The Secret

Capítulo 12


-Melany... – ouvi no fundo de meus pensamentos mais medonhos. A voz masculina, grossa e pesada.

Eu não estava consciente ainda, mas podia saber que deveria abrir os olhos e mostrar estar viva.

Lentamente abri os olhos e me deparei com o rosto de Matthew, olhando-me com aqueles maravilhosos olhos verdes, parecia bastante preocupado.

-Você está bem? – minha visão ainda estava bastante embaçada, mas dava para ver sua mão sobre a minha testa, como da última vez que me ajudou com a dor de cabeça.

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-Viva, serve? – perguntei com um leve sorriso nos lábios.

Ele não era um amigo e sim um conhecido, mas de uns tempos para cá ele era o único que havia realmente me ajudado. Não havia me perturbado, – não mais que o normal – não havia tentado me bater, não tinha sido rude e grosso comigo e não estava bêbado. Pontos positivos, com toda a certeza.

Ele deu seu sorriso rasgado, agora virando o rosto para o lado, enquanto sorria e passando a língua sobre os lábios, assim retornando o olhar até mim. Foi charmoso o que ele fez, mas não cobria o mistério que ele fazia, o suspense, não agüentava mais aquilo.

-Como se sente? – falou ele, me ajudando a levantar e me sentar, percebendo que ele tinha me levado para meu quarto.

Ele estava exatamente como o deixei, bagunçado e cheio de papeis por todos os cantos, a não ser em minha cama, que Matthew deveria ter tirado de lá, para que eu pudesse deitar.

-Um pouco melhor... – recordei-me do que havia acontecido, após me encostar no travesseiro e encarar Matthew, que estava sentado na minha frente.

-Parece realmente melhor. Quer que eu traga água? – falou ele apoiando se na cama com um dos braços.

-Não, quero que me explique o que está acontecendo aqui. – falei.

Estava começando a sentir uma pontada de dor de cabeça, então pus a mão em minha testa para tentar massageá-la. Mamãe sempre fazia isso, e geralmente me acalmava e me fazia esquecer um pouco da dor, mas ela piorou quando levei um choque ao ver meu braço.

-O que isso está fazendo aqui?! – gritei colocando o braço para frente, tentando ver melhor o que era aquilo. Uma cobra, percebi colocando meu braço na luz da lua que passava pela janela do quarto pequeno e talvez um pouco mais abafado que o normal, nesta noite.

-Calma! Tenho que te explicar muitas coisas, eu sei... – falou ele fazendo uma pausa, com o rosto sem nenhuma expressão notável. – Mas, precisa se acalmar.

-Como você espera que eu me acalme com tudo isso que vem acontecendo?! – falei, exaltada. Ainda tentando evitar meu próprio braço, burrice da minha parte.

-Fique calma e eu te explicarei o que quiser saber. – falou ele sorrindo. Talvez percebendo que eu estava evitando meu próprio braço e também achou uma estupidez sem tamanho.

Respirei fundo e tentei controlar todos os sentimentos que estavam borbulhando dentro de mim.

-Pronto, estou mais calma. – menti.

-Não está. – falou ele dando seu sorriso rasgado.

-Estou sim Matthew! Que saco! – ok! Tinha ficado mais que transparente que eu não estava calma.

-Viu? – provocou ele. Ele não parecia muito do tipo de fazer brincadeiras, mas talvez tivesse muitas brincadeirinhas íntimas e risse delas sem me contar quais eram.

Respirei fundo novamente e fechei os olhos. Pensei em meus pais. Em um dia em particular. Um dia extremamente feliz. Meu primeiro passeio de barco, eu tinha sete anos, foi incrível! A água era transparente, eu podia ver os peixes nadando e aquela cena me dava conforto. Lembrava-me também do cheiro agradável do salgado do mar e também de peixes que papai estava fazendo na grelha para que nós almoçássemos. Foi um dia inesquecível.

-Agora estou melhor. – falei ainda com os olhos fechados e com um leve sorriso nos olhos.

Lembrava-me de mamãe e papai com felicidade e isso é que me fazia ficar triste.

-Bem, o que quer saber? – ouvi ele dizer, depois de um longo suspiro.

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Senti-o levantando da cama e andando para um lado e para o outro, abri os olhos e o encarei, formulando as perguntas em minha mente.

-Quem é você? – perguntei primeiramente.

-Matthew Stubs Dark. – falou ele, um tanto sem graça. Ele não me olhava nos olhos e sim para o chão, ao andar de um lado para o outro.

-Dark? – eu ouvi ele dizer isto... O que foi mesmo que ele disse? – pensei.

-Dark Soul? – falei baixinho, tentando lembrar se fora isso mesmo que ouvi.

