- Miranda

- Você vai usar isso? – Tyler segurava o riso.

- Vou. Qual é... Esse suéter é bonitinho...

- Você não cresceu mesmo... A gente usou isso quando tínhamos 14 anos! A vovó nos obrigou a usar isso para a foto da família. Lembra? – Ele perguntou. Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha e inclinei minha cabeça para me analisar.

- Ficou legal, ok? – Respondi, sentando na cama e cruzando os braços. – E eu cresci sim!

Tyler deixou escapar uma risada alta e sentou-se ao meu lado, me abraçando de lado.

- Ei, o que você vai me dar de natal? – Perguntei, animada.

- Um suéter novo, com certeza. – Debochou e riu. Empurrei seu braço e me afastei dele.

- Sai do quarto. – Resmunguei.

- Ah... Qual é!

- Sai! – Falei e fiquei de costas para ele.

O quarto ficou em silêncio.

- Ei, baixinha. – Ouvi um sussurro. Meu coração disparou e eu abri um sorriso automaticamente. Virei-me e vi somente Tyler lá. – Que foi? Parece decepcionada...

- Ah, é que o Justin me chama assim. – Comentei, baixando o tom de voz.

- Ah, claro. O Justin. – Ele revirou os olhos. – Não passou tempo suficiente com ele noite passada?

- Não. – Abri um sorrisinho travesso.

- Vou te esperar lá embaixo. – Ele levantou e saiu. Tinha alguma coisa estranha na voz dele... Ignorei aquela sensação e calcei a minha bota.

Dei uma última olhada no espelho, analisando o suéter. Suspirei e saí do quarto.

- Aí está ela! E com o suéter que a vovó fez! Onde está o seu, Ty? – Minha tia perguntou, quando me viu descer as escadas.

- Num aterro sanitário, provavelmente. – Murmurou e me puxou para sentar ao seu lado.

- Daqui a pouco a ceia estará pronta. Os adultos vão tomar um vinho... – Meu pai propôs.

E logo só ficamos eu e Tyler, em silêncio. De novo a sensação de algo errado me invadiu e o fitei.

- O que foi? Estou irresistivelmente lindo? – Ele piscou, quando notou que eu o olhava.

- Aconteceu algo?

- Hein?

- Você está diferente...

- Você sempre sabe, não é? – Ele suspirou.

- Não, eu não sei. O que houve?

- Não posso...

- Não pode o quê?

- Te dizer... Não posso fazer isso. – Ele balançou a cabeça, negativamente.

- Claro que pode, Ty! Eu sou sua amiga! Pode me contar tudo! – Passei o braço pelos seus ombros largos.

- Primeiro: pare com isso. – Ele afastou meu braço e esse caiu no sofá. Pisquei, confusa.

- Por quê? Ty, você está muito estranho! – Falei, levantando. Ele levantou também, olhando em meus olhos.

- Desculpe! Não é nada! Eu juro! – Ele sorriu forçado. – Vamos esquecer isso, ok?

- Tudo bem. – Franzi o cenho, achando aquilo muito esquisito.

- Esse suéter é estranho, mas ficou ótimo em você. – Ele sorriu, fitando a roupa.

- Obrigada. E não acredito que tenha jogado o seu no lixo. Nós até cantamos Jingle Bells! – Sorri mais ainda, lembrando-me daquele natal.

- Pois é. Você cantou muito bem e eu desafinei muito. – Lembrou, fazendo-me rir.

~x~

O som da campainha interrompeu todos que estavam à mesa. Meu pai levantou e foi atender. Logo voltou, com uma expressão não muito boa.

- É o... – Ele começou a dizer e eu logo levantei, apressada e passei por ele, com um grande sorriso no rosto.

Ele estava na porta, agasalhado por um quilo de roupa e um sorriso lindo no rosto. Joguei-me em cima dele. Que me rodou e me levou para fora de casa.

- Feliz natal! – Sussurrou ele, mostrando o celular, que já marcava 00:01.

- Feliz natal! – Respondi, dando um selinho nele. Ainda estávamos abraçados; estava muito frio ali fora.

- O seu presente... Queria poder colocar embaixo da árvore, mas... Acho que seu pai não vai me deixar entrar hoje. – Ele riu fraco e tirou uma caixinha do bolso.

- Ah! Justin, eu ainda não comprei o seu presente...

- Besteira. Abre. – Ele sorriu. Peguei a caixinha e a abri. Era um pingente em formato de coração e nele tinha um JB escrito em caligrafia elegante. – Você aceita?

- Hein? – Desviei os olhos do pingente e fitei seus olhos castanhos.

