The Last Time

Vinte e Três


Corine recebeu a carta de Draco naquela manhã quando uma coruja parda pousou em sua janela e passou a bater seu bico contra o vidro. Ao ler aquelas palavras, tudo que quis era ver Draco mais uma vez, mas não poderia responder. Seria arriscado, não para ela e sim para o garoto.

Pressionou o pergaminho contra o peito sorrindo. O sentimento de raiva se esvaiu de seu corpo de imediato enquanto lia as frases preocupadas de Malfoy escritas com cuidado. Sair de casa seria um erro, ela sabia e sua mãe com toda certeza nunca a deixaria sair nas condições atuais.

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Ela poderia aparatar diretamente para o quarto de Draco, esperar por ele escondida em algum canto e o surpreender, fazendo-o o sorrir e suspirar de alívio. Abriu a porta de seu quarto e desceu as escadas lentamente procurando por algum som vindo da cozinha ou da TV da sala, mas não havia ninguém em casa. Ao menos, era o que parecia.

– Vamos lá Corine, tome uma decisão – disse para si mesma parando em meio à escada e olhando para cima novamente.

Subiu novamente correndo, abriu as portas de seu guarda-roupa e pegou jeans e blusa para o frio e vestiu ambos. Enfiou os sapatos em seus pés e voltou para a escada, guardando o pergaminho de Draco no bolso. Checou o quarto de sua mãe e a cama já estava arrumada. Fechou os olhos tentando se concentrar, quem sabe aparataria com sucesso. Se não o fizesse, iria estrunchar quando chegasse ao seu destino. E então, Corine aparatou.

**

Abriu os olhos apertados lentamente olhando ao redor com ansiedade. Estava lá, tinha conseguido aparatar exatamente no quarto de Draco, o único lugar seguro na mansão dos Malfoy.

O garoto ainda estava ali, deitado em sua cama em seu sono leve. Olhou para ele por algum tempo e então sorriu, sentindo seu coração esquentar e bater rapidamente e descompassado.

– Draco – sussurrou em seu lugar, ainda sem se mover. O garoto continuava a dormir. Era tão bonito.

Aproximou-se lentamente tentando não faz barulho e sentou-se na cama de vagar, levando sua mão até o rosto de Draco acariciando sua bochecha com o polegar com ternura.

– Achei que nunca mais iria vê-lo – falou ela. Os olhos azuis dele se abriram confusos encontrando os de Corine – Senti sua falta.

Draco sorriu sem uma palavra e a puxou para perto, abraçando-a o mais forte que podia.

– Como chegou aqui? – perguntou com os lábios próximos ao ouvido dela – Se alguém nos ouvir... Corine! Você precisa partir. Imediatamente.

Ele se levantou e trancou sua porta, puxando-a para o banheiro e fechando a porta atrás de si.

– Não é seguro continuar aqui, você não pensa? – ele estava preocupado, porém tentou transparecer alguma irritação – Trouxeram seu malão mais cedo, está no quarto. Não pode levá-lo ou vai levantar suspeita, mas pode pegar coisas que estima, tudo bem?

Corine concordou com a cabeça e passou seus braços pelo pescoço de Draco e o beijou intensamente, deixando toda a saudade que sentia para trás. Ela o amava tanto, estava ciente daquilo.

Quando Draco a deixou contra a parede levemente ofegante pelo beijo que acabara de terminar, Corine sentiu seu coração bater tão forte que poderia explodir a qualquer momento. Sentia o corpo de Malfoy contra o seu e suas mãos apertarem seu quadril com força, mas não a machucava.

– Eu te amo Corine – disse em seu ouvido mais uma vez – Mas precisa ir.

– Não parece ser o que você quer – respondeu puxando os cabelos platinados dele sem força.

– O que eu quero não importa quando isso se relaciona com sua vida – respondeu ele parando e olhando-a nos olhos – Preciso de você viva, inteira – então beijou-a novamente sem pressa, apertando-a contra a parede de azulejos do banheiro novamente.

Era tão natural estar escondida com Draco, aliás, sempre estiveram dessa maneira pelos corredores de Hogwarts.

– Draco – disse ela olhando-o severamente – Venha comigo.

