The Last Walk

Esperança em meio a desesperança sem fim.


Você me torna o invencível

Não conheço o impossível

Se voltar e te encontrar aqui

A Tu Lado – RBD


Os passos firmes de Isabella Swan ecoavam no piso de mármore caríssimo e sua postura ereta deixava claro que ela tinha certeza do que queria fazer ali, no Escritório de Advocacia Baker&Summer, localizado no centro da cidade.

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Na recepção, informou à mocinha de cabelos curtos que tinha hora marcada com Leah Clearwater, a principal advogada daquele escritório e grande amiga da família Swan. Sentou-se em uma das cadeiras dispostas displicentemente pelo grande hall e abriu uma revista qualquer, sem realmente conseguir prestar atenção ao que lia.

Conversaria com Leah a respeito do caso de Edward Cullen e, se a mesma aceitasse, a contrataria para defendê-lo. Sabia que Leah era uma das melhores em seu ramo e Bella não estava disposta a aceitar menos.

Não demorou muito e a recepcionista sorridente estava avisando que Leah a esperava. A adolescente agradeceu com um aceno de cabeça e rumou para a sala de Leah, que ficava no final de um corredor muito bem iluminado e todo ornamentado com diplomas.

Bella bateu levemente na porta e pôs seus pés calçados de sapatilhas de camurça para dentro da sala depois de ouvir um educado ‘entre’.

Ela não se lembrava muito de Leah – vira-a poucas vezes, somente quando esta ia até sua casa, participar de jantares de negócios com seu pai – então, surpreendeu-se grandemente ao ver como a advogada era jovem e bonita. Tinha a pele morena tratada e os cabelos escuros escorridos até o meio de suas costas; usava um óculos com armação grande e um salto tão alto que fez Bella indagar-se como é que ela conseguia equilibrar-se em cima daquilo.

Elegante e sorridente, Leah caminhou até a adolescente, abrindo os braços e presenteando-a com um caloroso abraço, como se a conhecesse há muito tempo. E realmente conhecia, apesar de Bella não lembrar-se muito bem.

“Bella querida! Como está crescida!” Disse animadamente. “Nem se parece com aquele bebezinho que eu carreguei no colo! Está me fazendo sentir velha!” Seu riso tilintou pelo ambiente e Bella ponderou que ela não devia passar dos trinta e, tão poderosa daquele jeito, não deveria ter crise de idade.

“É um prazer vê-la novamente, Leah.” Bella riu discretamente. “Você está muito bonita. Onde corta seu cabelo?” Indagou frivolamente, passando as mãos pelas madeixas negras e sentindo-as extremamente macias e aprazíveis.

“Ah! Num amigo meu de longas datas, lá no subúrbio! Ele cobra uma pechincha e faz um trabalho magnífico, não o troco por nada!” Gabou-se, jogando os cabelos. “Mas venha sentar-se! Eu bem sei que não pode estar aqui para elogiar meu cabelo.”

Bella soltou uma risadinha e sentou-se na cadeira em frente a escrivaninha, empertigando-se e perguntando a si mesma como poderia começar. “Bem... Eu vim aqui tratar de negócios, por mais estranho que isso soe.”

“Muito estranho mesmo.” Riu, sentando-se e cruzando as pernas graciosamente. “Mas diga-me do que se trata.”

Bella logo viu que não haveria espaço para rodeios com Leah, então suspirou e começou: “Eu sou voluntária num orfanato da cidade. E, há alguns meses, eu conheci uma menininha muito doce que está com o pai preso e provavelmente ele será condenado a pena de morte, deixando-a sozinha e desamparada. Mas, Leah, eu não posso deixar que isso aconteça. Por isso vim te contratar para pegar o caso do pai dela e defendê-lo dignamente em seu julgamento.”

“Pena de Morte?” Leah silvou. “Não sei se serei capaz, Bella. Não sou de defender assassinos confessos nem nada do tipo, pelo amor de Deus...”

“Ele não cometeu crime algum!” Bella apressou-se em dizer. “Existem inúmeras provas de que ele é inocente e só é necessário que alguém as organize e as apresente no Tribunal. Leah, por favor, eu imploro que não deixe essa injustiça acontecer...”