- Aceita o meu coração? – Ele abriu um sorriso tímido. Abracei-o mais forte ainda e dei um beijinho nele. – Sabia que havia escolhido a garota certa. – Ele parecia aliviado.

- Garota certa? – Perguntei, confusa.

- Nada, esquece. – Ele tombou a cabeça para trás e riu. – Ei. O que é isso?

Olhei para cima e um sorriso brotou em meus lábios. Estava nevando. Aquilo era... Tão mágico. Justin era mágico.

- Que timing, hein?

- Juro que não tenho nada a ver com isso! – Ele levantou a mão, dando sua palavra.

- Ok... – Aproximei nossos lábios e a porta de casa foi aberta. A luz forte quase me cegou. Era meu pai, claro. – Eu te vejo depois. – Dei um selinho nele. – Feliz natal.

- Te amo. – Sussurrou em meu ouvido antes que eu me afastasse.

Entrei em casa, ainda meio em transe. Como ele conseguia fazer aquilo comigo? Suspirei.

- O que ele queria? – Meu pai perguntou. Mostrei o pingente para ele. – Hm, vamos voltar ao jantar.

- Será que um dia você vai gostar do Justin, pai? – Perguntei, mais para mim mesma.

- Quem sabe. – Falou, dando de ombros... Eu não daria muita esperança.

- Justin

Dei meia volta quando a porta foi fechada ruidosamente pelo pai dela. Nem me importava mais que meu sogrão não gostasse de mim... Eu amava sua filha.

Voltei correndo para o carro. Estava congelando ali. A neve já formava montinhos no meio fio... Depois que Jasmine havia feito aquela pergunta, a resposta martelava em minha cabeça. Pensei tanto naquilo. Eu não podia e dar ao luxo de me perguntar se Miranda era ou não a garota certa. Não podia.

- Jus? – Minha mãe me chamou quando cheguei a casa. – Como foi? Ela gostou?

- Gostou. Foi bom... Mas acho que o pai dela não gosta de mim...

- Essas coisas levam tempo, Jus. Relaxe. Vamos abrir os presentes? – Ela perguntou aos meus avós.

- Eba, presentes! – Comemorei, parecendo uma criança.

~x~

- Nossa, Biebs. Esse Xbox é muito irado! – Ryan comentou, enquanto fazia os movimentos na frente do aparelho.

- Quem fala irado ainda? – Chris perguntou, fazendo careta.

- O mané do Ryan, né. – Chaz respondeu.

- Você vai ver quem é o mané aqui. – Ryan se jogou em cima do Chaz e eles começaram uma espécie de luta. Fiquei observando, meio passado.

- Ei, Biebs, o que você deu para Miranda? – Chris perguntou, assim como eu, ignorando os dois idiotas se atracando agora do chão.

- Um pingente. – Respondi, tentando parecer indiferente.

- Oun, que bonitinho! – Ouvi Chaz comentar; de repente eles pararam de brigar e prestaram atenção no que eu disse. Joguei um tênis nele.

- E ela gostou? – Ryan perguntou.

Apenas assenti.

- Com licença? – Uma voz feminina chamou a atenção de todos e olhamos automaticamente para a porta. Era Victoria. – Posso falar com o Justin, por um momentinho?

Todos pareceram sair de um transe e se movimentaram rápido para sair do quarto. Olhei em volta e me ajeitei na cadeira da escrivaninha.

- Feliz natal! – Disse, sentando-se na cama bagunçada.

- Para você também. – Murmurei de volta.

- Não te dei o meu presente. – Ela sorriu. Engoli em seco, ficando apreensivo.

- Hm, não precisa, Vick. – Tentei falar do modo mais gentil possível.

- Ah! Precisa sim!

- Não, não precisa. – Falei, agora sendo rude e grosseiro. Ela me fazia perder a paciência.

- Justin você sabe que você já me quis, você já gostou de mim... – E ela foi chegando mais perto.

- Sim eu gostava de você, até você estragar tudo, depois que você se tornou obsessiva e possessiva... Vick, mas hoje é época de natal... Não vamos brigar – Disse, me afastando.

- Bem lembrado Jus, hoje não devemos brigar, nem nada. E se é natal não podem faltar presentes e aqui está o seu! Gostaria que esse fosse o nosso natal. – Ela me entregou dois convites para ir ao jogo de basquete do meu time favorito dali três dias que vem e depois ela pegou outra caixa que tinha... Fotos nossas.

- Bom Vick, obrigado. – Disse a ela. Victoria realmente me surpreendeu ali.

- De nada Jus, leve a Miranda com você, divirta-se. E bom as fotos é pra você saber que sempre estarei aqui esperando por você! – Ela sorriu fraco e saiu do quarto.

Juro que se não a conhecesse bem diria que estou louco.