A Rainha Está Morta

Já haviam se passado alguns meses desde a chegada da Rainha de Copas à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Mirana parecia cada vez mais incomodada e nervosa, principalmente porque a tia lhe fuzilava com os olhos sempre que a encontrava, deixando-a desconfortável. Mas não era apenas sua tia que a estava incomodando. Sua irmã, Iracebeth, também estava agindo de maneira estranha nos últimos tempos, o que a deixava preocupada.

A garota de cabelos brancos estava andando aflita pelos corredores de Hogwarts quando foi segurada pelo braço por Alice.

– Algum problema? – Mirana forçou um sorriso.

– Eu que lhe faço essa pergunta. – A loira respondeu com preocupação. – Mirana, o que está acontecendo?

– Nada. – Ela respondeu, mas quando Alice fez uma expressão desacreditada, continuou. – Ainda. – Explicou. – E eu não sei se vai acontecer. É só um pressentimento ruim.

– Que tipo de pressentimento? – Alice questionou.

– Não sei explicar. – A outra respondeu inquieta. – Mas eu não consigo ficar calma.

Disse isso e se virou para ir embora, mas esbarrou em alguém. Iracebeth. Para sua surpresa, a irmã mais velha nem sequer a olhou direito e saiu andando sem dizer uma palavra.

– Essa é nova. – Alice comentou. – Ela não pode te ver sem começar a gritar com todo mundo.

– É isso que me preocupa. – Mirana falou e saiu dali, deixando uma Alice confusa para trás.

–

– Ela está atrasada de novo! – Mor’du reclamou, levantando-se de sua cadeira e batendo na mesa com o punho fechado.

– Acredito que hoje nós teremos uma pequena surpresa. – Pitch sorriu.

Todos ficaram em silêncio por um longo tempo até que ouviram mais uma vez o barulho de passos se aproximando. A porta foi aberta, mas quem entrou na sala não foi A Rainha de Copas. Foi sua sobrinha, Iracebeth.

– Desculpem o atraso. – A garota disse e sorriu, sentando-se no lugar que sua tia ocupara antes.

– Mas o que...? – Jack O’Lantern se levantou e sacou sua varinha, apontando para a recém-chegada.

– Acalme-se. – Pitch se levantou e abaixou a mão de Jack. Virou-se para Iracebeth. – E então?

– A Rainha de Copas está Morta. – Iracebeth declarou, girando sua varinha pelos dedos. – Vida Longa à Rainha Vermelha.

– Excelente. – Pitch sorriu e se virou para os demais, que olhavam incrédulos para a garota e para ele. – Apresento-lhes a mais nova integrante da nossa pequena colaboração.

– O QUE?! – Todos ali exclamaram.

– Calados! – Pitch os silenciou. – Ela matou nossa querida Rainha de Copas, então é justo que assuma seu lugar, não concordam?

Os outros oito ficaram calados e alguns o fuzilaram com os olhos, mas se mantiveram quietos.

– E adivinhem? – Pitch sorriu. – Nossa queridinha tem uma ideia para o nosso próximo passo.

– Ela tem? – Úrsula arqueou uma sobrancelha, surpresa.

– Claro que sim. – Foi Iracebeth quem respondeu.

–

Mirana continuava inquieta andando por Hogwarts e decidiu que se acalmaria com um bom livro. Assim, dirigiu-se à biblioteca, onde para sua surpresa, encontrou os outros nove conversando.

– O que estão fazendo aqui? – Perguntou ao se juntar a eles.

– Estudando. – Jack respondeu inocentemente.

– Eles, eu não me surpreendo. – Mirana declarou, apontando para Elsa, Elena, Jacky, Soluço, Anna, Rapunzel e Alice. – Mas vocês eu me surpreendo. – Apontou para Jack e Merida.

– É sério. – Merida se defendeu.

– Sei... – Mirana concordou desconfiada. – Então qual é o assunto?

– Trasgos. – Jacky respondeu rapidamente antes que Jack e Merida pudessem dizer alguma coisa que os denunciasse. – Jafar passou três pergaminhos sobre Trasgos. Lembra?

