Bella

Depois de quase duas semanas, parecia que os dias passados com Edward, trancada em seu aparatamento, apenas nos preocupando em nos amar, tinham sido somente fruto da minha imaginação. Pensaria que estava realmente ficando louca se no dia seguinte a minha volta para casa, se ele não tivesse ligado para mim e confirmado que sim, aqueles dias existiram.

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Eu estava em meu escritório. Tinha chegado cedo e tentava compensar os dias de folga que tirei. Ângela tinha chegado há pouco tempo e tinha me enchido de perguntas. Foi um sufoco que esquivar de todas, mas acho que ela não desconfiou da minha amiga nunca comentada, Anabelle e nem da cidade Spokene. Várias perguntas respondidas sobre a viagem e muitas mentiras depois, Angela me passou a ligação.

- Edward? - Respirei fundo antes de falar.

- Oi, Bella. - Era tão bom ouvir a sua voz e me lembrei da noite passada quando mal dormir pensando em como fui estúpida tratando-o como um estepe. - Queria saber como está.

- Estou bem. - Bem mal.

- Bella... - Por que ele hesitava? O que queria falar?

- O quê...? - Perguntei ansiosa apertando mais forte o telefone em minha mão.

- Sobre a nossa última conversa...

- O-o que tem? - Droga! Não podia agir normalmente nesse momento?

- Bella, precisamos conversar novamente. - Falou de repente seguro. E agora? Eu ainda não estava preparada para vê-lo, encará-lo. Sentia-me muito errada, não queria ter que olhá-lo e me sentir ainda pior. Sabia que ele iria insisti em dizer que para ele não importava, mas importava muito. Para mim era muito ruim ter que magoá-lo. - Bella, temos que nos ver. Precisamos dessa conversa. - Ainda não disse nada. - Por Deus, não pense que foi errado, não foi de jeito nenhum. Você não me enganou em momento algum. - Ele tinha alterado a voz e sua angustia se refletiu em mim.

- Edward... Edward... - O nó na minha garganta se fez presente como nunca.

- Diz que vai me encontrar mais tarde. - Pediu.

- Não posso Edward. - Minha visão estava nublada por conta das lágrimas.

- Bella, não fala isso.

- Edward, não me peça isso agora. Eu preciso muito colocar meus pensamentos em ordem. - Foi a sua vez de se calar. Ah merda! Tinha o magoado novamente. - Conversaremos, mas agora não adiantaria nada.

- Eu tentei, certo? Deixarei você pensar.

- Muito obrigada.

- Eu... - Ele hesitava novamente. - Eu... Deixa pra lá. Até mais, Bella.

- Até mais, Edward.

Como podia imaginar que ele não tentaria mais falar comigo? E como poderia imaginar que me sentiria muito mais perdida, sem contar nos ímpetos que me acometiam vez ou outra. Queria muito falar com ele e ficava por vários minutos segurando o telefone desejando ouvir a sua voz. Nem Alice me dava notícias dele.

Assustei-me com a porta que foi aberta num rompante. A pequena fadinha estava em pé com uma mão mantendo-a aberta e seus olhos cravados em mim. Certo, entendi. O negócio iria ser feio. Ela fechou a porta sem oscilar a sua expressão. Pé ante pé aproximou-se de mim. Jogou a bolsa em cima da minha mesa e com o estrondo que ela fez desconfiei que estivesse recheada de pedregulhos ou talvez... Uma arma. Seria o dia da minha morte.

Alice ainda carrancuda apoiou as mãos espalmadas sobre a mesa e inclinou-se em minha direção. Parecia uma serial-killer. Esperava pela aparição da arma a qualquer momento, se ela não optasse por me matar com as suas próprias mãos. Alice, no entanto, mantinha-se calada, não se movia apenas me encarava. Ergui as sobrancelhas sem saber o que fazer. Olhei para os lados esperando alguma reação, sei lá.

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- Alice? O que está fazendo? - Perguntei e talvez tivesse usado a minha cara de palerma.

- Estou memorizando. - Ela disse tão baixo que mal pude ouvir.

- Memorizando? - Fiquei perdida.

