This Feeling That I Get
Capítulo IX
– Nós prometemos que vamos ser mais cuidadosos dessa vez, Remus!
– Não acho que seja uma ideia sensata, pessoal.
– Mas o legal é correr o risco... – James tinha um sorriso aventureiro nos lábios.
Lupin olhou para o braço de Sirius, que agora já não tinha marca nenhuma. O problema é que ele sempre se lembraria de que acertou o braço do namorado em uma de suas transformações, independente de ter sido grave ou não.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Não seja chato, essa é o único momento em que podemos sair por aí como animais.
– James... Vocês podem sair por aí como animais quando quiserem.
– Mas não é a mesma coisa sem você!
– É claro, deve ser muitíssimo mais divertido com um monstro em seu encalço.
– Você não é um monstro – Sirius se manifestou pela primeira vez, os olhos ameaçadores na direção de Remus.
– Vocês vão aparecer lá de qualquer forma, não é? – ele falou cansado, jogando-se na poltrona.
– E eu achando que você demoraria para perceber.
– Nem sei por que ficam me enchendo se não vão levar em consideração o que eu digo.
– Bom, se você concordar, significa que podemos ir.
– Mas quando eu não concordo, não significa o contrário?
– Não, e isso é o mais legal – Sirius sorriu.
– Vocês me estressam. Ainda bem que são os únicos animagos da escola, ou eu trocaria vocês por amigos menos irritantes.
– Até parece.
Um pedaço de pão acertou Lupin e ele olhou intrigado para Peter.
– Como assim?!
– Devolve meu pão! – Peter pegou o pão de cima do amigo, enquanto Sirius e James se dobravam de rir.
James, Peter e Sirius estavam quase dormindo no fundo da sala de História da Magia. Eles haviam ficado a noite toda acordados, se arriscando pelos terrenos da escola e agora não conseguiam nem distinguir a voz maçante do professor. Remus estava deitado confortavelmente em uma cama da enfermaria, com dores consideravelmente menores em comparação a outras transformações. Ele não sabia se graças às lambidas de Padfoot – sim, o cachorro continuava a lamber seus ferimentos pela manhã – ou se graças às distrações dos amigos que o impediam de se machucar muito.
Apostava nas duas opções.
– Madame Pomfrey?
– Sim, querido.
– Estou me sentindo bem. Será que posso sair antes da hora do almoço?
Ela fez uma careta, mas avaliou o rosto corado do garoto e decidiu que não havia motivo para prendê-lo ali muito tempo.
– Acho que você já está bem melhor... Beba mais um pouco dessa poção fortificante e na hora do almoço eu liberarei você. Poderá almoçar com seus amigos, mas não quero que assista nenhuma aula hoje, vá dormir um pouco em sua cama.
– Certo. Obrigado – ele fechou o nariz e bebeu todo o conteúdo da taça que a enfermeira dera a ele. Tinha um gosto acre.
– O que aconteceu dessa vez? Não foi tão ruim – ela de repente pareceu intrigada. – Acha que está aprendendo a se controlar?
– Ah... não. Acho que isso é impossível, Madame Pomfrey – ele deu um sorriso triste. – Nunca conseguirei me controlar. Mas em algumas vezes é menos complicado – quando estou com meus amigos, completou mentalmente.
Ela passou a mão nos cabelos castanhos do garoto e, com um sorriso, se retirou para tratar de outro aluno que estava na cama ao lado. Remus olhou no relógio – nove e meia – e passou a contar ansiosamente os minutos, até a hora do almoço. Pensou no que os amigos estariam fazendo, sem imaginar que eles dariam as varinhas para poder faltar às aulas da tarde.
– Olá!
– Remus! – James sorriu. – Você foi liberado ou fugiu?
– Fui liberado.
– Ah – Sirius fez uma careta. – Fazer o quê? Ninguém é perfeito.
Lupin revirou os olhos.
– Está bem, mesmo?
– Estou ótimo, Peter. Bom, não exatamente ótimo... Mas em comparação com as outras vezes, estou muito melhor.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Acha que as lambidas de Padfoot têm algo a ver com isso? – James perguntou intrigado, baixando a voz.
Remus se esforçou para não corar. Os amigos não viam nada demais naquilo e não seria ele a estragar tudo, entregando a verdade.
