The best for we

Will you hold me tight and not let go?


Ela se deitou de barriga para baixo e esticou as pernas na cama enquanto distraidamente enrolava o cabelo dele entre seus dedos. Barry virou a página do jornal parando apenas para ela ler o título da matéria, ele estava sentado sobre tapete felpudo encostado na cama de casal que ficava no meio do quarto. Caitlin rolava sobre o colchão tentando espantar o sono, já passava das seis da manhã e eles logo teriam que se arrumar para sair pro seus respectivos trabalhos. Mas nenhum dos dois havia movido um músculo para sair dali, talvez aquela cena fosse agradável demais para se desfazer.

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Caitlin amava passar as manhãs com Barry, era a única coisa que a fazia acordar cedo.

—Baby, o que você quer comer?

—Não sei. - ela se arrastou na cama colocando o queixo no ombro dele e beijando sua bochecha. - O que você quiser.

Barry virou o rosto capturando sua boca em um beijo lento, Caitlin escorregou pela lateral da cama parando no colo dele.

—Acho que devíamos fazer ovos mexidos com bacon. - ele sussurrou, o sol começou a atravessar a janela entreaberta. Central City aos poucos começava a acordar, Caitlin adorava aquela sensação de paz que as manhãs traziam. Fazia poucos meses que havia começado a namorar Barry, primeiro eram saídas e jantares apenas para estarem juntos, compensar a falta que um fazia para o outro durante aqueles meses,depois as coisas evoluíram ao nível que estavam. A um nível que ela não fazia a menor idéia do que era.

Barry havia voltado diferente da speed force mais sério e reservado, porém com o mesmo otimismo que ele sempre teve. No início era estranho vê-lo tão centrado em algo, suas piadinhas e risadas eram raras, poucas vezes ela tinha lhe visto sem aquela máscara que havia criado para si mesmo. Caitlin às vezes se sentia meio magoada quando ele se afastava sem dizer o porquê, mas aquilo logo passava quando ela o acalentava à noite depois de seus pesadelos. Ela sabia muito bem com o que ele sonhava, sabia do que ele tinha medo, pois ela sentia o mesmo temor todas as noites. Às vezes acordava gritando e chorando, mas sabia que ele estaria ali ao seu lado. Não importava o que acontecesse.

—Cisco me chamou para beber depois do trabalho hoje. - Barry falou dedilhando seu quadril e por fim pressionando os dedos contra sua coxa. - E ele queria saber se você quer ir junto.

—Eu adoraria, mas tenho que terminar o trabalho, Fleur vai viajar hoje e me pediu adiantar o trabalho. - ela enrolou o dedo no cordão do colar, a sua antiga aliança de casamento balançou de um lado para outro. Uma lembrança constante de Ronnie, mas não doía tanto como antes. - Sinto muito.

—Não tem problema, é que faz algumas semanas que você não vê Cisco e ele está magoado.

Ela riu revirando os olhos.

—Ele está apenas sendo dramático. Mas diga que podemos fazer qualquer coisa semana que vem.

—Eu direi. - Barry a puxou para perto juntando seus lábios.

Cisco era o único dos seus amigos que sabia de seu envolvimento com Barry, até porque ele havia descoberto sem querer, Caitlin havia aprendido a nunca mais atender o celular de Barry sem olhar o visor. Ela havia feito Cisco prometer que nunca diria nada para ninguém, ela ainda não estava pronta para se revelar como a nova namorada de Barry, até porque ele ainda não havia se resolvido com Íris, ela não podia negar o quanto se sentia incomodada quando ele mencionava a ex-noiva, seu ciúmes era maior do que seu senso moral. Sabia que eles dois tinham uma longa história e todos os sinais indicavam que eles ficariam juntos no final, isso já era motivo suficiente para ela se sentir irritada...não irritada, insegura. Porque ela não era e nunca seria Íris West. -Você está bem? - Barry chamou sua atenção, ela o encarou com um meio sorriso.

—Sim. Por que?

—Você parece meio perdida. - ele tocou sua bochecha com a ponta do nariz, ela soltou um riso baixo sentindo o hálito dele fazer cócegas em seu pescoço.

—Apenas estou pensando. - disse, Barry se afastou a encarando intrigado. Ela logo tratou de desconversar. - Você não ia encontrar Joe no café?

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—Verdade. Ele quer ter um momento pai e filho, disse que estou meio distante.

Caitlin se acomodou ainda mais no colo dele deitando a cabeça em seu ombro, Barry puxou sua mão encaixando na dele. Um encaixe perfeito.

—Joe está certo, Bar.

—Eu sei, baby, eu sei. - Barry sussurrou e beijou o cabelo dela. Caitlin viu as sombras se moverem pelo quarto, sabia que era apenas a cortina, mas à noite quando as luzes se apagavam elas viravam seus piores pesadelos.

