As Gryffindor, depois de muito correr, finalmente pararam. Depois de passarem por Hogsmeade e correrem sem parar por quilômetros, desaparataram em uma floresta próxima a Godric’s Hollow.

Anna praticamente caiu no chão, suada e arfando por causa do esforço feito. Elsa se apoiou à árvore, tentando se recompor. Elena sentou no chão e apoiou as costas na árvore atrás de si. Sua cabeça parecia girar loucamente e a vista parecia ligeiramente embaçada e escura.

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– Você está bem, Elena? – Anna quase se arrastou até a irmã, que parecia estar muito mal.

– Claro. – Elena colocou uma das mãos sobre a testa, arfando.

– Tem certeza? – Elsa se sentou ao lado dela, descansando.

– Tenho. – A morena respondeu com uma voz mais impessoal e fria e se levantou, embora ainda estivesse meio tonta.

– Não precisa mais ficar tão distante assim. – A loira declarou, não demonstrando a mágoa que sentira quando a irmã falou daquele jeito com ela mais uma vez.

– Hábito adquirido. – Elena deu de ombros e suspirou com cansaço. Pegou sua varinha e a mexeu algumas vezes, logo fazendo aparecer uma bolsa em sua mão, a qual ela jogou para Anna. – Montem a barraca enquanto eu faço os feitiços de proteção. Vamos descansar um pouco aqui. – Disse isso e se distanciou.

Anna e Elsa ficaram alguns minutos em um silêncio incômodo antes que a ruiva se virasse para a loira.

– Então é verdade o que o Black disse no Lago? – A ruiva questionou com os olhos marejados. – Não somos irmãs?

– Somos sim. – Elsa se aproximou dela e a abraçou. – Por mais que só tenhamos a mamãe em comum, nós somos irmãs. Não se preocupe com isso, Anna.

– Tudo bem. – A ruiva concordou e limpou as lágrimas com as costas da mão. – E quanto a ela? – Gesticulou para a direção em que Elena saíra. – O que o Black fez?

Elsa fechou os olhos com força ao se lembrar da própria imagem e da de Anna gritando na cabeça de Elena: “Você não é boa”, “Você é uma assassina”, “Você destrói tudo”, “VOCÊ É UM MONSTRO!”.

– Elsa. – Anna chamou, tentando arrancar a loira de seu transe. – Elsa!

– Sim? – Elsa perguntou, ainda com os pensamentos meio distantes, perdidos nas memórias da irmã mais velha.

– Onde você está com a cabeça? – A ruiva questionou.

– Em nada. – Elsa balançou a cabeça abruptamente, tentando se livrar daqueles pensamentos. – Eu só...

– Precisa conversar com ela. – Anna completou a frase e sorriu assim que a loira a olhou. – Eu nunca vou conhecê-la tanto quanto você, então acho que é melhor que você vá. Ela já ficou sozinha por tempo demais, não concorda?

Elsa assentiu com a cabeça e, com um olhar encorajador de Anna, seguiu na direção em que Elena havia saído.

Encontrou a morena apoiada em uma árvore, fazendo os feitiços de proteção:

– Protego Totallum, Salvio Hexia, Repello Trouxatum...

– Elena. – Elsa se aproximou, interrompendo-a.

A morena imediatamente abaixou a varinha, mas nem ao menos se mexeu, parecendo evitar olhar para Elsa.

– Algum problema? – A morena questionou, ainda sem se virar para a irmã mais nova.

– Preciso de algum motivo para querer ficar com a minha irmã? – Elsa arqueou uma sobrancelha, ficando ao lado da irmã. Suspirou pesadamente. – Temos mesmo que conversar.

– Algum assunto em especial? – Elena perguntou, ainda mantendo o tom distante e impessoal.

– Esse último ano, para ser mais exata. – Elsa respondeu, replicando o tom dela sem nenhuma dificuldade. – Não sei se você já sabe, mas eu vi algumas memórias suas. – A voz dela falhou assim que as lembranças mais uma vez lhe invadiram a mente.

Finalmente, Elena olhou para Elsa por cima do ombro, parecendo se esforçar para não demonstrar qualquer sentimento.

– Não há nada para falar. – A morena disse usando o mesmo tom de antes.

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– Não é verdade. – A loira rebateu. – E eu quero saber exatamente o que aconteceu. – Apontou para as mãos da morena, que já estavam mais uma vez calçadas com as luvas vermelho-escarlate.

Um silêncio desconfortável pairou ali por um longo tempo. Nenhuma das Gêmeas Gryffindor pareciam inclinadas a falar qualquer coisa até que a morena quebrou o silêncio, virando-se para Elsa e se aproximando da loira, ficando frente a frente com ela.

