True Love

Leis da física, arrombar a escola e poesia


POV Chris

Olhei para a lista mal contendo um sorriso. Mr. Darcy. Como eu tinha dito a Clarisse. Mal posso esperar quando ela descobrir, sua reação vai fazer tudo valer a pena.

Chequei o relógio. Eram 16h30. O que significa que ela estava a caminho da praia, como sempre fazia nas quintas-feiras. Sorri e sai da escola, indo para o estacionamento, que a essa hora já estava vazio.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Abri o meu carro e joguei a mochila no banco do carona enquanto batia a porta e me acomodava na poltrona, dando a partida. Enquanto passava pelos portões da escola e trilhava o caminho já quase familiar me perguntei se ela ficaria muito irritada comigo por estragar o momento que eu sabia, era quase sagrado para ela. Não pude me impedir de sorrir.

Quando cheguei, estacionei e desci do carro, observando o sol que tinha começado a se por, tingindo o céu ao seu redor de laranja e dourado e fazendo o mar brilhar ao longe. Sentindo a brisa salgada, caminhei até a areia, procurando Clarisse com os olhos. Ela não podia estar muito longe.

Olhei para a areia macia embaixo dos meus tênis e vi pegadas. Segui na direção delas enquanto cantarolava uma música distraído quando os vi. Estavam tão próximos que fiquei surpreso de tê-los reconhecido imediatamente.

Apoiados em uma pedra grande que havia por perto, Clarisse e Ethan estavam se agarrando loucamente, perdendo completamente o pôr-do-sol. Não que importe, eu acho. Quero dizer, quem precisa ver o pôr-do-sol quando pode agarrar alguém loucamente? Afinal, o sol se põe todo dia, não é mesmo?

Só me surpreende que Clarisse tenha feito isso. Bem aqui, nesse lugar (que é muito especial para ela, pelo que eu sei), nesse momento (que deveria ser sagrado), justo numa quinta-feira (que é o dia favorito dela). Mas quer dizer, quem sou eu para julgar? O corpo é dela e ela se agarra com quem ela dizer, não é mesmo?

E eu não tenho nada a ver com isso. Certo.

Acho que a física está errada. Dois corpos podem sim ocupar o mesmo espaço. Estou vendo a prova viva. Afinal, eles estão tentando engolir um ao outro ou o quê?

POV Nico

Continuei encarando o teto (que é super fascinante, na minha nem tão humilde opinião), ouvindo música e vegetando, porque é isso que desocupados como eu fazem. Isso ou ficar em redes sociais o dia inteiro, mas isso não é possível porque a internet caiu. Pois é. Um dia super emocionante.

— NIQUITOOOOOOOOOOOOOO – gritou alguém abrindo violentamente a porta do meu quarto e acabando com toda paz e sossego que reinavam ali. A próxima coisa que eu vi (ou senti, no caso) foi algo vindo na minha direção e em seguida cabelos loiros que se jogaram na cama ao meu lado (quase me acertando no processo).

— Tudo bem com você? – perguntou Annabeth enquanto arrumava sua postura e sentava de pernas cruzadas ao meu lado. Apenas olhei para ela ligeiramente incrédulo. – Quer dizer, não, não importa. – ela balançou a cabeça. – O que diabos você ainda está fazendo aqui? – ela perguntou exasperada.

— Tipo, oi? É o meu quarto? – respondi com uma sobrancelha arqueada enquanto me sentava corretamente. Ela jogou uma almofada na minha cara.

— Não foi isso que eu quis dizer! HOJE É QUINTA!

Continuei olhando para ela, me perguntando se ela tinha esquecido de tomar os remédios.

— Annabeth. – digo lenta e pausadamente. – Eu sei que dia é hoje.

Ela bufou.

— Sabe? Sabe mesmo? PORQUE ACHO QUE SE SOUBESSE ESTARIA UM POUCO MAIS PREOCUPADO. – jogou as mãos para o alto, exasperada.

— Tudo bem. – mal posso evitar um bocejo. – Que dia é hoje?

— SEU ENCONTRO COM A THALIA, IDIOTA! – outra almofada na cara. Lembre-me de tirar todas essas almofadas da cama, da próxima vez.

— Eu sei quando é meu encontro – revirei os olhos.

— ENTÃO POR QUE NÃO ESTÁ FAZENDO OS PREPARATIVOS? – ela gritou de novo enquanto levantava da cama. Sabe, essa garota grita demais. Tenho a impressão que se continuar amigo dela por muito tempo vou acabar surdo.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Que preparativos? – perguntei me espreguiçando. Incrível como não fazer nada cansa.

— Ok, ok. – ela respirou fundo. – Aonde você pretendia leva-la?

— Não sei. – respondi. – Acho que a algum restaurante. Ou talvez um piquenique. Quem sabe.

Ela abriu um sorriso gigantesco digno de comercial de pasta de dente no mesmo segundo.

