Trainee's life

Capítulo 7


Melody e Larissa ficaram naquele café por um bom tempo conversando. Melody contou a ela o quanto estava se sentindo pressionada com as coisas que estavam ocorrendo tanto em sua vida acadêmica quanto em casa. Não estava sendo fácil para ela e infelizmente ela acabou descontando em quem nada tinha a ver com isso: Larissa e Nathaniel. Larissa também contou a Melody sobre Castiel e a celebridade, incluindo o que ocorrera na última noite. As duas fizeram uma promessa de que quando uma estivesse prestes a “explodir”, a outra estaria lá para impedir isso. Eram amigas e entre outras coisas, amigos apoiam e ajudam em momentos difíceis. Quando Larissa deu-se conta do horário, voltou para o escritório. Chegando à sua sala, sentou-se a mesa e voltou a trabalhar, curioso, Nathaniel olhou para ela e falou.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Pelo jeito vocês fizeram as pazes...

– P-por que acha isso?

– Por causa desse seu sorriso bobo.

– É tão nítido assim? – ela perguntou.

Ele fez que sim com a cabeça e ela deu de ombros. Não havia como negar, sentia-se muito feliz com a reconciliação.

– O que posso fazer, ela é minha amiga. As pessoas erram e eu até a entendo um pouco. Último ano de faculdade, ela estava se sentindo muito pressionada com as provas de residência e com a cobrança da família. Ela “apenas” precisou de uma válvula de escape.

– E tinha que ser eu? – Nath perguntou ao apontar para si – E você também... – meneou a cabeça – Mesmo depois do que aconteceu você fica aí defendendo a Melody.

– Não estou defendendo, estou dizendo que a entendo. Eu falei que ela estava errada e tal. Só estou dizendo, em outras palavras, para sermos um pouco mais compreensíveis.

– Ela não foi compreensível aquele dia no restaurante.

– Eu sei, Nath. Meu Deus! Quantas vezes vou ter que explicar. Ela estava errada, ponto. Ela estava estressada, ponto final. Só isso.

– Aham... sei, Lari.

– Eu gosto dela, ela é minha amiga... E só mais uma coisa. Você a ama.

Ele não disse nada diante sua declaração.

– Por que você não dá a ela outra chance. É nítido que vocês dois se amam...

– E por que você não dá ao Castiel outra chance? É nítido que vocês dois se amam. – usou as palavras dela.

– É diferente, Nath...

– Não é.

– Claro que é, Nath... eu fui traída. É diferente, Melody só fez um escândalo.

– Você que não vê as semelhanças. Ele errou, quer pedir perdão e voltar. Melody errou, quer pedir perdão e voltar. Simples assim.

Ela ponderou as palavras deles e viu que estava certo, porém não quis se dar por vencida.

– E desde quando minha vida amorosa entrou na conversa? Eu comecei falando da Melody e agora, eu e Castiel viramos o assunto principal.

– Desde quando, Lari, você resolveu meter o bedelho na minha vida. O mesmo direito que você tem de se intrometer, eu também tenho. – ele sorriu.

– É só eu sair para vocês dois brigarem? – falou Dake ao chegar à sala – Dá pra ouvir vozes desde o corredor.

– Estamos apenas discutindo amigavelmente alguns quesitos. – Nathaniel respondeu.

– Então o que acham de voltarem ao trabalho? – perguntou.

– Claro, “papai”. – Larissa comentou, ironicamente.

– Eu vou falar apenas uma vez. – falou, sério – Não há qualquer possibilidade daquela mulher maluca estar esperando um filho meu, ok?

E irritado, entrou em sua sala. Na hora do almoço, Nath saiu primeiro e quando Dakota passou pela mesa de Larissa, convidou-a para almoçar, porém ela rejeitou o convite alegando que ficara fora durante a manhã. Ele não insistiu e saiu. No fim do expediente, quando Larissa juntava seus pertences, Dake também estava saindo e lhe ofereceu uma carona.

