This Is My Gang!
Capítulo 33
Capítulo 33 - Uma vitória a mais para uns também é uma derrota a mais para outros
Na reunião seguinte do grupo de ciências, mais precisamente, uma semana depois, Wilson estava extremamente entusiasmado com seu projeto. Na verdade, o projeto era exclusivo dele, já que, como eu disse, ninguém ali entendia porcaria nenhuma de assuntos científicos, mas mesmo assim, Wilson fazia questão que o acompanhássemos e exibíssemos aquele engenhoso trabalho. Afinal, que trabalho era esse? Bem, vamos mostrá-lo mais para frente, não se preocupe. É que...o suspense sempre dá mais ibope.
- Não acredito que você já trouxe esse troço hoje - falei, assim que encontrei com Wilson na entrada da escola, e o vi com uma mochila maior do que de costume.
- Ora...precisamos estar prevenidos - ele diz - Se Cassio já terminou o projeto dele, precisamos estar prontos para mostrar o nosso trunfo!
- Que tipo de monstro é esse Cassio que faria um trabalho de ciências em uma semana? Você eu até entendo que consiga, mas uma pessoa normal fazer isso é exagero
- Não subestime o Cassio, meu caro Daniel. Ele pode ser jovem, mas é um cientista brilhante! Não podemos vacilar com ele...por isso, resolvi adiantar o máximo que pude esse projeto
- Ah...será que isso vai impressionar mesmo?
- Heh! A menos que Cassio tenha feito um robô gigante ou uma máquina do tempo...acho que podemos impressionar
- Será?
- É...se ele criou uma máquina do tempo pode ser um problema - diz Karina, que, de novo, chega de mansinho
- Nossa...de onde você surgiu? - reclamei - Você é boa nisso, heim?
- Sua guarda que estava baixa...bem, tudo pronto com o projeto? - ela pergunta
- Claro. Só precisamos que Daniel e Demi testem mais algumas vezes para evitarmos erros
- T-Tá - nem Demi e Jorjão haviam chegado, mas os dois sabiam do projeto. Sim. Eu e a Demi éramos as cobaias da história...e vocês vão entender logo o porque disso.
Naquela tarde, o clube de ciências se reúne. Chegamos cedo na sala. Cumprimentamos gentilmente a professora Simone e nos sentamos em uma das bancadas. Wilson ainda mantinha seu projeto em segredo.
- E então, Wilson? - pergunta a professorinha - Já pensou em algum projeto?
- Já...mas...vamos esperar mais um pouquinho para apresentá-lo...
- Entendo. Se precisar de ajuda..
- Relaxe, professora - ele diz confiante - Está tudo sob controle
Nisso, Cassio chega com um sorriso no rosto.
- Hehe...hehe..hehehehe
- Está rindo bastante, não está? - repara Wilson
- He...não consigo segurar meu sorriso...tenho aqui um projeto que vai derrotar qualquer coisa que vocês tenham inventado! - ele fala em um tom megalomaníaco. Por incrível que pareça, eu já estava me acostumando com aquele tipo de coisa.
- Ai, ai...ele parece mesmo confiante - diz Demi, já mostrando um pouco de nervosismo.
- Talvez...ele tenha feito mesmo uma máquina do tempo... - fala Jorjão, também apreensivo.
- E lá vamos nós de novo - lamentei
- Heh! Eu até pensei nisso...mas é uma ideia comum e aposto que vocês também pensariam em algo assim
"Onde criar uma máquina do tempo é comum?!", pensei inconformado. Mas Cassio continuava a falar.
- Por isso...resolvi pensar em algo que funcione 100% e...bwahahaha...é claro que eu consegui!
- Quer dizer que...você já tem um projeto pronto?
- Exatamente. Acham que eu durmo no ponto? Trabalhei incansavelmente no meu projeto durante toda a semana, durmindo apenas três horas por noite...tudo para criar algo capaz de te derrotar, Wilson!
- Uou...trabalhou bastante mesmo...eu não cheguei a perder horas de sono, mas..
- Mesmo que você comece a trabalhar agora, duvido que crie algo parecido com isso! - Cassio para de falar e mostra, atrás dele, alguma coisa coberta por um lençol. O que poderia ser? Parecia ter metade do tamanho dele. O que já era algo grande, sem dúvida. Quando o lençol é tirado, a máquina é revelada. Parecia um robô...
