Ai Meu Merlin

— Então, ele pediu-me em casamento, e eu disse-lhe que nao podia responder, - concluiu Lexi, suspirando.

— Deixa-me adivinha, porque são de mundos diferentes? – Perguntei com ironia. A loira assentiu. – Por Merlin, Lexi! Quando é que te vais deixar disso? Tu pertences a este mundo! Tu és herdeira do trono de beauxbatons...

— Só se algo que acontecer, - cortou ela.

— Exato! Se algo me acontecer, será tu a sentar-te no trono – confirmei. – Então diz-me como é que isso pode ser diferente do Luke? Astória é muito velha para ter outro filho assim como Daphne, irmã dela. Nenhuma das duas pode gerar outro herdeiro. Se algo acontecer a Scorpius, Luke pode muito bem assumir o trono de Hogwarts.

— Mas Scarlet é a proxima na linha do trono...

— Scarlet Grengrass tem 10 anos – afirmei. – Muito nova para ser rainha. A melhor escolha seria Luke.

— Oh, Rose... – Suspirou Lexi, sentando-se no banco de pedra.

— Lexi, - chamei-a, sentando-me a seu lado. Peguei-lhe numa mão e afaguei-a. – Se tu não queres casar com ele, diz-lhe isso, - pedi. – Não arranjes desculpas.

A loira olhou-me e eu tive de suspirar. Aquele brilho perdido nos olhos dela, só o tinha visto uma vez. Quando ela perdeu os pais e ficou desamparada.

— Eu tenho medo, - admitiu. Fiz sinal para que continuasse. – E se ele não gostar mesmo de mim? E se Luke apenas estiver a brincar comigo? E se eu não tiver um casamento feliz, como o dos meus pais? Eu nao sei, Rosie! Eu nunca fui educada para casar com um duque ou um lorde. Sempre cresci a pensar que a minha melhor opção era o filho do Lenhador. E se o Conde Zabine tem razao e eu nao passo de uma empregada?

— Hey – cortei-a. – Tu nunca serás apenas uma empregada, ouviste? Tu és Alexia Delacour, sucessora da linhagem real de Beauxbatons, tu és da realeza. E mais importante, és a minha melhor amiga, Lexi! Nunca serás só uma empregada! Nunca foste, desde que nos conhecemos que tu sempre foste mais que isso e tu sabes! – Afirmei olhando-a nos olhos. – Tu sempre foste mais que uma amiga, foste uma irmã para mim! Então não te rebaixes só porque alguém o diz, ok? – Lexi acenou. – Otimo! E quanto ao Luke...bem, ele pediu-te em casamento mesmo contra a vontade do pai, sem saber que tu és muito mais que uma aia de companhia, certo? Eu acho que isso quer dizer que ele te ama de verdade.

— É isso que tu achas? – Questionou, insegura.

— Sim, é – confirmei. – Ele ama-te. Então, como tua amiga, eu preciso de saber o que responder quando ele me pedir a tua mão em casamento...

— Eu...

— Rose? – A voz foi ouvida, segundos antes de Luke aparecer entre os arbustos. – Ainda bem que te encontro.

Vi Lexi corar e baixar a cabeça.

— O que se passa, Luke? – Perguntei, levantando-me.

— Os teus pais estão em Hogwarts – informou. – Vi a carruagem chegar à poucos minutos, atrás.

— O que é que eles estão aqui a fazer? – Perguntei, sobressaltada.

— Viktor Krum ameaçou o reino – disse ele. – Recebemos uma carta à poucos dias, e agora os teus pais estão aqui. Aposto em como eles receberam uma também.

— Os Krum? – Procurei confirmar. – Estamos em guerra, certo? – Luke acenou. – Eles devem ter vindo ajudar, eu acho. Enviando tropas ou assim, mas para isso bastaria o Ronald.

