O Lago
Eu assistia a neblina se dissipar naquela noite fria...
Não sabia, mas temia encontrar enguia
Na água que corria com a correnteza do lago,
E sentia na ponta de meus dedos do pé.
Mergulhando, incomodando os hóspedes insonos;
Lembro-me de balança-los num ritmo de sono.
Todavia, ainda deixo a caneta ao lado da via deserta...
Eu parei de escrever com ela, e comecei a desenhar.
Traços infantis explicam porque me achei perdido nesse mar.
Como Narciso, eu procuro nas águas espelhadas meu reflexo;
Mas estou louco decerto, pois a face encontrada me mostra...

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A de alguém perdida em ondas e tempestades.
Oh, doce calamidade que me faz à vontade nessa água fria.
Eu formo ondas nessas vidas como um deus atônito à maresia.
Ainda não posso criar a brisa que se transformará em furacão,
Só que posso guiá-la para que os olhos de cor marrom
Enxerguem que eu não sou mais parte deles.
Sinto-me sujo, mas agora não há para onde recuar...
Os inquilinos desse lago frio começam realmente a me odiar,
Pois o ritmo fúnebre de meus pés não querem cessar.
Nada posso fazer, já que observo do alto meu poder
De construir, de transformar.
O rosto que a lua refletiu nessas águas me fez ondular,
Como se eu pudesse decidir quando posso terminar ou continuar.

Saibam, eu esqueci de contar sobre as folhas que rimaram palavras completas...
Que desenharam facas cegas cortando a corda de uma árvore velha.
Digam-me que cada vez que conto um conto ganho um ponto nesse jogo de pontos.
Ainda se recordam dos espelhos sob o plano?

Água serena, brisa fria, lago esquecido...
Talvez eu ainda encontre aconchego em seu ombro amigo,
Porém, a capacidade de desenhar meu destino ainda é tentadora,
Prenderei meus pés no lago para que não corram
Da decisão entre se afogar ou ir embora.

~Gabriel.