- Isso, memorizando a face da traição. - Quando abri a boca para me explicar ela ergueu uma mão para que me calasse. Fiquei quieta, seria melhor. Ela então voltou a pôr a mão na mesa. - Achou isso bonito? Você sumir assim? Que história foi essa de Spokene? E nem me venha com essa de Anabelle. É óbvio que você pirou e foi por isso que me preocupei. Liguei várias vezes pra você e a cada vez ficava mais angustiada. - A medida que Alice fala o seu rosto que antes expressava indignação, mudava para tristeza. Seus olhos estavam cheios de lágrimas o que fez os meus próprios arderem com as minhas. - Você me deu o maior susto.

- Desculpe Alice. Eu não quis preocupar você.

- Mas preocupou! - Ela estava chorosa, mas teve um momento raivoso novamente e apontou o dedo em hirte para mim. - Você não tem coração!

- Lice! - Levantei e dei a volta na mesa parando em sua frente. Ela endireitou o corpo e me encarou fazendo um biquinho. - Por favor, me desculpe.

- Por que fez isso, Bella? Na verdade... Eu sei! Quer dizer... Sobre o seu sumiço. - Ela ficou um pouco sem jeito.

- Sa-sabe? - Fiquei preocupada.

- Sei que Jacob, aquele cachorro! Sei que ele ficou com outra na noite do noivado de Rose e Emmet. - Claro que ela sabia disso. Talvez Emmet tenha dito para Rose e Rose falou para ela ou a minha mãe disse.

- Como soube disso? - A minha curiosidade foi maior.

- Bem... Rose não queria contar nada. Ela já sabia pelo Emmet, mas então no final da semana uma garota lá no trabalho estava lendo uma revista e eu pedi emprestada. Enfim Bella tinha uma matéria de uma festa... E uma foto. Jacob estava aos beijos com uma ruiva. - Não pude deixar de arregalar meus olhos. Ok, a minha humilhação agora poderia ser contemplada por todos que quisessem.

- Foi por isso não é?

- Saiu em uma revista? - Minha voz estava engasgada.

- Eu até trouxe...

- Me deixa ver. - Falei sem ao menos pensar.

Alice abriu a bolsa e tirou a revista de dentro. Eu arranquei a revista de suas mãos e folheei até encontrar a foto maldita. Jacob estava mesmo aos beijos com a garota e parecia muito satisfeito e feliz. A foto estava de uma maneira que não deixava dúvidas. Canalha! Ainda pedia perdão, isso não tinha perdão!

- Argh! Não foi pouco flagrá-lo, ainda tinha que sair em uma revista! - Ralhei.

- Você o flagrou? - Alice perguntou de boca aberta.

- Sim. - Joguei a revista na mesa. - No dia do noivado, fui a casa dele. Tive uma bela surpresa. Ele estava transando com essa garota da foto.

Alice desmoronou na cadeira parecendo chocada, mantinha uma das mãos no peito. Voltei para a minha cadeira e contei exatamente tudo o que aconteceu até o meu momento na praia no dia seguinte, pulei para o dia anterior, falando na maneira como o encontrei com meus pais em casa.

- Agora me conta, onde de verdade você esteve? - Engoli em seco. Talvez fosse a oportunidade que eu tinha para desabafar com alguém. Mas não me sentiria a vontade sabendo que Alice é irmã dele e que eu o estou magoando.

- Posso manter isso em segredo por mais um tempo? - Tentei.

- Mas por quê? Vai dizer que esteve com outro homem? - Droga! Ela tinha que se fazer de esperta logo agora? Quando ela percebeu o meu silêncio fitou-me astutamente e com certa diversão e depois deu um pulinho na cadeira, me assustando. – Ai Meu Deus!!! Você esteve com o Edward!!! Não tente negar!!! - Ela pulava na cedeira e apontava pra mim, seus olhos arregalados e um sorriso enorme no rosto.

- O que te faz pensar que estive com seu irmão? - Dei um sorriso nervoso.

- Oras! Edward tirou uma semana de folga. Ele nunca fez isso. Era um dos motivos que ele sempre brigava com a ex dele, no entanto, desde que te conheceu ele ficou bastante flexível, tanto que poderia tirar uns dias de folga para ficar com você. Engraçado você tirar a mesma semana de folga e sumir com uma garota que não existe, ou que na verdade chama-se Edward Antony Masen Cullen. - Ela terminou o discurso batendo palminhas.