– Eu agradeço, mas hoje tenho que passar numa livraria aqui perto... – mentiu.

–Hum, entendo. E que tal a gente sair amanhã para jantar? – ele perguntou.

Larissa, mais uma vez inventou uma desculpa ao falar que estaria durante toda a semana ocupada. Ele sabia que não era verdade, mas preferiu dizer nada e saiu. Ela esperou alguns minutos e também deixou as D’Alambert Enterprises. Ela não tinha intenção de ir à livraria, mas antes de descer as escadas da estação do metrô, ela entrou num pequeno sebo. Saiu de lá com dois livros seminovos dentro da bolsa.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ela tomou o metrô e o ônibus para casa e durante o caminho pensava em sua situação. Fora traída e quando finalmente estava dando uma chance ao destino, um Castiel arrependido aparecera. Na mesma noite acabou descobrindo outra faceta de Dake, que lhe agradou bastante. Por um breve momento imaginou-se com ele e aquela ideia não era ruim. No entanto, para completar sua maré de azar, no dia seguinte descobrira que ele seria pai. Eles não tinham nada um com outro e, teoricamente, a gravidez não estava confirmada, mas isso não a impediu de sentir-se triste.

Ao chegar em frente ao seu prédio viu uma moto que bem conhecia estacionada perto da entrada e próximo à porta principal, seu dono, recostado na parede com um pé apoiado nela enquanto segurava o capacete.

– Lari, precisamos conversar. – disse quando ela chegou mais perto.

– Não tenho mais nada pra falar com você. – ela sequer o olhou, abriu a porta e entrou.

Ele ignorou o que Larissa dissera, impediu com o pé que a porta se fechasse e também entrou. Como ela não queria fazer uma cena, não o expulsou nem gritou com ele. Na verdade, no fundo, ela queria ouvir o que ele tinha a dizer. Larissa chegou ao seu apartamento e sentou-se no sofá. Castiel colocou o capacete sobre a mesa de centro e sentou-se ao seu lado.

– Eu não sei por onde começar...

– E eu não tenho todo tempo do mundo, Castiel. – cruzou as pernas.

Ele engoliu em seco e passou alguns momentos escolhendo as palavras corretas.

– Eu, eu sinto muito. Eu não queria de ferir.

– Então por que você... me traiu? – era difícil para ela, falar sobre isso.

– Não foi bem assim...

– Não? – descruzou as pernas – E como você me explica aquela foto de vocês dois se engolindo? Sem contar a reportagem dizendo que você era o novo affair daquela mulher?

– Nem tudo o que aparece no jornal é verdade. – Castiel explicou – Ainda mais nesses tabloides de fofocas. A verdade nem sempre é muito rentável, como foi no meu caso.

– No “seu caso”? – ela ergueu uma sobrancelha.

– As coisas não aconteceram exatamente como estavam escritas ali, Lari. Nós nunca tivemos um caso. Chloe apareceu um dia depois de um show da banda e fizemos amizade. Ela ia a todos os shows que podia. Nós da banda e ela sempre saíamos para comer ou ir a algum lugar. A princípio eu não sabia suas reais intenções. – ele baixou o olhar – Na verdade eu desconfiava, mas estava fascinado de mais com todo aquele mundo. É tudo muito diferente do que estava acostumado, lá eu era tratado como uma super celebridade e confesso que essa sensação me subiu um pouco a cabeça. E sobre Chloe... eu deixei que ela fosse se aproximando e um dia, ela me beijou. Nada mais aconteceu depois disso, porque eu não permiti. Porque não era certo com você. E contar que uma atriz famosa tem um novo namorado estrangeiro vende muito mais do que falar a verdade, que foi apenas um beijo sem significado algum.

– Muito boa essa sua história de menino iludido com a fama. Só não explica porque você não estava atendendo as minhas ligações e nem porque você não deu uma explicação sequer ou ao menos um “aviso prévio”. Você achou mesmo que a otária aqui não perceberia nada? Você realmente achou que eu fosse tão idiota assim? – no final, sua voz ficou esquisita.

