The Senser

A Quinta Manhã


A Quinta Manhã
Eu ouvi as folhas caírem, sentado num banco...
Sinal de inverno ou fim de outono.
O parque estava vazio, o dia não tão frio...
Não me recordo se aquela ave de fato me viu
Quando conclamei meu espaço debaixo de uma árvore.
Talvez ela já não escutasse meus passos,
Enquanto suavemente caminhava em pés descalços.
Talvez estivesse velha e morrendo,
Esperando a primavera da vida receber-te com acalento.

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Eu vejo fumaça branca, tão espessa como névoa...
Palpite certo diria que ela agora me cerca em sua espiral.
Mesmo com a coerção do ato, abraço-a sentido,
Pois possivelmente precise de um ombro amigo.
Se sou louco por retribuir um gesto natural,
Quiçá quem apela para telas escuras apoio emocional.
Meu coração ainda bate com o vento;
Seja sereno, contido ou violento.
Que posso eu pedir dele senão a brisa?
Refrescando essa sórdida manhã cinza
Nesse parque vazio de aurora viva...
Porém morta sob a perspectiva ordinária da manhã.

Eu sinto cheiro de pinho, castanhas e avelãs...
Indiferentes ao odor exímio da fumaça.
Não sei se é fogo ou ameaça...
Só que, cabe-me o fardo de abraça-la e acata-la.
Quem sou eu para questionar...
A grandeza do céu, da água, da terra e do ar?
Prefiro me apegar ao jornal que trouxe,
Ao invés de dar voz a esses doces questionamentos.

Eu toquei a superfície lisa do papel amarelado...
Quebrando um ímpeto natural e emocional de fato.
Por ser o único ali a fazer oposição à floresta.
Mas talvez eu também seja fardo...
Não convidado para a festa daquela manhã.

Eu disse a mim “É hora de ir”...
Entendo quando chega a hora de partir.
Se for pra me deixar morrer, que seja aqui,
Onde ainda há vida, onde ainda há esperança...
Não me leve de volta para o concreto,
Com os túmulos repletos de eterna desconfiança.

~Gabriel.