- Ok, você venceu. - Disse derrotada, não adiantaria nada dizer que não.

- Por que não saquei isso logo? Fui mesmo muito burra! A minha preocupação me segou. Você é mesmo danadinha! Eu estive no aparatamento dele e peguei em seu sutiã.

- E me chamou de sirigaita. - Ela riu ainda mais.

- Não faria isso se você se revelasse. Pensei que Edward estivesse com outra. Então, me conta, estão juntos?

- Ah... - Fiz uma pequena careta e ela ficou séria imediatamente.

- Ah o quê senhorita Isabella?

- Não estamos. Alice, eu não estava realmente pensando quando fui para o apartamento do se irmão. Estava magoada e Edward me deu carinho e atenção. Isso tudo junto com o fato de me sentir atraída por ele me fizeram tomar uma atitude equivocada.

- Atitude equivocada? - Ela ergueu uma sobrancelha e eu mordi o lábio inferior.

- Sim, dormir com seu irmão foi uma atitude impensada.

- Ah sim, uma atitude impensada que foi repetida por uma semana? Vai dizer que não sente nada pelo meu irmão além de atração física? Corta essa, Bella! Você sabe muito bem que não é apenas uma atração física.

- Eu não poderia saber estando envolta em tantos outros sentimentos.

- Pelo visto você ainda quer se enganar.

- Não...

- Bella, aposto que disse para ele que precisa de tempo. Você o está magoando. - Ela me acusou. Pois é, eu sabia disso e sabia que ela teria uma atitude semelhante, mesmo assim ouvir isso dela como uma acusação me fez sentir ainda pior.

- Preciso de tempo para pensar. - Falei mais para mim do que para ela.

- Você precisa é ter coragem e arriscar. - Alice levantou e colocou a bolsa no ombro. - Eu tenho que ir.

- Tudo bem. - Levantei também.

- Bella, não estrague tudo. - Ela pediu e caminhou até perto de mim e me deu um abraço. - Por favor. - Pediu novamente em meu ouvido. - Até mais.

Fiquei sentada olhando para o nada, pensando nas últimas palavras de Alice. Não estragar tudo? Acho que já tinha feito isso. Novamente veio a vontade de ligar para ele e novamente me contive. Não poderia ligar se ainda não tinha definido os meus sentimentos. Olhei para mesa e vi a revista em que estava registrada a infidelidade do meu ex-namorado.

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- Mas que inferno!

Aquela semana passou normal, a medida do possível. Emmet e Rose foram jantar lá em casa uma noite e os dois mostraram solidariedade. Contei sobre a visita do Jacob e Emmet ficou indignado. Meu irmão estava bastante irritado com Jacob e rezava para que os dois não se esbarrassem. Com certeza Emm adoraria dar uns socos nele. Mostrei a Rose a revista e ela me apoiou. Todos colocavam as mãos no fogo por Jacob e estavam decepcionados no momento.

Uma semana e meia depois, aqui estava eu, sem ligações de Edward e sem criar coragem para tal, encontrei Jacob na entrada do prédio depois que terminou o expediente. Aquilo me fez lembrar a foto na revista. Acho que estava vermelha de raiva.

- Sai da minha frente. - Quase rosnei para ele. Meu maxilar estava dolorido de tão travado que estava.

- Bells, o que houve? - Perguntou parecendo inocente. Até perece!

- Sabia que você e a ruiva saíram em uma revista? - Jacob abaixou os olhos ligeiramente. - Era só o que me faltava! - Passei por ele e parei ao ser impedida por sua mão firme em meu braço. - Jacob, me deixa em paz! - Soltei-me dele e fui para o meu carro.

Logo depois estava na porta da casa dos meus avós esperando alguém abrir. Quando vi meu avô, cai nos braços dele e o enchi de beijos.

- Olha só o que encontrei. - Ele falou com a minha avó enquanto entrávamos abraçados.

- Nossa! Que coisa linda você encontrou! - Vovó me recebeu com um enorme sorriso.

- Oh, vó. - Deixei os braços do meu avô e fui até a minha avó. - Preciso de colo.

- E de uma conversa de mulher para mulher? - Como sempre perspicaz.

- Sim.

- Vamos subir para seu quarto então. - Ela beijou meu rosto e subimos abraçadas.