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Leah estreitou os olhos, parecendo avaliar por um segundo. E Bella torceu em seu íntimo que ela aceitasse logo e que a ajudasse salvá-lo. Por Mallory. Pela inocência de Edward Cullen. E pelo sentimento que crescia dentro de seu coração.



Edward Cullen entrou na Sala de Visitas Agendadas e se surpreendeu imensamente ao ver Isabella esperando-o, sentada na mesa que ficava no centro, acompanhada de uma bonita morena.

Caminhou vagarosamente – escoltado de um guarda brutamonte, como sempre – e se sentou na frente das duas, no outro extremo da mesa. Alternou seu olhar perdido entre as duas mulheres e continuou calado, sem saber o que dizer e o porquê de Bella ter convocado aquela visita.

“Oi, Edward.” A adolescente disse sorridente e Edward pode ver como a voz dela era infinitamente mais doce e bonita quando ouvida pessoalmente, sem aquele fone intermediando.

“Olá...” Ele respondeu lentamente, ainda confuso com as razões daquela visita diferenciada e com a presença da outra mulher, mas não se privando de admitir a si mesmo que estava adorando poder ver Isabella mais de perto, longe daquele compartimento metálico que sempre os separava.

“Meu nome é Leah Clearwater.” A morena finalmente se explicou, numa voz estritamente profissional. “Sou sua advogada a partir de agora.”

Letargicamente, as palavras penetraram na cabeça do homem e, quando passaram a fazer-lhe sentido, ele sentiu que sua mente girou um pouco.

“Perdão?” Piscou, aturdido. “A senhora disse que é o quê?”

“Advogada.” Leah quase soletrou, enquanto sorria. “Mas, por favor, não me chame de senhora. Não posso suportar me sentir mais velha ainda.” Riu.

“Desculpe, eu não estou entendendo...” Olhou brevemente para Bella e a viu com o sorriso mais lindo de todos ornamentando os lábios avermelhados. “Eu não posso pagar seus serviços, senhorita Clearwater...”

“Edward, eu a contratei.” Bella pronunciou-se. “Considere um presente por ser...” o homem mais maravilhoso, honesto e gentil de todo Universo “pai da garota mais encantadora do mundo.”

Edward abriu a boca várias vezes, mas não conseguiu articular nada inteligível para ser dito. Lágrimas logo se acumularam em seus olhos e seu coração saltava de emoção. Estava trêmulo e, pela primeira vez em muito tempo, voltava a ver uma luz de esperança no fim do angustiante túnel escuro que sua vida havia se tornado.

“Deus...” Ele murmurou, sua voz embargada pela comoção. Fitou os olhos castanhos de seu anjo e decidiu, em seu íntimo, que não existia nenhuma pessoa melhor do que ela na face da terra. Ela havia lhe dito que o salvaria e estava cumprindo sua palavra. Quão maravilhosa aquela mulher poderia ser? “Eu... Nem sei... Nem sei o que dizer... Obrigado, obrigado...” Murmurava em meio a sorrisos e lágrimas, tomado por uma felicidade e um êxtase há muito não sentido. “Mas eu não posso aceitar isso... Não vou ter como retribuir...”

“Não estou pedindo retribuição, Edward.” Bella disse, a alegria do homem sendo refletida em suas próprias lágrimas emocionadas. “Apenas aceite. Deixe-me salvá-lo.”

“Senhor Cullen, todos estamos comovidos com a injustiça que o senhor está sofrendo.” Leah interferiu, tentando-se manter-se impassível, mas sem conseguir mascarar a trepidação em sua voz. “Aceite. Por Mallory.”

Mallory... Por ela, Edward aceitaria até ser atropelado por um caminhão!

Então, lentamente, e ainda com o rosto sendo lavado por lágrimas, Edward assentiu. Seus lábios se retorceram em um sorriso deslumbrante ao dar-se conta do quão arrebatador aquele fato era. Porque agora ele tinha uma esperança de sair daquele lugar, de ter sua inocência provada, de poder voltar para sua filhinha, como o pai digno que sempre foi.

