Thema Nr1

Happy B-day!


Os dias foram se passando rápido. Incrível como minha vida está sendo extremamente chata. Mesmas músicas, mesmas festas, mesmos jogos, mesmas garotas... É tanta mesmice que dá tédio. Tenho que mudar isso. Eu compus algumas músicas enquanto esperava “ansiosamente” pela chegada das aulas. Georg e Gustav só vinham no dia da aula. Não falamos mais com Kristin. Ela andou sumida por uns tempos. Não que tivesse viajado, mas seu quarto vivia fechado. Tive a impressão de ter ouvido berros de discussões em sua casa, mas não me meti. A última vez que a vi, ela estava sentada na praça particular do conjunto habitacional escrevendo em seu pequeno caderno preto. Continuava chorando, como da última vez. O que eu acho estranho é que quando ela está com a gente, sempre parece exalar alegria. O que há com ela?

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Chegou o dia da aula. Acordei mal-humorado e me arrumei. Bill já estava pronto há meia hora, mas eu não acho preciso tanta produção. Prefiro minha beleza natural. Tomamos o café e fomos direto para o colégio. Bill e eu fomos até o painel ver em que sala ficamos. Por um milagre, eu e ele não fomos separados este ano, e Kristin ia estudar na nossa sala. Entrei na classe procurando por ela, mas Kristin não estava lá. Para meu desespero, Jeny me esperava sentada, mas desviei a rota e sentei-me lá atrás, garantindo uma cadeira para Bill e Kristin. Eu espero que ela venha.

Georg e Gustav chegaram até minha sala, já que são mais velhos estão uma classe a mais.

- Georg, Gustav! Cara, como estão? – pulei e os abracei. Meus amigos nunca ficaram tanto tempo longe da gente.

- Estamos ótimos! Como foram suas férias? – contei tudo, até sobre Kristin. Eles riram e começaram a conversar com Bill. Eu estava preso aos meus pensamentos, até vê-la chegando.

Com suas calças largas tênis velhos, cinto de rebite e milhões de pulseira e correntes, Kristin apareceu na porta da sala. Tinha a mesma aparência de quando a conheci. Ela era diferente do todas aquelas garotas. Kristin abriu um enorme sorriso vindo cheia de atitude, sem medo de ser julgada. Na realidade, acho que ela não sabia o quão diferente ela era. Todos estavam observando-a enquanto se dirigia até mim.

- Até aqui você me persegue? – Jeny surtou e caminhou apressada até Kristin. – Ou melhor, persegue o Tom. O que você quer? Acha que ele vai querer alguma coisa com você? Uma garota esquisita, estranha...? – levantei-me para gritar com Jeny, mas Kristin foi mais rápida.

- Queridinha, não se preocupe. Eu não corro atrás do Tom, eu não preciso disso. – ela sorriu triunfante e sentou-se atrás de mim. – desculpe por isso. – sussurrou para mim, sorrindo de lado.

- Foi legal. – pisquei e sorri. – E como vai você, Kris? Nunca mais te vi... – ela abaixou a cabeça e depois a ergueu.

- Bem... Você vai lá em casa hoje? Você e Bill, para meu aniversário... Aluguei uns filmes e vou pedir uma pizza. Podem chamar Kate também. – ela me encarou como se pedisse um favor. Senti vontade de pegar Kristin no colo e abraçá-la forte. Ela estava triste.

- Lógico! Passo na sua casa, então. – sorri e ela tentou esboçar felicidade. Kris, não chora, por favor!

A aula custou a passar. Odeio a escola, ODEIO. Fomos para o intervalo e Kristin encontrou-se com Kate, da outra sala. Convidou-a para seu aniversário e depois foi até a cantina.

- Tom, essa garota pode até ser estranha, mas é bem gata, não é? – Georg me cutucou com o cotovelo. Sim, ela é linda.

- É, ela não é de se jogar fora. Kris é uma amiga, só isso. Uma grande amiga. – falei mais pra mim do que para os outros. – Vou chamá-la.
Levantei-me e fui até Kristin, que parecia estar meio perdida.

- Kris? – chamei sua atenção.

- Tom, a Jeny vai me bater, eu sei disso. Olha ela lá. Tá me matando com os olhos! – ela estava apavorada. Passei meu braço por seus ombros e fui levando-a até nossa mesa. Bill sorriu de lá e cochichou algo com Gustav. Aquele traíra tava falando de nós dois.

Kristin passou o resto do dia comigo e com Bill. A cada vez que eu a vejo, ela parece menos estranha pra mim.

Fomos para casa juntos, já que a escola era relativamente perto, então fomos a pé. Kristin é tão segura de si. O jeito em que enfrentou Jeny... Simplesmente demais! Almoçamos cada um em sua casa e logo nos encontramos na casa dela. Kate tocou a campainha e logo voltou para os braços de Bill. Azah, sortudo! A porta se abriu.

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Kristin estava com a mesma roupa que usou no colégio, estava só com menos maquiagem. Espera, ela tinha chorado? Senti-me mal ao vê-la triste. O que tinha acontecido?

