Triplex

O dia depois de... hoje?


Victória acordou com uma dor de cabeça horrorosa, abraçada ao sobretudo cáqui que estava usando na noite anterior. Quando abriu os olhos, estava num quarto que não era o seu, numa cama enorme que não era a sua e ao lado de uma pessoa que não deveria estar lá. Ela sacudiu a pessoa e disse:

— Nana acorda! Me diz que essa casa é a sua! Pelo amor de Deus!
— Ai não grita! Minha cabeça está explodindo, nunca mais eu beb... Espera! — ela abriu os olhos — Você me perguntou se essa casa é minha?! Então essa casa não é sua?!
— Ai-meu-Deus! O que foi que nós fizemos? Não me lembro de nada! — disse Victoria aos sussurros.

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Foi então que ouviram o barulho do chuveiro, no banheiro da suíte. A porta estava aberta e as duas foram ver quem estava no banho.


— Droga! – disseram as duas ao verem NichKhun no chuveiro.


As duas voltaram estáticas pra cama, não se falaram durante vários minutos. NichKhun saiu do banheiro vestindo um roupão preto e pulou na cama entre as duas moças. Deu um beijo em cada uma e disse:


— Bom dia lindas! Ou boa tarde, porque já passa das 13 horas...
— NichKhun, o que foi que aconteceu? Por que a gente está aqui? — disseram as duas juntas.
— Vocês vieram de livre e espontânea vontade, e a gente... – NichKhun percebeu as duas estremeceram ao ouvirem “a gente” e parou de falar.
— “A gente” você diz, nós três? — perguntou Victoria, Nana estava tentando processar as informações, e tentando lembrar-se de alguma coisa.


NichKhun sorria maliciosamente.


— Menag...Ai! — gritou NichKhun depois de levar uma travesseirada no rosto.
— Nem se atreva a terminar de dizer essa frase! — gritou Victória — Como é que...você não...eu estava bêbada, você não tinha o direito de... eu nem , nem gosto de você! — a voz dela era quase só gemidos de desespero.
— Não gosta? Dormiu abraçada ao sobretudo por quê afinal?
— Por que ele é meu claro! E o que isso tem a ver com o assunto? — Victoria respondeu por puro reflexo, porque não entendeu a pergunta.
— Eu o vesti ontem, você se lembra? Agora tem o meu cheiro. Ai! — Nichkhun levou outra travesseirada, dessa vez dada por Nana.
— Explica as coisas! —gritou Nana, ela parecia mais nervosa, só que estática — Agora que já aconteceu quero saber dos detalhes...
— Dos detalhes sórdidos?
— Quê? – gritaram as duas.


Houve uma tempestade de travesseiradas.


— Calma...ai... — NichKhun se defendia, usou o peso do corpo para imobilizar as duas contra o colchão — Não aconteceu...nada — roubou um beijo das duas.
— Como assim “nada”? — disse Victoria.
— É, como que “nada”?! — repetiu Nana.
— Desapontadas? — as duas estreitaram os olhos perigosamente, então ele hesitou — Ué? Vocês não se lembram de nada mesmo? Vocês estavam bêbadas e Junsu me pediu que as levasse pra casa no meu carro.
— Seria mais convincente se eu estivesse na minha casa. — disse Nana.
— Verdade. Esta casa é minha. Trouxe vocês pra cá porque a vocês não me disseram onde moravam. Apagaram antes disso.
— Aí você se achou no direito de nos trazer pra cá, pra sua cama... — Victoria disse séria.


A situação era visualmente hilária, porque apesar de bravas, as duas ainda estavam conversando com ele, imobilizadas no colchão.


— Não tive alternativas. — NichKhun parou de apertá-las com o corpo contra o colchão, mas não mudou de posição — Esse apartamento é um triplex, e eu moro sozinho aqui faz pouco tempo, só o meu quarto e a cozinha estão mobiliados, os outros dois andares estão praticamente vazios.


