The Voice Of Heart

Capítulo 4 – O último natal - parte I


Kanda! – A jovem corre em direção da saída da Sede, onde ele partia pra uma missão. – Prometa-me que voltará para o natal.

Sem ao menos responder Kanda somente a olha e seguira em frente. A garota demonstra um sorriso – Eu estarei à tua espera! – e grita para que ele pudesse ouvir.

Faltava-se cinco dias para o Natal e todos estavam ansiosos, inclusive Lenalee. Ela era quem ajudava com os preparativos em geral, dos mais simples aos mais delicados, organizava tudo pensando em o que Kanda acharia de tudo aquilo, queria vê-lo sorrir, algo que ele não fazia há anos.

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- Lenaleeeeeeeee, minha mana queriiida – Komui se aproxima de Lenalee saltitando e com os seus olhos brilhando –, você e a Miranda poderiam ir à cidade comprar flores para a decoração? Por favoooor.

- Claro, mas e as do jardim, não servem?

- Servirem, até serviriam, só que esse ano nevou muito, por isso elas congelaram e não podemos utilizá-las... Então, vai né, vai né?

- Ah, é mesmo. Tudo bem então, vou me trocar e chamá-la.

Lenalee foi para o quarto e vestiu um conjunto de inverno branco com detalhes salmão, enrolou um cachecol amarelo envolta de seu pescoço e calçou suas botas pretas. Miranda havia se produzido, Lenalee estranhou, pois não era de seu costume se preocupar com sua aparência. Ao chegarem à cidade Lenalee foi direto à floricultura, onde ela escolheu as mais belas rosas, enquanto Miranda havia desaparecido em um piscar de olhos. Ela havia arranjado um namorado há alguns meses às escondidas e naquela hora foi ao seu encontro. Lenalee, que já desconfiava, nem ficou preocupada, deixando assim, Miranda à vontade.

Ao chegarem à Sede, Lenalee pediu que Miranda se explicasse. Envergonhada, a mais velha conta-lhe a verdade.

- Por que escondeu de mim que estava namorando?

- É que... Pensei que ninguém apoiaria dizendo “você ta muito velha para namorar”.

- Que bobagem! Não existe uma idade certa para se namorar. Além do mais, você só tem 25 anos! Meus parabéns, Miranda. Fico muito feliz por você. – a mais nova sorri.

O Supervisor não deixou de ouvir a conversa e ficou um tanto surpreso. Ficou feliz por ela, mas no fundo sentia um pouco de ciúmes. Talvez porque a admirasse. Ou ele sentisse algo mais? Não sabia, mas preferia ocultar tais sentimentos. Komui se perguntava também por que sua irmã teria escolhido rosas azuis para a decoração natalina, cujo significado seria o mistério, a conquista do impossível. Teria ela se apaixonado por alguém? E por quem? Era outra coisa que o deixava impaciente.

- Obrigada, Lenalee-chan. Ah, a propósito, posso vê as flores que você escolheu?

- Claro, aqui estão elas. Elas me chamaram muita atenção e não sei por que, mas achei que iriam ficar perfeitas na decoração.

- Lenalee-chan, você ta apaixonada.

- E-eu? – A garota ficava vermelha no mesmo instante que ouvira a opinião de Miranda – Acha mesmo?

- Não só como acho, tenho certeza. E é alguém daqui.

Lenalee, ao perceber a presença de Komui, dera uma pausa na conversa e se aproximava do mesmo, entregando as flores a ele. Em seguida, ela convidava sua amiga ao seu quarto, para que pudessem continuar a conversa sem interrupções. Miranda, toda ansiosa, após entrarem no quarto, perguntava à Lenalee, retomando o assunto:

- E então, Lenalee-chan, quem é o exorcista sortudo? Não me diga que é o Allen-kun, é?

- Ah, não não. Ele é só um amigo, embora ele já tenha se declarado para mim...