– Eu estive realmente ocupado aqueles dias e... – olhou para ela – não achei apropriado dizer isso pelo telefone.

– Então deixar que eu ficasse sabendo por um tabloide é bem melhor, né? – não pôde conter as lágrimas que escoriam pelos cantos dos olhos – Eu sou tão sem importância assim pra você? E-eu achei que era especial, mas pelo visto estava enganada. Em nenhum momento você pensou em como eu reagiria, em como eu me sentiria sendo trocada por aquelazinha. E agora vem me dizer que não era certo comigo?

Ele abaixou a cabeça e não falou nada naquele momento. Ele sabia que estava errado e se falasse mais alguma coisa, a situação só pioraria.

– Eu sinto muito, Larissa, o que eu fiz foi horrível. Me perdoe.

Desta vez, ela não falou nada e depois de um longo tempo em silêncio, ele continuou:

– Eu amo você, Lari. Eu prometo...

– Não prometa nada. – o interrompeu – Olha o que aconteceu na última vez... – secou as lágrimas com o dorso da mão – Castiel, eu já ouvi o que você tinha para falar, agora vá embora, por favor.

Ela levantou-se e foi em direção à porta, abrindo-a. Castiel pegou o capacete e também foi em direção à saída. Antes de deixar o apartamento, ele a fitou por um tempo e aproximou-se um pouco. Ela não se moveu e fechou os olhos, o que Castiel entendeu como uma permissão. Ele beijou Larissa de forma terna e gentil, como um pedido de desculpas. Ele colocou o capacete no chão e depois segurou o rosto de Larissa entre as mãos, suavemente. Seus olhos estavam vermelhos por causa das lágrimas, o que fez mais uma vez o ruivo se sentir ainda mais culpado.

– Eu sinto muito. – sussurrou ao encostar sua testa na dela – Me perdoe...

Larissa pôde sentir o perfume que emanava dele, misturado ao aroma do cigarro. O perfume era um presente que ela havia dado no último natal e isso fez emergir nela lembranças de momentos felizes que viveram juntos, como viagens, encontros, caminhadas de mãos dadas, noites que passaram abraçados sussurrando bobagens e coisas comuns, que com a presença dele, tornavam-se extraordinárias. Momentos que ela sentia falta. Muita falta.

Ela repetiu seu gesto, acariciou seu rosto e ficou na ponta dos pés para que alcançasse sua boca. Calmamente Larissa tocou seus lábios com os dela uma vez, depois outra e na terceira vez ela os entreabriu, como um convite, que ele prontamente aceitou. Enquanto se beijavam, Larissa pode sentir as mãos de Castiel em seu dorso, tocando-a leve e carinhosamente, despertando sensações que há muito estavam adormecidas. Mãos que conheciam seu corpo há tanto tempo e ele sabia muito bem o que fazer para que Larissa perdesse a capacidade de raciocinar perfeitamente. Sentiu sua mão tocando o fecho de seu sutiã e abriu os olhos, vendo a outra mão fechar a porta. Foi então que lembrou que aquelas eram as mesmas mãos que tocaram Chloe.

– Por favor, pare. – disse bruscamente.

Surpreso, o ruivo não pode esconder sua expressão confusa, porém ao ver que Larissa afastara-se dele, pegou o capacete do chão abriu a porta, e saiu. Ela fechou a porta e jogou-se no sofá, tampando os olhos com o antebraço. Deixou as lágrimas fluírem o quanto pôde. Nunca estivera tão perdida em toda sua vida. Depois da conversa e dos beijos, ela tinha certeza de que ainda o amava, e como o amava! Porém estava ferida e não conseguia esquecer o que ele fez. Amor é confiança e se toda vez que estivessem juntos ela se lembrasse de Chloe, sabia que a relação deles não iria durar.