Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
(1 Coríntios 13:1-3)

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Lou Clark ainda sorria, não sabia o que dizer, talvez nunca encontrasse palavras para definir sua surpresa, especialmente porque passou tempo demais da própria vida acreditando que terminaria seus dias ao lado de Patrick.Will, ao contrário, estava se divertindo com a perplexidade da mulher diante dele, mas decidiu simplesmente voltar os olhos sugestivamente para o anel de diamantes que permanecia na bandeja motivando Lou a dizer qualquer palavra de aceitação ou recusa.

—Isso é um trote perverso Will Traynor? - Questionou Lou estreitando os olhos.

—Não sabia que sua falta de auto confiança estava tão ruim assim Lou - Respondeu Will com um leve riso. - Quero que seja minha esposa, contudo você precisa conhecer as condições.

—Não deveria haver um “contudo nessa frase”! Está me pedindo em casamento apenas se eu concordar com algumas“condições” ? - Lou tinha a voz ultrajada pelo julgamento agora.

—Lou eu quero que seja minha esposa, eu quero ser o seu marido, desde que você aceite de mudar comigo para Nova York - Disse Will na sua expressão mais séria e então completou em tom divertido- Que possamos ter uma vida de casados ao lado de toda a ironia que a Estátua da Liberdade representa nas minhas condições…

—E há algum motivo oculto nesse seu desejo incontrolável de viver ao lado da Estátua da Liberdade? -Questionou Lou provocativa e com as sobrancelhas franzidas.

—Sim, porque a mulher que pode rejeitar meu pedido está prestes a se mudar para Nova York já que foi aceita na Universidade de Columbia - Assinalou Will com um sorriso. - E eu não poderia ficar longe dela, não é mesmo?

—Oh Meu Deus! - Lou abriu os lábios muito perplexa - Eu estou em Columbia! Eu fui pedida em casamento!Sim!Sim! - A garota estava extremamente feliz e pulou nos ombros de Will o abraçando.

Will riu levemente com a reação de Lou ao voltar para a cadeira e encarar a caixa vermelha que guardava o anel de diamantes. A mulher de cabelos castanhos delicadamente pegou o anel e colocou no próprio dedo e então os aplausos das outras mesas vieram; era sempre assim quando alguém era pedido publicamente em casamento, porém os aplausos também vieram acompanhados por uma surpresa genuína na face das pessoas. Talvez Lou fosse considerada jovem demais, estranha demais e bonita demais para entregar a vida a um homem com muitas limitações.

Louisa Clark sentia o peso da aliança em seu dedo, mas não retornou para o assunto do casamento. Se sentia absurdamente feliz e ao mesmo tempo completamente assustada; talvez Will partilhasse do mesmo sentimento com tamanha intensidade que tenha decidido deixar a garota fingir que tudo permanecia o mesmo que fora antes e que nada estava prestes a se transformar.

Quando finalmente deixaram o restaurante, entraram no carro e Lou estacionou na garagem da mansão foi que Will soube que precisava esclarecer outro aspecto importante.

—Lou, eu sou inválido - Will disse as palavras duramente como uma sentença de morte.

—É mesmo? Eu nunca havia notado - Rebateu a garota então retirou o cinto de segurança voltando o corpo levemente na direção dele. - Eu escolhi você, apenas você.

—Eu te pedi em casamento não porque quero condena-la a gastar toda sua vida ao lado de alguém que não pode te proporcionar o mínimo, te pedi em casamento porque te amo e porque quero que se lembre todos os dias sobre o quanto você precisa viver - Will disse cada palavra de modo pausado para que Lou entendesse cada sílaba. - Sobre como você não pode perder nada.

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—Você nunca me permitira ficar se não soubesse que também te amo e se um dia você notar que esse amor acabou você também não me permitirá ficar - Lou respondeu também seriamente.

—Sei o quanto estou sendo egoísta te pedindo em casamento, mas caso não esteja pronta, caso um dia não queira mais isso precisa saber que eu entendo…precisa saber que eu posso continuar - Will tinha a voz cheia de segurança - Por favor, não viva uma vida infeliz por minha culpa.

