O tempo foi passando, consequentemente Jane e Elli se habituaram a nova rotina. Todos os dias, a cientista acordava cedo, observava os astros no estupefato céu e saia para caminhar pelos arredores do palácio, guardando o segredo da gravidez para si, afim de não ser tratada como situação problema num lugar onde percebia que todos conservavam-se com tamanha harmonia, tratando-se como iguais, inclusive a ela, apesar dos olhares voltarem-se como se fosse a atração do reino.

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Deixava Elli brincar com as crianças e apreciava docemente a inocência da garotinha perante a situação de guerra, todavia a loirinha preferia ficar sozinha, sempre mexendo nas plantas, sua nova paixão, a qual a mãe custava a entender, já que apensar da botânica das mesmas ser incrível, o que uma criança podia ver de tão interessante nesses seres?

Frigga mostrava-se uma mulher e tanto, levando-as para conhecer lugares, inteirando-as naquele cenário adverso, inclusive havia mostrado a ala de treinamentos, que funcionava intensivamente, visto que a guerra era iminente, apenas questão de tempo, causando um impacto emocional assustador. Nos momentos de ósseo, a mortal sempre tentava escapar e conhecer as alas secretas, porém acabava se deparando com a bondosa mulher dizendo: “Nem tudo que queremos, podemos, Jane”, que ela interpretava mais como: “Nem tudo o que queremos, podemos, porque sempre tem alguém para impedir”, então acabava cavalgando pela bifrost com seu cavalo Aaron, para conversar com Heimdall e perguntar por Thor.

Tudo estaria perfeito se não fosse o fato dos gigantes de Muspelheim matarem milhares de soldados asgardianos todos os dias com sua fúria de fogo e Thor não conseguir restaurar a paz nos reinos, o que trazia medo pelo marido, por ela, pelos filhos, agora no plural.

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Asgard, 8 de Dezembro de 2016

Jane abriu os olhos deitada sobre a enorme cama de pedra, no quarto de Thor, coberta por um lençol de fino linho bege. Procurou a filha, não sentindo-a junto ao seu corpo, como de costume, então olhou mais adiante e viu que estava sentada na poltrona, mexendo num vaso de plantas exóticas. Levantou sentindo a brisa levemente gelada que esvoaçava as alvas cortinas.

_ Bom dia, dormiu bem? – perguntou Jane.

_ Aham – disse concentrada.

_ O que você está fazendo aí? – se aproximou com a longa camisola branca.

Elli ficou em silêncio por um tempo, enfim sussurrou:

_ Essa planta se mexe quando coloco meus dedos nela.

_ Tem certeza? – conservando o tom baixo não sabendo o porquê.

_ Aham, quer tentar?

_ Quero – colocou o dedo sobre a planta de cor alaranjada esperando algo extraordinário acontecer, porém tudo permaneceu estático, fazendo com que se entreolhassem.

_ Com você não funciona, acho que ela só gosta de mim...

_ Pode ser – dispersando a curiosidade anterior e crendo naquilo como imaginação de criança.

Ambas vestiram-se e logo após escutaram duas batidas na porta. Elli voltou mais uma vez até a planta, afinal não se conformava com a incredulidade da mãe, tinha absoluta que havia se mexido, então colocou o dedo no vaso transparente e a mesma se alastrou ao encontro de seu toque, fazendo-a recuar rapidamente e correr para abrir a porta:

_ Olá, como vai princesa? – perguntou Frigga.

_ Bem.

_ Quero mostrar a você, quer ver? – Elli acenou que sim, então deram as mãos e saíram com o consentimento de Jane.

Ambas chegaram até uma sala de porta transparente, onde após aberta, existia uma incrível quantidade de plantinhas, de todas as cores, era realmente lindo, a menina mal sabia para onde voltar o olhar.

_ Percebi que gosta delas...

_ Sabia que elas se mexem quando eu quero? Mas a mamãe não acredita, isso é normal?