– Quer saber? – Perguntou com um tom mais hostil. – O que aconteceu foi que aquele maldito me torturou por um ano inteiro, me mostrando exatamente aquilo que eu não queria enxergar: Que eu sou um monstro. Que eu destruo tudo. Que eu não sou boa.

– Não é verdade. – Elsa retrucou em um tom ameno, terno. – Até parece que você não passou sua vida inteira me falando que eu não era um monstro. Agora eu te digo isso. Você não é um monstro.

Para a surpresa de Elsa, Elena soltou um riso baixo e quase torturado, agoniado.

– Porque eu nunca soube o que despertava esse meu lado. – Olhou nos olhos azul-gelo de Elsa que eram tão iguais aos seus. – Seus poderes sempre se manifestaram com medo ou tristeza e isso sempre foi seu inimigo. – Sorriu sem humor. – Os meus são mais destrutivos e se tornam descontrolados quando eu estou zangada. – Passou por Elsa, se distanciando.

Ao ver a gêmea se distanciar, Elsa imediatamente segurou seu braço, impedindo-a de ir.

– E isso não é problema algum. – A loira disse, lembrando-se do quão calma e serena a morena sempre fora.

– É exatamente O problema. – Elena sorriu mais uma vez sem humor, quase como se estivesse sofrendo. – Eu estou sempre com raiva. – Soltou seu braço do de Elsa e começou a caminhar até onde Anna estava.

– Elena. – Elsa chamou, não se virando para a irmã.

– O que? – Elena parou de andar e também não se virou para a loira.

– Você não pode acreditar em tudo o que os outros dizem. – Elsa suspirou. – Eu falo por experiência própria. – Fez uma pausa e respirou fundo antes de continuar. – Nós somos diferentes e sempre haverá pessoas dizendo que somos monstros. Mas se você acreditar nelas, mesmo que por um segundo, é aí que você se torna um.

Silenciosamente, Elena assentiu e andou até onde Anna acabara de montar a barraca. Elsa ficou parada e imóvel por algum tempo antes de seguir até onde as irmãs estavam. Elena ainda parecia exausta, mas Anna já parecia mais recuperada.

– E agora? – A ruiva perguntou. – Dormimos um pouco e depois vamos para outro lugar?

– Não. – Elena respondeu rapidamente. – Dormir não. – Suspirou pesadamente. – É assim que ele nos acha. Não sei como, mas ele tem essa capacidade. Quando dormimos, ele pode entrar na nossa cabeça, controlar o que vemos nos nossos sonhos e até nos encontrar, não importa onde estivermos. – Alternou olhares entre a loira e a ruiva. – Podem fazer o que quiserem, mas não adormeçam. Acreditem, eu sei disso melhor do que qualquer um. – Seu rosto demonstrou um sofrimento antigo por um segundo antes de voltar à máscara de indiferença.

Anna e Elsa se entreolharam com preocupação, mas assentiram. Elena se aproximou da pequena bolsa de onde a ruiva tirara a barraca, uma vez que havia um feitiço de expansão ali e começou a mexer lá dentro, procurando algo.

Finalmente, retirou de lá alguns frascos de poções, tomando uma poção verde-musgo logo em seguida.

– O que é isso? – Anna arqueou uma sobrancelha.

– Poções. – Elena respondeu sem olhar para elas, guardando os frascos mais uma vez. – Os trouxas chamariam de remédios.

– Por quê? – Dessa vez foi Elsa quem perguntou em um tom absurdamente preocupado.

– Digamos que eu tenho alguns probleminhas de saúde. – Elena deu de ombros e prosseguiu antes que alguma das duas irmãs pudesse falar algo. – Não é nada com que vocês precisem se preocupar, está bem? – Disse isso e entrou na barraca.

Assim que perdeu Elena de vista, Elsa correu até a pequena bolsa, tirando o frasco com a poção verde-musgo que a morena tomara instantes antes.

– O que é isso? – Anna perguntou, aproximando-se dela.

– Parece ser uma variação da Poção Polissuco. – Elsa respondeu, ainda examinando a poção. – Já ouvi falar. Não foi criada há tanto tempo assim. É diferente da poção original. Diferentemente dela, essa aqui não muda a aparência, apenas as cores.

– Cores? – Anna questionou, expressando confusão.

– Cor dos olhos, cabelos, pele. – Elsa deu de ombros. – Essas coisas.

O silêncio perdurou por alguns segundos antes que Anna se virasse para a barraca com uma pergunta clara nos olhos.

– O que ela está escondendo? – Perguntou e ela e Elsa se entreolharam, sem saber a resposta àquela pergunta.