×××

Caitlin odiava quando acumulava trabalho e tinha que leva-lo para casa, às vezes a mesa de Barry ficava lotada de papéis com fórmulas e cálculos que nem ela mesma conseguia entender. Mas como um bom namorado, Barry a ajudava separando por ordem de prioridade e data, por muitas vezes ele até havia ficado acordado até mais tarde ajudando se necessário ou apenas lhe fazendo companhia.

Fechou a porta jogando o casaco no cabide, equilibrando a pasta no braço caminhou até a mesa de jantar, parando apenas no criado-mudo para ligar a secretária eletrônica para ouvir as mensagens.

—Você tem duas mensagens. - a voz mecânica soou, Caitlin colocou a pasta sobre a mesa. - Mensagem número um: Baby, é o Barry. Vou me atrasar um pouco por causa do trabalho, então acho que não chegarei a tempo para o jantar, peça uma pizza, ou melhor três, acho que chegarei com fome.

Caitlin riu puxando o cabelo para cima e o amarrando em um rabo de cavalo.

Mensagem número dois: Barry.— ela virou o rosto em direção ao telefone, era Íris. - Sei que o que fiz hoje foi errado e sinto muito, você está com alguém e eu meio que forcei a barra entre a gente. Eu não devia ter te beijado, sinto tanto, mas não consigo controlar o que sinto por você e sei que ainda senti isso por mim. Não temos como negar, no fim sempre vamos ficar juntos...Por favor me liga.

Caitlin mordeu o lábio inferior com força, podia sentir o gosto amargo do sangue em sua boca. Cada palavra de Íris era como um soco em seu estômago, sua cabeça ainda girava com aquela revelação. Caminhou até o sofá sentindo o corpo pesar, inclinou-se para frente e apoiou a cabeça nas mãos, fechou os olhos contando até dez. A porta da frente se abriu.

—Cait? - ela ouviu os passos de Barry vindo em sua direção, ele então se sentou ao seu lado. - Baby, você está bem?

O toque dele contra sua pele fez seu corpo relaxar, deixou que os braços de Barry a envolvesse.

—Íris beijou você. - disse, sentiu o corpo dele endurecer com aquelas palavras. -Ela deixou uma mensagem dizendo para vocês conversarem. Quando foi isso?

—Há algumas horas atrás, mas não foi nada.

—Não diga isso. Significou algo para ela e eu sei que para você também. Não negue, sei que ainda ama ela.

—Mas não tanto quanto antes. - ele replicou, seus dedos fazendo uma trilha do pescoço dela até o seu cabelo. - Eu estou com você e é isso que importa.

—Não, você e Íris tem que ficar juntos. Tudo indica isso. - disse firme se afastado dele e ficando de pé.

—Cait.

—Eu estou apenas atrapalhando isso, sabia que não daria certo, desde de o início eu sabia disso. Sinto muito, Bar. Não devíamos ter feito isso.

Barry colocou as duas mãos em seu rosto a forçando a olhar para ele.

—Não diga isso, Íris me beijou sim, mas isso não significa que algo mudou entre a gente. Não mesmo, ainda estou com você, não é? Mesmo depois de suas inúmeras ameaças de me deixar. - ele riu, Caitlin balançou a cabeça sentindo a angústia lhe sufocar. - Sabe quantas vezes você veio com essa conversa para cima de mim? Pelo menos umas dezena vezes desde de que começamos a namorar.

—Barry.

—Caitlin me escuta, eu estou com você, não com ela. Entenda isso. - ele pediu, Caitlin fechou os olhos encostando a testa na dele.

—Vocês devem ficar juntos, já está escrito, aquela matéria.

—Eu sei.

—Então entenda o porquê de eu estar sempre insegura quando se trata de nós dois.

Ela balançou a cabeça se livrando dele. Se sentou no sofá com as mãos sobre o rosto. Barry se ajoelhou a sua frente.

—Você quer que eu faça isso? - ele indagou em um sussurro. Ela levantou a cabeça, sabia do que ele estava falando, por muito tempo havia cogitado aquela idéia, mas não tinha coragem para isso.

—Você não precisa, não posso te pedir isso.

—Faria qualquer coisa por você. Se você quiser.

Caitlin mordeu o lábio, não podia pedir aquilo, não era sua escolha.

—Não...Não posso pedir isso. - repetiu.

Se inclinou para frente escorregando do sofá, Barry a segurou envolvendo-a em seus braços. Então dois ficaram ali no meio da sala, a noite dançando sobre os prédios e casas trazendo a calma que ela queria ter.

×××

A porta do quarto se abriu deixando a luz do corredor entrar no quarto, ela puxou o cobertor sobre a cabeça cobrindo o rosto do excesso de luminosidade. Sentiu o colchão afundar com o peso de Barry, ele se deitou ao seu lado sem dizer nada. Ela não estava bem, as coisas naquelas últimas horas haviam sido brutais, uma pessoa normal não aguentaria nem metade do que ela estava passando, mas Caitlin não era uma pessoa comum, tinha uma cota de tragédias que a acompanhavam desde de pequena, não cairia tão fácil assim.

