Trilha Sonora

Capítulo 11 - Coming back for you


CAPÍTULO 11

Assim que levantei da minha cama, me arrependi no minuto seguinte. Minha cabeça pesava toneladas e a uma dorzinha irritante martelava próximo as minhas têmporas. Voltei a sentar no colchão e peguei meu celular em cima do meu criado mudo, querendo saber as horas. O brilho da tela fez doer meus olhos e se não fosse a notificação que me indicava uma mensagem ainda não lida, eu teria deixado o aparelho de lado. Mas era da minha conversa com Harry.

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Um palavrão saiu da minha boca assim que li o conteúdo da mensagem. Meu breve momento no banheiro da casa noturna que eu, Rony, Hermione e Luna fomos na noite anterior veio imediatamente na minha mente num misto de imagens avoadas e mensagens borradas. Conforme eu lia o que eu havia conversado com Harry, mais a vontade de me afogar no tâmisa crescia, contudo, sua última mensagem fez um sorriso brotar em meus lábios.

Harry, O metido: Tomara que você continue sapo por muito tempo, Gin. Aí seremos obrigados a tentar mais vezes!

Eu provavelmente fiquei mais do que o normal encarando meu celular, com um sorriso bobo nos lábios. Se não fosse minha ressaca, eu teria ficado daquela forma o dia todo, mas já havia passado do meio dia, e meu estômago clamava por comida e minha cabeça por um analgésico. Assim, deixei meu celular na minha cama e desci para a cozinha. Eu poderia pensar numa resposta bem menos literal e vergonhosa como as da noite anterior depois que minha cabeça não estivesse mais prestes a explodir.

—A noite foi boa -disse minha mãe, mexendo em seu notebook em cima da mesa da cozinha. Seus olhos se desviaram da tela brilhosa assim que eu adentrei no aposento.

—Rony já acordou? -quis saber, caminhando até ela e deixando um beijo em sua bochecha.

—Já, mas voltou a dormir de novo. Como está essa cabecinha?

—Latejando -confessei.

Ela se levantou e pegou um analgésico para mim. Eu sorri em agradecimento enquanto eu espiava o que tinha para comer dentro da geladeira, amando Molly Weasley mais do que era possível uma filha amar uma mãe. Ela me perguntou sobre o jornal e eu disse tudo. Parecia que ela tinha percebido que eu precisava falar sobre aquilo, então não poupei minha empolgação.

–Você vai saber de tantas coisas… Jornalistas sabem ser bem perversos quando querem, você sabe -comentou, se referindo as fofocas que eu provavelmente iria saber. -não seja assim, querida.

–Mãe… -rolei os olhos.

–Você pode conhecer algum famoso! -exclamou, animada.

–Mãe, é um trabalho, não vou poder…

–Ora, não seja boba. Quem sabe um não se interesse por você? -ok, a empolgação dela já tinha ultrapassado a minha e comecei a rir da sua feição sonhadora, sendo acompanhada por ela logo depois.

–Não é pra tanto, Dona Molly. -alertei, e me vi envolvida por seus braços protetores.

–Você merece tudo, querida -ela me deu um beijo na testa e eu poderia passar o rosto do dia naquele abraço. -eu e o seu pai torcemos muito por você e pelo seu irmão.

–Eu sei.

–Vocês cresceram tão rápido… Daqui a pouco é o casamento!

Revirei os olhos mais uma vez, ignorando a dorzinha que ainda latejava em minha cabeça, e ri com sua afirmação. Típico de Molly Weasley pensar logo no casório dos filhos.

–Isso ainda vai demorar um pouquinho -eu deixei um beijo no rosto dela e me desvencilhei do seu abraço, temendo que ela começasse a falar sobre netos. -Vou pro meu quarto.

—Tudo bem, amor.

Ela me deu outro beijo antes de eu sair da cozinha e subir as escadas. Fui direto para o meu banheiro, me permitindo demorar um pouco mais em baixo do chuveiro. Quando me enrolei na toalha, minha dor de cabeça havia melhorado o suficiente para que eu colocasse um música no meu computador sem que o som me incomodasse. Procurei meu pijama mais leve e me vesti, jogando-me de volta na minha cama logo depois. Eu não estava exatamente com sono, mas eu sabia que o analgésico me deixaria sonolenta.