– Claro. – Mirana concordou, afinal não era mentira, mas sabia que não era por causa dos livros sobre Trasgos que eles estavam ali.

Os dez riram do nada e começaram a conversar sobre assuntos aleatórios. Só foram interrompidos quando as portas da Biblioteca foram abertas com um estrondo. Viraram-se e deram de cara com Iracebeth, apontando a varinha para Mirana.

– Estupefaça! – A ruiva gritou e a irmã foi jogada para trás, batendo nas estantes de livros.

Rapunzel, Anna e Soluço correram até a amiga, ajudando-a a levantar. Elsa, Elena, Jack, Alice, Merida e Jacky pegaram suas próprias varinhas, apontando-as para Iracebeth.

– Você ficou louca? – Alice perguntou furiosa.

– Há muito tempo. – Iracebeth gargalhou. – Mas isso não é da sua conta. Flagello! – Transformou sua varinha num chicote e agarrando os pés de Alice com ele, puxando a loira para perto de si.

Levantou-a e chutou sua varinha para longe, segurando-a a frente de si pelo pescoço e apontando a própria varinha para sua cabeça.

– Será que agora podemos conversar? – Desafiou aos outros, que ficaram parados atônitos.

–

A sala onde a reunião acontecera anteriormente estava quase completamente vazia. Quase. Malévola e Pitch ainda estavam ali, sentados em suas respectivas cadeiras.

– Por que fez isso? – A mulher perguntou com curiosidade.

– Refere-se ao fato de eu ter trocado a Rainha por aquela menina? – Pitch arqueou uma sobrancelha e Malévola assentiu. – Na verdade, a Rainha de Copas nunca me interessou. Meu objetivo sempre foi a Iracebeth.

– Como assim? – Malévola questionou confusa. – A Profecia falava claramente na Rainha...

– Vermelha. – Pitch interrompeu. – Nunca disse nada a respeito de uma Rainha de Copas. Mas como na época ela era o mais próximo disso, acreditou no que eu falei.

– Entendo. – Malévola declarou. – Um jogo de palavras.

– Sim. – Pitch assentiu. – Aquela que derrotar o Jaguadarte será também a ruína de uma das Governantes de Wonderland: A Rainha Vermelha.

– E Mirana é o Pássaro Vorpal. – Malévola respondeu. – Então será a Ruína do Jaguadarte. Isso significa que...

– Mirana é a ruína de Iracebeth. – Pitch sorriu ao falar, parecendo satisfeito.

– Você brinca com as palavras como brinca com as pessoas. – Malévola sorriu também com satisfação. – Isso significa que enganou a todos nós também?

– Claro que não. – Pitch balançou a cabeça em negação, mas não tirou o sorriso do rosto. – Apenas àqueles que me interessam.

– Quem? – A mulher arqueou uma sobrancelha com desconfiança.

– Apenas o Duque de Weselton. – Ele deu de ombros. – Os outros irão permanecer. Ao menos, tudo está indo como eu planejei.

– Poderia esclarecer seus verdadeiros planos para mim? – Ela perguntou. – Você não disse nada a nenhum de nós.

– Tudo há seu tempo. – Ele respondeu. – Antes vamos ver como aquela garota se sai contra os dez. Será divertido, você não concorda?

– Acho que sim. – Ela deu de ombros com desinteresse. – Mas o que espera ganhar com uma simples briga de irmãs?

– Eu ganharei a perda de algo muito precioso para um deles. – Pitch sorriu com satisfação.

Malévola estremeceu levemente com as palavras dele. Nunca havia conhecido alguém tão perigoso e ardiloso quanto Pitch Black. Mas ao mesmo tempo em que se surpreendia com ele, também o temia. Não sabia o que ele estava planejando e muito menos como tudo aquilo a afetaria, mas não tinha mais como voltar atrás. Se não fosse ser destruída por ele, seria por aquele que a profecia dizia ser sua ruína. Sem dúvidas nenhuma das opções era boa.