The Senser

Borboleta


Borboleta

Da copa de minha janela, eu vi...

Um nascido dando seus primeiros passos no concreto.

Se o concreto fosse sua efemeridade,

Física e humana, decerto.

Os olhos lacrimejavam com a força dos movimentos,

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O piso quente queimava seus pequenos pés,

Naquele mundo que se equilibrava por viés.

Sob a primazia da caminhada em relento,

Ouvi em seus resmungos um sórdido sofrimento...

Ad quo sua pretensão de acabar com o tempo a tempo.

Enquanto o via, dia-a-dia, tentar...

Seguiam-se pensamentos obscuros,

Vindos da parte oculta do luar.

Sabe-se que a tentativa é sempre mais válida,

Quando nos lançamos sozinhos a domina-las.

Como aquela criança que agora já se equilibrava,

Descobria em seu solitário caminhar.

Talvez tenha esquecido o guarda-chuva, querido...

Pois o tempo há de molhar,

E resfriar esse cimento quente que faz seus pezinhos incharem em bolhas.

Será que alguém as cuida?

Ou você mesmo se cura?

Das inseguranças e vacilos,

Que mesmo nós adultos praticamos nas ruas.

Agora eu o vejo crescendo, sereno como uma ave...

Que tenta voar, independendo de minha vontade

De prendê-lo no ninho.

Cuidado com o nicho que agora se envolve...

Enquanto desenvolve em sua pequena boca,

Palavras que servirão como consolo nas frias bocas

Onde provavelmente irá morar.

Não vejo ninguém o vendo, meu querido...

O que é interessante, pois você tem vivido e

Adquirido com o tempo uma desenvoltura.

É estranha sua natureza,

Inquietantemente madura.

O que será que guia?

Onde te apoias?

Eu percebo agora que enquanto penso,

Tu olhas para a copa de meu apartamento.

Sereno...

Doce passou o vento, soprando um fino fumo negro...

Eu envelheci como ele envelheceu.

Cada casulo que minha mente criou

Para tentar entendê-lo...

Desvaneceu!

O menino em perfeito equilíbrio agora reside,

Na esquina onde o poste se faz breu.

Compreende a tácita relação que existe agora

Entre tu e eu?

Ou seus olhos castanhos não olham mais para a copa da janela?

Se tua vida contínua incerta, como continua vivo?

Não entendo teu frio desenvolvimento,

Nessas estradas em que o cordão umbilical

Fora cortado com cacos de vidro.

Impassível o sentido lírico do que, às vezes, ouço sua boca ressoar:

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“Os crimes, meus amigos, vêm das janelas de quinto andar”.

Eu o acolhi em meus pensamentos,

Até o dia em que pôde aprender a voar.

Se de cima eu te olhava,

É porque minha ajuda podia te influenciar.

Não queria me tornar um intruso em seu jardim de concreto...

Pois seu equilíbrio veio completo graças a minha análise.

Catarse o final de sua base,

Que se desenvolveu em teu caule quando ainda era casulo.

Presumo que nascera uma borboleta nova,

Nesse estranho novo mundo.

~Gabriel