Arriscar!

Blaine abriu seus olhos lentamente, virou-se na cama e então pegou seu celular, era domingo, dez horas da manhã, para alguns aquilo era cedo, mas para Blaine Anderson era tarde. Levantou-se da cama e então foi até a cozinha e encontrou Sam cozinhando panquecas.

–Bom dia! –cumprimentou Blaine.

–Bom! – cumprimentou Sam colocando uma panqueca no prato que estava na frente de um Blaine sonolento.

A expressão do loiro não era nada feliz e Blaine já até sabia o motivo, mas mesmo assim, quis provocar.

–Nossa, que cara é essa? – Perguntou.

–Cara de alguém que não conseguiu dormi direito, pois tinha barulho pra todo canto! – Reclamou.

–Me poupe Sam, quando você vem aqui trazer suas meninas, eu nem falo nada! – Disse Blaine deixando o loiro corado.

–Me poupe Blaine!

–Fique calado, você sabe muito bem que estamos quites! – O moreno falou de boca cheia.

–Ok! –O loiro suspirou. – Coma direito .E então Blaine mostrou língua para o amigo. -Onde você estava? Todos esses dias você fica chegando tarde ou as vezes nem dormi aqui, o que foi que aconteceu? Tá pegando alguém? Garotas?

–Eca! – Blaine quase cuspiu a comida ao se imaginar com uma garota, isso se conseguisse. – Garotas, eca, nunca!

–Você não sabe o que perde, além desde quando ficou com nojo? –Sam falou rindo.

–Desde que Kurt Hummel entrou na minha vida–E então se calou.

–O que? Perguntou o loiro com um sorriso malicioso.

–Apenas saio às vezes com Kurt, mas nada demais acontece além de abraços! – Blaine revirou os olhos, pois sempre quis que rolasse algo há mais. Bom... Ele não queria apenas pegar Kurt, o homem é seu autor favorito, seria falta de respeito.

Kurt era alguém especial, um amigo maravilhoso, uma pessoa engraçada e boa, o único bendito problema era que ele não admitia que o amor existisse isso fazia com que as possibilidades de Blaine com o castanho ficassem 0%.

Além de que na noite passada, algo aconteceu naquele apartamento, algo estranho, ambos quase se beijaram, ficou imaginando no que Kurt poderia estar sentido no momento, seria amor ou atração?

–BLAINE! – Sam gritou e então o moreno voltou para a vida real.

–Oi? Desculpa! –Disse Blaine.

–Então, me responda, aconteceu o que? –Perguntou o loiro.

–Nada Sam, ele é apenas meu autor favorito, gosta de tudo que eu gosto e acho que sinto algo por ele, mas ainda não sei descrever se é amor ou atração, pois ambas são diferentes!

–Espera... O Kurt, o garoto Best-seller? O que você se encontrou e nem pediu foto?

–Sim! –Blaine serrou os olhos ao responder. – Ele não acredita no amor... – Blaine falou triste. – Além de que ele só namorou com um cara, um cara Sam!

–Nossa... Bom, provavelmente esse cara fez ele sofrer muito então!

–Não, mesmo assim Sam, ele nunca ficou com ninguém depois desse cara e o problema é que ele não tem ninguém, ele mora sozinho, em uma bolha sabe... E ele gosta disso, acha legal, claro eu respeito totalmente, mas... Eu sinto Sam, eu sinto que ele precisa de alguém, para cuidar dele e ontem... Nós... – Blaine corou. – Quase nos beijamos, mas eu e ele hesitamos!

–Bom, acho que você deveria aproveitar o momento, se quase se beijaram é porque alguma coisa tá rolando entre vocês, não posso dizer se é atração ou amor, mas posso dizer que há algo e vocês deveriam descobrir e provavelmente seria juntos, você devia aproveitar esse momento e hoje, já que você não tem nada pra fazer mesmo... Marca um encontro e ver no que acontece! –Disse pegando uma maçã e sua bolsa. – Sério, se fosse comigo eu iria fazer isso... Bom, agora tenho ensaio de fotos com uma modelo muito gostosa então... Até mais cara! –Disse Sam abrindo a porta e acenando para Blaine.

