NY – Central da CIA – 23h29

Sala 1

Blenda colocou, na verdade jogou a bolsa do lado da porta, o abriu com todo prazer.

– “Vamos começar” – Blenda esfregou as mãos.

– “Ou você fala a verdade por bem, ou vai ser por mal” – Safira sentou-se em frente a Ivan.

– “Eu já disse tudo o que tinha pra dizer!”.

– “Foi você quem pediu, depois não diz que não avisamos” – Blenda pegou uma faca de caça passou o dedo sobre a navalha verificando se estava bem afiada.

Safira virou-se para ver Blenda e esta caminhou até Ivan olhou para faca e para ele.

– “Vai falar ou não? Sabemos que mentiu!”.

Ele respondeu negativamente com a cabeça, sínico.

– “Belas cicatrizes, vou adorar reabri-las”.

Blenda, com sua sede de machucar alguém, era tipo uma necessidade, já que havia ficado algumas horas sem fazer nada pra ninguém. Passou a faca lentamente no antebraço do sujeito. Sua pele se dividiu e começou a sangrar, onde havia uma antiga cicatriz de guerra.

– “Alguma coisa a dizer?”.

– “Não, vadia!” – ele a encarou.

Ela não se sentiu intimidada, seu semblante demonstrava fúria e contentamento, passou novamente a faca, de novo, e de novo, só que desta vez brutalmente. Ele gritava, seu braço já estava todo cortado.

– “Vadia teu cu! Parece que a menininha não aguenta dor. Nem parece um russo!” – o provocou.

– Minha vez – manifestou-se Safira –“É melhor você falar...” – ameaçou.

Ele não respondeu nada.

– “Beleza” – Safira se levantou.

Blenda esticou a mão lhe entregando a faca. Safira dirigiu-se para ele arrastou sua cadeira para longe da mesa. Ficou frente a frente. Blenda segurou as mãos dele atrás da cadeira, com ajuda das algemas.

– “Você vai falar, meu bem.” – Safira passou a faca em suas bochechas enquanto falava, deixando um risco vermelho de cada lado.

Segurou a faca pelo cabo deixando a navalha para baixo, levantou as mãos e enfiou em uma das pernas do homem, desta vez ele gritou tão alto quanto. Seus olhos saiam lagrimas, seu rosto estava vermelho, prensava seus dentes segurando a dor. Ela deu um passo para trás, deixando a faca em sua perna.

– “E agora?”.

– “Não vou falar nada!” – estava quase chorando sangue.

– “Não!?” – Safira virou violentamente a faca que descansava em sua perna, com isso o sangue começou a escorrer pelo tecido da calça. Ela brincou com a faca cravada na perna do russo. Ele gritava, mas continuava se negando a falar. Ela retirou a faca e enfiou diversas vezes nas pernas dele, sempre torcendo de um lado para o outro.

– “Backer! Foi o Backer que me ordenou e por a culpa toda na Rússia, para provocar uma guerra entre vocês, eu só sei isso, só isso que sei!” – disse Ivan atropeladamente gritando de dor –“Tira isso da minha perna, pelo amor de Deus!” – sua saliva espumava escorrendo no canto de sua boca.

– Pronto! Vamos – Safira tirou a faca velozmente, entregou-a para Blenda.

– “Você está com as vacinas em ordem? Caso ao contrário você acabou de adquirir uma nova doença. Chamada tétano!” – apontou está com a faca em mãos.

Blenda encostou sem querer em sua camisa branca, fechou a bolsa e foram saindo.

– “Ah... Eu nem me importo com meus pais, àqueles velhos!” – debochou – “Vadias!”.

– Acho que ele está pedindo pra morrer – entregou a bolsa para Safira.

A mulher andou até o homem e lhe deu um belo chute no meio de suas pernas.

– “Nunca mais me chame de vadia!” – puxou-o pelos cabelos para fazê-lo olhar para ela – “Você já não tem mais utilidade para nós, poderia te matar aqui e agora, então me agradeça!” – o largou abruptamente.

Sala de Monitoramento

–... Estou com fome, o que será que vai ter pra janta? – Blenda reclamava com a mão na barriga.

– Não sei, depois perguntamos pra alguém.

As duas saíram da sala de interrogação conversando calmamente, como se nada tivesse acontecido. Elas encontraram todos olhando para as telas de monitoramento da sala, eles desviaram suas atenções das telas para as garotas, havia sangue em suas mãos e roupas.

Era muito engraçado para as ladras os verem com aquelas expressões pasmas, elas se entreolharam e riem.