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Encarei meu celular por algum tempo antes de finalmente pegá-lo. Eu não poderia fingir que aquela conversa não havia acontecido, fugir era para covardes e eu preferia não ser uma. No entanto, eu não poderia conter a satisfação repentina que me assolou quando me lembrei que eu não encararia Harry no outro dia e nem nos próximos meses, pois eu não tinha certeza se eu iria conseguir controlar a Gin de 15 anos que sempre iria existir em mim e não corar na frente dele.

Foi pensando nisso que eu digitei minha mensagem.

Gin W: Imagino que a sua conversa com todos os meus drinks da noite passada tenha sido divertida pra você, porque eu só consigo rir lendo tudo isso!

Eu estava prestes a largar meu celular de volta em cima do criado mudo quando sua resposta fez o aparelho vibrar.

Harry, O metido: Poxa, eu estava levando tudo muito a sério!

Eu ri, mas não pude refrear a vontade de revirar os olhos. Eu poderia ver o sorrisinho provocante em seus lábios mesmo ele estando do outro lado do oceano.

Gin W: Dizem que bêbados não mentem.

Ele me respondeu dois segundos depois.

Harry, O metido: Então eu deveria ter aproveitado para perguntar algumas coisas.

Gin W: E o que te faz pensar que eu mentiria caso você me perguntasse essas coisas agora?

Sugeri, mordendo meu lábio inferior em expectativa. Eu sabia que estava brincando com fogo.

Harry, O metido: Nada, mas tenho certeza que a escolha de palavras dos seus drinks seria mais interessante.

Gin W: Experimenta perguntar, depois você julga se foi suficientemente interessante.

Harry, O metido: Não vou aliviar pro seu lado, sapinha.

Bufei com sua última mensagem. A curiosidade me corroía por dentro, querendo saber o que eram essas “coisas” que ele teria me perguntado.

Gin W: Longe de mim pedir isso, princesa.

Não me incomodei em usar seu apelido, somente para que ele soubesse que eu não havia o esquecido. Sua outra mensagem demorou um pouco a chegar, e a pergunta que havia nela me fez ter um dejà vú.

Harry, O metido: Você está sentindo minha falta, Gin?

Aquilo era tudo o que eu precisava para saber que, apesar de tê-lo beijado na sua cozinha no dia da festa que antecedeu sua partida, o fato de eu não ter dito em voz alta assim como ele o fizera havia o deixado pensando no que poderia ter saído da minha boca.

Mentir era a última coisa que passava pela minha cabeça, então não demorei muito em digitar minha resposta.

Gin W: Desde quando eu não te respondi isso na sua cozinha, Harry.

Minha respiração estava pesada e eu podia ouvi-la. Era como se eu estivesse de volta naquela cozinha, os olhos verdes olhando pra mim ansiosos por uma resposta. Eu podia facilmente imaginá-los.

Harry, O metido: O que os seus drinks teriam dito?

Sorri com sua pergunta. Ele tinha razão, afinal. O álcool em meu organismo responderia aquilo de uma forma um pouquinho diferente.

Gin W: Eles teriam dito que eu não queria que você tivesse ido.

Harry, O metido: Ainda bem que você não disse.

Franzi o cenho com sua resposta e a curiosidade fez com que meus dedos digitassem a próxima mensagem.

Gin W: Por que?

Sua resposta chegou segundos depois, mas pra mim pareceu uma eternidade.

Harry, O metido: Eu seria preso por tráfico humano, porque com certeza eu teria te jogado na minha mala, sapinha.

Ri alto com a sua resposta, e minha cabeça doeu um pouco me fazendo lembrar que a ressaca ainda existia.

Gin W: Isso é o que os seus drinks teriam feito??

Harry, O metido: Não, eles teriam feito algo mais extremo.

Gin W: Feito o que?

Sua resposta veio tão rápido quanto o intervalo de tempo que fez meu corpo esquentar.

Harry, O metido: Te levado pro meu quarto.

Minha respiração vacilou e meu coração batia a toda velocidade no meu peito. Meu lábio inferior pendia entre meus dentes e de repente meu quarto estava muito quente. Foi impossível não querer voltar no tempo somente para ter feito diferente, somente para ter dito tudo aquilo a ele, mas eu precisaria de muito mais álcool para ter dito com todas as letras meu desejo por sua permanência na europa.