– Claro que tem. Saliva de cachorro tem propriedades curativas – Black comentou orgulhoso. – Mas espero que você tome banho depois.
Eles riram, começando a comer em seguida. Sirius tocou a perna do namorado por baixo da mesa, piscando para ele quando os olhares se encontraram. Sentia-se animado por saber que dessa vez a dor de Remus havia sido consideravelmente menor. Sorriu ainda mais ao observar o garoto comendo. Ele tinha o olhar concentrado, o rosto relaxado e a boca em um meio sorriso constante, e isso apenas lembrava que ele não estava sofrendo.
Assim que terminaram de comer, eles se prepararam para levantar.
– Preciso ir até o dormitório – Sirius se lembrou de algo. – Não peguei meu livro de Aritmancia hoje de manhã.
– Certo, nós ficamos te esperando aqui.
– Vou com você – Remus se levantou. – Madame Pomfrey mandou que eu faltasse o resto das aulas de hoje e descansasse um pouco, vou ficar no dormitório.
– Sortudo filho da mãe – Peter bufou.
Lupin deu uma risadinha, acompanhando Sirius em seguida. Quando os dois estavam em um dos corredores, dois alunos trajando o uniforme da Sonserina apareceram. Só por serem sonserinos já era péssimo, mas sendo aqueles sonserinos especificamente tornava tudo pior; Severus Snape e Regulus Black.
– Olhe só, Regulus. Quem nós encontramos aqui, neste corredor vazio...
– Vamos embora – Remus sussurrou baixinho, se apressando a passar pelos dois.
– Viu só? – Snape voltou a falar, a voz provocativa. – Não respondem nossos cumprimentos. São mesmo dois animais.
O duplo sentido nas palavras do sonserino fez os olhos de Sirius faiscarem e ele se virou. Remus amaldiçoou baixinho, virando-se também.
– Quem é o animal aqui, Snivellus?
– Não quer que eu repita... Quer, Black?
– Precisa ficar relembrando que sou parente dele, Severus? Tenho nojo disso.
– Não ache que é agradável para mim, carregar esse sobrenome, moleque – Sirius se dirigia ao irmão de forma fria.
– Não fica tão corajoso longe do Potter, não é, Sirius? Onde estão os xingamentos e a varinha apontada? – o outro Black soltou, divertindo-se com a situação.
– Olhe quem vem falar de coragem! – Sirius deu uma risada sarcástica. – O garotinho que passou uma noite toda no verão chorando e chamando Walburga porque um bicho-papão havia entrado em seu quarto... Talvez devesse chamar Snape para dormirem juntos, afinal, só quando está ao lado dele é que você demonstra toda sua “coragem”.
Remus riu baixinho, ganhando um olhar furioso do – que estranho! – cunhado. Regulus bufava de ódio do irmão e levantou a varinha. Sirius pegou a dele também, mas foi mais rápido.
– Estupef...
– Para! – Lupin tirou a varinha da mão do Black mais velho, antes que ele estuporasse o irmão. E então viu Snape sussurrando algo estranho, com a varinha levantada. – Expelliarmus!
Quando o feitiço contra Snape foi lançado, três coisas aconteceram simultaneamente. O sonserino foi jogado com violência contra a parede, sua varinha foi parar do outro lado do corredor e o pulso de Remus foi para trás num ângulo estranho.
– Droga, Remus! Por que fez isso? Eu ia estuporar...
– Vamos embora daqui! – Lupin puxou o braço de Sirius, interrompendo-o.
Eles correram para as escadas, enquanto um Regulus ainda sem saber o que fazer tentava acordar Snape com alguns tapas de leve. Remus devolveu a varinha de Sirius, esfregando o pulso.
– Não devia ter usado sua varinha. Acho que quebrei o braço. Não, não está quebrado, mas acho que torci... Por Merlin, eu acertei um aluno! Não, eu joguei um aluno na parede e ele desmaiou! – ele não parava de falar, agitado. – Mas o que eu podia fazer? Ele estava sussurrando alguma coisa com a varinha apontada para você, provavelmente um daqueles feitiços malucos que ele inventa. E não ia dar tempo de pegar minha varinha...