- Vó... - Comecei já sentada na cama ainda abraçada a ela.

- Primeiro quero dizer que fiquei muito triste quando passou a semana fora e não avisou para seus avós e fiquei ainda mais quando voltou e não deu notícias. - Repreendeu-me com razão.

- Desculpe. Acho que não agi corretamente. - Confessei.

- Já sei sobre o Jacob. - Bufei.

- Quem não sabe? O país todo deve saber. Aquela maldita revista publicou uma foto do traidor com a garota. - Só em pensar meu sangue fervia.

- Imagino como deve ser terrível pegar seu namorado com outra. As mulheres sempre ficam sensíveis... A mágoa não nos faz raciocinar claramente e nos deixamos levar por emoções.

- Sim. - A vovó parecia inspirada hoje, ela simplesmente acertou bem em cheio todo. Foi por estar assim que passei a semana enclausurada com Edward.

- Acha que tem chances de voltar para o Jacob?

- Não. - Respondi rapidamente. - É claro que não.

- E por quê? - Como assim? Afastei-me dela e franzi o cenho sem entender a sua pergunta. - Por que, Bella?

- Ora, vovó, Jacob me traiu e eu o flagrei. - Katherine sorriu, mostrando todas as rugas por volta de seus olhos. Ela parecia tão inocente, mas como eu a conhecia muito bem, percebi que ali poderia encontrar algo.

- Você o flagrou, mas sabemos como é o coração de uma mulher. Se a paixão for realmente tão forte como dizia sempre que era, um dia poderá perdoá-lo e aceitá-lo de volta. Você poderá aceitá-lo? - Se eu poderia aceitá-lo? Eu era muito apaixonada por Jacob, mas meu coração foi apunhalado e...

- Não. Não posso aceitá-lo de volta. - Ela sorriu compreensiva.

- Bem, isso é bom. Você não está tão confusa então. - Ora, isso era muito bem a verdade.

- Nem tanto, vovó. - Murmurei cabisbaixa.

- Por que, querida? - Remexi na barra da minha blusa nervosa. Vovó pegou a minha mão e entrelaçou nossos dedos passando-me confiança. - Sabe que pode me dizer qualquer coisa, não sabe?

- Sim. - Então criei coragem e olhei em seus olhos. - Eu não passei aquela semana em Spokene e não existe nenhuma Anabelle, não alguma que eu conheça pelo menos. - Vi seus olhos fecharem um pouco, mas não achei que ela tinha se surpreendido. - Passei a semana aqui mesmo na cidade com... Com... - Respirei fundo para recuperar a coragem. - Edward Cullen.

- Isso não me surpreendeu muito. - Ela disse calmamente.

- Não?

- Não. Você já estava atraída por ele.

- Vó, eu me sinto tão, tão indigna, malvada e...

- Indigna? Malvada?

- Indigna, por que Edward parece mesmo me amar e malvada porque eu me entreguei a isso tudo porque estava magoada, não estava pensando direito.

- Não estava. - Ela concordou. – Você estava simplesmente seguindo suas emoções. Eram seus sentimentos agindo por você, tomando conta. Você queria muito estar com ele, isso desde a primeira vez que o viu.

- Sim, mas...

- Meu bem, sabe o que acho? - Neguei debilmente com um movimento de cabeça. Vovó aproximou o rosto do meu e falou mais baixo. - Que continua com medo. Isso porque descobriu que Edward faria tudo por você. Por isso vive aumentando a proporção das coisas para se afastar dele. Você não tinha coragem de ficar com Edward e quando viu a traição de Jacob, percebeu que seria uma ótima oportunidade de pular nos braços dele e provar de seu amor. E agora que sabe que é imenso, que ele pode te oferecer tudo, está assustada. Acha que é uma loucura alguém amar tanto assim?

- Sim. - O som da minha voz foi abafado, pois um nó em minha garganta me impedia de falar. - Vó, não quero magoá-lo, não sei se o amo tanto quanto ele me ama.

- Então por que não descobrir? Bella, você o está magoando ficando afastada dele. - Isso me fez sentir muito mal.

- O que devo fazer?

- O mesmo que fez aquela semana que passou ao lado dele. Siga seu coração, ele mostrará o melhor caminho.