—Não há infelicidade com você Will Traynor - Respondeu Lou com um sorriso. - Mas eu não me esquecerei do que está me dizendo, não me esquecerei de nada disso.

—Contamos para os meus pais ou para os seus pais primeiro? - Questionou Will verdadeiramente intrigado com a questão.

—Talvez meus pais sejam mais…desapegados, começaremos por eles. - Respondeu Lou assentindo e então complementando com um sorriso - Não sabia que era o tipo de homem que faz pedidos de casamento em público.

—Eu não sou - Respondeu Will sorrindo e então complementou bem-humorado - Apenas queria um número suficiente de testemunhas para que não fosse capaz de recusar meu pedido.

—Pensei que era porque precisava de alguém para levar a aliança de noivado - Respondeu Lou fazendo Will rir.

***

Lou sabia que sua família não estava preparada para descobrir todas as transformações que estavam por vir: o casamento, a mudança para Nova York e a Universidade de Columbia. Talvez não pudessem compreender com naturalidade o modo pelo qual a filha menos promissora se transformara em alguém ansiosa por conhecer algo novo e grandioso, porém Lou sentia que se não fizesse agora o que a vida permitia e oportunizava, tudo poderia ser perdido. Era tempo, inevitavelmente, de recomeçar.

Nathan bateu na porta dos Clark e Lou praticamente correu em disparada até a porta recebendo olhares no mínimo curiosos por parte de seus pais e de sua irmã. Todos estavam habituados com as visitas de Will, com o relacionamento que ele possuía com Lou e também já fazia algum tempo que os jantares ás quintas-feiras se tornaram usuais. Ainda assim, naquele dia em especial, nada parecia verdadeiramente natural para Lou que mantinha a aliança de noivado guardada há exatamente quatro dias, nove horas e dois minutos.

Ao contrário de Lou tudo parecia pateticamente normal para Will. O homem fez a conversa de antes e durante o jantar parecer algo comum enquanto Lou ao alimenta-lo na mesa de jantar apenas o encarava de modo tão cético que Treena parecia desesperada para perguntar o que diabos estava acontecendo. Foi em meio a naturalidade de Will, a tensão absoluta de Lou e a curiosidade de Treena que o jantar chegou ao fim e todos foram até a sala de estar.

—É realmente um trabalho maravilhoso no castelo… - Concluiu o pai de Lou após uma breve conversa.

—Eu tenho algo para dizer, na verdade para pedir - Disse Will ainda com a voz séria recebendo em troca todos os olhares da sala - Eu pedi a mão de Lou em casamento há alguns dias e pensei que seria correto também pedir à família dela. Eu quero me casar com sua filha Senhor Traynor.

Todos ficaram em silêncio por um longo momento. Os pais de Lou apenas se fitaram boquiabertos enquanto Treena juntava as mãos sorrindo.

—Lou, você está grávida? - Questionou Treena quebrando o silêncio.

—Não! - Responderam Will e Lou em uníssono.

—É tão inacreditável que alguém simplesmente esteja me pedindo em casamento de modo despretensioso? É tão inacreditável que irei me casar, me mudar para Nova York e estudar na Universidade de Columbia? - Perguntou Lou de modo irritado despejando as perguntas em uma torrente.

—Deus…nós íamos contar aos poucos - Sussurrou Will na intenção de que apenas Lou ouvisse.

Todos na sala de estar começaram a falar ao mesmo tempo levando a vários minutos de absoluta confusão em que ninguém conseguia ser entendido.

—Você vai se mudar para Nova York? - Questionou o pai de Lou no mínimo perplexo fazendo todos ficarem em silêncio e então completou - Eu não sei o que estão pensando para o futuro, não sei o que farão, mas sei que ela é mais feliz ao seu lado Will e nada no mundo poderia me fazer dizer que não aprovo esse casamento.

—Agora me diga querida, quando será o casamento? - Questionou a mãe de Lou com um sorriso.

Louisa Clark sorriu se colocando de pé e abraçando a irmã, o pai, a mãe e o avô. Will apenas sorriu e não pôde deixar de pensar que talvez, de alguma forma misteriosa, tudo poderia ser melhor e que talvez aquele fosse apenas o prelúdio de algo absolutamente fantástico.