Nasuada pediu para que eu acompanhasse Eragon e Saphira até a saída da montanha, quando fossem viajar com Arya. Encontrei os dois e a elfa esperando para poderem partir.

Não entendia qual era minha função ali, mas não discuti com nossa nova líder. Desejei-lhes uma boa viagem, ao que Arya mal reagiu. Eragon parecia desconfortável ao seu lado. O garoto salvara sua vida, e ela simplesmente o tratava friamente.

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Talvez fosse apenas sua forma de ser. Ainda assim, o garoto a encarava com um brilho nos olhos que deixava quase tão óbvio quanto como se ele tivesse dito que a adorava. Se é que era só adoração.

– Bem, espero que tenha uma boa oportunidade para aprender tudo o que puder, Eragon. E você também, Saphira.

O que no início parecia incomodar Saphira, agora a divertia. Ela achava incrivelmente corajoso da minha parte me dirigir diretamente a ela.

Eles deixaram a montanha. Não fiquei esperando que eles se afastassem. Fui caminhando rapidamente para a sala de Nasuada. Iríamos discutir com os outros a ideia de ir para Surda.

E depois disso, eu tinha que procurar Aidan. Eu estava determinada a aprender mais sobre magia. Talvez reaprender algumas coisas. E apesar daquela mulher estranha que eu não fazia questão alguma de aprender o nome saber magia, não queria passar tempo algum com ela.

Elrohir também não gostava dela. A morena dissimulada, era como ele a chamava. Confiava tanto nela quanto em um dos Gêmeos.

Os guardas deixaram que eu entrasse sem sequer bater. Agradeci com um aceno com a cabeça, apoiando as mãos no cinto.

Nasuada mal assumira o posto e já parecia prestes a ruir. Os outros já estavam lá, apenas esperando o início da reunião. Cruzei os braços, ouvindo.

A discussão foi longa. Alguns concordavam, outros não. Eu já imaginara que ficaríamos agarrados ali. Dei minha opinião sincera. Seria difícil, claro, mas o apoio de Surda seria uma grande vantagem. Os mais velhos pareceram concordar.

Decidiu-se então. Os preparativos seriam feitos o mais rápido possível. O quanto antes, partiríamos para Surda. A questão “Elrohir” voltou a me incomodar.

“Onde vamos te esconder, Grande?” Perguntei, enquanto os outros discutiam alguma coisa sobra a viagem.

“Posso ficar nos arredores da cidade, no deserto.”

“Não te quero muito longe.”

“Nem eu te deixaria ficar fora do meu alcance.”

– Podem ir. – Nasuada os dispensou, respirando fundo. Como estava conversando com meu dragão, não ouvi ela falar. – Silbena.

– Oi. – Finalmente prestei atenção. – Pois não?

– Pode ir.

– Claro. Com licença. – Estava prestes a abrir a porta, quando uma mulher entrou na sala.

– Capitã. Nasuada. – Ela nos cumprimentou. – Preciso discutir algo urgente.

– Pois não? – Ouvi apenas por curiosidade. Nasuada não se importou em me deixar ali.

– É Elva. – Franzi o cenho. – A benção do Argentlam.

– A criança em que Saphira deixou a estrela. – Me lembrei da cena, a criada estendo o bebê para que o Cavaleiro a abençoasse. – O que tem ela?

– Eu também não sei bem. Talvez se a vissem... – Nasuada ficou de pé. Fui atrás delas.

Era um lugar frio e escuro, mas ainda podia ver o vulto no centro do quarto. A mulher acendeu um toco de vela, que fez a garota se encolher.

Não podia ser a mesma criança. Estava certamente maior do que deveria estar. A estrela em sua testa brilhava fracamente. Os olhos violeta contra os cabelos negros a davam um ar gélido.

– Elva, Nasuada. – A mulher as apresentou. – E a Capitã, mas...

– O que há, Elva? – A líder tomou conta da situação. Ouvimos com atenção o que a mulher nos contou sobre Elva. Como ela começara a queixar-se de dores que não podiam ser dela e de como claridade a incomodava.

– É dor dos outros. – Agora era a voz da menina, mais esperta do que de muitos adultos que conheci.

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– Eragon te deu essa benção? – Perguntei, me abaixando.

– Não foi uma benção. Ele me amaldiçoou. – Ela sorriu. Aquela garota me arrepiava, talvez mais que Solembum fazia.

– E ele acaba de viajar. Teremos que discutir com ele depois. – Nasuada falou, pensativa. – Consegue sentir a dor alheia e...?

– Consigo ver quando vão ferir alguém. E não sinto a dor. Eu preciso suportá-la. Pela pessoa. – Aquilo ia ficando cada vez pior. Fiquei de pé de novo.

– Muito bem. Com licença. – Deixei a sala, me despedindo às pressas. Não queria estar mais perto daquela garota. Mas ainda teríamos que encarar o problema.

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Aidan estava na biblioteca, de novo. Ele passeava pelo acervo, coçando a barba. Parei ao seu lado, olhando o que ele procurava.

– Silbena. – Ele sorriu. – Posso lhe ajudar?

– Talvez. – Respondi, limpando a garganta. – Preciso de sua ajuda em algo relacionado à magia.

– Precisa que eu retire algum encantamento?

– Preciso que me ensine magia. – Respondi, ansiosa. Ele me olhou por um instante.

– Ansiedade, nervosismo. – Ele falou, sentindo a energia dos meus sentimentos. – Mas muita força de vontade. Posso sentir sua energia, bem fluente.

– Então, pode me ajudar? – Perguntei.

– Claro. Não é como se eu tivesse feito muito recentemente. – Ele deu de ombros. – Podemos começar amanhã, sim?

– Muito bem. – Concordei, sentindo a aprovação de Elrohir em minha mente. Sorri.

– Satisfação. – Ele falou, voltando a encarar os livros. – Estranho.

– O que? – Perguntei, ainda sorrindo.

– Hum? Nada, nada, estava pensando. Pode ir, Capitã.

Deixei o lugar, correndo pela montanha. Eu tinha de ver Elrohir, falar com ele de perto. Sai sem deixar ninguém me ver e fui encontrá-lo numa clareira ali perto.

“Olá. Já está escurecendo, o que faz aqui?”

“Não posso te ver?” Sorri, me sentando sobre sua pata dianteira. Era incrível como ele era grande e robusto. Diferente de Saphira, alta e esguia.

“Eu adoro sua companhia.” Sorri, soltando o cabelo preso num coque. Meu cabelo solto chegava agora até minha cintura. Me lembrava do dia que cortei o cabelo na estalagem com Elwë.

“Aidan vai me ajudar. Assim vou poder te ajudar também.” Ele grunhiu em aprovação, me fazendo sorrir mais ainda.

“Ele continua lendo seus sentimentos?” Concordei, suspirando. Não seria possível esconder muito dele.

“Pelo menos ele não lê pensamentos.”

“Verdade. Senão ele me descobriria.”

“Sim. Bem, tenho que ir para dentro de volta. Seja cuidadoso.”

“O mesmo para você.”

Deixei-o, depois de acariciar seu grande focinho. Fui direto para meu quarto, esperando pelo amanhã. Imaginei se ainda conseguiria fazer alguma magia. Eu esperava que sim.

Prendi o cabelo novamente, me aprontando para dormir. Os próximos dias seriam bem longos.