The Legend Of Cleopatra

Certas coisas nunca mudam


- Emily? – Dean estava ali, na minha frente, me vendo chorar. Não sei se ele achava que era por causa da minha mãe, se era por causa dele, se era pela TPM. Mas eu odiava que qualquer pessoa me visse chorar, até Victória eu detestava. Me sentia fraca, e eu não era assim. Eu era forte, ou aparentava.

- Hey, não chora. – Ele disse, ajoelhado ao lado da poltrona. Isso fez com que eu chorasse mais ainda, mas então ele fez algo que eu nunca imaginaria, ele me abraçou. Foi um abraço doce e carinhoso, um abraço apaixonante. Ele pode te amar. Disse meu coração. Coração cala a merda de sua boca. Respondeu minha mente. Uma tentativa não irá nos matar. O coração revidou. Chega de dor, chega de lágrimas e de sofrimento, a lei agora é proibido se apaixonar, proibido ter esperanças. Sem reclamações coração. Com isso a mente, pois fim na minha batalha interna, vencendo apenas a batalha, mas como eu sabia, não a guerra.

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- Eu estou bem, eu juro. – Disse tentando parecer bem, e arranjando uma desculpa pelo fato de eu estar chorando como um bebê. – É só que às vezes, ela faz muita falta.

- Ela deveria ser incrível, mas duvido que ela queira que você chorasse pelos cantos e não aproveitasse a vida Emily. – Disse Dean, me censurando.

- Eu não tenho o porquê de aproveitar a vida, não agora. – Disse me afastando dele, me reerguendo moralmente.

- Emily, sobre nós...

- Nós? Onde houve nós Dean? Eu não sei, e se eu não sei é porque nunca houve. – Ele tinha a tristeza estampada nos olhos. A dor estampada no coração.

- Emily, por favor...

- Faça- me um favor, esqueça que eu existo. Finja que eu sou um fantasma, um espírito e não fale comigo. – Saindo do ateliê e indo para meu quarto eu deixei as lágrimas escorrem pelo caminho. Era doloroso, mas era o certo.

Deitada na cama, depois de um banho demorado e de muitas tentativas falhas de ligar para Victória, o que significava que ela estava com Hector, o seu namorado, eu tentava dormir. Mas o fato de que o garoto que me tirava o sono estar no quarto ao lado parecia me afetar mais seriamente. Decidi pegar algo para beber, a começar pelos remédios que meu pai escondia. Ele havia tomado tantos para dormir que não vira que eu havia roubado e escondido algumas caixas. Desci na cozinha e peguei um copo d’água, abri meu esconderijo e peguei um comprimido, estava o levando a boca quando a luz se acendeu.

- Não consegue dormir, não é? – Disse Dean indo até mim, pegando o comprimido e o jogando no lixo.

- Quem você pensa que é para fazer isso?

- Ah quanto tempo você vem tomando isso para dormir? – Disse ele, sério.

- Alguns meses. Como se isso importasse.

- Importa, pra mim. – Viu, ele nos ama, está escrito em cada gesto, em cada olhar. Coração pareceu pular do peito. Coração cala a boca. Disse a mente, sonolenta.

- Desde quando você se importa comigo?

- Desde sempre. – Ele estava tão perto de mim que eu até poderia achar que ele ia me beijar, mas me lembrei que ele me odiava. Alem disso, escutei um barulho de mala vindo da sala e então corri até lá. Meu pai estava pronto para viajar e colocava uma carta sobre as tulipas vermelhas do Hall.

- Pai?

- Emily! Dean! Que susto. – Ele disse, se virando e tentando esconder a cara de preocupação.

- Aonde você vai?

- Para o Cairo procurar meus amigos. – Disse ele sério. Se ele estava voltando para aquela maldita cidade, era porque os pais de Dean corriam perigo. Ele não iria se não fosse assim. Mas eu apenas pensei isso, não falei, pois não queria Dean preocupado.

- Tudo bem, mas porque você escolheu sair na calada da noite?

- Ahn... Por que... – Ele não tinha resposta e eu sorri.

- Tudo bem pai, só mantenha contado. – Ele sorriu, confirmando.

- E vocês dois se cuidem, cuidem um do outro e não matem a escola. Não quero problemas quando eu voltar, ok? – Concordei com a cabeça e ele sumiu pela noite, entrando em um táxi. Voltei a cozinha, peguei outro remédio e antes que Dean tivesse a chance de jogá-lo fora, o engoli. Tomei água e o sono veio em poucos minutos.

- Você não deveria fazer isso! – Ele estava furioso.

- Você preferia que eu não dormisse? Que passasse noites e noites em claro chorando? – Ele se calou, e eu voltei para minha cama, adormecendo rápido de mais.

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Triste é acordar em uma segunda feira. Isso é, com certeza, triste. Mas acordar sabendo que você vai acabar vendo o garoto que te faz tomar remédios para dormir na hora do café da manhã pode se tornar bem mais desagradável. Olhando meu celular percebi duas mensagens de Victória. Uma pedia porque eu havia ligado e a outra dizia assim:

AMIGAAAAA! VC N VAI ACREDITAR, EU ESTAVA FALANDO COM O DEAN AGORA MESMO PELO CELULAR, E TIPO, ELE ESTA MORANDO NA CASA DE UMA GAROTA DO SEGUNDO ANO! QUEM SERÁ A PIRNHA?

Perguntei-me o porquê dela estar no telefone com ele, de madrugada. Mas vindo de Victória eu sabia que não deveria duvidar. Levantei da cama, ligando meu som no máximo, como eu sempre fazia. Ao som de Evanescence, eu entrei no banho e domei uma ducha para acordar. Antes de me vestir, me encarei no espelho. Bronzeada, magra, tudo que qualquer garota é. Tinha cabelos negros que caiam em cachos nas pontas e iam até metade das costas, meus olhos eram claros, minha mãe sempre disse que pareciam as águas do rio Nilo no verão, sorri com tal lembrança. Peguei a saia cinza, a camisa branca, o suéter cinza, a gravata e o casaco azul e coloquei. Maldito uniforme, como eu odiava usá-lo. Eu não poderia usar todos os meus all star assim. Percebi que estava um pouco frio e então peguei uma meia calça e uma Ankle Boot preta. Desci tomar café e Dean estava lá com sua calça cinza, camisa branca, suéter cinza gravata meio frouxa, como a que todos usavam e o casaco azul. Ele usava um vans preto, e estava maravilhoso, eu devo dizer. Também, ele com certeza estaria maravilhoso, corpo definido, cabelos castanhos quase que com cachos e olhos azuis de perder o fôlego, menino tipo modelo de Cuecas Kalvin Clain. Sentei me servindo uma xícara de café preto, quase sem açúcar, tomei rapidamente e subi para meu quarto. Fiz minha higiene, minha maquiagem, passei meu perfume, peguei meu material, minha chave e meu capacete. Eu ia dirigindo para a escola, e eu dirigia uma moto.

- Eu não sei como seu pai deixa você dirigir isso. – Dean dizia entrando em seu BMW preta.

- Confiança, querido. Ele confia que eu não vou me matar. – Disse sentando na moto.

- Mas você é um perigo para os outros, não para si mesma.

- Ele sabe disso e confia que quando eu decidir matar alguém, esse alguém vai merecer morrer. – Ligue a moto e fui em direção a escola.