor parece satisfeito.

-Só garantindo que não tinham trocado você por uma Axl mais domesticada.

-Domesticada? Que tipo de adjetivo é esse? -Começo a ficar irritada. Uma novidade é que dessa vez, é com o diretor, não com Adam.

-Estão dispensados. -Ele me ignora, e eu mordo a língua para não falar besteira. Ninguém precisa de mais meses de detenção. Ao invés disso, levanto e saio correndo. Mas Adam me encontra lá fora.

-Fugindo? -Ele segura meu braço, e ergue uma sobrancelha.

-Não. -Mas eu fico vermelha.

-Claro, claro.

-Preciso ir, sabe, pra aula.

-Eu posso te levar. -Tento protestar, mas ele só revira os olhos e começa a andar na direção da MINHA sala, e eu sou obrigada a acompanhar. Ficamos em silêncio um tempinho, e eu estou meio sem graça. Quer dizer, eu beijei Adam. Nós saímos no dia dos namorados e eu dormi com ele (só dormir) com ele umas três vezes. E agora, andando pela escola, as lembranças de um tempo não tão distante onde tudo que eu sentia era ódio invadem minha mente. Tudo isso é tão estranho. -Você achou que eu ia te ignorar?

-Não. -Mas minha voz treme um pouco e ele sabe que eu estou mentindo. Passou pela minha cabeça, sim. Antes que ele torna a situação pior, eu me corrijo. -O.K, sim. Feliz?

-Hm, não. Mas só porque você achou que eu ia mesmo te ignorar.

-Você tem uma reputação a zelar. -Falo, como forma de explicação. A sala está a alguns metros de nós, mas ele me puxa para que eu encoste na parede. Só que mantém uma distância considerável entre nós dois antes de falar.

-E é verdade. Nós não vamos poder sair, nem aparecer juntos em público -Só de pensar nisso, meu coração acelera. -Mas eu quero que você saiba que eu não sou mesmo um babaca, e que eu quero que você saiba que eu estou falando sério quando digo que gosto de você. Isso não é só um joguinho pra mim, Axl. -Meu coração parou de bater, ou está batendo rápido demais. De qualquer forma, estou pirando, mas tento me acalmar. Tento sair dessa situação.

-Falando sério? Você quer conhecer meus pais também ou algo assim? -Rio nervosa e quando seu rosto se ilumina, percebo que falei merda.

Oh-oh.

-Se fizer você acreditar que eu eu quero que nós tenhamos algo sério, eu conheço.

-Tudo bem, eu acredito. -Tento desviar o assunto, mas ele sorri aquele sorriso babaca mesmo e ergue uma sobrancelha.

-Você não quer que eu conheça seus pais.

-É que...

-Isso ficou interessante.

-Não!

-A não ser que você não queira nada sério... -Ele me olha e eu percebo a tensão nos olhos dele que ele luta pra se livrar.

E se ele gosta mesmo de mim?

Meu estômago revira.

-Meu pai... ele... pode pirar. Ou me matar de vergonha, entende?

-Faço o sacrifício de aguentar.

-Você não está tornando as coisas fáceis. -Eu resmungo, irritada e entrando no modo pânico. As coisas que meu pai pode falar... ah meu Deus. Ele sorri.

-Eu sei. Que horas eu apareço?

-Adam! -Ele me ignora.

-Será que eu preciso cobrir as tatuagens?

-Ugh! -Empurro o peito dele e ele solta uma gargalhada. -Você está mesmo falando sério?

-Óbvio! -Respiro fundo, me acalmando.

-Apareça lá em casa às sete, sexta. Não cubra as tatuagens. Meu pai vai descobrir de uma forma ou outra. Com licença. -Saio meio irritada. Ele me puxa e me vira, me puxando para um beijo audível, longo e que me faz enroscar os braços ao redor do seu pescoço e ficar na ponta dos pés, enquanto ele me puxa pela cintura, para cada vez mais perto. Quando nos separamos, e eu lentamente vou descendo meus pés de volta ao chão, ele me solta e diz:

-Boa aula. -Depois pisca para mim, sorrindo e se vira para ir para sua sala.

Toda minha irritação vai embora.