Tudo por você

Capítulo 5 - Dean


DEAN

Garota macula!

Isso é o que a Penélope é.

Primeiro me provoca. Depois diz que só foi beijada por um tal Jacob, no oitavo ano. O que quer dizer que foi algum menino estúpido que nem sabia beijar. Aí, eu dou a ela uma prova de como um homem de verdade beija. E de graça. Sem que tivesse pedido. Apenas em sinal da amizade que sinto por ela. E de repente. Ela me bate e foge como se estivesse escapando de um estuprador ou algo assim.

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À merda!

Ela que continue do jeito que está. Sem ficar com ninguém. Sem beijar ninguém. Além do mais, quem vai querer aquela garota esquisita? Que mal fala com a gente. Que se comporta como um bicho do mato. Que... tem lábios macios com gosto de menta.

A expressão no rosto dela quando a liberei, era... não sei o que era. Mas com certeza era algo que eu via pela primeira vez em uma garota. E olha que já beijei muitas!

Tá! foi uma besteira. Uma besteira sem precedentes. Não deveria ter feito isso. Fico repetindo essa frase desde que ela sumiu correndo pela calçada depois de marcar os dedos no meu rosto. Mas, o modo como ela se comporta. Como me provoca. Eu sei que ela gosta de me ver perder. Gosta de me irritar. E eu sou assim, não sei levar a pior. Preciso ganhar.

Me joguei sobre o colchão colocando as mãos sob a cabeça. O sono não vinha. Aquilo era sentimento de culpa? Com certeza era. E o que deveria ser feito para resolver a questão? Pedir desculpas oras. Sim. Era isso. Na próxima aula, só precisava chegar antes dos outros. Me desculpar e tudo ficaria bem como era antes. Respirei com mais tranquilidade. Tudo acertado, agora poderia dormir tranquilo. Com a consciência em paz. O treino ia pegar cedo no dia seguinte.

**********

Porém...

Eu já deveria saber, Penélope é osso duro de roer. Quando entrei apressado na biblioteca para nossa penúltima aula, ela não estava lá. A cadeira vazia me obrigou a parar de caminhar. Merda! Realmente fiz besteira. Disse a mim mesmo. Os caras logo estariam ali. Veriam que ela faltou. Na hora perceberiam que alguma coisa aconteceu. Tentariam falar com ela e ela diria que eu a beijei. Não sou estúpido! É lógico que ela desistiu das aulas por causa disso. Ou seja. Por minha causa.

Porra! A única garota em todo o campus que pode nos ajudar é uma maluca que recusa qualquer tipo de atenção masculina. Se bem que, pensando melhor, ela não dá atenção nem recebe atenção de ninguém. Acho até que nem amigos tem. É do tipo isolada e solitária. Daquelas que passam desapercebido se você não tem de fazer um trabalho com elas ou não precisa da ajuda delas. Que é o nosso caso.

Nós realmente precisamos da ajuda de Penny.

Os caras surgiram no corredor. Suspirei e tomei a direção deles. Ia contar minha cagada. Já sabia que teria de pedir desculpas. E mesmo antes que eles tivessem me exigido algo, me prontifiquei a resolver o problema. Sou um cuca fresca como minha mãe costuma dizer, mas assumo as responsabilidades pelos meus atos.

Como o imaginado uma das primeiras coisas que ouvi foi:

— É o mínimo que você pode fazer! - Gregory falou batendo com o punho no meu ombro quando expliquei sobre o pretenso pedido de desculpas.

— Você sabe qual é o dormitório dela? - Alan perguntou se acomodando no degrau de entrada da biblioteca. Milagrosamente calmo.

— Dormitório? - repeti. Não pretendia procurá-la lá. Talvez ir em uma das aulas ou esperar até que tivéssemos aula juntos. Mas eles definitivamente não pensavam assim.

— Claro! Trata de dar um jeito nisso logo. Não vou me ferrar por causa da sua necessidade de ganhar todas.

Me enganei, ele estava zangado.

— Eu acho que sei qual o prédio onde a Penny mora. - Brendan falou finalmente. Até aquele momento ele apenas me encarava.

— Sabe como? - Gregory perguntou em tom de provocação. Como se quisesse dizer que nosso capitão estava de olho em Penélope.

Ele explicou:

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— Fiquei com uma garota há alguns dias. Ela não parava de falar. Não ouvi a maior parte do monólogo, mas lembro bem de ter falado que sua colega de quarto era uma nerd chata, e que não a suportava mais.

