Então depois de um tempo abraçada a Jessy, eu me separei dela. Ela exugou as lágrimas do rosto e se recompôs.

— Desculpa, Mandy — Jessy disse arrependida — Eu sinto muito por ter dito aquelas coisas todas de você.

— Está tudo bem, Jessy. Olha, eu também peço desculpas por ter xingado você de...você sabe, aquela palavra com "V" — eu me interrompi.

— Tudo bem, Mandy. Eu acho que eu mereci. Eu tenho sido muito cri-cri com você, eu admito. Eu vou melhorar, eu prometo — Jessy jurou para mim.

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Eu fiquei olhando para ela por um tempo e ela me olhando.

— Olhando agora para você com esse visual...você até parece bonitinha e fofinha — Jessy sorriu para mim.

— Jura? Obrigada — sorri com aquele comentário — Então, eu não pareço uma "Piriguete"?

— Não — Jessy desmunhecou a mão — Na verdade, você tá me deixando toda molhada com essa sua roupa.

Jessy mordeu o lábio inferior. Eu não acreditei que ela estava com tesão só de me ver com aquela roupa. Meu Deus! Fiquei chocada.

— Uau! Por essa eu não esperava! — Eu exclamei.

—Mandy, a culpa é sua! — Jessy jogou isso na minha cara — Você veio me ver com essa roupa, e agora só de olhar para você eu estou ficando toda molhada. Agora eu quero transar com você.

Fiquei ainda mais chocada com a reação de Jessy. Mas logo bateu uma tristeza porque eu não tinha tempo para levá-la para a minha casa e transar com ela.

— Awwn! Mas, é uma pena — fiz biquinho — Eu não tenho tempo para isso agora. Eu tenho que ver o Howard em Beverly Hills. Ele quer que eu conheça as garotas da revista dele. Mas, guarda esse seu tesão que quando eu voltar, a gente se acaba no sexo, está bem?

Guardar tesão? De onde eu tirei isso? Sei lá, foda-se!

Jessy mordeu o lábio inferior de novo e me respondeu.

— Está bem — ela fez biquinho — Mas vê se não fica até tarde lá e não vai se envolver com nenhuma garota, porque você, Alicia Meyers, é só minha!

Fiquei surpresa agora. Ela usou meu nome completo ao invés de me chamar de "Mandy". E cara, Jessy se invoco agora, virou exigente. Hmm...eu gosto disso.

— Nossa, Jessy...eu estou meio que surpresa. Você costuma me chamar de Mandy porque você diz que eu tenho mais cara de Amanda do que de Alicia, e agora você me chamou de Alicia...Mas, sim, eu prometo que eu não vou me envolver com nenhuma garota da revista — comentei.

— Promessa é dívida. Não jure se você não vai cumprir — Jessy exclamou.

Jessy ficou com uma cara fechada. Nem parecia mais aquele anjo de pessoa que me tratou super bem lá trás.

— Eu estou falando sério, Jessy — eu atestei.

— Está bem — Jessy consentiu — Eu vou ficar de olho para me certificar de que você vai cumprir a sua parte.

— Tudo bem. Pode me cobrar — consenti — Olha, se tudo der certo e eu conseguir o meu pagamento pela foto que eu fiz para a capa da revista, eu te trago alguma coisa da Victoria Secret para você.

— Victoria Secret? Não é aquela marca de lingerie que as super modelos usam? Isso é para mulheres SUUUPER magras, porque as peças de roupa são minúsculas e caras — Jessy se queixou.

— Jessy, eu posso pagar. E eu vou ver alguma coisa que sirva para você e as suas delícias — retruquei.

— Eu sei, Mandy — agora ela voltou a me chamar de Mandy — É só que...eu não gosto de usar roupas caras.

— A Victoria Secret não tem só lingerie, tem roupa normal também — eu contestei.

— Tudo bem. Só lembra do que eu te disse — Jessy insistiu.

— Não se preocupa. Eu vou entoar esse mantra quando eu pensar em você — eu a alertei.

— Tudo bem. Você vai querer alguma coisa? — Jessy quis saber.

— Me prepara um chá preto — eu pedi.