- O quê!? Jura que ele fez isso? – A alemã morena fica um tanto surpresa – Não sei por que, mas desde quando ele veio para cá tive uma leve impressão que isso um dia iria acontecer. Conte-me tudo.

- Juro. Poxa, mas ele poderia ter sido menos ignorante e egoísta! Tudo bem que ele gosta de mim, mas eu posso vê-lo como um amigo. Praticamente ele não respeitou meus sentimentos, porque, na verdade, eu amo o... – A mais nova ia pronunciar o nome daquele exorcista japonês, porém não teve tal coragem.

Miranda, ao perceber a timidez da amiga, tenta encorajá-la com um sorriso amigável:

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- Não se preocupe, não contarei a ninguém. Minha boca será um túmulo. Mas também se não quiser me contar, tudo bem, eu te entendo.

- Promete não contar mesmo? – Lenalee demonstrava uma insegurança.

- Prometo. Palavra de Miranda Lotto! – dizia num tom divertido e sério ao mesmo tempo.

- Sabe, não é de agora que eu gosto dele... Já se faz seis anos que o conheço e ele sempre me ajudou, nunca me deixou na mão. O Kanda, ele... é diferente de todos os outros, mesmo com todos os defeitos do mundo. Eu... não tenho palavras exatas para descrevê-lo. – A menina suspirava a cada palavra que pronunciava. – Mas confesso que estou preocupada com ele – deu uma pausa – será que ele vai voltar bem e a tempo do natal, Miranda?

- Tenho certeza que sim, querida. Ele é forte. – com um sorriso estampado no rosto, diz a mais velha. – Mudando um pouco de assunto, mas nem tanto... Já comprou um presente pra ele?

- Ainda não, não sei o que comprar.

- Como ainda não?! Ai ai ai ai ai menina! Vamos lá comprar agorinha mesmo.

- Mas eu não sei o que comprar, não sei o que gostaria de ganhar...

- Pare de ser insegura, ele vai gostar de qualquer coisa que você der, tenho certeza. – Miranda a encarava, a puxando quarto a fora.Estavam trocadas mesmo, então não precisariam se vestir.

A mais velha a levou para uma loja de roupa masculina da cidade; estava muito movimentada, pois estava próximo do natal. Lá tinha diversos tipos e estilos de roupas: dos mais simples aos mais elegantes; dos casuais aos mais formais. Miranda a recomendou várias, mas, de fato, ela não gostou de nenhuma.

- Miranda, muito obrigada mesmo... Mas não gostei de nenhuma.

- NÃO!? – disse com os olhos quase saltados.

- Não – disse ela dando, em seguida, um suspiro - ... Eu acho que essas roupas são muito... Comuns pra ele, entende? Eu acho que ele merecia mais que isso.

- Mas quem disse que aqui só tem roupas casuais?

A mais velha a levou na seção de roupas formais, onde a menor começara a procurar intensamente até que ela finalmente encontra um. Após ter pago e embrulhado o presente elas voltaram para a Sede e Lenalee deixou o mesmo debaixo daquela enorme árvore.

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Os dias se passaram e já era véspera.Lenalee o esperava durante o dia todo, porém inutilmente, pois não tivera sinal algum dele. Ela estava ansiosa e ao mesmo tempo preocupada, pois não era de feitio de Kanda demorar tanto em missões. A cada 15 minutos que se passava ela ia à janela ver se ele havia chego, mas o que via era aquela neve intensa caindo sobre a superfície marcando o cenário natalino. Durante a tarde ela avistou um grupo de exorcista que vinha em direção da Sede e sua satisfação era visível. Porém ele não estava lá no meio como pensava, por isso, ao chegarem lá, ela teve uma grande decepção. Onde será que ele está? Seu pensamento estava longe com um ar preocupado e seus olhos começavam a lacrimar; tinha medo de ter acontecido algo com ele. Allen, que havia chego a pouco tempo, viu a situação de Lenalee e foi conversar com ela:

- Lenalee?