— Penélope! - falei satisfeito. Quantas garotas como Penny haveria no campus? Não muitas com certeza.

Só que estava enganado. Mesmo que Bredan tivesse memória de elefante e sempre soubesse quem eram as garotas com quem ficava, a colega de quarto dela era outra. Uma morena de óculos grandes e pernas compridas. Outra nerd. Pensei quando a porta do dormitório se abriu. E não era a nerd que eu procurava.

Tive o ímpeto maluco de sair batendo em todas as portas em busca de Penélope. Mas não foi necessário. Gregory, e sua veia de detetive resolveu o problema. E pouco depois eu me dirigia para o terceiro andar do prédio cinco no mesmo quarteirão. Mais especificamente para o dormitório trezentos e dois.

Passei por duas ou três garotas no caminho. Elas sorriram ou melhor se derreteram em sorrisos sedutores. Cruzei pensando que poderia perguntar se conheciam Penny, mas desisti. Do jeito que ela é arredia, duvido que tenha feito amizade com outras pessoas no mesmo bloco. Subi rapidamente os lances de escada parando no meio do corredor. A porta que eu procurava estava ali, bem na minha frente.

— Vai lá. - disse em voz alta. Não seria a primeira vez na minha vida que eu teria de pedir desculpas a alguém. Mas pedir desculpa por um beijo?! Essa era nova pra mim.

Dei um passo e parei diante da porta. Bati uma vez e não recebi resposta. Bati de novo. Alguém pediu para esperar. Estranhei a voz. Não parecia Penny. E quando abriu a porta, eu quase achei que realmente não era ela.

A garota que me atendeu estava usando uma camiseta larga que batia nas coxas arredondadas, mal cobrindo os seios empinados e sem sutiã. Ela estava amarrando uma toalha nos cabelos, e quando ergueu o rosto vi os olhos azuis que eu tão bem conhecia.

— Dean! - ela falou e sua expressão se fechou junto com a porta.

Levei a mão impedindo que ela conseguisse o que pretendia.

— Preciso falar com você. - falei não sei como. Estava ainda sob o efeito da surpresa.

— Não tenho nada para falar com você. - ela rebateu tentando empurrar a porta.

Tive vontade de rir. Ela nunca conseguiria me manter do lado de fora se eu decidisse realmente entrar ali. Mas, estava contando com o bom senso dela quando falei:

— Preciso pedir desculpas. Por favor, Penny, abre a porta.

Ela não respondeu.

Continuei:

— Eu sou um idiota! Não deveria ter feito o que fiz... prometo que se você me desculpar vou me comportar como um cavalheiro.

— Você não é um cavalheiro! Nem sabe o que é ser um cavalheiro. - ela retrucou mostrando o rosto pela fresta da porta.

— Por favor Penny... - pedi me aproximando um pouco apenas, para não assustá-la.

— Não Dean! - parece que seria mais complicado do que esperava.

Insisti tentando ser o mais sincero possível:

— Me desculpe... sou um babaca estúpido, um idiota, mas prometo me redimir... prometo me comportar e fazer tudo como você me pedir... por favor, abre a...

A porta se abriu de supetão, ela ficou parada me olhando, a toalha enrolada nos cabelos, a pele limpa e cheirosa pelo banho me ofuscando. Os pés descalços eram bonitos e delicados. E eu tive quase certeza que ela calçava botinas maiores que o número dela.

— Fala logo Dean... tenho que sair.

Dei um passo para dentro do quarto, a porta se fechou atrás de mim, ela caminhou até a cama, tirou a toalha dos cabelos e enfiou um moletom largo sobre o corpo, cobrindo boa parte das coxas. Só que, a camiseta se ergueu durante o processo e pude ver mais do que ela tanto quer esconder.

Porra! Ela é bem bonita! E aquele cabelo molhado tornava a imagem muito sensual. Como se tivesse acabado de fazer sexo e vestido a camiseta ou o moletom do namorado... muitas garotas já fizeram isso com a minha roupa, mas nenhuma delas me pareceu tão sexy quanto Penélope. Imediatamente senti a reação dentro das calças. A garganta ficou seca. Ela me encarou com os cabelos loiros bagunçados. As bochechas rosadas.

Definitivamente linda!

— Eu... - comecei e a voz pareceu estranha para os meus ouvidos. Limpei a garganta e fiz uma nova tentativa – Eu fui muito idiota.

