Se passou quatro dias desde o acontecimento no porão de Hogsmeade. Coisas estranhas continuavam a acontecer, dessa vez com mais frequência. Hermione, durante a noite, sentia arranhões por todo o seu corpo e o corte feito por garras em seu tornozelo doía como se estivesse em brasas.

Com Draco era o mesmo, porém, vinha tudo em forma de pesadelos que o fazia gritar e suar frio. Os pesadelos se baseavam nesses elementos: sangue, gritos e um corpo de uma garota boiando numa banheira.

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Tirando esses acontecimentos, a vida dos dois estava normal. Bem, talvez, não tão normal assim. Os xingamentos que antes eram diários e provavelmente normais... sumiram. Os dois, por exemplo, quando se encontravam em algum corredor se cumprimentavam cordialmente e a escola comentava como se fosse a maior coisa que eles tinham que se preocupar.

Tudo estava normal dentro do possível.

Até aquela noite.

Hermione estava tentando dormir, já com seu shorts e regata de sono quando os gritos começaram a soar. Na verdade, havia gritos todas as noites, mas era apenas por um ou dois minutos. Esse, era diferente. Malfoy gritava muito alto, como se estivesse com muita dor, mas muita dor mesmo.

Preocupada, Hermione foi olhar.

Quando abriu a porta, lá estava ele, suando frio e se contorcendo, os nós do dedo brancos de tanto apertar as cobertas ao redor de si. Ele apertava a mandíbula como se quisesse que os gritos parassem. Obviamente, não adiantava.

Hermione se aproximou e colocou a mão na sua testa pálida. Estava com febre.

- Malfoy, acorda... – ela disse suave.

Nada.

- Malfoy acorda agora! – Gritou e o balançou.

Apenas mais gritos.

- Malfoy, vamos acor...- começou

Mas antes de terminar, a mão dele a agarrou pelo pulso e apertando muito forte que Hermione gruniu de dor.

- Draco por favor, levanta – pediu Hermione.

Dessa vez, ele acordou, olhando confuso ao redor e quando viu a cara de dor de Hermione percebeu que ele segurava seu pulso com toda força que podia. Largou e começou a se ajeitar na cama, ainda olhando para a morena que o olhava preocupada.

- Que merda aconteceu aqui? – perguntou ele.

Hermione o olhou surpresa.

- Você não sabe? Ah, mas é claro que não sabe se não não teria me perguntado.. – ela suspirou – Você teve um daqueles pesadelos de novo, só que dessa vez foi muito pior, você gritava muito... e eu fiquei preocupada e vim aqui te acordar.

Draco a olhou, surpreso por ela ter se preocupado com ele. Mas sorriu em agradecimento e dessa vez foi Hermione que ficou surpresa, mas sorriu de volta.

O semblante de Draco ficou rígido por um momento.

- Eu ouvi alguém me chamar... me chamar de Draco – disse ele.

Hermione corou e olhou pra baixo.

- Fui eu – contou ela – Não foi nenhum espírito ou coisa assim, não se preocupe. É que você não queria acordar e então eu te chamei usando o seu nome.

- Mas você nunca me chamou de Draco antes – disse ele, erguendo uma sobrancelha.

- Escuta, não vamos discutir o fato de eu ter usado seu nome certo? – sugeriu ela – Você está quente.

Draco riu.

- Óbvio – disse passando a mão nos cabelos.

Hermione revirou os olhos e suprimiu a vontade de lhe mostrar o dedo do meio.

- Não nesse sentido – disse ela ríspida – Você está com febre... vem, vamos descer lá no salão comunal que eu preparo uma poção para você tomar.

Hermione saiu primeiro mas Draco derrotado foi atrás. Agora que ele se levantou, sentiu uma dor de cabeça forte mas deu de ombros e seguiu a garota. Chegando no salão, Hermione o fez sentar no sofá enquanto ela foi pegar seu caldeirão no quarto. Quando ela voltou porém, só tinha frascos cheios na mão.

- Cadê o caldeirão? – Perguntou o loiro curioso.

- Não preciso, já tenho essas preparadas – Hermione contou - Agora, vou precisar de chá...

- Vá na cozinha Granger – Draco revirou os olhos.

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Hermione ignorou o comentário desnecessário e convocou Winky, a elfo doméstico. Quando o som de Puff da aparatação foi escutado, Draco pulou do sofá e Hermione caiu no chão de tanto rir. Depois de alguns minutos Winky troce uma bandeja com uma bule de chá, biscoitos e umas xícaras.

Hermione cuidadosamente pingou a poção numa das xícaras com chá e deu para Draco.

- Tome, vai aliviar sua dor de cabeça também - mandou ela.

Ele suprimiu a vontade de perguntar como ela sabia que ele estava com dor de cabeça, apenas tomou o chá em um só gole.

- Que horas são? – perguntou ele casualmente, dado ao breve silêncio.