- Conheçam o sensacional...Robot Calculator 2010
- P-Parece grande - comenta a professora Simone - Sem dúvida, um projeto muito bem feito
- E eu ainda nem contei o que ele faz - diz Cassio
- Que bonitinho - diz Demi, percebendo que o robô tinha uma cara risonha, aparentemente amigável.
- Não é bonitinho! - ele reclama - É genial! O robô perfeito para cálculos matemáticos
- Cálculos? - perguntei - E você achou que uma máquina do tempo fosse clichê?
- Heh! Pode parecer simples à primeira vista, mas esse cara consegue responder na hora a qualquer tipo de conta básica. Ele pode somar, subtrair, multiplicar, tirar raízes, calcular logaritmos, senos, cossenos, tangentes, médias, fatoriais..
- Tá bom, tá bom...a gente já entendeu - reclama Demi - Já tô cansada de tanto estudar Matemática para as provas
Um robô que faz contas por comando de voz? Onde já vi algo assim antes?
- Espere um pouco - pronunciei - Preciso fazer um teste
- Hã?
- Como ele faz os cálculos? - perguntei a Cassio, enquanto me aproximava do robô.
- Muito simples. Basta que eu defina a função...por exemplo, soma e você fala quais números deseja somar - Cassio aperta um botão no controle remoto e fala dois. Depois o robô pede o outro número e ele também fala dois. O robô fala quatro. A professora achou o máximo
- Uau! Incrível
- Heh! Eu não disse?
- Então tá...quero somar dois mais três agora - falei - Robô...dois
Nada acontece
- Ei, que brincadeira é essa. Ele falou "Dois"!
Agora o robô pede para dizer o outro número.
- Acho que você não falou muito alto
- Tá. Agora TRÊS! - disse em voz alta
De novo, nada acontece.
- Ei, que porcaria é essa? Ele falou TRÊS, você não ouviu?
Dessa vez o robô fala cinco, mas só depois que Cassio falou. Como eu suspeitava, ele também só reconhecia a fala do dono.
- Por que vocês sempre esquecem de colocar uma função para reconhecer qualquer voz?
- Droga...esqueci disso de novo! - Cassio reclama, dando um chute no robô - Tsc. Maldito
- Mesmo assim foi um projeto impressionante - diz a professora - Parece ser um desafio e tanto, não é, Wilson?
- Heh! Isso mesmo...ele pode só reconhecer a minha voz, mas duvido que tenham algo tão bom quanto isso
- Na verdade...já temos um projeto também
- Hã? Que projeto?
- Eu apresento...o Óculos de Aprendizagem Rápida! - ele tira um gadget curioso, parecendo um óculos de mergulho, mas com alguns componentes eletrônicos.
- E o que isso faz? - pergunta Cassio
- Heh! Algo parecido com o seu robô...com a diferença de que isso realmente funciona - diz Wilson. Agora era ele que tinha o olhar confiante.
- Ah, é? Fala mais - Cassio parecia não estar acreditando muito
- Vejam esses dois - ele aponta para Demi e eu - São dois alunos péssimos em Matemática. Uma desastre total na disciplina. Completamente perdidos no mundo das equações. Sequer reconhecem coisas básicas como
- Tá bom, Wilson. Não precisa humilhar. Anda logo com isso! - bronqueie
- Bem, só queria enfatizar que são fracos em Matemática...vejam só a prova desses dois no primeiro bimestre
Ele mostra a minha prova e a prova da Demi, com as notas 5 e 4 respectivamente.
- E...após usarem meu óculos por um dia...melhoraram suas notas para 7 e 6. Milagre? Não! FOi treino
- Eles estudaram. E daí?
- Mas estudaram com isso aqui - diz Wilson, levantando seu projeto de novo - Um óculos especial para aprendizagem de equações
- Aprendizagem de equações? - estranha Cassio - E como um simples óculos pode ajudar asnos em Matemática como eles?
- Valeu pelo elogio, ô, gênio - diz Demi
- Heh! O sistema é simples...por que não testa você mesmo?