Nana saiu do quarto por um instante, e voltou logo em seguida.


— Verdade, o lugar está completamente vazio. Você dormiu aonde? — perguntou ainda desconfiada.
— Dormi no sofá. — apontou para um pequeno sofá no canto direito do quarto, era pequeno demais pro corpo dele, mas havia um travesseiro e roupas enxovalhadas em cima dele — Se eu que quisesse, poderia ter dormido com vocês, a cama é grande o bastante pra isso.
— Ah para! O que quis dizer com “se eu quisesse”? Vai me dizer que você não pensou nisso hora nenhuma? — disse Victoria, que agora estava tranqüila, mas ainda usando sarcasmo na voz.
— Claro que eu pensei! — respondeu NichKhun, rindo — Mas “fazer” é outra historia, seria muito obvio me aproveitar de vocês, mas como eu fiquei sabendo de uma aposta...

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Nana e Victoria se entreolharam, surpresas.


— Isso mesmo, foi a ultima coisa que vocês me disseram antes de chegarmos aqui, sobre a aposta. Depois eu tive que rebocar as duas nas costas até aqui em cima. Vão ter que se esforçar muito mais pra acharem que me conhecem. — ele finalmente saiu de cima das duas, foi até ao armário e pegou dois roupões e os jogou em cima da cama. — Vou até a cozinha preparar algo pra gente comer, vocês duas não comem há muito tempo.
— Eu vou pra minha casa, isso sim! — disse Victoria.
— Eu também! — concordou Nana.
— Não, vocês não podem.
— Como é? — as duas disseram juntas de novo, estavam começando a ficar irritadas com essa nova mania.
— Não vamos poder sair daqui hoje. Vem comigo que eu mostro o porquê. — Nichkhun abriu a porta de vidro que dava para a cobertura e levou as duas até a sacada, foram agachados até a beirada, perto da piscina. Havia pelo menos uns vinte fotógrafos esperando por uma brecha da segurança do prédio, ou que alguém passasse pelas janelas do apartamento.
— Uau! — disse Nana com espanto na voz — Droga! Eles nos viram chegar ontem.
— Não, senão já teria passado alguma coisa na televisão, e eu não vi nada. Provavelmente, não viram pra onde vocês foram, porque nós saímos pela porta dos fundos. Talvez só tenham ligado os pontos e estão esperando para tirar alguma foto.
— É, não podemos sair daqui tão cedo. — constatou Victoria — Justo hoje, que estou de ressaca, preciso de um banho...
— Não por isso! — Nichkhun a empurrou na piscina, e riu.
Por incrível que pareça, ela achou graça.
— Muito engraçado, até que a água está boa. Não querem entrar?
— Eu passo. — disse NichKhun, imitando Victoria.
— Então me dê sua mão que eu quero sair.
— Victoria, eu não caio nessa, você vai é me puxar pra dentro.


Nana piscou para Victoria e empurrou NichKhun para dentro da piscina, depois pulou junto.


— Estou em desvantagem. — constatou NichKhun sacudindo os cabelos encharcados — Duas contra um, e eu ainda não consigo nadar porque estou de roupão, e essa coisa pesa.
— Se você tirar esse roupão eu saio da piscina. — disse Victoria, rindo.
O dia estava agradável e quente, então os três ficaram na piscina durante uma hora mais ou menos.
— Ai gente! Preciso comer alguma coisa, senão vou desmaiar. — disse Nana.
— Eu também. — disse Victoria.
— Tudo bem, vamos descer. Vocês tomam banho enquanto eu preparo algo na cozinha.


Eles desceram de volta ao quarto de NichKhun, ele entrou no banheiro e saiu de lá com outro roupão, e outros dois, que ele jogou na cama, nas mãos. Abriu o armário e tirou duas camisas brancas e novas, e dois shorts pretos ainda na embalagem.