Impulsivamente, ele se levantou da cadeira e deu a volta da mesa, na direção de Isabella; e, aproveitando-se do fato de estar sem algemas naquele dia, envolveu a adolescente num abraço extremamente apertado. Ela não titubeou e logo retribuiu, aninhando seu pequeno corpo ao dele, envolvendo seus braços em torno do tronco robusto e fechando os olhos ao aspirar o cheiro extremamente masculino sem nenhum pudor.

Edward deixou que mais e mais lágrimas escapassem de seus olhos verdes ao passo que inumava seu rosto na curvatura do delicado pescoço e a apertava fortemente contra si, apreciando intensamente a sensação quente de ter o pequeno corpo feminino em seus braços.

“Obrigado...” Ele sussurrou quando finalmente se desvencilharam; não pode deixar de sorrir ao vê-la extremamente corada e sorridente. “Você é um anjo.”

“Não tem por que agradecer.” Bella sussurrou de volta. “Você é tão maravilhoso...” Soltou sem filtrar as palavras e logo depois sentiu que suas bochechas ardiam.

Você é maravilhosa.” Ele sorriu deslumbrantemente e plantou-lhe um beijo demorando em sua testa. “Devo agradecer Deus todos os dias por ter colocado você no meu caminho.”

Eles nunca haviam sequer tocado na mão do outro antes daquele abraço tão íntimo e terno, entretanto, quando estavam nos braços um do outro, envoltos de um carinho e uma ternura especial, não sentiram que estavam fazendo algo errado. Muito pelo contrário! Sentiram, absolutamente, que estavam no lugar mais certo do mundo, onde deveriam permanecer para sempre.

“Obrigado a senhorita também.” Edward dirigiu-se a Leah, dono de um sorriso que conquistaria qualquer mulher.

“Será um prazer, senhor Cullen.” Leah respondeu, olhando sugestivamente para o casal, sorrindo como quem sabia de algo que os dois estavam deixando passar.

E realmente não perceberam o quanto seus olhos brilharam ao se abraçarem, o quanto seus corações se aqueceram com o contato, o quanto fitar os olhos um do outro tornou-se uma necessidade... O quanto a presença do outro tornou-se uma necessidade, que ia muito além do que ambos sentiam por Mallory. Era algo sobre o que estavam começando a nutrir um pelo outro.



“Eu quero uma explicação para isso.” Charlie Swan disse energicamente naquela noite de sexta feira, segurando um recibo de honorários em sua mão, parado na frente da única filha, com uma expressão nada afável.

Bella – sentada no sofá branco – engoliu em seco e, lentamente, levantou seus olhos castanhos para o pai, sem saber o que dizer. Ele segurava o último recibo de pagamento de honorários do escritório Baker&Summer – o comprovante que Bella havia depositado o dinheiro na conta de Leah Clearwater, pagando-a pelos serviços prestados no último mês.

Obviamente, ela estava planejando informar os pais que estava gastando boa parte de sua mesada mensal com um advogado que estava defendendo um homem a beira da Pena de Morte, mas ainda não havia esquematizado em sua cabeça como ela poderia contar isso e não queria, em absoluto, que Charlie descobrisse daquela forma. Vendo o semblante nada contente do pai, a adolescente teve a certeza que estava ferrada.

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“Eu ia lhe contar...”

“Sou todo ouvidos.” Charlie arqueou uma sobrancelha. “E quero que seja bem convincente me explicando porque é que você contratou Leah.”

“Pai, se acalme.”

“Eu estou perfeitamente calmo.” Charlie ironizou. “Não consigo imaginar uma explicação plausível para esse recibo. Muito menos para você ter contratado Leah... Sim, foi você, porque eu não fui e sua mãe, muito menos. Agora, me diga, o que é que está acontecendo; você se meteu em alguma encrenca? Por que precisa de um advogado?”

Bella suspirou e decidiu que não enrolaria mais e contaria logo tudo a Charlie. Provavelmente, ele enlouqueceria e surtaria – como fizera a vez em que ela o informara de sua decisão de ser voluntária no orfanato –, mas isso não a faria mudar de ideia e nem recuar em sua empreitada de salvar os Cullen daquela injustiça.

