Os anos foram se passando e a madrasta tratava cruelmente sua enteada, fazendo-a trabalhar duro no castelo. A rainha acreditava que a beleza da moça se desgastaria com os serviços pesados a qual era submetida, mas mesmo forçando-a a executar tantos afazeres, Zelda continuava radiante e bela, para o desgosto da rainha. Mesmo sendo maltratada e humilhada por sua madrasta, Zelda sempre trabalhava com um sorriso no rosto, ainda que no fundo, sentisse uma tristeza sem fim pela falta que seu pai fazia, mas ela nunca fora de olhar as coisas pelo lado negativo. No fundo ela sabia que alguma coisa daria certo, que seu pai voltaria e acabaria com aquela angústia.

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Era mais um dia comum no castelo. Enquanto a Madrasta se admirava em seu espelho, Zelda cuidava dos seus afazeres. Ela estava do lado de fora, com seus amigos animais, puxando água do poço. Ela cantava uma doce e suave melodia, que ecoava através dos muros do castelo. Era uma canção doce, mas ao mesmo tempo melancólica.

Um jovem cavaleiro que cavalgava pelas planícies ouvira a triste melodia que a jovem cantava. O rapaz encantou-se no mesmo instante pela maravilhosa voz da moça.

— Ouviu isso, Épona? – disse ele, para sua fiel égua. – De onde será que vem esse canto tão maravilhoso? Preciso descobrir quem é a dona dessa voz encantadora...

O jovem foi seguindo a canção através da floresta, até que encontrou um muro alto, de um enorme castelo. Ele escalou o muro e viu a bela princesa, em suas roupas maltrapilhas. Sem que ninguém percebesse, foi se aproximando da jovem, que nem notara sua presença.

— Olá! – Ele disse, com um sorriso no rosto. A princesa virou-se surpresa.

— Desculpe-me, não quis assustá-la, mas é que ouvi você cantando tão docemente enquanto cavalgava pela floresta que não pude deixar de ver quem era a dona dessa voz tão bela.

Por um tempo Zelda o encarou. Ainda estava surpresa com a presença daquele rapaz que falava com ela tão docemente. Ela nunca tinha visto em toda sua vida um homem tão belo. Ele era alto e musculoso, usava uma túnica verde e um gorro da mesma cor. Seus cabelos da cor do ouro reluziam à luz do sol e seu sorriso angelical fez o coração dela bater mais rapidamente. Ela desviou o olhar e passou a fitar o chão. Não sabia o que dizer naquele momento, pois até então, nunca tivera falado com ninguém que não fosse do palácio. O jovem aproximou-se ainda mais de Zelda e tocou seu rosto delicadamente para que ela olhasse de volta para ele.

— Não precisa ser tão tímida... Não lhe farei mal algum... – ele disse calmamente, enquanto acariciava seu rosto.

Zelda sentiu seu rosto arder e sentiu um leve arrepio percorrer sua espinha quando ela o encarou de volta e se deparou com seus profundos olhos azuis. Agora já não tinha mais tanto medo do jovem que estava ali. Estava até começando a gostar de sua presença. Ela fechou os olhos por um instante, apenas para sentir as carícias do belo rapaz que acabara de conhecer.

— És a mais bela mulher que já vi... Como te chamas?

A princesa congelou e seus olhos se abriram com espanto. Lembrou-se de sua madrasta. O que ela diria se a visse falando com aquele homem? Ela não podia mais ficar nem mais um segundo perto dele. Aos poucos ela foi se afastando.

— E-eu, n-não posso... Desculpe-me! E-eu tenho que ir, adeus!

— Mas por quê? Quando poderei vê-la outra vez? – perguntou o jovem, perturbado.

— Nunca! É melhor que nunca nos vejamos novamente, e-eu sinto muito! – ela respondeu tristemente e correu para dentro do castelo, o coração dela batia forte e seus olhos estavam cheios de lágrimas.

A madrasta, que por sua vez, vira tudo, aproximou-se de Zelda, que chorava amargamente por ter deixado aquele rapaz tão gentil para trás. A rainha olhou furiosamente para sua enteada.

— Quem era o rapaz com quem estava conversando lá fora?

E Zelda soluçava:

— E-eu não sei... Ele disse que tinha me ouvido cantar e veio para me ver... Me disse que eu era a mulher mais bela que ele já tinha visto...

Os olhos de Midna faiscavam de inveja.

— Mais bela? Você? Desde quando? Olhe para você, Zelda! Toda mal vestida, nessas roupas velhas e imundas, com estas mãos sujas de trabalhar... Nunca serás tão bela quanto eu!

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— Eu sei! – ela respondeu entre lágrimas. – Por isso eu o mandei embora!

Midna sorria perversamente enquanto observava a pobre moça chorar.