Era diferente por mensagem, no entanto. Ele já estava lá, e não era como se ele fosse arrumar as malas e embarcar no primeiro vôo somente porque eu tinha dito que sentia sua falta.

Perdi as contas de quantas vezes li sua mensagem, minha mente imaginando o que teria acontecido se ele de fato tivesse me levado pro seu quarto. A excitação tomou conta de mim, e eu já não me importava em filtrar meus pensamentos, tão poucos minhas mensagens. Estávamos ali, dizendo coisas que provavelmente não diríamos se o tema da conversa fosse como os das nossas anteriores, então eu iria aproveitar o momento.

Gin W: Era pra você ter bebido mais, então.

Harry, O metido: Tô odiando toda essa água entre a gente agora, sapinha.

Meu sorriso se alargou mais com a sua declaração. Eu nunca havia sentido tanta aquela distância como sentia naquele momento. Meu celular voltou a vibrar pouco tempo depois. Havia uma foto sua. A pouca claridade e a ponta de um travesseiro me mostrava que ele provavelmente estava no seu quarto, e seu sorriso era um reflexo perfeito do meu. Seus cabelos estavam na bagunça de sempre e seus ombros nus me diziam que ele não estava usando camisa. Não deixei de notar, ainda, que ele não havia se barbeado naquele dia, o que o deixou mais velho e muito atraente aos meus olhos.

Harry, O metido: Uma foto minha pra diminuir a sua saudade.

Eu ri com a mensagem logo em baixo da sua foto, pensando que ela tinha feito exatamente o contrário, porque tudo o que eu queria era que ele estivesse perto o suficiente para sentir aquela barba em meus dedos.

Gin W: Ajudou muito, obrigada!

Harry, O metido: Me manda uma sua também, sapinha. Quero te ver.

Hesitei ao ler sua mensagem, mas acabei dando de ombros e me levantei da cama, ficando sentada no colchão. Passei a mão nos meus cabelos ainda úmidos e pouco me importei com a cara de ressaca que eu deveria estar, apenas peguei meu celular e abri a câmera. Segurei o aparelho no alto, e tirei uma foto minha. Olhei o resultado depois. Dava pra ver que eu estava sentada, pois o ângulo pegara minha perna dobrada bem como a curva dos meus seios que a camisola de alcinhas não escondia, mas não me importei muito com aquilo. Não mostrava nada demais, e sentir vergonha depois do que acontecera em sua cozinha me parecia completamente sem sentido. Além do mais, eu não via problemas em provocá-lo um pouquinho. Assim, cliquei no no botão e enviei a foto.

Sua resposta demorou um pouco a chegar.

Harry, O metido: Você é muito linda, Gin.

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Mordi o lábio ao digitar minha mensagem, e me senti estranhamente mais excitada.

Gin W: Obrigada, Harry.

Eu estava olhando novamente a foto que ele me enviara quando meu celular anunciou outra mensagem sua.

Harry, O metido: Me manda mais?

Ponderei um pouco, me decidindo se eu lhe mandaria outra foto. Me levantei da cama e caminhei para a frente do espelho que pendia em uma das paredes do meu quarto, encarando meu reflexo. Eu mordia o lado interno da minha bochecha, pensando no que eu poderia fazer. Por fim, bati duas fotos de corpo inteiro, dobrando uma das pernas de modo que uma de minhas coxas ficasse evidenciada. O short que eu vestia era curto e escondia apenas o suficiente. Quando a enviei, a adrenalina corria por meu corpo e a ansiedade fazia com que eu quase ferisse meu lábio inferior que eu mantinha entre meus dentes.

A conversa em meu celular me mostrava que ele já havia visualizado a mensagem, mas não havia nenhum sinal de que ele estava digitando. Esperei mais dois minutos antes de enviar outra mensagem.

Gin W: Você tá aí?

Ele apareceu segundos depois.

Harry, O metido: Desculpa. Demorei demais admirando essa sua foto... Acho que eu não vou conseguir parar de olhar pra ela por um bom tempo, sapinha. Você é linda demais.