Foi com a voz decidida e livre de gaguejos que Isabella contou ao pai tudo o que havia acontecido nos últimos meses; como conhecera Mallory, como conhecera Edward, como ficara sabendo da injustiça que estava sendo cruelmente cometida com os dois e, principalmente, como decidira que não poderia ficar de braços cruzados diante daquela história, somente esperando o fim.

Ao fim da narração de Bella, Charlie encontrava-se petrificado, muito surpreso. Ou enraivecido. Bella não saberia dizer, no entanto, por um momento fugaz, ele teve a impressão de que ele não gritaria com ela e que a apoiaria em sua decisão. Mas, realmente, ela acreditou nisso por um momento muito breve mesmo, porque logo veio a reação que a adolescente já esperava:

“Você só pode estar ficando maluca.” Ele sibilou, sorrindo sem humor; Bella apenas maneou a cabeça negativamente.

“Nunca estive tão certa de algo em minha vida, pai.” Garantiu convictamente.

“Pena de Morte, Bella?” Charlie perguntou retoricamente, retorcendo o rosto enrugado numa careta. “Você acabou de me dizer que está gastando mais da metade de sua mesada com uma advogada para defender um assassino?”

“Ele não matou ninguém!” Bella se alterou, levantando-se do sofá e nivelando seu olhar com o de Charlie; odiava que chamasse Edward de assassino, ou criminoso, porque, além dele não ser nada disso, ele era a melhor pessoa que conhecera em sua vida. “Só estão acusando ele porque é mais cômodo! E porque ele não tem dinheiro, é humilde ao extremo e não pode pagar um advogado decente para livrá-lo dessa injustiça!”

“E desde quando você é a boa samaritana da história, Bella? Eu sabia que ficar junto daqueles degenerados não ia fazer bem pra sua cabeça!” Charlie jogou as mãos para cima e Bella sentiu lágrimas subirem por sua garganta, entalando-lhe a voz, perante a ignorância e intolerância de seu pai.

“Você precisa conhecê-los...” Bella sussurrou. “Quando o senhor olhar nos olhos dele, vai ver como ele é um homem bom.”

“A bondade não existe, Isabella Swan!” Os olhos de Charlie estavam injetados de ira. “Você vai se arrepender amargamente de estar auxiliando a soltura de uma escória dessas!”

“Pare de xingá-lo!” Bella alterou a voz, assustando-se com a fúria com a qual proferiu a defesa de Edward.

“Isabella, eu não estou me responsabilizando pelos seus atos.” Charlie abaixou a voz para um tom intimidador ao extremo. “Você está absolutamente sozinha nessa decisão e, se algo der errado, você vai arcar com as consequencias.” E saiu, com passos duros e raivosos.

Bella engoliu o choro, sem permitir-se mostrar alguma espécie de fraqueza. Afinal, ela já imaginava que não teria o apoio de seu pai nessa história. Teria mesmo é agradecer a Deus por ele não tê-la proibido de continuar a pagar pelos serviços de Leah.

Perguntou-se quando foi que – em meio a toda riqueza que acumulava – Charlie tornara-se tão intolerante, tão desacreditado na benevolência do próximo, tão vazio de sentimentos.

Lembrou-se de Edward e de como ele permanecia generoso com todos, mesmo estando naquelas condições deploráveis e sem dinheiro algum. Lembrou-se do amor incondicional e mais do que visível que ele nutria por Mallory e soube que aquele homem, apesar de tudo, tinha muito mais riquezas do que sua família abastada. Ele tinha o amor verdadeiro, tinha a honestidade, tinha a humildade.

Existem pessoas nesse mundo que eram são pobres ao ponto de só possuírem dinheiro e Isabella lamentou ver que seu pai se encaixava nessa denominação, porque sua prosperidade havia cegado-o para o próximo, para a afeição que devíamos nutrir para com nosso semelhante.

Bella prometeu a si mesma que faria de tudo para nunca tornar-se igual a ele, para nunca fechar os olhos para o seu redor, para nunca tornar-se frígida no que dizia respeito ao sentimento alheio.