— Vocês podem usar isso quando saírem do banho, enquanto suas roupas secam. É tudo novo, não usei nenhuma vez. — ele disse, querendo ser educado e discreto — Bom, eu vou lá embaixo então, fazer a comida...
E saiu.
— Sabe, ele até que é uma graça... — disse Nana.
— Mas é um perigo. — alertou Victoria.
— Você concorda então!
— Eu nunca disse o contrário.


As duas desceram ao segundo andar meia hora depois, o lugar era enorme, cheio de cômodos vazios, por isso demoraram mais tempo que o necessário para achar a cozinha. Havia uma mesa posta, salada, massas, carne.


— Você fez tudo isso em meia hora? — disse Victoria.
NichKhun riu.
— Claro que não. Eu já tinha isso pronto na geladeira.
— Comida congelada... Seria pedir demais um homem que cozinhe tão bem. — disse Nana.
— Vocês não me entenderam, fui eu que fiz, mas como quase nunca como em casa, eu ponho pra congelar... Cozinho pra passar o tempo.
— Eu não sei fazer nem água fervida. — comentou Victoria, rindo.
— Eu sei fazer drinks. — disse Nana.


Todos riram. Eles almoçaram e depois as garotas se ofereceram para limpar tudo enquanto Nichkhun foi ao quarto.


— Um homem que cozinha... Desse jeito eu me apaixono. — disse Nana rindo.
— Até que não é tão incomum, já que ele mora sozinho. — Victória comentou em tom de desdém.
— Você mora sozinha e não sabe cozinhar.
— Eu menti. Não queria contar vantagem, além do mais se você conta coisas assim a um homem, ele logo acaba abusando da boa vontade.
— Ah há! Então você pensou num “futuro” com ele! — Nana pegou Victória totalmente de surpresa.
— Imagina! Disse aquilo por puro reflexo. Se você diz a um homem que sabe cozinhar ele logo pensa que pode dominá-la, é da natureza deles.
— Sei...
— Eu ajo assim quase que automaticamente. — disse Victoria sem convicção.


As duas terminaram de limpar a cozinha e saíram à procura de um lugar para relaxar no triplex. Não demoraram a perceber que, de fato, na maioria dos cômodos não havia móveis, três andares praticamente desertos. Nana e Victoria ficaram, obviamente, muito curiosas e voltaram para o quarto. NichKhun estava escovando os dentes no banheiro, quando saiu, as duas estavam sentadas na cama.


— Oi lindas! — disse ele sentando-se à beira da cama. — E então, o que querem fazer?
— É, não há muito o que fazer por aqui. — comentou Nana, que levou uma cotovelada de Victoria.
— Você fala da falta de móveis no apartamento não é?


Victoria e Nana assentiram.


— Sabia que vocês iam perguntar sobre isso. Eu herdei esse apartamento recentemente, mas ele estava vazio e eu não tinha móveis suficientes para cobrir o espaço porque eu morava numa kitnet.
— Mas por que você simplesmente não vendeu esse e comprou um menor? — questionou Victoria.
— Por que todos os móveis virão em algumas semanas, ou dias talvez...
— Os móveis vão vir de onde? Você os comprou? — disse Nana.
— Não, eu também herdei os móveis. É que ninguém morava aqui antes.
— Eu ainda não entendi por que você ainda não vendeu o triplex, é enorme para se morar sozinho... — comentou Victoria, meio confusa.
— Está se oferecendo para morar aqui comigo? Porque para mim tudo bem. — Victoria revirou os olhos, desaprovando o comentário. — Brincadeira. É que estava no testamento, tenho que morar aqui por pelo menos quinze anos.
— Quinze anos?! —disse Nana.


NichKhun assentiu.