O moreno apenas ficou pensando no que Sam havia falado então resolver seguir o conselho do amigo, pegou seu telefone e então digitou uma mensagem para Kurt.

(...)

Kurt dormia profundamente em sua cama, havia ficado a noite inteira digitando para seu novo livro, pelo menos o capitulo um já estava pronto, a editora já estava cobrando e ele devia estar no capitulo cinco, o castanho culpa Blaine, já que o moreno sempre tira sua atenção, mas Kurt era culpado também, por se deixar levar pelo corpo, pelos lábios do moreno.

O Hummel tinha um sorriso nos lábios, ele sonhava que estava em um campo cheio de flores perfumadas com Blaine e então o beijava, o sonho estava tão real que ele podia sentir a língua quente e macia do moreno sobre as suas, as mãos de Blaine iam até sua cintura e então apertava e então ele dizia ‘’ Eu te amo Blaine Anderson’’.

E então Kurt se levanta respirando aceleradamente, suas mãos tremiam e estavam geladas e estava todo arrepiado, ainda podia sentir as mãos de Blaine em sua cintura, seu coração batia fortemente e acelerado.

Respirou fundo e então escuta um bipe do seu celular, suspira ao ver de quem é o moreno estava lhe chamando para sair.

E então o desespero toma conta de si, não podia aceitar, depois desse sonho, não podia, iria descumprir sua promessa que fez consigo mesmo, digitou rapidamente um enorme NÃO e então enviou para o moreno, tinha que evita-lo o máximo possível.

Colocou seus pés no chão e foi até o banheiro, ligou a luz e então se olhou no espelho, sua aparência estava horrível, seus olhos estavam cansados, sua aparência era cansada e ele estava um pouco magro. Revirou os olhos, comia praticamente todos os dias sopinha de macarrão e energéticos para ficar até tarde digitando. Ele realmente e admitia isso que não era saudável, mas não sabia cozinhar e seu emprego, seu trabalho e sua obra era em primeiro lugar. O problema era que quando via Blaine, tudo isso ficava pra trás e só o que importava era ele, revirou os olhos novamente e preferiu não pensar no moreno e então começou a escovar os dentes.

(...)

Blaine caminhava pelo shopping enorme de Nova York, na procura de alguma roupa nova. E então escutou um bipe e pegou seu celular e viu a mensagem do Hummel, suspirou, sabia que ele estava agindo assim por causa da noite passada.

Não tinha jeito, ele iria até a casa do Hummel, sabia que seria errado ou algo assim, mas precisava esclarecer aquilo, pois o envolvia, era do seu interesse e de Kurt provavelmente.

Caminhou até uma loja onde vendia roupas fabulosas até que encontrou Rachel, sua velha e melhor amiga e ex-namorada de Sam.

–Rach! –Disse o moreno abraçando a morena.

–Ah, é tão bom te ver Blainey! –A morena tinha um sorriso enorme.

–Então como você estar?

–Muito bem, você sabe que minha estreia na Broadway foi ótima!

–Claro, eu estava lá! –Disse o moreno se exibindo, Rachel era mais velha que o moreno, Sam também era, enquanto ambos estavam no terceiro ano, Blaine ainda estava no primeiro.

Rachel foi para a faculdade de NYADA, graduou-se lá e conseguiu entrar no show da Broadway, o show dos seus sonhos, Funny Girl. Era maravilhoso, como a mesma apresentava oito show por semana, não tinha tempo para Sam, então eles resolveram terminar, mas foi de uma forma amigável, mas após alguns anos, ambos se afastaram, Rachel ainda tinha contato com Blaine, mas não era como antes, a morena foi a maior inspiração do moreno e a maior ajudante dele, ela que o ajudou a passar em ciências, entrar em NYADA, fazer algumas aulas de canto, era como uma irmã mais velha assim como Sam. Gostava dos dois juntos, mas sabia que não teria volta, pois dava para ver que não existia mais amor neles além de amizade.