Os olhos dele se iluminaram por um momento e um sorriso abriu-se em seus lábios finos, mas logo ambos desapareceram.

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– Receio que não posso. Não devo – completou – Por mais que minha família esteja errada, por mais que eu seja contrário agora ao ideal do Lorde das Trevas, eles ainda têm meu sangue, minha mãe não suportaria Corine.

Corine suspirou e o encarou desapontada. Sabia do que falava, nunca abandonaria sua família embora o tenha feito para ver Draco apenas mais uma vez.

– Isso é um adeus? – perguntou ela.

– Não! – disse o garoto rapidamente – É um até logo. Eu te prometo...

A garota levou seu dedo indicador até os lábios de Draco rapidamente.

– Não prometa mais nada – completou – Estamos em uma situação onde promessas não existem querido.

Draco concordou com a cabeça e a beijou novamente, mas dessa vez existia algo diferente, como palavras não pronunciadas. Eles estavam definitivamente dizendo adeus e ninguém poderia mudar isso. Porque aquilo tinha de ser tão complicado?

Quando ele a puxou para fora do quarto e a beijou no meio do cômodo amplo e escuro era como se mais nada importasse, como da primeira vez.

Quando sentia o peito nu de Malfoy contra sua pele e suas mãos acariciarem toda a extensão de sua cintura todo seu corpo arrepiava-se. Suas mãos nos ombros largos do garoto lhe davam percepção de propriedade. Ele a pertencia e ela pertencia a ele.

Suas mãos deslizaram por seu braço e encontrou uma textura diferente de pele, Corine soube que ali estava ela, a marca que os separava para sempre a partir do momento em que ela partisse. Contra sua vontade, seus olhos marejaram e tudo ficou embaçado a sua frente com a luz morta do cômodo.

Draco deitou-se ao seu lado beijo sua bochecha por onde lágrimas de profunda tristeza rolavam lentamente sem parar.

– Não quero que seja assim – disse por fim – Eu nunca imaginei que seria assim entende? Quando você me ignorava, quando passava por mim como se eu não fosse algo digno de atenção eu simplesmente me sentia mal, mas agora eu me sinto totalmente destroçada. Fica pior a cada segundo e eu me sinto sufocada. Eu te amo Draco! Amo tanto que eu deixaria que ele me matasse se isso o fizesse feliz.

– Cale essa boca – ele falou imediatamente – Ninguém vai tocar em um fio de cabelo sequer que pertencer a você Corine. E sobre eu lhe ignorar por tanto tempo – ele sorriu beijando seus lábios rapidamente – Fui um idiota o tempo todo, sabia? Eu te amo Corine, e é por isso que te peço para ir embora o mais rápido possível. Eu prometo... – ele se deteve lembrando-se do aviso de Corine de que naquelas condições, não era possível prometer qualquer coisa – Eu prometo – insistiu – Que quando toda essa coisa acabar, quando o tempo passar vamos nos ver novamente. Mas preciso que esteja em segurança em sua casa. Preciso que esteja bem.

**

Quando os lábios de ambos se tocaram novamente, pela última vez Corine sentia seus olhos queimarem já exaustos de tanto derramar lagrimas. Iria sentir saudades de Draco, iria sofrer por um longo tempo por saber que o garoto poderia estar fazendo algo horrível, presenciando coisas que ele mesmo desaprovava agora.

Sabia que teria de se preparar para retornar a Hogwarts. Ninguém ainda a ligara ao plano de Draco ou talvez tivessem sido induzidos a isso. Quando ela aparatou novamente com os olhos apertados diretamente para seu quarto de paredes brancas e azuis claro, quando caiu em sua cama bagunçada e sua mãe a abraçou dizendo que tudo ficaria bem, Corine sentiu-se totalmente mortificada, como se nada mais importasse para ela. Era como se toda sua vitalidade, seu coração ou talvez sua alma estivessem presas no cômodo mal iluminado e sonolento na mansão Malfoy, impregnados nos lábios e dentro de Draco.

Ela não era mais Corine Gouldfye, não completamente. Era um pedaço incompleto, um ser humano oco e que só retornaria ao seu estado natural quando encontrasse o guardião do resto de si.

**

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.