— Espera, agora eu fiquei curiosa, explica direito esse negócio de ter que morar aqui por quinze anos.
— É o seguinte, eu herdei esse triplex de um tio muito rico. Eu sou o único sobrinho que ele teve, e já que ele não teve filhos, tinha essa obsessão por perpetuar a família. Então ele me deu provisoriamente esse imóvel, com todas as contas pagas, por quinze anos, que é o tempo que eu tenho para cumprir com as exigências do contrato.
— Você disse “provisoriamente”? — disse Nana — Como assim?
— Segundo o testamento, eu tenho dois anos para arrumar um relacionamento fixo, e ter filhos nos anos seguintes, se isso não acontecer no período estabelecido eu perco o apartamento... e a fortuna. — essa ultima parte ele disse em voz bem baixa, na esperança de que elas não ouvissem direito, elas ouviram, mas não deram a menor importância.
— Seu tio te deu uma fortuna e esse apartamento imenso para você ter uma família e uma penca de filhos por aí? — deduziu Victoria.

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NichKhun riu.


— A grosso modo... Mais ou menos. Felizmente há muitas brechas no contrato.
— Brechas? — disse Nana.
— Ele não define bem as coisas, por exemplo, a parte do testamento a que tive acesso não fala nada sobre que tipo de relacionamento “fixo” eu tenho que ter. Só que os filhos tem que ser meus, em termos genéticos, se é que vocês me entendem.
— Mas relacionamento fixo já não implica casamento?
— Não se o contrato não especificar. — disse Victoria. — Seu tio te deu a faca e o queijo para você criar um harém se você quiser e ainda usufruir de todos os bens.
— Ao que parece... — sugeriu NichKhun, maliciosamente, houve uma outra chuva de travesseiradas.
— Já está escurecendo, acha que podemos ir embora? — perguntou Victória.


NichKhun foi até a janela e afastou um pouco a cortina.


— Ainda tem uns dez fotógrafos lá embaixo. Você não pode esperar mais um pouco? Alguns deles devem desistir de virar a noite na rua.
— É que eu tinha trabalho a fazer amanhã, preciso trocar de roupa, dormir...
— Vic, amanhã é domingo. — disse NichKhun, pegando Victoria de surpresa, tanto porque ele percebeu a péssima desculpa que ela deu pra ter que ir embora quanto por ele a ter tratado por apelido que ela achava fofo. — Se o que você quer é ir embora porque já não me agüenta, pode dizer.
— Não foi isso que eu... não é isso.
— Entregou o ouro Victória, basicamente você disse que quer ir embora justamente porque quer ficar. — comentou Nana, rindo.


Victoria estava com vontade de esmurrar a garota e não se animou a argumentar. NichKhun ergueu as sobrancelhas surpreso.


— Se vamos ficar então vamos arrumar algo pra fazer, ficar a toa só vai fazer o tempo parar.
— A gente podia ver um filme. — sugeriu Nana.
NichKhun foi à prateleira de DVDs e pegou uns seis volumes.
— Minha coleção de filmes eróticos? — ele sugeriu, de brincadeira, era educado demais pra fazer algo assim com aquele tipo de garotas.
— Deus! Mas é só nisso que essa criatura pensa?! — Victória disse, revirando os olhos em desaprovo.


Os três riram.


— Não acho que eu tenha filmes legais aqui, os que eu tenho são de música ou filmes indicados por meus diretores para a construção de personagens.


Nana achou uma caixa de baralhos no criado mudo.