— Então, porque Hermione veio também? – Perguntou Lexi, confusa. – Oh meu Merlin! Esqueci-me completamente! – Olhamos para ela. – Rose, eu encontrei esta carta no meio de uns papeis teus. Esta datada de há um ano atrás, - disse, entregando-me um envelope que tirou da sua capa.

Peguei-lhe, vendo que foi escrita por Ivan Krum. Abri-a.

“Minha cara Rose,

Não imaginas a dor que me tras escrever-te esta carta, mas como teu amigo, tenho a obrigação de o fazer. Há alguns dias descubri noticias chocantes e terriveis, a meu ver.

A amizade entre os nossos pais nunca foi segredo para ninguém, ou até mesmo novidade. No entanto, há 19 anos atrás, em prole dessa amizade, o meu pai tentou fazer um acordo com os teus pais, tentando juntar as nossas familias com o casamento dos seus herdeiros. No caso, eu e tu. O acordo, como obvio, foi recusado pois a familia Malfoy também o havia feito e foi a escolhida. Então, o herdeiro da familia Malfoy deveria casar com o herdeiro Weasley.

Rose, por mais que me alegre ter o acordo entre as nossas familais recusado, devo alertar-te que o meu pai não pensa assim. Viktor Krum é ...complicado, devo dizer-te. A recusa nunca foi algo com que estivesse habituado e, há algumas semanas, que oiço o teu nome em conversas durante as reuniões do conselho.

Preocupa-me o que ele possa fazer, mesmo depois de tantos anos.

Então, peço-te, pela nossa amizade, Rose, não faças nada que o ofenda ainda mais.

O teu eterno amigo,

Ivan Krum”

— Ai meu Merlin! – Foi a unica coisa que consegui dizer depois de ler a carta.

— O que foi? – Perguntaram os dois, juntos.

— Hogwarts será atacado por minha causa – admiti.

— Como assim? – Questionou Lexi.

— Viktor Krum foi recusado à 19 anos atrás, quando tentou juntar a minha familia à dele – disse. – Os meus pais aceitaram o acordo com os Malfoy, recusando os Krum. E agora, esse acordo também não foi concretizado, porque eu fugi.

—Acalma-te Rose – pediu Luke. – Não sabes se é verdade!

— Eu conheço-o, Luke – disse. – Eu conheço Viktor Krum, eu passei grande parte da minha infancia no seu castelo. Eu sei como ele é! Ele... – Suspirei. – Oh meu merlin! Ele sempre quis o reino de Beauxbatons e de Hogwarts para ele, mas ficava contente so com um. – Informei. – Ele não atacou Beauxbatons porque era amigo dos meus pais, e eles convenceram-no a não atacar Hogwarts porque nós um dia seriamos uma só união. Com o meu casamento com Scorpius, Hogwarts e Beauxbatons seriam um só, e atacar Hogwarts seria o mesmo que atacar os meus pais.

— Então, ele nunca atacou – concluiu Krum. – Mas agora, tu e o Scorpius não estão casados e portanto, Hogwarts não tem ligação nenhuma com Beauxbatons. Ele pode atacar à vontade sem ferir os teus pais.

— Exato – confirmei. – É tudo culpa minha! Se eu soubesse desta carta antes, eu nunca teria fugido, eu..

— Hey, Rosie, - interrompeu-me Lexi. – Tu não sabias ok? Tu não podias advinhar o que se ia passar..

— Mas eu conhecia-o, eu devia saber..

— Não, não devias, - cortou-me a loira. – Tu precisavas de seguir o teu coração e foi o que fizeste. Não te podes culpar por isto, culpa o Viktor.

— Lexi tem razão, - concordou Luke. – Não é culpa tua!

— Certo, não é culpa minha, - disse, não muito convicta. – Mas eu preciso ajudar! Eu preciso fazer alguma coisa, algum feitiço, ou poção, ou..

— O quê? – Perguntou Lexi, quando eu me calei.

Olhei-a e depois Luke. Suspirei.

— Eu preciso voltar a ser Rose Weasley, herdeira de Beauxbatons!