-Sim... – falou ele. – Do mesmo jeito que o seu é Black Soul. – riu ele do que disse, eu não entendi o motivo da graça.

-Por que ri? – estreitei as sobrancelhas e apoiei-me na cama.

-Sempre achei esses codinomes ridículos! – riu ele novamente, mas ainda não deixando escapar seus dentes.

-Codinomes? – parecia que ele tinha se esquecido que eu não sabia absolutamente nada sobre o que estava acontecendo ali!

-Sim. De nossa sociedade. – falou ele, agora parando e olhando diretamente para meu braço.

Olhei também. Aquele olhar dele estava começando a me assustar.

-Algo errado? – perguntei. Não queria que saísse rude, mas não pude evitar.

-Sua Nirhak é tão... Diferente das demais... – ele estava um pouco... Impressionado, talvez?

-O que é Nirhak? Para que ela serve? Por que estou com uma tatuagem no braço? Onde está o bracelete? Por que ela se transforma em uma cobra de verdade? Por que você fica colocando a mão em minha tenta quando me sinto mal? Por que sinto minha testa rasgar quando o faz? – lancei as perguntas de uma só vez, até perdi o fôlego por um minuto.

-Ok! Vou respondê-las na ordem. – disse ele, espantando-se com minha velocidade. – Pelo que me lembro a primeira pergunta era o que era a Nirhak, não é? – perguntou ele.

-Sim. – disse abalançando a cabeça positivamente.

-Bem, Nirhak são objetos criados a não sei quantos séculos para ajudar alguns médicos em curas. Os melhores magos, feiticeiros e bruxos da época os fizeram, claro que na época eles não eram desta forma, mas não tem relatos de como eram. – ele fez uma pausa e eu tentava ingerir todas as informações. – Bem, um homem e uma mulher descobriram esses objetos e os roubaram. Seus nomes eram Phillipe Handerson Black e Tifany Leroy Dark, nossos descendentes como deu para notar. – aquilo estava parecendo um livro, mas eu estava interessada e entretida no desenrolar dos fatos. – Bem, eles não eram pessoas “do bem” – fez ele com as mãos em movimentos de aspas. – e aqui estamos. – sorriu ele. – Qual era a outra? – era óbvio que ele não iria se lembrar.

-Para que ela serve? – ainda bem que eu sempre tive uma memória muito boa e afiada.

-Bem, na época que foi criada, para ajudar, mas depois que Dark Soul e Black soul as roubaram... – agora pude perceber por que nos chamavam assim, então as pessoas da cidade sabiam?! – Eles usaram para o mal. Inicialmente as serpentes tinham olhos cor de cristal e hoje tem várias cores, cada uma responsável por uma área.

-Área? – interrompi.

-Sim, a minha é a da cura, a tradicional. De olhos verdes as da doença, as de olhos negros as da dor, mas nunca vi alguma Nirhak de olhos vermelhos. – falou ele inquieto, sentando-se ao meu lado. – Posso? – perguntou ele, colocando as mãos em meu braço.

Acenti.

Ele pos as mãos e levantou meu braço, tendo o máximo cuidado para não encostar seu braço tatuado ao meu.

-Por que não quer encostar seu braço tatuado em mim? – depois de falar, percebi que soou estranho.

-Nirhaks não podem se encostar, por isso não pude pegar seu bracelete na hora que caiu no chão da sala. Ela me atacaria. – disse ele colocando meu braço em cima de minhas pernas delicadamente.

-Então por que elas se enroscaram quando as colocou lado a lado? – peguei-o!

-Não sei! Por isso fiquei tão inquieto no momento. – falou ele suspirando. –Próxima pergunta... – falou ele depois de um momento de silêncio.

-Cadê o bracelete? – falei.

-A Nirhak é absorvida pela sua pele, quando pronunciar aquelas palavras do papel, ela voltará a ser um bracelete, mas eu não aconselharia. – falou ele entortando a boca.

-Por que? – perguntei.

-Pode precisar dela em momentos inesperados. – falou ele se levantando. – Bem, deixamos as outras perguntas para amanhã. Está muito tarde e você tem que descansar. Os primeiros dias não são fáceis.

Ele se levantou, puxou minha coberta e me cobriu, assim como papai fazia.

Acomodei-me na cama, pensei em mandá-lo embora, mas um dia não faria mal.

Ele estava já saindo do quarto quando o chamei.

-Matthew... – ele me olhou com expressão de dúvida. – Porque está me ajudando tanto?

Silêncio.

-Estou aqui somente e exclusivamente para isso Melany. – sorriu ele, fechando a porta e me fazendo pensar em ainda mais perguntas.