— Coloca qualquer DVD de musica ao e vamos jogar alguma coisa. — ela disse.
— Vamos jogar o quê? — perguntou Victoria.
— Poker? — sugeriu Nichkhun.
— Mas poker sem apostas não tem a menos graça, eu vim só com a roupa do corpo, quero dizer, nem isso eu estou usando mais.
— Falou como jogadora profissional. — zombou NichKhun.
— Digamos que eu tenho meus truques. — Victoria disse em tom de desafio, mas sempre simpática.
— Strip poker então, eu não preciso do dinheiro de vocês... — NichKhun disse fazendo alusão à fortuna que ele tinha congelada no banco.
— Ah claro! — Victória ironizou — Você sabe muito bem que qualquer roupa que tirarmos nos deixa nuas, e você está melhor vestido.
— Isto é verdade. — Nana concordou.
— Vamos jogar outra coisa então?
— Está com medo agora Victória?
— Claro que não, posso te deixar no chinelo, aliás, literalmente só com o chinelo... Só que não quero me prestar ao papel de stripper porque eu eventualmente vou perder, ou você se esqueceu que a Nana também vai jogar?
— Exatamente, e eu também não quero estar em desvantagem.
— Se o que vocês querem é que eu esteja em desvantagem, pois bem. — NichKhun foi até o guarda roupas, vestiu mais uma camisa, e jogou duas camisas e duas calças em cima da cama para que as duas vestissem. — Quatro peças para cada um. E vocês não precisam mostrar tudo se, eventualmente — ele disse tentando imitar o tom de voz de Victoria. — vocês perderem. Só não dispenso a dancinha. — completou, rindo.
— Tudo isso para ver mulheres seminuas, você é mesmo desesperado não é? — disse Victória com sarcasmo.


NichKhun ignorou o comentário.


— Alguma regra? — perguntou Nana.
— Quem se retirar, não precisa tirar nenhuma peça, quem perder nas cartas, tira. Quem ganhar por blefe tem direito a escolher a peça a ser tirada e pedir uma dança.
— E se contar alguma coisa a alguém, eu mesma te mato. Ainda não sei se gosto disso, mas vamos lá. — disse Victória.

O jogo correu perfeito para Victória, era quem mais se divertia. Ela se retirou sempre que as cartas não favoreciam, era ótima com blefes e tentou ajudar Nana sempre que podia. NichKhun tinha uma peça de vantagem em relação à Nana, que não podia perder de novo, e Victória só tinha perdido uma vez, para NichKhun.


— Pra quê eu fui inventar de jogar. — disse Nana, rindo — Posso desistir de vez?
— Você é quem sabe. — disse Victória, NichKhun achou estranho, mas não interveio. — Mas vai ser mais difícil ganhar sem te usar como escudo. — Victoria riu.
— Vocês duas estão combinadas!
¬— Imagina! Claro que não.
— Vocês duas não me enganam. Continuemos nós dois então Victoria.
— Vença por nós duas. — disse Nana.

O jogo recomeçou e Victoria venceu de novo, blefando com um par na mão, segundo as regras pré-estabelecidas, ela escolhia a peça a ser tirada e ele ainda teria que dançar. Victoria fez sinal para que ele tirasse a camiseta, NichKhun se levantou, fez um passo de dança engraçado e jogou a camiseta. Outra rodada recomeçou, e Victoria tinha o mesmo jogo de cartas, só que dessa vez ela não blefou, e NichKhun ganhou porque e tinha cartas mais altas.


— Como é Victoria, vai deixá-lo ganhar agora?
— Ei! Ela não precisa fazer isso, estou jogando com tudo que sei. — NichKhun se defendeu.
— Manda logo as cartas. — disse Victoria, terminando de tirar a calça.


Ela recebeu novas cartas com uma expressão ruim no rosto, NichKhun, claro, não deixou passar, desceu um four de rainhas, porém, para surpresa dele, Victoria tinha um Royal straigh flush. Nana riu.


— Dança “Go Go boy”! — disse ela.
— “Go Go boy”? — disse Victoria.
— Piada interna. — respondeu NichKhun.
— Vocês dois já de piadinha interna?
— Ciúmes Vic?
— Ai claro que não! E não enrola NichKhun, vai dançar pra gente hoje ainda?