–Então... Quer almoçar comigo? –Perguntou a morena.

–Claro! –Blaine abriu um enorme sorriso.

Foram para a praça de alimentação, a Berry estava cheia de sacolas, então as deixou tudo em uma cadeira ao seu lado, ambos pediram seus aperitivos e então ficaram conversando, algumas conversas levou ao assunto namoro, até que Blaine perguntou.

–E você... Estar com alguém? –Perguntou o moreno.

–Não, nada de homens agora, apenas carreira!

–Ah Rach, sabes que um dia encontrará um cara! –Blaine disse.

–Eu sei, mas não agora, digo... Tem um cara que eu gosto, estamos ficando, mas não é nada sério!

–Seeei!- O moreno sorriu maliciosamente e fazendo Rachel corar. –E você? Nenhum garotão por aí?

–Tem um, mas... Sem chance de ficarmos juntos! –O moreno disse abaixando a cabeça e escondendo a tristeza. –Eu pensei em ir na casa dele, mas acho que não vou não, seria muita ousadia minha chegar lá e falar pra ele o que sinto!

–Seria ousado, mas seria muito romântico e incrível, você devia ir lá Blaine e contar! – Berry o incentivou.

–É, Sam me disse isso também!

–E ele não deixa de estar certo! -Falou sorrindo. – É tão fofo ver o Blaine, o pequeno Blaine que eu ajudava em ciências apaixonado! –Apertou a bochecha do moreno.

–Para Berry! –O moreno reclamou tirando a mão da morena sobre sua mandíbula.

(...)

Kurt sentia fome, mas não queria comer, sentia sono, mas não queria dormi. Ele apenas chorava, não sabia o motivo de estar assim, seu coração doía e ele se sentia sozinho, tentou escrever seu livro, mas pela primeira vez em sua vida não conseguiu.

Tudo isso começou quando foi tomar café da manhã e ficou arrependido por ter dito não, o arrependimento estava até agora em seu coração, algo lhe falava que ele deveria ir, que iria se dar bem, mas como é teimoso, não iria.

Após a angustia acabar, ligou a televisão e ficou vendo desenhos engraçados e antigos, ficou distraído por um tempo, na verdade, por muito tempo até anoitecer.

Estava deitado no sofá, com o coberto em cima de si e então escuta o barulho da campainha, era 19:00 horas e ele via Tom e Jerry, levantou-se na esperança de ser o porteiro para lhe entregar o manuscrito de um mangá e então ele ver Blaine.

Apenas de pijama, com uma calça moletom cinza, uma regata azul escuro. Sua mão começou a tremer, Blaine com aquelas suas roupas de sempre, um suéter preto com alguns detalhes vermelhos e uma calça jeans que marcavam bem sua linda e maravilhosa bunda.

–O que você estar fazendo aqui? –Perguntou o castanho.

–Eu sei que você disse não, mas eu sei que precisa de um amigo nesse momento e aqui estou eu!

–Vai embora! –Kurt falou suspirando. – E-Eu não posso continuar fazendo isso!

–Continua fazendo o que Kurt? Somos apenas amigos e eu não me importo se você é bipolar!

–Eu não sou bipolar, apenas estou passando por momentos difíceis!

–E todo amigo ajuda o outro quando passa por momentos difíceis, vamos! –Então só puxou Kurt para fora, o castanho segurava seu casaco e então só o puxou, Nova York estava bem fria então... Tinha que usar.

No elevador Kurt colocou seu casaco azul claro.

–Eu não vou sair assim!

–Vai sim!

–Eu sou uma pessoa famosa Blaine, se um paparazzi me ver assim, eu vou morrer!

–Você estar fofo e vamos de carro para o restaurante onde nós conhecemos!

–Piorou o restaurante mais famoso daqui! – Disse o castanho.

–No domingo ele nem fica tão movimentado e não é o mais famoso, é apenas chique!