Cassio pega os óculos e coloca na cara. O sistema era simples: em uma das lentes, havia uma telinha que jogava equações matemáticas aleatórias. Na outra lente (sem grau), a pessoa podia enxergar normalmente. O problema é que você também precisava colocar um fone de ouvido, acoplado no óculos. Cada vez que uma equação aparecia, uma musiquinha irritante começava a tocar. A menos que você colocasse o resultado correto, apertando os números certos no pequeno teclado de calculadora que também era acoplado ao óculos, a musiquinha continuaria tocando indefinidamente e a cada erro, o volume aumentava. Um sistema de tortura e aprendizado forçado de Matemática.
- Tsc. É uma música extremamente irritante! - diz Cassio - Isso força qualquer um a resolver equações o mais rápido que puder
- Exatamente. É mais simples que o seu robô, mas com certeza muito mais eficiente. A prova está aqui: nas notas desses dois.
- De fato...nossas notas aumentaram - diz Demi
- Sem contar que podemos melhorar mais ainda esse equipamento. Podemos incluir uma versão com pagode, funk ou forró no lugar da musiquinha midi irritante.
- Heh! Pode ser...mas um projeto desses nunca vencerá o meu robô! Não é professora? Um aparelho chinfrim desses nunca poderia competir com a tecnologia de ponta que usei
- Na verdade - professora Simone parecia mais interessada no óculos - O aparelho do Wilson é didaticamente mais interessante
- O QUÊ?! - Cassio grita
- Sim. Muitos alunos tem dificuldade em Matemática. O seu robô funciona como calculadora, mas todos sabem que ter uma calculadora não é suficiente para aprender essa matéria. O projeto de Wilson tem resultados muito mais amplos apesar de mais simples. Gostei. Acho que temos um vencedor
- Não...espera aí...não pode estar falando sério
- Ganhamos?
- Sim - diz a professora - O projeto de vocês merece levar um mérito do nosso clube de ciências, mesmo sendo simples.
- M-ma,mas...- Cassio balbuciava. Ainda estava em choque.
- Mas, calma, Cassio..você também pode levar um mérito pelo esforço...eu só achei o projeto do Wilson mais interessante
- EU não tô nem aí para o mérito...eu queria..eu queria derrotar o Wilson! Só isso!
- Bem, se você tivesse construído uma máquina do tempo - comenta a professora - Talvez os resultados fossem outros
- Tudo bem...se é assim...vou construir uma máquina do tempo e voltar ao passado para te derrotar com ela, Wilson!
- Isso é passível de discussão - comenta Karina.
- Ai, não! Essa conversa de novo não! - lamentei.
- Grrrrr! Ainda não desisti! Wilson! Eu ainda vou derrotá-lo em alguma coisa! Você não perde por esperar!
- Estarei esperando...hehe. Esse é o espírito de competição!
Espírito de competição? Tá mais para ideia fixa mesmo! De qualquer forma, foi assim que conquistamos a melhor posição no grupo de ciências. Na certa, Wilson sabia que algo educativo iria atrair a atenção da professora e elaborou um projeto com sucata e um pouco de programação de baixo nível que ele conhecia. Tenho que admitir que aquele cara me impressionava cada vez mais...apesar disso não mudar o fato dele ser um maluco. Seja como for, parece que estávamos mesmo marcando presença na escola...eu, como o garoto do sorvete e agora Wilson como o cara que inventou o método relâmpago de aprendizagem via tortura sonora. Mas estava receoso do que poderíamos conseguir em outros grupos...vinha chumbo grosso por aí
- Diretora? - diz o vice-diretor Rui, trazendo alguns papeis para a diretora Silvia - Temos alguns relatórios dos grupos de atividade da última semana
- Hmmm. Deixe-me ver...nossa! - a bela diretora se surpreende - Aquele rapaz, o Wilson, ganhou mérito nos dois grupos que participou...com esse já são dois
- Ah, sim. Quando ele põe uma coisa na cabeça, é difícil de tirar
- Isso é bom. Será que eles vão conseguir mérito em todos os grupos?
- Err...não sei. Em Educação Física ele não vai muito bem
- Interessante - ela arruma os óculos e entrelaça as mãos - Eu realmente tomei a decisão certa em abrir esses grupos de atividades. Se Wilson realmente participar de todos os clubes como diz...vai ser um ótimo exemplo a todos os alunos.
O problema..era ir bem em todos os grupos. Será que a gente consegue mesmo?
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