Ele suspirou, sorriu, atrapalhou os cabelos com as mãos, ficou em pé na cama, que era de colunas. Ele dançou sério dessa vez, fez um movimento de pole dance usando uma das colunas da cama, um movimento que exigia muito dos braços e do abdômen. As duas garotas, obviamente, ficaram impressionadas e estáticas contra a cabeceira da cama. Ele se virou para tirar a cueca, mas quando ele pôs as mãos no elástico alguém gritou na escada, no final do corredor.


— Ei Khun! Você está aí? — o grito ecoou por todo o apartamento vazio.
— Droga! — cochicou Victoria — É o Junsu. — ela puxou Nana pelo braço e se enfiou com ela para debaixo na cama.


NichKhun pulou do colchão e correu para a porta do quarto.


— Estou aqui Junsu.
— Vim te trazer a roupa que você me emprestou ontem, você disse que tinha que devolver hoje e... — ele parou para observar o caos do quarto, depois viu que NichKhun estava de cueca. — Você está acompanhado? Porque eu posso voltar depois...
— Você diz isso por causa das roupas espalhadas? São todas minhas, eu estava sozinho.


“Ele vai estragar tudo” pensou Victoria.


— Não é só isso, falo por causa das cartas em cima da cama. “Paciencia” não está entre os jogos que você sabe jogar. —

Junsu forçou passagem para dentro do quarto sorrindo. — Ninguém no banheiro, sapatos de salto ao lado do criado mudo, e o sobretudo que Victoria estava usando ontem. — ele se abaixou, puxou o edredom, e riu.

— Boa noite Victoria, Nana...

As duas saíram super envergonhadas.


— Vocês três... Sério?
— Claro que não! Estávamos jogando cartas quando você chegou, achamos que fosse algum paparazzi. — disse Victoria.
— Amiga deixa quieto, ele vai continuar pensando besteira.
— Paparazzis? De fato tem alguns lá fora... Ah! Eles viram vocês entrando?
— Acho que não. — disse NichKhun ao ver as caras de pânico das duas garotas.
— Mas eles sabem de alguma coisa porque estão de plantão.
— Eu tenho que ir embora daqui. — disse Victoria.
— Eu também. Mas não vejo como, quer dizer, sem sermos vistas é difícil.
— Eu posso levar uma de vocês escondida no meu carro e Junsu leva a outra no carro dele, simples assim.


“Engraçado ele não ter pensado em algo similar antes” pensou Victoria.
NichKhun tinha dado a solução do problema, mas parecia desapontado. Houve um momento de silêncio.


— Perfeito, vamos nos vestir então? — disse Victoria, quebrando o silêncio.


Nana assentiu, e as duas foram até a cobertura buscar os vestidos que elas tinham deixado lá para secar. Junsu e NichKhun ficaram esperando no quarto, arrumando a bagunça.


— Que situação, ainda bem que eu não apostei, porque nunca ia imaginar que você conseguiria ficar com as duas, muito menos ao mesmo tempo.
— Não aconteceu nada disso que você está pensando. — disse NichKhun vestindo uma calça jeans e uma camiseta branca das que estavam jogadas na cama.
— Nada? Como assim nada? O que vocês estavam fazendo então? Porque estava de cueca?
— Strip poker...
— E você estava perdendo feio... — Junsu riu.
Enquanto isso na cobertura, Nana e Victoria vestiam as roupas já secas.
— Aposto que NichKhun está contando a maior vantagem lá embaixo. — disse Victoria.
— Você acha?
— Quase certeza. E Junsu acreditaria se ele contasse a verdade? Ele viu o estado do quarto...
— Oremos então para que isso não saia dessas paredes... Um escândalo como esse acabaria com a minha carreira...


As duas desceram minutos depois, Junsu e NichKhun as esperavam à porta do quarto.


— Então, como vai ser? — disse Nana.
— Você vai comigo e Victória vai com NichKhun.

