The Roommate

Capítulo 1 Prevejo o fim da minha sanidade mental


Inevitavelmente ele era dos meus, e foi assim que eu me meti nessa roubada.

Afastei meu cabelo e me aproximei de sua mesa sem tirar meus olhos de seu rosto. Puxei a cadeira e foi então que ele se deu conta de que eu estava ali, observando-o com as sobrancelhas arqueadas. Me encarou surpreso como se não soubesse que reação tomar.

– Está esperando alguém? – perguntei ao me sentar. – Eu sou Alexis – estendi a mão, mas ao invés de me cumprimentar, ele apenas ficou parado me olhando como se estivesse vendo um ET gosmento com cinco olhos.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Você é Alexis? – perguntou abobado, levando sua mão ao cabelo e puxando a franja um pouco, e ela voltou a cobrir seus olhos antes mesmo de terminar o penteado.

– Sim, por quê?

– Por nada – balançou a cabeça. Eu vi seus olhos. Escuros, ameaçadores. Até que era bom que ele os mantivesse escondido. – Eu só esperava alguém que não tivesse... seios.

Eu ri e coloquei a mão na frente dos lábios.

– Não me apresentei, eu sou Bradley Adams. Estudante de engenharia química, e você?

– Eu estudo química e nunca te vi em sala – franzi a testa, mas eu realmente nunca tinha o visto nas aulas.

– Deve ser porque eu nunca estive em sala. Quer beber alguma coisa? – neguei, afinal, eu já tinha bebido muitos cappuccinos, então ele apenas pediu um café para voltarmos a conversa. – Então, Alexis. Você é totalmente o oposto do que eu procurava.

– Desculpe por ser fecundada. – respondi automaticamente e nem percebi que minha resposta o havia feito rir. Sua risada era confortável e divertida, me fazia querer ouvir mais.

– Eu só preciso de alguém para me ajudar a deixar o chão da casa visível, eu sou horrível nisso.

– Não se empolgue, eu não sei cozinhar. – ergui as mãos em sinal de rendição.

– Tudo bem, eu sei cozinhar. – meu queixo caiu ao ouvi-lo dizer aquelas três palavras na mesma frase. Digo, ele é um cara, um cara que sabe cozinhar.

– Vou cobrá-lo.

– À vontade. Você tem algo contra televisão ligada até tarde? – acenei negativamente e ele prosseguiu. – Nudez parcial pela casa?

– Desde que o proprietário do corpo seja bonito. – dei de ombros, Bradley sorriu e eu me dei conta de que o proprietário era ele, sendo assim, eu era totalmente a favor de nudez parcial ou inteira pela casa.

– O que acha de oitocentos dólares? Tudo bem pra você?

Fiz uma careta. Não imaginava que iria ser tão caro, e só de pensar que precisava entrar com uma parcela e o fato de eu ainda não ter o dinheiro me deixava desconfortável. Bradley reparou na minha careta e riu, aliviando qualquer tensão.

– Calma, nós podemos fazer um acordo caso você não possa com oitocentos. Você faz as compras do mês e arruma o apartamento diariamente e eu pago todo o aluguel nos primeiros meses, até quando você puder, que tal?

– Que tal adoro quando você abre a boca e diz tudo o que eu quero ouvir? – abri um sorriso e ele soube que o contrato estava fechado.

– Você é totalmente o oposto do que eu procurava, mas exatamente o que eu quero. – ele comentou, tomando seu café de uma maneira tão sexy que eu até fiquei surpresa, quando tomar café havia se tornado tão tentador? Eu nem gostava de café. – Quando quer se mudar?

– O mais rápido possível.

– Amanhã é sábado e eu tenho o dia livre depois que eu acordar, vai precisar de ajuda?

– Não se preocupe, eu estarei na porta do apartamento logo cedo.

– E eu estarei dormindo. – ele abaixou a cabeça e se mexeu na cadeira, puxando alguma coisa do bolso. Era um chaveiro, só que o mais estranho era que o chaveiro era de pelúcia e rosa, mas eu relevei, apenas prestando atenção na chave que ele tirava e me entregou. – Entre e se sinta à vontade, a bagunça é toda sua. E o seu cabelo, ele é muito legal.

Levantei o olhar da chave para seu rosto, arqueando as sobrancelhas e ficando surpresa. Era rosa, mas eu não esperava que ele reparasse, mesmo que fosse um fato impossível de não perceber, era o meu cabelo rosa e desbotado e ele era um cara.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Obrigada, Bradley.

– Prefiro que me chame de Brad. – balançou a cabeça.

– Me lembra aqueles garotos acéfalos de times de futebol. – meu comentário pode ter soado grosseiro, mas Brad riu, o que me levou a pensar que ele já era naturalmente grosseiro e nem ao menos se importava com isso.

– Então que seja. – como eu disse, grosseiro. – Sinto que estou esquecendo de te dizer algo importante, mas tanto faz.

Ele terminou o café e pagou a conta, enquanto jogávamos conversa fora. Saímos da cafeteria até o lado de fora, onde já estava começando a escurecer e o vento ficava mais forte. Nos encaramos depois de longas respirações fitando o nada, como se a atmosfera dele se combinasse com a minha, mas eu deveria estar errada.