_ É o dom da natureza! Um dom lindo e puro... – sorriu.

Elli resolveu tocar uma delas, mas a mão passou direto, como se fossem fantasmas:

_ É tudo ilusório querida, eu mesma fiz para você! – isso foi além da compreensão da criança. _ Quando for mais velha vai entender...

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_ Eu gostei! – falou correndo transpassando por tudo, sentindo-se como uma alma.

_ Que bom! Foi feito especialmente para você, nunca se esqueça disso – sorria satisfeita.

_ Nunca.

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Enquanto isso, Jane foi à cavalo pela ponte do arco íris e descera frente ao guardião:

_ Olá, Jane Foster.

_ Então, como estão as coisas? – ajeitou o cabelo atrás da orelha.

_ Nada bem.

_ Thor?

_ Lutando. Conseguiram derrotar alguns exércitos, contudo não vão evitar sua chegada aqui a qualquer momento. Tocando em outro assunto, por que não contou a ele?

_ Não contou o que? Como você...

_ Devia ter contado sobre a gravidez a ele.

_ Devia?

_ Thor abomina que escondam as coisas...

_ Embora eu o respeite, nem sempre a melhor alternativa é a que ele acredita ser... Pode não ser a que acredito também...

Neste instante, o guardião arregalou os olhos.

_ O que houve? – perguntou Jane.

_ Você precisa ir!

_ Por quê?

_ Não é seguro aqui, estão chegando, eles estão vindo! Corra!

A cientista ergueu o barrado do vestido, montou no cavalo rapidamente. As tropas inimigas arrumaram uma maneira de penetrar as defesas, logo àquelas criaturas estranhas, cheias de fogo pelo corpo e de avantajada estatura invadiram em grande número.

Havia sangue por toda parte, pessoas inocentes mortas. Thor nem via o rosto dos inimigos, matava todos que viessem, contanto que chegasse a Muspell, quem estava no comando, para acabar logo com isso.

O local outrora tão pacífico, agora tornara-se a representação do inferno, um perfeito caos, no qual Jane estava perdida, quando uma enorme bola de fogo foi arremessada ao seu lado, assustou Aaron, que empinou e jogou-a com força no chão. Sentiu-se atordoada, viu que seu vestido manchava-se de sangue, levou as mãos a barriga, estava perdendo o bebê e acreditava que morreria a qualquer momento, pisoteada por qualquer coisa, gritava com lágrimas escorrendo:

_ Socorro, meu filho! Eu perdi meu filho! Elli!

Já sem esperanças, sentiu uma mão puxou-a do chão abrasivo, era a mão mais improvável, era de Odin, que a resgatou a cavalo e deixou-a na porta do palácio, a partir do qual correra sem rumo, não sabendo de onde viera aquele ato de compaixão daquele que a ignorou desde a chegada, até encontrar os aposentos reais, sua filha e Frigga escondidas. Despencou no chão, desolada, com as mãos no cabelo bagunçado e foi envolvida pelos braços da mãe de Thor, inconsolável, em meio aos barulhos estrondosos e a feição de apavoro de Elli.

Enquanto isso, Thor lutava com seu martelo, derrubava qualquer inimigo que viesse e encorajava os soldados na sala do trono:

_ Eu vou lutar! Eu estou acostumado com isso, então para mim é mais fácil, mas vocês terão que tomar uma decisão difícil. Mas eu digo, lutem por suas famílias! Porque lutando pela sua família, dói um pouco menos e faz um pouco mais de sentido! Quero que vão para a guerra e acabem com esses desgraçados ou morram tentando! – foi aclamado pelas tropas, que se espalharam.

Thor no meio do tumulto foi em busca da esposa e filha, correndo, batendo em qualquer um, mas antes de encontra-las, gigantes invadiram os aposentos em que estavam e Frigga disparou:

_ Jane se esconda! Levantou aturdida, pegou sua menina no colo e se encolheu num canto da sala ao lado, que era separada apenas por uma abertura na parede.