Eu sorri vitoriosa, e resolvi provocar um pouco mais.

Gin W: Você já disse isso.

Adicionei um emoji que demonstrava toda a minha presunção, indicando que aquela frase não possuía toda a seriedade que num primeiro momento poderia transmitir.

Harry, O metido: É porque é verdade, mas como eu não quero correr o risco de ser repetitivo, permita-me mudar o elogio: você é gostosa pra caralho, Gin.

Ele poderia estar em outro continente, mas senti a veracidade daquelas palavras como se ele tivesse acabado de sussurra-las no meu ouvido. Não me incomodei nem um pouco por sua escolha de palavras, estávamos falando exatamente o que queríamos dizer, sem restrições, sem vergonha e, embora eu não soubesse como terminaria, passava longe da minha cabeça simplesmente não continuar com aquilo.

Antes que eu pudesse digitar uma palavra, Harry enviou outra mensagem.

Harry, O metido: Promete vestir esse seu pijama quando eu estiver aí?

Ri com aquele seu pedido inusitado, e enviei minha resposta.

Gin W: Pensei que você gostasse mais do pijama de sapinhos.

Harry, O metido: É porque eu ainda não conhecia esse.

Puxei um travesseiro e o abracei, deitando de bruços no colchão logo depois. O brilho da tela do meu celular já não incomodava mais meus olhos.

Gin W: Eu tenho vários parecidos com esse. Sabia que eu costumo passar os domingos inteiros usando um?

Sua resposta não demorou nem um segundo.

Harry, O metido: Então eu vou te visitar em todos eles quando eu estiver aí, sapinha.

Eu ri com a sua declaração, desejando que voltássemos logo a dividir a mesma cidade novamente. Mas, eu não deixava de me perguntar se nossas trocas de mensagens existiriam se ele não tivesse ido. Eu adorava nossas conversas virtuais tanto quanto havia amado os momentos em que podíamos nos tocar, então aquela era uma via de mão dupla onde eu não sabia qual direção seguir.

Continuamos a conversar e a trocar provocações que despertavam em mim pensamentos nada inocentes, mas não compartilhamos mais nenhuma foto. Ele me perguntou se eu me importava que ele não apagasse a minha imagem de pijama do seu celular, e eu respondi que não, desde que ele não mostrasse pra ninguém. Tive que controlar o riso quando Harry respondeu que não iria permitir que nenhum outro cara olhasse para aquela foto como ele o fazia naquele momento, pois ele gostava demais do próprio celular para deixá-lo ser engolido.

A lua já iluminava a noite quando o efeito do analgésico pesou sobre mim, fazendo minhas pálpebras vacilarem. Assim, fui obrigada a me despedir de Harry e dar fim aquela conversa que eu leria novamente na manhã seguinte e que me arrancaria sorrisos repentinos pelo resto daquela semana.

Meu primeiro dia no trabalho foi para conhecer o local onde eu iria passar boa parte do meu dia. Fui apresentada a muita gente e todos foram muitos simpáticos comigo. No entanto, quando finalmente sentei na frente do computador, a realidade me atingiu tão rápido quanto o sorriso de ansiedade em meus lábios surgiu. Então, bem, entrei em ação.

Não demorou muito para que eu me acostumasse com aquele ambiente. Os dias pareciam passar mais rápidos agora que meu tempo era quase que totalmente preenchido, e eu chegava absolutamente exausta em casa, de modo que minhas conversas com Harry se tornaram menos frequentes. As coisas começaram a apertar para ele também, então, quando trocávamos mensagens, tinham assuntos infinitos, incluindo músicas e as provocações que sempre despertavam sensações engraçadas em mim.

E haviam as fotos.

Elas fizeram parte de mais duas conversas nossas. A maioria era inocente, mostravam sorrisos, caretas e até mesmo imagens engraçadas feitas exclusivamente para nos tirar um riso. Porém, Harry pareceu adquirir uma curiosidade sobre minhas camisolas, ele passou a me pedir fotos em todos os domingos e, por vezes, eu acatava o seu pedido. Suas palavras posteriores me faziam rir ou faziam meu corpo esquentar; eu gostava demais das duas consequências.