Barry retirou o coberto sobre seu rosto, ele tinha o olhar cansado, semelhante ao que ela via quando ele acordava de um pesadelo, era quase como um pedido de socorro silencioso, o vermelho em seus olhos denunciavam as lágrimas e a angústia que ainda estavam acumuladas. Ele tocou seu rosto com a ponta dos dedos, o que era quente em contraponto ao frio que ela emanava. Diferente dele, ela ainda não havia chorado, sentia que não tinha mais nenhuma lágrima a derramar depois de tudo.

Inconscientemente levou a mão até a barriga que a poucas horas atrás residia uma pequena vida, a qual ela não conseguiu proteger. Fechou os olhos sentindo o inchaço devido ao incidente, o médico havia lhe falado que ainda demoraria algum tempo para sua barriga voltar ao normal, ela não se preocupava com aquilo, já não fazia a menor diferença. Não depois de tudo.

—Você está bem? - Barry indagou a despertando de sua pequena viagem. Assentiu abrindo os olhos. - Quer que eu ligue para o seu chefe e diga que não poderá trabalhar amanhã?

—Não precisa, eu posso ir trabalhar. - disse, não poderia deixar o trabalho de lado depois do incidente, isso seria uma irresponsabilidade de sua parte.

—Caitlin, você precisa descansar, se acalmar e tirar um tempo para si mesma. Tenho certeza que seu chefe lhe cederá alguns dias de folga de saber sobre o abor…

—Ele não precisa saber. - o interrompeu. - Ninguém precisa saber.

Barry balançou a cabeça, ele não era à favor daquele voto de silêncio, mas não contaria nada a ninguém, faria aquilo por ela. Caitlin voltou a fechar os olhos, queria dormir e esquecer aquilo, quando acordasse o mundo ainda seria o mesmo e aquele incidente estaria no passado. Se aproximou de Barry sentido o calor dele se propagar pelo seu corpo.

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—Sinto muito. - ele sussurrou beijando seu cabelo e acariciando suas costas. - Isso tudo é culpa minha.

—Não diga isso. - disse embora algo em seu interior dissesse o oposto. Havia sido Barry, com a ajuda de Cisco, que tinha apagado a matéria sobre o jornal do futuro, havia sido ele que resolveu não contar nada para Íris, mas havia sido ela que a West tinha encontrado no apartamento no início da tarde, e havia sido direcionado a ela todas as ofensas e palavras rudes. Um incidente propriamente dito. Um infortúnio sem precedentes. E por fim, fora ela que havia pedido o bebê que nem ao menos sabia que esperava.

Não culpava Íris por isso, não podia, era sua culpa, deveria ter contado antes, ter dito a verdade a todos, talvez se tivesse feito isso as coisas fossem diferentes, talvez ainda estivesse com seu bebê.

×××

Ela não era tão forte quanto imaginava, não era dura como uma rocha ou tinha estômago o suficiente para aguentar aquilo, porque estava chegando ao seu limite e sabia disso. Havia se passado alguns dias depois do incidente e ela ainda não havia derramado nenhuma lágrima, Barry havia lhe dito que não tinha problema em chorar, isso não a tornaria mais fraca, mas a faria mais humana. Ela não queria chorar, não podia mais. Porém naquele dia quando Barry voltou de Star City, ela não soube explicar o que aconteceu, apenas estava pegando a xícara de café para levar para a sala quando sentiu as primeiras lágrimas rolarem pelo seu rosto, o soluço que a um bom tempo estava entalado saiu cortando sua garganta, a xícara escorregou de sua mão se espatifando em milhares de pedaços no chão, Barry a agarrou por trás antes que ela pudesse cair de joelhos sobre os cacos. Ela balançava violentamente atacando as costas contra o peitoral de Barry que a abraçava com força. Os gritos e grunhidos de frustração saiam de sua boca sem autorização, ela já não tinha mais o controle sobre o seu corpo, as lágrimas rolavam enquanto apertava as unhas contra a carne de sua barriga deixando marcas e até cortando-a.

—Por favor para. - Barry pediu em um sussurro, a voz embargada por chorar com ela. Mas Caitlin não atendeu o seu pedido, as marcas de suas unhas desceram para as pernas e braços. Se sentia suja, imunda, mas ao mesmo tempo não conseguia sentir nada, era como se seu corpo fosse um caos, estava em pedaços, cacos que não podiam ser remontados. E o bebê havia sido o golpe final de uma odisséia de desfortuna.

O sangue manchava suas mãos enquanto Barry a abraçava com mais força, ele sussurrava palavras de conforto e dizia que a amava, ela também o amava. Os gritos foram diminuindo aos poucos assim como os tremores e o soluço.

As lágrimas ainda escorriam quando ele a colocou no quarto e pegou lenço úmido para limpar o sangue, ela ainda sentia o aperto no coração quando ele se deitou ao seu lado e a acalentou. Então ele prometeu em um sussurro no meio da noite que nunca a abandonaria. E ela acreditou, torcendo no fundo para que aquilo fosse verdade.