Victoria, que estava extremamente desconfortável com a situação, saiu na frente. Junsu foi logo atrás e quando os dois saíram de vista no corredor, NichKhun puxou Nana pelo braço e lhe deu um beijo, que ela não recusou. Quando se separaram , ela disse ofegante:

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— E “isso” foi por...?
— Para o caso de você ter pensado em não me procurar, para descontar o beijo da aposta, e para te desejar “boa noite”.

Nana riu e saiu andando. Junsu e Victoria estavam chegando à porta do elevador privativo quando os dois os alcançaram. A descida até o estacionamento subterrâneo do prédio aconteceu em absoluto silêncio. O carro de Junsu estava na vaga ao lado do carro de NichKhun, porque 4 vagas eram dele, mas ele só tinha um carro.


— Boa Noite. — disse NichKhun à Nana, que sorriu em resposta e entrou no carro.


Junsu saiu com o carro e sumiu de vista, NichKhun esperou, depois ligou o carro. Victoria já ia colocar o cinto de segurança quando ele esticou o braço e segurou a mão que ela usava para puxar o cinto.


— Que foi?
— É melhor você sair abaixada. — Victoria fez cara de quem não entendeu. — O vidro do pára-brisa é claro o suficiente pra verem que tem mais alguém aqui dentro, você vai ter que se abaixar para não ser fotografada. — ele bateu a mão no joelho para que ela deitasse no seu colo.
— Ah fala sério? Dispenso, vou ficar no banco de trás.
— Está bem... Você é tão desconfiada.
E ele saiu com o carro. Victoria pode ver as luzes dos flashes piscando fora do carro, elas pararam rápido à medida que se afastavam da rua.
— Você já pode vir para o banco da frente, não estamos sendo seguidos.


Victoria abaixou o encosto do banco para poder passar sem encostar em NichKhun.


— Está com raiva de mim. — era um comentário, não uma pergunta.
— E eu tenho motivos?
— Não sei, diz você.
— O que você disse à Junsu?
— O que? Sobre o que aconteceu no quarto? Contei o que “não” aconteceu.
— Quê?!! — Victoria inconscientemente deu um soco nas costelas de NichKhun, forte o bastante para afetar na direção do carro, que oscilou.
— Ai! Calma aí, você não me entendeu, eu disse a ele que não aconteceu nada. É a verdade não é? Eu não sei o que imagem você já formulou de mim, mas não condiz com quem eu sou. — NichKhun não estava irritado, disse isso sorrindo, sem nenhum traço de ironia.


Houve um longo momento de silêncio.


— Por que estamos andando em círculos?
— Porque você ainda não me disse aonde mora.


Victoria riu baixinho.


— Não sei se devo.
— Por quê?
— Vai me procurar se eu disser onde moro?
— Só se você quiser.


Victoria fez sinal para que ele seguisse reto com o carro, depois deu sinal para virar em algumas ruas, e então pararam em frente a um prédio de kitnets. Ela tirou o cinto e pôs a mão na porta para abri-la, mas foi impedida por NichKhun.


— Espere! Você ainda não me disse...
— Disse o que?
— Se eu posso te procurar. — ele se aproximou para beijá-la, mas como ainda estava de cinto, ficou preso no meio do caminho.


Victoria riu alto e se virou para destravar a porta, nesse segundo NichKhun se desvencilhou do cinto e saiu do carro sem que ela notasse, a tempo de alcançá-la ainda em frente ao capô. Victoria trombou com o corpo de NichKhun e foi imobilizada com um abraço. Ele a apertou com os braços contra o carro e enterrou o rosto em seus cabelos compridos. Respirou profundamente e disse baixinho:


— Boa noite Vic.


Victoria relaxou o corpo e sentiu euforia, mas ao mesmo tempo sentiu medo. NichKhun a soltou e a levou pela mão até a portaria do prédio, sem dizer nada, sorriu e voltou para o carro.


A noite pareceu bem mais fria do que Victoria se lembrava.