These Days

Louca obsessão.


Eu não sabia explicar o que estava acontecendo naquele momento, era uma sensação indescritível, eu sentia um frio na barriga, minhas mãos suarem, minha perna tremia, eu me sentia fraco. Seria essa a sensação de você está prestes a beijar quem você ama pela primeira vez?

No exato momento que meus lábios tocaram os da Bruna eu senti e ouvi o portão ao lado dela se abrir. Eu não sei quantos milésimos de segundo que demorou para eu dar (quase) um pulo para trás. Era a mãe de Bruna nos olhando. Eu gelei, e era uma sensação bem diferente da anterior. Olhei rápido para Bruna que estava sem graça e assustada, ela olhou para a mãe que quebrou o silêncio constrangedor.

– Eu ouvi um barulho, imaginei que você fosse.
– Eu cheguei agora, mãe. Henrique me trouxe. -
– Ah, o famoso Henrique, um prazer conhece-lo. - Ela estendeu sua mão e abriu um sorriso.
– Famoso? eu? - Eu estava com um sorriso sem graça pela situação e por tal "revelação" e apertei a mão dela.
– É, Bruna fala de você. Muito até.
– Mãe! - Bruna fazia uma careta e eu queria rir, pois era fofo.
– Desculpa, não "tá" mais aqui quem falou. - Ela abriu o portão, entrou e voltou meio segundo depois. - Ah, sua irmã tá aí, tava te esperando.
– Diga à ela que já vou entrar.
– Tchau, Henrique. - A mãe dela dava um tchauzinho e entrava, porém deixava o portão encostado.

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Toda aquela situação foi muito confusa, eu olhei para Bruna e ela me olhava, parecia tensa. Acho que passava pela cabeça dela a mesma coisa do que a minha. Primeiro de tudo, íamos nos beijar? E eu estava certo, sem dúvidas o momento que antecede o beijo é incrível, toda aquela sensação, adrenalina, emoção.

E além disso, a segunda coisa que preocupava era: A mãe dela viu? Bom, não chegamos de fato nos beijar, mas a mãe dela não era burra, com certeza ela estava pensando em duas possíveis situações: Interrompeu um beijo ou interrompeu o que seria um beijo.

Eu não esperava conhecer a mãe dela nessa situação, mas apesar de tudo foi tranquilo, a mãe dela era simpática, ao menos comigo. E o fato da Bruna falar de mim para ela me deixou animado. Agora voltando a situação...

Eu olhei para Bruna e sorri, ela parecia ter algo na cabeça, eu então percebi o que eu tinha acabado de fazer, eu simplesmente tomei uma atitude e quase a beijei. Mas dessa vez eu não conseguia repetir a mesma atitude, eu não consegui dar um passo à frente, eu só olhei para ela.

– Eu não sabia que sua irmã não morava com você. - Falei, Bruna então me olhou.
– Pois é, ela vai casar ano que vem mas já saiu de casa.
– Alguém ficou para titia - Falei rindo, Bruna me deu um tapa no braço.
– Eu sou nova, idi! - Ela ria e sua covinhas apareciam e eu sorri com isso.
– Claro, claro.

Eu não conseguia pensar em muita coisa, não sabia se voltava de onde "paramos" ou simplesmente fingíamos que nada aconteceu, Bruna parecia agir naturalmente, eu preferi não arriscar, ou sendo totalmente honesto com vocês, eu não consegui arriscar.

– Bom, tá de noite já, vou embora. - Falei olhando para o tempo, estava uma ventania e começando a trovejar.
– Você vai entrar no MSN depois? - Ela perguntava.
– Provavelmente sim, se não acabar a luz, pois acho que vai chover bastante.
– Tá bom.
– Por quê? - Olhei fixo em seus olhos.
– Para conversamos, idi! - Ela sorriu.
– Para de me chamar assim, vou começar a te bater! - Dei um tapa em seu braço, de leve.
– Aii! - Ela botou a mão. - Você é forte, vai me machucar!
– Minha mão é fofa! - Falei rindo.
– Você é todo fofo! - Ela ria e pela primeira vez ela tomou iniciativa em me Abraçar.

Bruna já me abraçou outras vezes, maioria das vezes que ela me via na escola, ela me que chegava e me abraçava, mas quando eu disse que "era a primeira vez" que ela me abraçava assim, pois era um abraço diferente, era o tipo de abraço que eu dava nela. Um abraço forte, junto. Ela botava seus braços envolta do meu pescoço e eu os meus envolta da sua cintura fina.

Percebi que a Bruna ficou nas pontas dos pés pelo fato de eu ser mais alto. Ela ainda cheirava bem, acho que era seu cabelo tinha um cheiro de alguma fruta, uva, talvez. O nosso abraço demorou eternos oito segundos, até ela me soltar.

– Me chama de fofo e me abraça. Me ama, certeza! - Falei rindo.
– Claro pô, sou gamada em você! - Ela falava com uma voz irônica e sorria.
– Aiai, essas brincadeiras tem sempre fundo de verdade.
– Iiiih sai daí! - Ela me dava um tapa na mão e se afastava um pouco.
– Te vejo mais tarde, ou segunda, na volta as aulas.
– Vê se não morre de saudade, valeu? - Ela faz um joinha com a mão bem próxima do seu rosto, uma clássica mania de Bruna.
– Como posso morrer de saudade se eu ainda estou com saudade? - Eu sorri e apenas me virei e fui indo embora

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Eu tinha total certeza que Bruna estava sorrindo e me olhava enquanto eu ia embora. Eu andava indo para casa e só vinha em minha cabeça aquela cena, aquele momento, o nosso "quase beijo" seria algo inesquecível, eu tinha certeza que daqui cinco, dez ou vinte anos eu não me esqueceria jamais daquele momento. O momento mais mágico que vivi até então. Sem dúvidas o momento que antecede o beijo é algo inexplicável.

Mas se tinha uma cena que eu não queria ver, era o momento da despedida, me despedir dela é sempre uma tortura, acho que por isso que após eu dizer aquilo eu apenas me virei e fui, se não eu abraçaria e não a deixaria entrar nunca.

Bruna tem uma imã sobre mim, pois a cada minuto que eu estou com ela mais tempo eu quero tê-la comigo. Eu tentava entender o que eu sentia pela Bruna. Quer dizer, eu queria entender essa louca obsessão que eu tinha por ela.