- Três horas da manhã – Respondeu Hermione, tomando a sua bebida.

- Você não devia estar dormindo? – Perguntou ele incrédulo – O que você fica fazendo até essa hora da noite? Dançando música popular?

Dessa vez Hermione mostrou o dedo do meio.

- Eu não consigo dormir, a marca do meu tornozelo começa a arder como se estivesse pegando fogo – Hermione mostrou o tornozelo, onde havia a marca das garras – E também eu sinto como se alguém estivesse me arranhando e tentando me cortar...

- Quem quer que seja que faz isso tem o meu respeito – Draco disse displicente – Você ainda não foi falar com o Sr.Hudson?

Hermione negou com a cabeça.

- A hora ainda não chegou – disse ela – Entenda, ele está escondendo algo... nas aulas ele nem olha para a minha cara como se ele soubesse das ameaças que eu ando recebendo.

Dito isso, uma coruja negra da escola entrou pela janela aberta. Em suas patas um mini envelope. Hermione se levantou e pegou o bilhete, deu um carinho na coruja que saiu pela mesma janela. Hermione prendeu o ar quando viu o que estava escrito.

“As vezes as respostas estão na sua cara sangue-ruim. Próximo ataque daqui a três dias, tome cuidade, quem sabe dessa vez será o seu corpo pendurado”

- Que merda! – ela gritou – Três dias, nós não podemos descobrir o que está acontecendo em apenas três dias...

- O que está escrito ai? – Draco perguntou irritado e puxou o bilhete das mãos de Hermione, passou os olhos rápido pelas palavras – Bosta...

- E se for aquela criatura do porão que escreve esses bilhetes? – Hermione sugeriu, andando pela sala passando a mão nos cabelos frustrada.

- Demônios não escrevem Granger – Draco revirou os olhos pela sugestão idiota.

- Mas nós não sabemos se é um demônio! – Hermione gritou – Talvez seja alguma animagia que deu errado.

Draco riu irônico.

- Obviamente que não é Granger, aquela coisa quer você, mais especificadamente a sua alma – ele gritou – Eu não quero mais me meter nisso, pra mim chega!

Hermione o olhou, sua respiração estava forte e ela estava desesperada.

“Três dias... três dias...” pensou “Alguém pode morrer em três dias e essa pessoa pode ser eu”

- Você é um covarde – Hermione disse calma, mas ríspida – Dumbledore estava errado. Você é um covarde e sempre será.

- Não ouse... – ele começou bravo.

- Não ouse o quê? É a pura verdade! – Hermione gritou – Você vai me abandonar, mesmo sem ao menos tentar resolver alguma coisa, por um breve momento eu acreditei que você poderia dar uma chance para si mesmo, pelo visto eu estava enganada.

- Você não sabe nada da minha vida – Draco berrou – Meu pai está em Azkaban, minha mãe confinada em casa como um pássaro em uma gaiola. Meu pai pode morrer a qualquer momento! Você não sabe o que é perder alguém que você ama!

Nesse ponto da conversa, Hermione já tinha lágrimas nos olhos. Lembrou de seus pais e da noticia mais difícil da sua vida:

Flashback

O sábado era o dia preferido de Hermione, pois naquele dia sua vó preparava a deliciosa torta de maça.

Mas se tornaria o pior dia de sua vida.

- Hermione, tem um homem aqui querendo falar com você – sua avó gritou no andar de baixo.

- Já estou indo vovó – Hermione gritou.

A morena desceu a escada, vendo no Hall de entrada Kingsley, auror e futuro ministro da Magia que ficou responsável por tirar a memória de seus pais.

- O que houe? Teve noticias? – Hermione perguntou animada.

Kingsley negou com a cabeça.

- Sinto muito – apenas disse.

Fim do FlashBack

Hermione olhou para Draco e ele ainda estava vermelho de raiva.

- Pelo menos seus pais se lembram de você – ela disse baixinho – Os meus nem sabem que eu existo, parece que o feitiço que eu fiz foi o suficiente para garantir isso.

Draco a olhou com pena e ao mesmo tempo confuso, sentiu remorso por ter tido aquelas coisas para ela. Mas... porra! Que culpa tinha ele se foi ela que começou?

- O que você fez? – ele perguntou suavemente.

- Eu apaguei a memória dos meus pais para eles não sofrerem com a guerra – Hermione contou, limpando as lágrimas – Foi o suficiente, eles nunca mais vão se lembrar de mim. São a família Wilkins agora, provavelmente vão ter outros filhos. Eu moro com a minha avó, eu já pedi muitas desculpas pra ela e ela aceita mas me sinto muito mal.

- Sinto muito – Draco disse.

- Tudo bem, eu peço desculpas também – Hermione sorriu – Sei que estou pedindo demais e que tudo isso é uma loucura, não quero lhe forçar a nada, se quiser sair...

- Eu fico – disse ele – Comecei, agora vou até o fim.