Em março, Mione me convidou para uma festa na sua faculdade, e acompanhei ela e meu irmão até o seu campus. No fim, a festa que eu nem esperava ser muito animada se resumiu a 3 doses de tequila e um beijo de um amigo da minha cunhada muito simpático e que dançava muito bem. Fora bom, divertido, mas não passou daquela noite.

Passei o dia posterior dentro de casa, lendo livros da faculdade, ouvindo música e navegando na internet através do meu computador, nada demais. Eu costumava varrer os sites de notícias para sempre me manter informada, como uma boa jornalista deveria fazer. E foi em um desses sites que eu vi o anúncio, no meio de abril. Tive quer ler mais de duas vezes até ter a certeza de que não era fruto da minha imaginação, e passar o olho pelo resto da notícia, verificando a fonte para ver se aquilo de fato era verídico. Quando enfim minha certeza se tornou sólida, peguei imediatamente meu celular.

Gin W: Adivinha quem vai para o próximo show do U2???

Eu não precisava olhar num espelho para saber que o sorriso em meu rosto era enorme. Eles já haviam feito show várias vezes, mas eu ainda não trabalhava, tão pouco possuía idade o suficiente para ir, tirando o fato de que sempre tinha um imprevisto que me fazia desistir de assisti-los. Mas, daquela vez era diferente. Eu iria naquele show e nada me faria pensar o contrário.

Meu celular tremeu em minha mão, e cliquei na mensagem que Harry havia me mandado.

Harry, O metido: Porra! Sério, Gin??

Sorri com a sua descrença, mas não pude culpá-lo, não quando eu reagiria da mesma forma minutos atrás.

Gin W: Eu não brincaria com uma coisa séria dessas, Harry! Eles farão um show em um pouco mais de mês! Não vejo a hora de comprar os ingressos…

Harry, O metido: Nem eu!

Minhas sobrancelhas se arquearam e meu corpo tremeu de leve com minha risada muda. Eu poderia ver seu desejo de ir naquele show também.

Gin W: hahaha Não se preocupe, eu gravo pelo menos uma música pra você, deixo até você escolher. :)

Harry, O metido: : Você é mesmo uma sapinha muito gentil, mas não precisa. Eu vou comprar os ingressos junto com você.

Gin W: E eu posso saber quando e como o senhor pretende fazer isso???

Cruzei as pernas, esperando sua resposta para saber qual seria a brincadeira daquela vez. Porém, sua mensagem que chegou 2 segundos depois me pareceu tão séria quanto o edito chefe do jornal em que eu trabalhava.

Harry, O metido: Daqui há duas semanas, se o meu avião não cair e eu me afogar no atlântico. Mas eu não posso ter tanto azar assim. Tô indo passar o verão, sapinha.

Fiquei encarando meu celular por um tempo indeterminado. Parecia que meu cérebro não queria digerir aquela informação, muito menos como reagir a ela. Eu queria literalmente soltar um palavrão, só não sabia se era de surpresa ou de felicidade, no entanto, seria muito estranho fazê-lo, de modo que digitei o início de várias frases, mas todas pareciam refletir o estado de torpor em que eu me encontrava, e tive que apagar todas até finalmente encontrar as palavras que não denunciariam minha ansiedade.

Gin W: Um inglês não consegue passar muito tempo longe das tradições, não é mesmo? hahaha Lily deve estar tão ansiosa...

Harry, O metido: O filho preferido dela está voltando pra casa, sapinha!!

Não segurei o impulso de revirar os olhos com sua última mensagem. Sendo filho único, a ansiedade de Lily não era nem de longe questionável.

Gin W: Mimado!

Sua resposta a minha acusação foi apenas um emoji engraçado. Depois, não disse mais nada. Apenas reli aquela conversa outra vez, ainda não acreditando que eu o veria pessoalmente dentro de poucas semanas.

Inevitavelmente, todas as nossas provocações e fotos que compunham nossas trocas de mensagens vieram em minha mente, e me perguntei se aquilo mudaria a forma que costumávamos nos tratar antes dele viajasse. Meu pensamentos, porém, foram interrompidos quando outra mensagem de Harry chegou, e cliquei imediatamente na tela do celular para lê-la.



Harry, O metido: Você disse que não queria mais ser sapo, sapinha, então vamos resolver esse problema.