– Remus! Para de falar. Você devia ter deixado que eu estuporasse aquele maldito garoto!
– Sirius... ele é seu irmão. Sei que você ia se arrepender depois.
– Pare de me lembrar disso! E eu estou arrependido agora, de não ter estrangulado esse infeliz durante o verão.
Ao chegar à Torre da Grifinória, Remus disse a senha. Os dois entraram no salão comunal e encontraram James e Peter.
– Você estava demorando, Sirius, então viemos ver se estava aqui.
– Não interessa!
– Sirius? – James pegou no ombro do amigo. – O que houve?
– Me deixa em paz!
O garoto puxou o ombro e subiu a escada que levava ao dormitório, furioso. O outro ia atrás, mas Remus o segurou. Então Peter e James olharam confusos para ele.
– O que foi que aconteceu?
– Encontramos Snape e Regulus. Os dois se provocaram e...
– Droga! Vamos dar uma lição em Snivellus.
– Sirius brigou com o irmão, na verdade. Ele ia estuporar o garoto, mas eu impedi. E então Snape apontou a varinha para Sirius, provavelmente ia jogar algum feitiço horrível, e eu o desarmei. Mas estava com a varinha de Sirius, por isso acabei jogando Snape na parede e torci o pulso. Sirius ficou furioso comigo, por não ter deixado que ele estuporasse o irmão.
– Esse é um assunto delicado para Sirius. Vou falar com ele – James virou para a escadaria.
– Não! Eu vou.
– Remus, você sabe que é melhor que eu vá.
Lupin abriu a boca para falar que ele era o namorado de Sirius! Ele é quem deveria ir falar com o moreno. Mas então percebeu que ninguém sabia disso. Para todo mundo, inclusive James e Peter, o único que tinha alguma ligação especial com Sirius, entre os três, era James.
Todos pensavam que James era o único que entendia o garoto completamente e que poderia ajudá-lo. Ninguém sabia que ele também conhecia Sirius muito bem. Que ele também amava Sirius.
– Certo – concordou, resignado.
James subiu as escadas, tremendo de raiva. Sempre por trás de tudo o que dava errado, estava aquele maldito sonserino. Tinha certeza que ele é quem havia começado as provocações; ele adorava fazer Sirius se irritar com Regulus.
Abriu a cortina que cercava a cama do amigo e viu Sirius socando o travesseiro.
– Some daqui.
– Não.
– É sério, vai embora. Quero ficar sozinho.
– Sirius, eu vou ficar aqui.
– Eu vou socar você!
– Pode socar, se isso for te ajudar. Vou continuar sentado aqui esperando você se acalmar.
Sirius foi para cima do outro, com o punho levantado. James continuou olhando para ele, esperando que se acalmasse para poderem conversar. O moreno abaixou a mão, abraçando o amigo em seguida.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Obrigado, cara. Você é a melhor pessoa que existe no mundo.
– Nós somos amigos – James retribuiu ao abraço. – Vou até o fim com você.
Queria dizer a Sirius que eram mais do que amigos, eram irmãos. Mas não queria levantar o assunto “irmão” no momento. Quando ele quisesse falar, falaria. Sentaram-se na cama, Sirius com a cabeça enfiada no travesseiro que antes recebia seus golpes. Ficou um tempo daquele jeito, apenas curtindo toda a raiva que se apossara dele e então começou a colocar tudo para fora.
– Eu odeio meu nome, odeio minha família, odeio meu irmão, odeio a Sonserina, odeio aquela casa, odeio ter que ficar preso lá durante o verão.
– Simples: vá embora.
– James, não é tão simples assim. Não estou a fim de morar na rua, obrigado.
– Deixe de ser idiota, Sirius. Você vai morar comigo.
– Seus pais sabem que você anda oferecendo estadia?
– Eles gostam muito de você! Ficam felizes quando você dorme lá, vão adorar que vá morar conosco.
– Há uma diferença sutil entre passar alguns dias e morar, James – Sirius relutava, mas sua voz já estava mais animada.
– Não interessa, você vai morar na minha casa a partir desse verão. Já está mais calmo? – o moreno acenou positivamente. – Então vamos. Acho que ainda podemos chegar a tempo para a aula de Feitiços.
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