–Ah, tanto faz! –Kurt falou resmungando. –E desde quando você tem carro?

–Desde que Rachel Berry me emprestou o dela, eu tenho uma moto, mas como o tonto do Sam quis dirigir ela, a destruiu e ela vai ficar um mês no conserto então... – Blaine disse olhando para Kurt. A aparência de cansado era visível, nunca havia visto aquelas sardas, os cabelos não estavam tão bagunçados.

Era loucura o que o castanho estava fazendo, sair só de pijama da casa, mas algo lhe dizia que tudo daria certo.

–Rachel Berry? Nossa você costuma conhecer pessoas famosas mesmo! –Disse o castanho.

–Ela é apenas uma velha amiga minha do ensino médio! –Blaine sorriu e então as portas se abriram.

Kurt correu até o carro do moreno e se encolheu, não queria que ninguém o visse assim. Blaine entrou e então colocou uma musica calma, o caminho não foi tão longo, pois o lugar era após cinco quadras.

Entraram, o lugar não estava com tanta gente, Blaine estava certo. Sentaram-se e Kurt se cobriu com o cardápio, fazendo o moreno rir.

–Você é um fofo! –Blaine elogiou e Kurt apenas ignorou, ainda olhava para todo canto, para ver se não havia alguns paparazzi ou alguma fã.

–isso é perigoso Blaine! –O castanho falou.

–Não se preocupa ok?

–Tá! – Respondeu cruzando os braços e olhando feio para o moreno.

–Ótimo... Então o que vamos pedir? – Ficou olhando para o cardápio.

Kurt apenas observava o moreno, era loucura, não sabia o motivo de aceitar. Pegou no seu peito, o coração batia forte e um rubor se formava em suas bochechas.

–Por que você estar fazendo tudo isso? – Perguntou o castanho e então o olhar de blaine foi desviado para ele.

–Apenas quero ajudar você, você mesmo disse que estar passando por momentos difíceis e aqui estou eu, um amigo que se preocupa e se importa com você! –Blaine sorriu e pegou na mão trêmula do Hummel. – Eu espero sempre estar no seu lado, sei que nós conhecemos por pouco tempo, mas sinto que... Que você precisa de um amigo e eu também, claro tenho Sam, mas ele anda ocupado demais – Pensou no loiro se pegando com alguma modelo.

–É, e eu tenho meu livro! – Kurt retirou sua mão.

–Sim, e eu posso te ajudar a encontrar inspirações! – O moreno sorriu.

–Você? Como? – Perguntou o castanho confuso.

–Seu livro é romance e não adianta negar, é aventura, mas tem romance, Alice só não fica com Josh, pois nega a acreditar no amor, e vejo que Alice se parece muito com você!

–Blaine, me poupe! –Kurt revirou os olhos.

–Mas, quem sabe no segundo livro, ela passe a ter duvidas sobre amor, seria ótimo se isso acontecesse! –Blaine deu um enorme sorriso.

O moreno pegou o cardápio para cobrir o lado esquerdo do seu rosto, no outro lado chovia e só havia carros parados nas ruas movimentadas de Nova York, dava para ver, pois a janela era de vidro.

Aproximou-se do castanho e então selou os seus lábios com os dele. Fazia tanto tempo que ambos não beijavam, principalmente Kurt, parecia ser o primeiro beijo dele, pois havia ficado tanto tempo sem beijar alguém.

As pessoas no restaurante não viam, pois Blaine cobria com o cardápio branco em sua mão, Kurt ainda tinha os olhos abertos, pois ainda estava surpreso, suas mãos haviam parado de tremer, parecia que o mundo tinha parado naquele momento, Blaine tinha os olhos fechados e ainda sentia os lábios de Kurt no seu. A sensação era incrível, maravilhosa, perfeita.

O medo de ambos era enorme, principalmente de Blaine, mas ele arriscou, tinha que fazer isso, necessitava fazer isso e finalmente fez, criou coragem e foi atrás do que queria, não sabia se daria certo ou não, mas pelo menos arriscou.