Rainha de Açúcar

Rainha de Açúcar

Não há neve capaz de esfriar...

O calor que essas almas fazem ao bailar.

Em meio ao frio do ártico,

Eu vejo uma luz incessante brilhar.

Será o sol ou outra estrela?

Que a própria Terra inveja em não tê-la...

Assim como eu o invejo por gracejar,

E sorrir quando o olhar dela encontra o seu olhar.

Magnetismo próprio da lua com o mar...

A maré das águas insiste em conclamar

Pelo seu lugar,

Naqueles hipnóticos movimentos de dança.

Como poderia a vida existir sem a beleza dela?

Como eu conseguiria sentir?

As curvas e silhuetas em seu corpo,

Moldando o barro polimorfo.

Dela surgiu o início!

Deusa universal trocando carícias com um sujo plebeu,

Roubando beijos da boca dela que seriam meus.

Só que como eu posso me aproximar...

Se a beleza dela instiga-me a afastar.

Quero tê-la sob minha pele...

E fazê-la sentir o sentimento capaz de vir...

Do profundo vazio de uma alma cinza.

Estou desolado com essa dança...

Talvez eu deva acabar com todas as minhas esperanças.

Ela é demais para qualquer um,

E cada minuto que suas mechas negras cintilam

Eu enxergo o brilho interminável de sua alma azul.

Azul como o céu, azul como o mar...

Infinito como as estrelas, finito como mudar?

Ninguém pode entender, como eu...

Essa rainha que na Terra nasceu,

Mas que de suas mãos poderá tomar.

Se eu acredito em Deus?

Não, eu acredito numa deusa...

De traços tão delicados de uma gueixa,

Os olhos azuis em amêndoas perfeitas.

Maldito seja o plebeu que agora baila com ela...

Nesse sujo chão de neve escura.

Se hás faces obscuras como a camada escondida da lua,

Haverá mistério a procura,

Da Rainha de Açúcar.

Ela é doce como um sonho de uma noite de verão...

Sua pele fria como o inverno em começo de estação...

Os olhos derradeiros de uma deusa em paixão,

Por um reles plebeu.

Se tenho ciúmes?

Eis claro como um breu...

Porque ela é minha rainha...

Que permanece doce mesmo no frio,

Que continua firme mesmo senil,

Porém se liquefaz nas fracas chuvas de Abril.

~Gabriel.