— Você já falou isso. - ela criticou passando por mim pegando uma escova sobre a prateleira.

— E peço desculpas pelo meu comportamento.

— Você também já disse isso.

Merda! Ela não iria facilitar a minha vida?

— Pois então. Se você me desculpar. Vou agir com você como nunca agi com nenhuma outra garota. Vou me mantar afastado, sem brincadeiras. Sem beijos ou abraços. Prometo até que se você não quiser ouvir a minha voz. Me manterei calado.

Recebi um olhar desconfiado.

— Vai fazer mesmo isso? - perguntou balançando a escova diante de mim.

— Vou... prometo! - mostrei um gesto que indicava minha intenção de cumprir o que prometia, mesmo sabendo que depois daquelas descobertas surpreendentes, tudo seria mais difícil.- Faço tudo, qualquer coisa, pra você voltar a dar aulas pra gente Penélope.

— Dean. - ela falou se sentando na cama, apontando para mim, querendo que eu me virasse de costas. Sem contestar cumpri a ordem muda e ela continuou: - Temos apenas uma aula a mais. Tem certeza de que tudo isso é necessário?

— Você iria na próxima aula? - perguntei me voltando, pegando-a exatamente no momento em que as calças de moletom largas alcançavam a cintura. Que por sinal é tão delicada quanto todo o resto. Penélope quase parece aquelas bonecas antigas que você tem medo de tocar porque podem quebrar de tão delicadas que são. Sou mesmo um estúpido por não ter percebido isso antes. A casca grossa de fora parece ser apenas uma proteção.

— Não! - ela afirmou categoricamente – Estava disposta a dar as aulas como encerradas. - e me olhou, os cabelos loiros úmidos caídos ao lado da face rosada tornando os olhos dois pontos azuis brilhantes. Minha calça começou a se tornar incômoda e apertada.

Queria rebater. As palavras não saim. Merda! Desde quando sou tão pouco articulado?

— A gente precisa de você... - falei e tenho certeza de que a minha voz estava mesmo carregada de necessidade. Da necessidade que “eu” estava sentindo.

Um suspiro rápido escapou pelos lábios dela. Penélope pegou um par de meias brancas e as calçou quase como se me ignorasse. Com certeza o meu insano desejo estava sendo ignorado. Minhas unhas pressionadas contra a palma da mão estavam surtindo o efeito desejado.

— Vocês não precisam mais de mim Dean. Estão prontos. - ficou em pé, pegou as malditas botinas e as calçou com extrema rapidez. Sequer amarrou os cadarços como deveria.

— Só mais uma aula Penélope. - implorei. Os caras me matariam se ela deixasse de dar a última aula por minha causa. Mas definitivamente, eu queria estar com ela na biblioteca mais uma vez.

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Outro suspiro rápido. Ela ficou em pé. Passou a mão pela alça da bolsa pendurada no canto da cama e falou:

— Só desta vez. E você fica bem longe de mim. Nem fala comigo.

— Prometo. - falei em tom solene e logo estendi a mão para ela – Trato feito? Você aceitou minhas desculpas?

— Você não vai fazer de novo? - ainda desconfiada me olhou de lado. Por mais difícil que fosse, sim, eu não faria de novo.

— Promessa é dívida! E eu costumo pagar as minha dívida Penny.

Finalmente ela segurou minha mão. A apertou movimentando para cima e para baixo e quase sorriu.

— Agora preciso ir... - informou se afastando de mim.

— Ok... - consegui dizer passando as mãos pelas calças. Me sentindo encabulado. Precisava me mover, era estranho sentir isso diante de uma garota. Especialmente uma garota que eu considerava apenas como uma amiga esquisita. Porém... era fato que algo nela mexia comigo. Além é claro dos pequenos detalhes físicos que com certeza me atraiam.

Ela abriu a porta e eu soube que era minha deixa.

— Obrigado. - falei quando cruzei por ela. Estava agindo como um aluno encantado pela professora primária. Um idiota completo. Nada do cara seguro que entrara naquele prédio havia em mim agora, enquanto cruzava a porta novamente, só que desta vez de saída.

Penélope vinha logo atrás de mim, eu podia ouvir suas passadas no corredor.

— Tchau Dean... - se despediu enrolando uma manta no pescoço e cobrindo a cabeça com uma toca de lã, tomando a direção oposta a que eu seguiria.

— Tchau Penny... - retribuí vendo ela se afastar rapidamente. Como se estivesse fugindo de mim. Realmente, fugindo de mim.