- Hã...? – Ela respondia desatenta, ainda com seus olhos opacos e preocupados.

- Você está bem? – Ele tentava fitar os olhos dela com os seus, dizendo em um tom ingênuo e preocupado.

-... Estou, não se preocupe.

- Ah... Lenalee desculpe-me pela última vez, acho que, digo, tenho certeza que exagerei.

Ela virava seu rosto para a direção do novato – Tudo bem.... Agora, com licença, poderia me deixar só?

- Ah, claro. – disse ele, saindo do local – Até a festa, então.

- Até.

Já era 7 horas da noite e ele não havia chego. Komui foi chamá-la para se aprontar. Sem escolhas, Lenalee fez o que se pedia. Não tinha opção de roupa formal, portanto ela só tomou banho, colocou seu uniforme de couro negro com detalhes em prata e arrumou o cabelo. Ao descer a escada, ela é surpreendida pela presença de Kanda; seu semblante ficou claro, feliz. Ela corria em direção do mesmo e abraçando-o de frente com seus olhos úmidos de tanta satisfação e alegria. O jovem se surpreende pela ação repentina e inesperada da jovem.

- Lenalee...? O que houve?

- Kanda... Pensei que você não voltaria, pensei que tinha acontecido alguma coisa ruim com você... Fiquei preocupada com você! – dizia ela de olhos fechados, ainda abraçando-o.

Meio hesitante, ele lentamente a abraçava com seus sinceros sentimentos; não conseguia lhe dar com tais coisas, era complicado para ele que não sabia corretamente se expressar verbalmente. – Boba. Não precisava se preocupar, eu me viro muito bem sozinho – ele se distanciava um pouco do corpo alheio, pois estavam próximos demais um do outro. – Acho que seu irmão não se importaria se eu te desse o presente na véspera, né?

- Acho que não. Mas então eu quero também te dar antecipadamente. – disse ela sorrindo, limpando as lágrimas.

Os dois seguiam em direção da árvore e cada um pegava o presente que daria para o outro. Depois, Kanda foi o primeiro a entregar o mesmo.

- Lenalee, eu não sei se você irá gostar, mas escolhi pensando em você. – disse ele, corando um pouco seu semblante. – E se não for pedir muito, gostaria que você usasse o presente hoje.

- Obrigada, Kanda. Tenho certeza que vou gostar. – Ela entregava para ele o presente de sua parte. – Eu também gostaria que você usasse-o essa noite.

- Bom, então, até daqui a pouco. Vou me arrumar.

- É, eu também... de novo. Hehe. Até.

Lenalee subiu a escada rapidamente e entrou no quarto. Estava ansiosa. Ela abriu aquela caixa de presente e viu o vestido que ele havia comprado. Este possuía uma gola chinesa e manga cumprida; cor em rubro com detalhes orientais em preto. Ela simplesmente se encantou com o mesmo, logo o vestiu. Ao se olhar no espelho ela notou que ainda precisava se produzir. Então ela penteava o cabelo e o amarrava, deixando suas pontas enrolarem um pouco. Em seguida, ela passava suavemente um lápis preto em seus lindos olhos orientais, destacando seus traços delicados e perfeitos. Passava um pouco de blush em sua bochecha e, para finalizar, um gloss suave em seus lábios. Feito isso, ela calçava sua bota preta e saía do quarto, descendo a escada. Enquanto isso Kanda tomava um relaxado banho, tendo em sua mente uma única coisa: Lenalee. Após sair e se enxugar, ele enrolava a toalha em sua cintura e abria o presente e via que ela havia comprado um yakata¹ masculino para ele. Este era simples: parte de cima era branca e a de baixo era um tom azul-marinho. Ele se trocou rapidamente e penteou seu cabelo extremamente comprido e bem tratado e, em seguida, o amarrou com um rabo-de-cavalo. Para finalizar, ele colocava o calçado e levava consigo sua katana².