— Um piquenique! Isso! Sabia que nem tudo estava perdido. – ela começou a andar de um lado para o outro, pelo quarto. – A questão é: onde? Tem que ser em um lugar aberto, claro, por que qual é a graça de fazer um piquenique noturno em um lugar fechado? Bom, isso é...

— Annabeth – chamei.

— ... um pouco difícil, não poderia ter muita gente, o que restringe bastante as possibilidades e precisa... – ela continuou, aparentemente nem me ouvindo mais.

— Annabeth – chamei de novo.

—... ser legal. Que tipo de lugar aberto tem pouca gente e é legal? Hum...

— Annabeth! – exclamei.

— O que é? Não está vendo que estou refletindo aqui? – ela se virou para mim impaciente.

— Eu já sei um lugar perfeito – digo.

— Oh. – ela sorri. – Isso facilita um pouco as coisas. Vamos lá! Precisa estar tudo PER-FEI-TO!

Xxx

— Aonde está me levando, mocinho? – perguntou Thalia sorrindo enquanto eu a conduzia para o carro.

— Você vai ver. É uma surpresa. – disse dando a partida.

— Então espero que seja maravilhoso. – ela disse se recostando no banco.

Apenas sorri e me concentrei no caminho. Logo chegamos e eu a ajudei a descer do carro, tirando a venda do rosto dela. Olhou em volta rapidamente e se virou para mim de novo.

— Me trouxe para a escola? – perguntou sorrindo com uma sobrancelha arqueada. – Tenho que dizer, você é muito romântico.

— Vem comigo! – disse enquanto pegava na mão dela e corria. Chegamos nas portas duplas principaise Thalia olhou para mim com um ar divertido.

— E agora, ficamos aqui? – ela cruzou os braços. Balancei a cabeça.

— Tenho que dizer, sua falta de confiança em mim é decepcionante. – digo sorrindo enquanto pegava a chave no meu bolso e destrancava as portas duplas. Ela olhou surpresa.

— Cheio de segredos. – sorriu e entrou. Segui ela, fechando a porta atrás de mim.

— Quatro palavras: amizade com o zelador – digo. Entrelaçamos nossas mãos e percorremos os corredores escuros. – E eu também sou extremamente discreto e silencioso. Aposto que ele nem vai reparar que uma das chaves dele sumiu.

Ela riu.

— Aposto que não.

— Chegamos – digo soltando a mão dela para alcançar os clipes no bolso da minha calça para abrir a porta.

— “Entrada permitida apenas para funcionários” – Thalia leu. - Ai meu Deus, você está arrombando a escola! - olhei para trás para ver a expressão dela. Ela estava balançando a cabeça. – Sabia que tinha algum motivo para eu gostar de você – sorriu.

Ri e ouvi o barulhinho da tranca abrindo. Abri a porta e olhei para Thalia.

— Primeiros as damas. – disse fazendo uma reverência. Ela sorriu e entrou. Entrei atrás dela, fechando a porta e começando a subir as escadas, atrás de Thalia.

Subimos as escadas de mãos dadas, com Thalia cantarolando uma música qualquer até que as escadas acabaram e estávamos em um pequeno corredor escuro com uma porta fechada a nossa frente. Abri-a normalmente, nunca trancavam essa porta.

— Onde estamos? – perguntou Thalia olhando admirada enquanto saíamos para o terraço. Se tratava basicamente de um espaço grande e amplo, com vários canteiros de flores espalhados e um chafariz no centro. Ao lado estava a toalha esticada apoiada sob a cesta de piquenique que eu e Annabeth tínhamos trazido mais cedo.

— Terraço – sorri.

— Como descobriu esse lugar? – ela disse sentando-se na toalha e olhando as estrelas acima de nós, antes de voltar o olhar para mim de novo.

— Eu tinha me perdido. – digo me sentando em frente a ela. – E eu não resisto a portas trancadas.

Ela sorriu.

— É maravilhoso.

Pigarreei e fiz uma pose bem dramática, para combinar com o momento.

— O que você está fazendo? – perguntou Thalia, que continuava sentada, apoiada nos braços olhando para mim.

— Não me interrompa, estou tentando lembrar. – fechei os olhos me concentrando no poema que eu tinha repetido a tarde toda obrigado por aquela garotinha assustadora, até decorar.

Mia senhora,

És de lua e beleza

És um pranto do avesso

És um anjo em verso

Em presença e peso

Atrevo-me atravesso

Pra perto do peito teu”

Ela me encarou com as sobrancelhas arqueadas.

— Poesia? Uau. – sorriu. – Foi Annabeth quem “sugeriu” – fez aspas com os dedos – esse poema, não foi?

— Eu não tive muita opção, na verdade – comentei deitando ao lado dela.

— Então você foi forçado a fazer algo por uma garota com a metade do seu tamanho? – ela perguntou divertida.

— Garotas podem ser assustadoras. – disse em minha defesa. – Principalmente quando se tratam de Annabeth.

Thalia riu.

— Sim, é verdade. – deitou-se ao meu lado e apoiou a cabeça nos meus ombros e ficamos apenas olhando as estrelas brilhando em silêncio. Sorri.