– Acho melhor alguém chamar um médico pra princesinha lá dentro – Blenda apontou o polegar para onde Ivan se encontrava – Ah, e o que vai ter pá janta?

– Williams, cuide disso pra mim, okay? – ignorando a pergunta de Blenda, Fischer tentava conter sua expressão, obtinha sucesso, mas seus olhos o entregavam.

Williams entrou na sala de monitoramento andando depressa, já pegando seu celular do bolso e chamando ajuda.

– Isso... Isso foi... – Collins não sabia como falar, sua bolsa de gelo estava na metade do caminho para seu olho vermelho e inchado.

– Cruel – Miller completou, este engoliu em seco.

– Tá, mas agora vamos falar sobre o que conseguimos – Blenda olhou para sua blusa – Droga... Isso não vai sair com Venish... – quem vê pensa que ela é uma dona de casa, só pensa!

– O que vocês descobriram? – a voz autoritária de Fischer a tirou de seus devaneios.

– Ele foi mandado por Backer... – Safira sentou-se numa cadeira cruzando as pernas.

– Isso vai manchar – Ethan comentou baixinho.

–... Ele sabia que seria pego, foi orientado a falar que foi a Rússia para causar discórdia entre os países – ela se inclinou para frente, apoiando o braço no joelho e encarando o Capitão – O que planeja?

– É o que estamos tentando descobrir – começou a andar de um lado para o outro, impaciente – Droga! Temos que pegar aquele filho da puta!

Nesse instante algumas pessoas passaram pela porta entrando na sala onde o russo estava, saíram de lá o carregando, como era muito alto e magro eram necessários uns três agentes para carregá-lo. Estava desmaiado, ele pingava sangue, deixando um rastro vermelho no chão; Williams que estava logo atrás, antes de sair pela porta olhou uma última vez para as mulheres.

– Bem – Blenda cortou o clima pesado – Já que não tem janta vamos para nossos quartos dormir, já está na hora do meu sono da beleza – ela se dirigiu a porta – Nossa gente, que horror, alguém menstruou aqui. Foi você Collins? – se referiu ao sangue no chão.

– F-foi, n-não, quer dizer...

– Pois eu acho que seu sono da beleza não está funcionando – Safira se levantou e andou na direção da amiga com um sorriso maroto no rosto, ignorando completamente a menstruação.

– Vadia – deu um soco brincadeira em Safira, enquanto ria.

– Idiota – riu.

E puseram-se a caminhar em direção aos seus quartos.

– Collins e Carter, as acompanhem – Fischer ordenou, os dois o olharam apreensivos.

– Depois do que elas fizeram? Nem morto! – Collins voltou a colocar seu gelo no olho.

– Não me questione! Você pode ser um de meus melhores agentes, mas ainda sou seu chefe! Andem logo!

Collins bufou e os dois obedeceram.

No corredor, Safira e Blenda estavam lado a lado e os agentes estavam um pouco atrás. Safira lançou um olhar para Blenda, que respondeu com um sorrisinho, ela sabia exatamente o que significava aquele olhar, “tenho um plano”.

– Você está com fome? – Safira perguntou como se só quisesse puxar assunto.

– Sim, mas acho que vou ter que segurar hoje já que a janta não vem. E você? Está com fome?

– Não, mas estou com uma dor aguda na barriga – ela mexeu os lábios como se fosse falar “cola na minha”.

– Talvez seja cólica, você anda bem mal humorada esses dias – sorriu, ela estava achando aquilo muito divertido.

Os dois homens se entreolharam, preocupados. Engraçado como os homens ficam em modo alerta assim que tocam no assunto "menstruação", afinal todo homem que tem um pouco de sanidade sabe que não se deve mexer com uma mulher na TPM, principalmente se for uma super ladra com treinamento para matar.

Pararam na frente da porta do quarto de Blenda, o de Safira era um pouco mais a frente.

– Pode ser cólica, talvez... Não desceu ainda esse mês. Nos vemos logo, festa de gala, hein! Se vista bem chique e prepare seu charme. Um número depois de doze nos vemos com o gatinho do PC. Bla, bla, bla e todas essas frescuras – ela se comunicava em códigos, falava baixo, basicamente o que ela disse foi “vista uma roupa parecida com a deles, 01h00 a gente se encontra com o agente que cuida da sala de monitoramento, esteja lá, você sabe o que fazer”.

– Boa noite pra você também, dona ÉTudoComplicado – sorriu indicando que entendera e a abraçou, como se desejasse somente uma boa noite, mas na verdade ela só confirmou o plano.

Blenda ficou parada assistindo Safira a caminhar, Collins foi com Safira e Carter ficou parado em frente à porta de Blenda, como o habitual.