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Lá embaixo os dois se encontraram e Kanda a admirava e pensava a quão linda ela estava.

- Kanda, obrigada pelo presente, eu amei mesmo!

- Que bom que tenha gostado. E obrigado também. Eu diria que você tem bom gosto.

- Você também tem.

-... Você ficou linda nesse vestido. – disse ele, tentando ocultar a vergonha que sentia.

Ela sentia seu semblante ficar totalmente rubro igual ao vestido – Ah, o-obrigada. Você também está belo.

Miranda seguia em direção dos dois trazendo consigo um belo rapaz. Kanda e Lenalee olharam aqueles dois que se aproximavam.

- Lenalee-chan, Kanda-kun! – a mais velha exclama. – Eu queria apresentar o meu namorado, o Fred.

- Olá – disse o rapaz loiro de olhos azuis.

- Olá.

-... Olá – cumprimentava-o somente por educação. – Lenalee, podemos ir pra lá?

- Ah, ok... – respondia ela, fazendo uma reverência à amiga em sinal de licença.

Sem ao menos perceber Kanda a guiava de mãos dadas até o jardim coberto de neve, onde ambos caminhavam conversando.

- Como foi sua última missão, Kanda?

- Indiferente, acho.

- Para onde você foi mesmo?

- Rússia. Tive oportunidade de conhecer São Petersburgo – dizia ele, fixando seus olhos no céu escuro e estrelado. – Confesso-lhe que o cenário é maravilhoso, mas não tanto quanto da minha terra natal. – Ele concluía com uma leve melancolia no ar.

-... Você também sente saudade, não é mesmo? Eu também sinto saudade da minha. Mas me diga: Como é o Japão? – ela fixava seus olhos no dele, tentando compreender o que se passava por aquela mente um pouco distante.

- É inexplicavelmente incrível. Quando tivermos oportunidade, te mostrarei – ele desviava o olhar do céu e começava olhar a jovem que o fitava. –... E como é a China?

- Não me lembro muito. O que eu sei é que meu irmão me carregava pra qualquer lugar que você pudesse imaginar – respondeu ela com um leve sorriso, quando ambos ouviram músicas sendo tocadas lá de dentro do salão.

A conversa aleatória não durou muito; a caminhada permaneceu silenciosa somente com o som de dentro quebrando a serenidade. “Yuu! Você ouviu, né? Você só tem mais ou menos 6 meses de vida! E mesmo assim você pretende esconder?!”. As palavras de Lavi martelavam na cabeça de Kanda, deixando-o confuso em contar o segredo a ela ou não. Seu semblante não escondia tal preocupação, pelo menos não aos olhos de Lenalee. Ela entrara em sua frente, encarando-o. A reação dele fora inesperável. Ele a fitava com seus olhos opacos e cada vez se aproximava mais dela, lentamente colocando suas mãos na cintura alheia. Seus olhos se fechavam vagarosamente, diminuindo a distância entre seus lábios e os dela. Ela simplesmente ficou paralisada, sem ação. Não sabia o que fazer. Somente sentia aos poucos seus lábios sendo tocados pelos dele. Aquele local que estava tão frio, de repente tornara tão quente. Porém ele hesitou de continuar tal ação, se distanciando rapidamente.

- Desculpe-me, Lenalee – dizia baixo, de cabeça abaixada.

- Tudo bem – a jovem respondeu depois de um bom tempo em choque. – Kanda, tenho que te confessar uma coisa.

De repente, ambos viram o salão sendo bombardeado. Podia-se ouvir também gritos desesperadores de Miranda. Então, sem ao menos pensarem duas vezes, os dois foram correndo para lá, ver o que ocorria. Ao chegarem lá, eles viram algo muito constrangedor, algo trágico que alguém poderia ver.

// Continua