– Foi bom fazer negócio com você, Alexis. – arqueou a sobrancelha e agora, do lado de fora da cafeteria com um pouco mais de luz, eu pude ver o quanto sua pele era pálida e seus olhos, marcantes, muito mais do que o normal, mas ele era atraente da mesma forma, me fazia desejá-lo e eu havia acabado de conhecê-lo, sem falar que ele era enorme, pelo menos uns trinta centímetros mais alto. Balancei a cabeça positivamente, sem saber o que fazer depois. Um abraço ou um aperto de mãos? – Te vejo amanhã?

– Sim, eu...

Fui interrompida por seus dedos de lagartixa tomando meu queixo e me paralisando na posição. Eu poderia ter contestado, mas as palavras sumiram e eu apenas senti sua respiração quente em contraste com o frio de Seattle se aproximando do meu rosto. Um segundo e meio depois, sua boca colou no meu rosto, e com a mesma rapidez que veio, foi embora, arrastando o polegar por onde tinha beijado. Eu me senti totalmente deslocada, talvez algum dia aprendesse a reagir a uma invasão assim.

Sua risada cortou minha linha de pensamento e eu o encarei.

– Desculpe, eu não respeito espaço pessoal. – me encarou com seus olhos brilhantes, invasivos. – Tudo bem por você?

– Sim – desde que isso não se torne frequente, completei em mente, ou eu não terei mais sanidade mental... E privacidade feminina.

– Você tem o endereço, até. – acenou e se afastou, me deixando parada com uma cara de tacho que provavelmente não iria sair do meu rosto tão cedo. Eu tinha que tomar o caminho para casa, sim, eu precisava fazer isso, jogar na cara da minha família que eles já podiam comemorar minha saída, porque claramente eu estava indo para um lugar muito melhor.



Eu tinha duas malas pesadas e um metro e cinquenta e três centímetros como aliados para tentar me ajudar em vão contra o peso. Arrastei-as pelo corredor ao sair do elevador do prédio incrivelmente perto do campus escolar. O corredor quase não tinha fontes de luz e possuía um cheiro de sexo suportável, imaginei que todos os vizinhos estudassem na universidade de Seattle e tinham por volta de dezoito a vinte e dois anos. Tudo bem, eu iria me sentir em casa. Tirei a chave do bolso e procurei pelo apartamento quarenta e oito. Destranquei a porta e esperei pela surpresa, ou pelo menos por um monstro pulando em cima de mim, já que nada acontecia dentro das margens de erros comigo, mas por incrível que pareça, era só um apartamento.

O chão não era visível pela quantidade de objetos, peças de roupa e lixo, mas ainda dava para ver os móveis e devo dizer que o local era ótimo. Empurrei as malas e deixei-as encostadas no sofá, caminhando pelo apartamento e chutando as peças de roupa. Regatas e suéteres. Eu já mencionei que tenho uma obsessão por regatas e suéteres?

Minha primeira viagem foi até a cozinha, a procurada da geladeira. Tinha alguns iogurtes, latas de energéticos, sucos abertos e, o que eu achei que fosse, uma coleção de coca-cola. Havia uma quantidade incontável, e como eu não havia tomado café da manhã, imaginei que Bradley não iria sentir falta se eu pegasse uma unidade, afinal, aquilo era afrodisíaco.

Ah sim, Bradley! Eu precisava encontrar sua existência para me instalar no apartamento. Voltei para a sala e procurei pelo corredor. Não era longo, havia umas portas fechadas e havia uma porta totalmente arranhada, como se dentro, tivesse algum animal habitando. Por algum motivo, eu imaginei que encontraria o deus grego lá dentro, e eu tirei a permissão de entrada de sua ordem do dia anterior "entre e se sinta à vontade".

Abri a porta e entrei na escuridão, só então parando para observar o que o feixe de luz do corredor iluminava no quarto. Havia alguns objetos espalhados pelo chão, e aos poucos, eu reconheci formas de... brinquedos. Chaveiros de pelúcia, coelhinhos, dados, quebra-cabeças – abri a porta completamente e me deparei com brinquedos caindo do teto, colados na parede, aos montes, bichos de pelúcia de todas as formas, e havia um gigante sentado na cama, olhando com os olhos de botões diretamente na minha direção, sendo estranhamente abraçado por um garoto sem camisa com uma cara nada amigável, olheiras profundas e...

Eu soltei um grito do fundo dos meus pulmões, sentindo rasgar minhas cordas vocais, e logo outro grito ecoou pelo quarto, este, mais grave e com certeza de homem. Coloquei a mão livre sobre os lábios e encarei o garoto que se sentava na cama, deixando o edredom escorregar até sua cintura e descobrir seu tronco. Tronco, hematomas, tatuagens, desejo subindo pelo meu corpo e eu prevendo o fim da minha sanidade mental.

– Bradley! – gritei entre os dedos.

– Por que você está gritando, cara, o que eu te fiz? – bocejou extremamente sonolento.

– Você é algum tipo de pedófilo em desenvolvimento?