— Está bem. Algo mais?

— Não, é só. Eu não tenho tempo para comer.

— Certo. Já trago.

Me sentei na mesa e então Jessy se retirou e foi atender as outras mesas.

Eu então olhei para o sol que bateu no meu rosto e comecei a refletir sobre o rumo que a minha vida estava tomando.

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É engraçado. Você levanta de manhã, o sol está lá. De tarde? O sol está lá também. Isso é tipo o que dizem: "Não importa o que aconteça, você sempre tem o amanhã. O amanhã é um dia para se refletir, e se você errou, amanhã você conserta."

[...]

Algum tempo depois, Jessy trouxe o meu chá tomando todo o cuidado para não derrubá-lo no chão e o colocou na mesa.

— O adoçante e o açúcar estão ai junto com o porta - guardanapo — Jessy me avisou.

— Tudo bem, obrigada — agradeci.

— De nada.

—Jessy, quanto é? — eu quis saber.

— 5 dólares — Jessy me cobrou.

— Tudo bem — Peguei minha bolsa que eu havia deixado na cadeira, peguei a minha carteira, tirei uma nota de 5 dólares e paguei a Jessy — Aqui está.

— Obrigada — Jessy pegou a nota e a guardou no decote da blusa que estava usando. Ela estava usando a mesma blusa de quando eu a encontrei.

—Disponha. Só uma coisa — um pensamento havia invadido a minha cabeça.

— O quê? — Jessy ficou curiosa.

— Bom, é que me ocorreu uma coisa. Eu de repente lembrei sobre a nossa conversa sobre roupas caras, e me veio uma coisa — explanei.

— O quê, Mandy? — Jessy ficou ainda mais curiosa.

— Bom, é que...nós precisamos fazer umas comprinhas — lembrei.

— Verdade. Eu não tenho muita roupa para trabalhar e você por outro lado tem roupa de sobra. Já pensou em doar? — Jessy se queixou.

— Sim, eu já pensei nisso. Eu só...ainda não tive tempo de procurar uma instituição que aceite doações— explanei.

— Já tentou o "Exército da salvação"? — Jessy inquiriu.

— Não. O que é isso? — fiquei curiosa.

— É uma instituição de caridade. Eu ajudo essa instituição. Depois que eu saio do meu trabalho, eu vou para lá. Eu ajudo a servir sopa para os desabrigados — Jessy revelou.

Espera! Então, a Jessy ajuda também os necessitados? E eu aqui falando que ela não iria servir uma indigente...

Fiquei muito perplexa.

— Espera, Jessy. Você está me dizendo que você ajuda os necessitados também? — eu a interroguei.

— Sim, Mandy — Jessy atestou.

— E como é que você não me falou sobre isso? — eu quis saber.

— Você nunca perguntou — Jessy explanou.

— Nossa! Me desculpa — eu me senti arrependida.

— Está tudo bem — Jessy replicou.

— Nossa! Eu nunca imaginei que você ajudasse uma instituição de caridade — eu exclamei.

— Você achava que eu só trabalhava nesse café? — Jessy retaliou — Trabalhar aqui não dá muito dinheiro, mas eu me levanto todo dia para vir para cá trabalhar, aguento todo tipo de crítica dos clientes, porque eu penso: "Amanhã é outro dia". Então, eu não sou fraca. E...eu gosto de ajudar a quem precisa, mesmo que eu não ganhe muito dinheiro com isso. Eu gostaria muito que as pessoas tivessem mais consideração com o próximo. Uns tem tanto, e outros tem pouco...

Eu comecei a verter um rio de lágrimas ao ouvir o que a Jessy havia me dito.

— Eu acho que as pessoas pensam: "Eu tenho bastante dinheiro. Eu não vou ficar sem nada um dia..." — Jessy continuou.

Eu continuei ouvindo ela enquanto as lágrimas continuavam a rolar do meu rosto. Eu já estava estragando toda a minha maquiagem, mas...

— As pessoas não valorizam o que tem, não valorizam a si mesmos, até que um dia...elas acabam morando debaixo de uma ponte, pedindo esmolas na rua...