— Fez muito bem. Sabes que eu a proibi de falar com qualquer pessoa de fora! Agora volte ao trabalho!

— Quando meu pai voltar, tudo isso vai acabar! – Zelda respondeu, com os olhos cheios de lágrimas.

Midna ao ouvir aquilo, deu uma gargalhada intensa que ecoou pelas paredes escuras do castelo.

— Seu pai? Hahahaha! Seu pai NUNCA MAIS irá voltar!!!

— Como tem certeza? – ela limpou as lágrimas no vestido. – Nem sabe onde ele foi!

— É claro que sei, querida... Ele foi para a Guerra! E está morto! Nunca mais terá seu precioso pai de volta!

Zelda não queria acreditar no que ouvia. Seu pai não deveria estar morto. Ela levantou os olhos para Midna, furiosa, e pela primeira vez teve coragem de enfrentar a madrasta.

— É MENTIRA!!! Você está mentindo! MENTIROSA!!!

Midna se encheu de ódio com a ofensa e não pensou duas vezes antes de esbofetear o rosto da menina com tal força que a fez cair no chão, com o rosto ardendo de dor.

— Não se atreva a enfrentar-me! – Ela rugiu ferozmente. - Agora volte imediatamente ao trabalho!!! – e dizendo isso, afastou-se, dirigindo-se para seu quarto, na torre mais alta do castelo.

Zelda continuou no chão, chorando. Impa, a criada que sempre cuidara dela desde pequena aproximou-se da princesa e disse calmamente:

— Não chores, querida. Tudo ficará bem. Breve seu pai voltará e Midna pagará pelos seus crimes... Enquanto isso, apenas obedeça e volte a trabalhar.

— S-sim, Impa... Obrigada. – ela respondeu, enxugando as lágrimas.

Enquanto isso, a madrasta, que ia subindo as escadas para seu quarto, murmurava consigo:

— A mais bela...Argh! Essa Zelda ainda irá me pagar!

Quando chegou em seu quarto, um cômodo escuro e decorado com cortinas negras e estátuas pavorosas, dirigiu-se ao Espelho do Crepúsculo e disse as seguintes palavras:

— Mágico espelho meu! Existe nesse mundo mulher mais bela do que eu?

E o espelho prontamente respondeu:

— Famosa é a vossa beleza, Majestade, entretanto, há uma menina entre nós com tanto encanto e suavidade que eu digo: Ela é mais bela do que vós.

A rainha encheu-se de ira e inveja e berrou furiosa:

— Quem é esta atrevida? Revele-a!

E o espelho reproduziu em seu reflexo, a imagem de Zelda. Midna empalideceu de inveja. Ela sempre soube que um dia a beleza da menina superaria a dela, mas a rainha imaginava que com o trabalho duro no castelo, ela jamais poderia ser tão bela quanto ela. Mas Midna enganou-se seriamente.

— Eu sabia!!! Vou dar um fim naquela fedelha! – ela exclamou, cheia de ciúme.

Removendo-se de seus aposentos, ela começou a caminhar pelos frios corredores de pedra. Apesar da tranqüilidade do castelo no momento, a mente da mulher estava abrasiva e vociferante. Pensamentos clamavam por sua atenção, como cães lutando para a aprovação de seu mestre. Chegando na sala do trono, a rainha gritou com a voz quase rouca de raiva:

— Chamem o caçador Rusl!

Não demorou muito até que o caçador entrasse pela porta principal. Ele caminhou em direção ao trono e fez uma reverência.

— Sim Vossa Majestade. O que posso fazer por você?

— Leve Zelda para bem longe, procure um lugar seguro no bosque onde ela possa colher flores.

— Sim, Majestade.

— Aí então, meu fiel caçador... Tu a matarás!

O caçador abriu os olhos, espantado.

— Mas, majestade, a linda princesa...

— Cala-te! Se o fizeres serás bem recompensado com todo o ouro que quiseres. Mas para que eu tenha certeza de que não houve falhas...Traga-me o coração dela nesta caixa! – e entregou ao caçador uma caixa dourada.

O caçador olhou perplexo para a rainha. Apanhou a caixa vazia em suas mãos e curvou-se diante da monarca.

— Sim, Majestade. Farei o que me ordenais. Mas só farei isso pois minha família é pobre e eu preciso muito do dinheiro. Não me orgulho das coisas que fazes.

Midna o encarou com um olhar sério e irritado e seus olhos revelavam a fúria que ardia por dentro dela. O caçador então se virou e se retirou da sala do trono com o coração apertado.

Enquanto o caçador se afastava, Midna o observava friamente com um sorriso maligno estampado no rosto.

— Breve serei a mulher mais bela deste reino novamente! – ela disse para si mesma enquanto se aconchegava confortavelmente em seu trono.