A bondosa mulher lutou contra vários, porém não resistiu a um deles, o qual enfincou a espada no estômago, mas não evitou que o mesmo enfincasse seu cetro no dela, culminando nos dois corpos estendidos no chão lado a lado, um morto pela espada do outro. Jane que espiava o que estava acontecendo entrou em choque, foi até ela e a menininha se escondeu embaixo de um móvel.

_ Frigga não! –os olhos já estavam vidrados e as mãos frias. _ Não! – fazia compressão em seu peito, passava as mãos loucamente por seu rosto desesperada com os olhos lacrimejantes. Nisso muitos outros entraram na sala, pegou a espada rapidamente, pegou a arma da mulher morta desajeitadamente com as duas mãos foi até o outro cômodo e enfincou varias vezes no coração de um deles e sangue jorrou contra o seu rosto, nisso foi empurrada para o chão por outro que restava e a espada escapou por entre os dedos, o monstro seguia com a lâmina do cetro para seu pescoço e ela resistira empurrado o mais forte que podia, até que ele chegou mais perto, como não tinha outra escolha colocou as mãos na lâmina, doía muito, seus dedos seriam cortados fora.

Em questão de segundos, Thor adentrou correndo a sala ao lado e se deparou com a mãe estendida no chão e nisso ouviu gritos estridentes ali ao lado:

_ Elli!? – A garota não sessava. Olhou e viu aquele monstro em cima de sua mulher quase a degolando, jogou o martelo na cabeça da criatura formando buraco no lugar em que fora jogado.

A cientista correu pra Thor que segurou em sua nuca fortemente e a beijou, e Elli juntou-se aos pais, então foram os três andando cautelosamente, voltaram para a outra sala, Thor não conseguia parar de olhar para sua mãe, ficou em pé ao lado dela, Jane deu um abraço trêmulo nele, que encostou momentaneamente a cabeça em seu ombro tomado por ódio.

_ Vamos acabar com isso!

Foram andando pelo castelo, que estava um caos e finalmente o príncipe encontrou com o rei de Muspelheim, Muspell, todos se afastaram e deixaram os dois cara a cara.

_ Por que tudo isso? Qual é o motivo de travar uma guerra? – perguntava Thor.

_ Será que você não percebe, filho de Odin, que os outros reinos já estão fartos da superioridade de Asgard? Eu vi que derrotou Svartalfheim, acabando com Malekith, mas a mim você não irá derrubar! Agora é a hora de outros reinos triunfarem! Já dominamos Vanaheim e Alfheim, agora Asgard e depois Midgard até o cosmo inteiro estar cheio de magia negra! – deu uma risada sarcástica.

_ Dominar Asgard? Só passando por cima de mim!

Começaram a batalhar. O cajado e o martelo se batiam e saiam faíscas. Lady Sif e os três guerreiros estavam prontos para ajuda-lo se fosse preciso. A guerra continuava pelas outras partes do castelo. Até que finalmente, Thor enforcou o inimigo empurrando o mjolnir contra sua garganta. Instantaneamente após a morte do líder, todos paralisaram, aos poucos a guerra foi se acalmando e Odin permitiu que a tropa inimiga se retirasse, contanto que jamais voltassem.

O desespero foi dando lugar à desolação. Thor chegou junto a Jane e a moça desatou a chorar:

_Tudo vai ser esquecido... – tentava lutar contra os sentimentos de perda por sua mãe e de ver a reação do pai, vagando pelos escombros.

_ Não, não vai ser esquecido...

_ Como assim?

Jane largou-se nos braços de Thor:

_ Desculpa, me desculpa! Eu estava grávida... Eu perdi – intensificou o choro perante a expressão boquiaberta do marido. _ Desculpe por não ter contado, eu...

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Thor apertou o abraço e duas lágrimas escorreram silenciosas por sua face.