Para Jessy! Eu quero descer desse ônibus.

Mas é verdade. Eu não sei mais o que comentar. Eu senti uma forte apunhalada no meu coração.

— Trabalho, trabalho...ganhar dinheiro é bom, mas ajudar as pessoas também é. Poxa, tanta gente passando fome, morrendo a cada dia porque não tem o que comer e vão procurar comida em uma lata de lixo...

— Jessy... — eu comecei a me afogar nas minhas lágrimas. De repente, a minha vida parecia não ter mais sentido — Eu concordo com você...

Então Jessy me viu com o rosto cheio de lágrimas.

— Porque você está chorando, Mandy? — Jessy inquiriu.

— Eu estou chocada com o que você disse — eu retruquei com uma voz de choro— Eu concordo com o que você disse.

— Você concorda comigo? Porque parece que você nunca se importou com as pessoas. Afinal, você vivia como uma princesa, você transa com quem você quiser, você tem um agente... — Jessy interrompeu.

— Eu tinha um agente. Eu larguei o Paul e resolvi trabalhar para o Howard. Mas, eu me importo com as pessoas — eu atestei — eu me importo com você. Eu parei de fumar, eu parei de pensar tanto no dinheiro, por sua causa!

— Mesmo assim. Você agora trabalha para o Howard achando que vai ser diferente do Paul, mas você está se iludindo, porque você continua indo atrás do dinheiro — Jessy contestou.

Eu acho que Jessy estava certa. Se eu quisesse realmente ficar com ela, eu teria que abandonar tudo, afinal, era o meu trabalho ou Jessy. Mesmo com o meu dinheiro, eu não podia ter os dois.

Porém, eu acabei caindo em um dilema. E então eu acabei esquecendo que eu tinha um encontro com o Howard.

—Olha, Mandy. Eu te amo muito, mas acho que você tem que escolher o seu caminho. Ou você trabalha para o Howard ou você me ama... — Jessy me aconselhou.

Então eu tinha um agente explorador que dizia que eu não podia me relacionar com alguém que não é do mesmo ramo que eu, depois eu resolvi que eu trabalharia para o Howard pois pelo menos ele me via como uma pessoa e não como um meio de ganhar dinheiro como o Paul. Ou pelo menos eu achava que fosse assim.

Mas Jessy abriu os meus olhos e me fez perceber que aquele pesadelo continuava. Eu me iludi achando que tudo havia mudado e estava lindo e maravilhoso, mas eu estava completamente enganada.

Eu entrei em colapso. Não sabia se eu continuava levando a vida que eu levava, ou se parava tudo e me dedicava a Jessy. Resolvi dar um tempo.

— Olha, Jessy...tudo aconteceu tão de pressa. Eu acho que é melhor a gente dar um tempo — eu sugeri — Nós duas precisamos de um tempo para avaliar nossas vidas, então...eu acho que paramos por aqui.

— Tudo bem. Eu acho justo — Jessy concordou — Eu acho até que você não deve parar de fazer o que você gosta, então vá se encontrar com o Howard e me procure quando você quiser conversar. Eu vou te ouvir, porque eu te amo muito e eu confio em você.

Então minha vida foi embora pelo ralo. Mas, eu gostei que a Jessy me apoiou dizendo para eu ir ao encontro com Howard. Pelo menos ela foi sincera comigo e não mais abusiva.

— Tudo bem,Jessy. Muito obrigada por tudo — eu a agradeci.

— Por que "Muito obrigada por tudo"? Isso não é uma despedida — Jessy me lembrou.

— Eu só queria te agradecer por ter me acompanhado esse tempo todo... — eu me justifiquei.

— Está certo — Jessy retrucou.

Resolvi tomar o meu chá sem adoçante sem nada, e frio porque ele já havia esfriado depois de tanto tempo repousando ali na mesa. Eu acho que eu estava precisando engolir um pouco de amargor, já que minha vida até então era só doçura,doçura,doçura. E como todos nós sabemos, a vida é feita dessa mistura de doce e amargo. Tem seus momentos felizes, e tem seus momentos tristes. Tudo depende de como você encara as coisas. A vida é o que você faz dela.

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