- Ei, feliz aniversário! – Bill e Kate a abraçaram e entraram. Fiquei para o lado de fora. Kristin me encarou esperando que eu entrasse, então a puxei pra fora.

- O que houve? Estava chorando? – perguntei encarando-a com cuidado. Ela deixou uma lágrima escorrer e me surpreendeu. Ela largou-se em meus braços, chorando disfarçadamente.

- Obrigada por terem vindo. – ela me largou e me guiou até a sala, disfarçando o choro.

Bill e Kate beijavam-se no sofá. Pelamordedeus! Dá um tempo! Eu cocei a cabeça. Esqueci de trazer um presente. Tenho que improvisar.

- Seu presente está no meu quarto, mas não está acabado. – eu disse ela me encarou.

- Bom, quando estiver acabado você me dá, não é? – sorriu de lado. Acenei com a cabeça. Terminaria uma música para ela.

Fomos até a sala e Kristin foi ao quarto buscar os DVDs, mas ela estava demorando, então resolvi ir atrás. O que ela está fazendo? Não bati na porta e entrei silenciosamente. Ela estava chorando deitada na cama. Sentei ao seu lado sem saber o que fazer. Resolvi então afagar seus cabelos.

- Kris, me conte... O que há? – supliquei.

- Peter. Ele é um idiota. Disse coisas horríveis pra mim, gritou e tentou me bater. Só porque fiquei chateada com a minha mãe, pois ela esqueceu o meu aniversário, então eu disse que o único que lembrava de mim era meu pai. Ele surtou e me machucou. – ela soluçava. Como ele pode fazer isso?

- Calma. – eu a ergui com cuidado colocando-a deitada em meu colo. – Você tem a mim e ao Bill. Somos seus amigos, pode contar com a gente. – tentei sorrir.

- Obrigada, Tom. – ela segou as lágrimas e levantou-se, pegando os filmes. – Vamos, temos uma tarde pra curtir! – sorriu se recuperando. Balancei a cabeça sorrindo e a guiei até a sala.

Bill estava sentado abraçado a Kate. Eles notaram o clima estranho, mas decidiram ficar quietos. Kristin foi até a TV e colocou um filme de terror. Sentamos no sofá e ficamos vendo o filme, que por acaso era muito assustador. Bill estava rindo e escondendo a cara, enquanto Kate apenas ria e o abraçava protegendo. Bill, é você que deve abraçar ela, e não ao contrário! Eita... Kristin trouxe pipoca e colocou em cima da mesinha, junto com os refrigerantes, e logo se sentou ao meu lado. Ela me olhou de canto e sorriu. O que significava aquele sorriso? Foi um “te pego na balada” ou foi um “hum, te pegava”?Que coisa... Bom, eu retribuí o sorriso.

Tudo estava normal. Todos vendo o filme, rindo e se assustando, até que algo aconteceu. Kristin tocou minha mão levemente, brincando com meus dedos. Eu olhei para nossas mãos e a encarei. Ela sorriu e virou-se para a TV. Continuou brincando com a minha mão, então eu rocei meu dedo suavemente na parte de fora de sua mão. Kristin sorriu de lado sem tirar os olhos do filme. Ela é incrível. O filme acabou logo depois e fomos até a cozinha saborear um bolo que ela mesma fez. De chocolate, macio, molhadinho... Melhor do que da dona Simone.

- Bom, obrigada por terem vindo. Desculpe se eu não estava tão animada... Espero sair outro dia com vocês... – Kristin despedia-se de nós e abraçou a cada um. Senti seu cheiro bom de frutas vermelhas.

- Claro, a gente combina... – Bill e Kate deram tchau e foram para casa. Eu sorri e ergui uma sobrancelha.

- Kris. – ela me encarou. – Te vejo depois, na varanda. – ela arregalou os olhos e acenou com a cabeça.

Voltei pra casa e fiquei pensando. Como alguém pode esquecer o aniversário da filha? Como Samantha fez isso? Kristin estava frágil. Esse Peter era um babaca. Ele que tenha cuidado, se não vou acabar dando uma surra nele.

Subi as escadas e fui para varanda direto. Kristin me esperava lá.

- Oi Kris. – sorri e estendi a mão para ela, puxando-a para um abraço. Ela parecia tão forte para todos, mas para mim se mostrava tão frágil...

- Oi Tom... O que aconteceu? – ela pareceu intrigada, mas continuo abraçada em mim. Larguei-a e sorri.

- Achei que você precisasse disso. – inclinei a cabeça.

- Obrigada. – Kristin se afastou e sorriu de modo carinhoso. Ela é tão querida!

- Bom, não vou te incomodar. Vou para um quarto. – virei-me para a janela, mas ela segurou meu braço.

- Tom, espera. Tenho uma coisa pra você. – Kristin foi até seu quarto e buscou um papel.

Ela me entregou um desenho de duas pessoas abraçadas. Era eu e ela. De costas, na varanda. Desenho bonito, cheio de significados. Resolvi sorrir.

- Ele é muito bonito. Obrigada, Kris... – beijei sua testa e fui para meu quarto. Coloquei o desenho no mural e fiquei imaginado aquela cena.
Olhei para a janela do quarto de Kristin. Ela estava se trocando. Hum, bela visão...